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Faculdade de Letras da

Universidade do Porto

Purificação Silvano

msilvano@letras.up.pt
Bases de Análise Gramatical puri.msilvano@gmail.com
Bases de Análise Gramatical - Português

António Leal

jleal@letras.up.pt
a.leal006@gmail.com

Sumário
 Morfologia: alguns conceitos.
 Morfologia flexional: flexão nominal e adjetival
Resolução de exercícios.

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Bibliografia
Duarte, I. (2000) Língua Portuguesa. Instrumentos de
Análise. Lisboa: U. Aberta, pp. 74-82.
Mateus et al. (2003) Gramática da Língua Portuguesa,
Lisboa: Caminho (capítulo 22, pp.919 – 938).
Rio-Torto, Graça; Rodrigues, Alexandra Soares; Pereira,
Isabel; Ribeiro, Sílvia; Pereira, Rui (2013),
Gramática derivacional do Português. Coimbra:
Imprensa da Universidade de Coimbra (Introdução,
pp.29-116)
Villalva, A. (2008) Morfologia do Português. Lisboa:
Universidade Aberta.

 Morfologia:

Disciplina da linguística que descreve e analisa a


estrutura interna das palavras e os processos
morfológicos de variação e de formação de
palavras.

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 Morfologia:

Disciplina da linguística que descreve e analisa a


estrutura interna das palavras e os processos
morfológicos de variação e de formação de
palavras.

Descrição e análise de:


- estrutura interna das palavras
- processos de variação
- processos de formação de palavras

1. Estrutura interna das palavras

Definição de palavra:

unidade significativa livre que pode ser analisada noutras


unidades menores simultâneas

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Morfemas:

- unidades mínimas com significado;

- tal como as palavras, são unidades linguísticas


constituídas por um significado associado a uma forma
fónica;

- diferentemente das palavras, o resultado da combinação


de morfemas não é uma combinação de palavras, mas sim
uma palavra.

Dois tipos de morfemas: radicais e afixos.

Radicais:

-morfemas que, numa palavra simples, determinam o


significado da palavra;

-em palavras simples, os radicais formam sozinhos a


palavra (flor) ou surgem combinados com morfemas
gramaticais (claro: clar-o);

Nota: os radicais são maioritariamente formas livres ou


independentes (mas cf. radicais eruditos, que só ocorrem
como formas presas – agr(i)cultura).

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Dois tipos de morfemas: radicais e afixos.

Afixos:

- surgem sempre associados a radicais, por isso são


formas presas ou dependentes;

- podem ser prefixos ou sufixos.

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Prefixos:
-transmitem informação de natureza lexical, ou seja,
têm um significado extragramatical
( = radicais)

são derivacionais
(usados para formar novas palavras)

sufixos:
Fornecem informação de dois tipos:
- de tipo lexical (sufixos derivacionais)
- estritamente gramatical (sufixos flexionais)

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Cabelos:
cabel- [radical]
-o- [índice temático]
-s [sufixo de flexão de plural]

Cabelos:
- palavra simples – apenas um constituinte
morfológico de base (um radical)

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descabelar:
cabel- [radical]
des- [prefixo]
-a- [vogal temática]
-r [sufixo de flexão verbal]

descabelar:
- palavra complexa – um radical + um afixo
derivacional (mais do que um constituinte morfológico)

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2. Processos de variação (FLEXÃO)

Em Português:

- morfemas presos que codificam conceitos gramaticais:


número,
género,
pessoa,
tempo…

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FLEXÃO

- com estes sufixos, uma palavra assume formas


diferentes que transmitem outros tantos valores
gramaticais.

As formas flexionadas não são palavras distintas, mas


formas diferentes da mesma palavra.

Nota: forma não marcada das palavras: masculino singular/


infinitivo não flexionado

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Em Português:

Classes de palavras invariáveis: não flexionam –


preposições, conjunções, interjeições e advérbios

mas:
- muitíssimo, pouquíssimo
- estranhissimamente

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 Classes de palavras variáveis:

- determinantes, quantificadores, nomes, pronomes e


adjetivos: flexionam tipicamente em número e género

- nomes e adjetivos: flexão de grau aumentativo e


diminutivo (casa, casinha, casarão; grande, grandinho,
grandão)

- adjetivos: flexão de grau superlativo absoluto


(belíssimo, corretíssimo)
restantes graus dos adjetivos: processos
sintáticos

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2.1. Flexão em número

nomes com flexão defetiva:


calças…
nomes próprios
óculo/óculos; féria/férias; costa/costas…

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NÚMERO

FORMA SINGULAR TERMINADA EM FORMA SINGULAR TERMINADA EM


VOGAL OU DITONGO CONSOANTE (DISTINTA DE –L)

Ø / -s Ø / -es

Mesa/mesas Abdómen/abdómenes

Rede/redes Professor/professores

Javali/javalis Inglês/ingleses

Mãe/mães

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Ø – morfema zero:

-A realização de uma categoria gramatical dada


flexionalmente numa língua não corresponde a um
morfema foneticamente realizado

-em Português, o número singular não tem realização


fonética própria

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Existem nomes e adjetivos que aparentemente não


apresentam a flexão em número da forma esperada:

assistematicidade apenas aparente:

-alternância gráfica (refém, reféns; bom, bons)

-alternânciafonética condicionada pelo contexto


fonológico (mão, mãos; pão, pães; sabão; sabões; papel,
papéis; azul, azuis)

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PLURAIS EM –ÃO

-A alternância mais produtiva é a –ão/-ões

Todos os aumentativos e a generalidade das novas


palavras terminadas em –ão formam o plural em –ões:
casarão/casarões; ião/iões

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2.2. A questão do género nominal

-categoria morfossintática com valores de masculino e


feminino

-associado a um nome animado, o masculino geralmente


refere uma entidade do sexo masculino e o feminino refere
uma entidade do sexo feminino

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Exceções:

- mulherão…
- cônjuge, testemunha… (sobrecomuns- uma só forma
independentemente do género)
- corvo, águia… (epicenos – aplica-se a animais,
acrescenta-se macho ou fêmea)
- jornalista… (comuns de dois)

Nota: nos nomes inanimados, o género não tem um


conteúdo referencial definido (mapa, planta, copo,
taça)

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Problema:
- Nem todos os N (e ADJ) têm contraste de género: casa,
pessoa, livro, indivíduo, leve, ruim, simples

- Quando há contraste, a sua realização não é


homogénea: aluno/aluna; juiz/juíza (alternância de
índice temático); barão/baronesa; (derivação); águia-
macho/águia-fêmea (composição); homem/mulher
(radicais distintos)

O género parece ser uma categoria não flexional


(contrariamente ao que é dito na gramática tradicional).

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2.3. FLEXÃO EM CASO

Em Português: apenas os pronomes pessoais têm


diferentes formas casuais

NOMINATIVO: eu, tu ele, ela, você, nós, vós, ele,


elas, vocês

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FLEXÃO EM CASO

ACUSATIVO: me, te, o, a, se, nos, vos, os, as, se

DATIVO: me, te, lhe, nos, vos, lhes

OBLÍQUO: mim, ti, si, ele, ela, nós, vós, si, eles, elas
(precedido de preposição); (co)migo, (con)tigo,
con(nosco)…

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