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Sistemas sustentáveis
de cultivo
Olá! Receba nossas boas-vindas ao Módulo 2 do curso! Nele, você vai aprender sobre os sistemas susten-
táveis de cultivo. Vamos estudar três deles.
O primeiro, o sistema agroflorestal, permite a conservação dos recursos naturais por meio da combina-
ção de cultivos simultâneos de cacau com espécies arbóreas, culturas agrícolas, hortaliças e frutíferas.
O seguinte é o já citado sistema cabruca, no qual é feito o cultivo de cacau em meio à Mata
Atlântica raleada.
E, por fim, você vai conhecer o sistema pleno sol, em que o cacau é plantado no modelo de monocultura,
ou seja, o cultivo único do cacaueiro, sem o uso de sombreamento definitivo, como nos sistemas agroflo-
restais (SAFs).
Diz o Currículo…
Segundo o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, observar a densidade das
plantas é uma prática prioritária! Você deve adequar a densidade de plantas (n.º
plantas/hectare) de cacau nas áreas em produção, no plantio de novas áreas e em
áreas de renovação, para garantir produtividade com viabilidade econômica.
Tudo pronto para adquirir todo esse conhecimento? Então, avance para a Aula 1 e comece seus estu-
dos!
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Módulo 2 - Aula 1
Sistema
agroflorestal
podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!
- Edu, então o cacaueiro é uma planta que precisa da sombra de outras árvores pra se de-
senvolver, né?
- Isso mesmo, por isso que o sistema cabruca é tão eficiente, além de sustentável.
- Mas devem existir outros sistemas de plantio que também sejam sustentáveis, permitam a
produção de cacau e tragam um retorno financeiro interessante, certo?
- Sim, o cacaueiro é uma planta que pode ser cultivada junto com outros cultivares. Vou te
explicar algumas possibilidades, como o Sistema Agroflorestal.
Nos últimos tempos, muito tem se falado sobre a conscientização dos valores ambientais, sociais, econô-
micos e governamentais, certo? Você, provavelmente, tem acompanhado algumas dessas discussões.
Mas, você conhece as boas práticas agrícolas nos cultivos agrícolas e para que servem?
Bem, por meio dessas práticas, promove-se o uso consciente dos solos e dos recursos naturais, e é pos-
sível fazer uma gestão rural eficiente. Todo esse entendimento consiste na base para se chegar a uma
agricultura sustentável, em que cada tipo de solo deve ser classificado de acordo com sua aptidão
agrícola.
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Por meio desse sistema, é possível conservar os recursos naturais por meio da combinação entre cultivos
simultâneos de espécies arbóreas nativas e culturas agrícolas, hortaliças e frutíferas.
A combinação entre cacau e espécies lenhosas e não lenhosas é um excelente exemplo de compatibi-
lidade e complementaridade de diferentes espécies. Ao mesmo tempo, mostra a sustentabilidade de
sistemas de produção multiestratificados, desde que seja feito o manejo do sombreamento para não
prejudicar os ganhos de produtividade.
São exemplos de espécies lenhosas a eritrina (Erythrina speciosa) e o cajá (Spondias mombin L.). E, como
espécies não lenhosas, podemos citar a bananeira (Musa spp.) e a mandioca (Manihot esculenta L.).
Não se preocupe, pois, até o fim deste módulo, você vai dominar todos esses conceitos!
9
Atenção!
A atividade cacaueira é considerada a mais eficiente comunidade vegetal, quando se
refere à proteção dos solos tropicais contra agentes de degradação.
Esta atividade dispõe de muitos atributos de sustentabilidade da floresta heterogênea natural e pode se
tornar um elemento socioeconômico-ambiental apropriado para a redução da pressão antrópica (fruto
de ações causadas pelo ser humano) sobre a cobertura vegetal primária nos trópicos úmidos brasileiros.
Em outras palavras, o cultivo de cacau pode ajudar a preservar a mata nativa da região. Não é ótimo?
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podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir essa expli-
cação!
Quando falamos sobre o arranjo dos componentes no espaço, temos três tipos. O primeiro
é o sistema contínuo, quando a cultura principal é plantada por toda a área, e as demais es-
pécies vegetais são distribuídas em seu entorno, prestando serviços como sombreamento
ou, ainda, gerando um complemento de renda ao produtor. Um exemplo disso é o plantio
de cacau como cultura principal junto com bananeiras, para prover a sombra necessária.
O segundo tipo é o sistema zonal. Nele, áreas de plantio que contêm um determinado
componente vegetal, como o cacaueiro, são alternadas por linhas de outras espécies de
plantas, como o açaizeiro ou a pupunheira.
O terceiro tipo são os sistemas mistos, que misturam espécies vegetais plantadas de manei-
ra adensada. Eles podem ser formados por plantas frutícolas, florestais e culturas agrícolas.
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Importância socioeconômica e ambien-
tal dos sistemas agroflorestais
Agora que você já conhece as várias características dos SAFs, deve estar se perguntando: e os benefícios?
Quando bem manejados, os benefícios ambientais, sociais e econômicos resultantes do SAFs são muitos!
Confira alguns no infográfico a seguir.
0
Maior aporte de matéria orgânica,
02
Conservação da umidade do solo.
em virtude da queda das folhas das
árvores sob a superfície do solo.
0
Menores perdas de nitrogênio. Aumento da capacidade de
0
absorção e infiltração de água.
0
Redução de processos de erosão e
0
Estímulo da atividade biológica do
degradação do solo. solo, que contribui para o
aumento da fertilidade.
12
0
Controle mais eficiente de plantas
08
Refúgio para a biodiversidade
invasoras devido ao animal, o que dificulta o
sombreamento. estabelecimento de pragas e
doenças.
0
Conservação de remanescentes
10
Geração de mão de obra sem
florestais, de nascentes e de sazonalidade.
cursos de água.
11
Fixação do homem no campo.
1
Criação e difusão de tecnologias e
novos conhecimentos.
13
13
Conservação de espécies arbóreas
1
Exploração comercial dos extratos
com função social, por exemplo, sob e sobre a copa do cacaueiro.
plantas medicinais.
1
Conservação de espécies arbóreas
com finalidade econômica, como
as espécies madeireiras.
Mas nem tudo são flores! Apesar dos benefícios inquestionáveis, alguns aspectos desse sistema deman-
dam atenção especial, veja a seguir.
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O cacaueiro necessita É preciso definir as
de sombreamento espécies arbóreas que
para o seu desenvol- crescem melhor em
vimento pleno, mas condições de consór-
é necessário estabe- cio, dado o tipo de
lecer a quantidade solo e o espaçamento,
adequada de luz que para que não ocorra
chega a ele. competição entre as
plantas.
Mas estes não são modelos definitivos; muitos outros vêm sendo testados e implantados.
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Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.
Agora você vai conhecer o SAF em sistemas permanentes contínuos e como ele pode ser
implantado na sua lavoura. Acompanhe!
Nos sistemas permanentes contínuos, são cultivadas espécies arbóreas ao redor da espé-
cie principal para seu sombreamento, que também fornecem produtos com valor econô-
mico, aumentando a rentabilidade da propriedade. São utilizadas prioritariamente plantas
perenes, ou seja, que têm um longo ciclo de vida, cultivadas de forma regular e distribuídas
por toda a área. Podem ser utilizadas espécies que produzem frutos, fibras, lenha, madeira,
látex, palmito ou óleos.
É preciso cuidado para evitar o excesso de sombra sobre o cacau! Para aproveitar a luz nas
entrelinhas de cultivo e melhorar a rentabilidade do sistema, utilize espécies de sombra
lateral provisória, como o milho, o feijão e o arroz.
O arranjo pode ser feito associando-se o cacaueiro a espécies florestais. Nesse caso, os
cacaueiros jovens devem estar consorciados com espécies de sombra provisória, como a
bananeira. Isso dará tempo para as árvores de sombreamento definitivo crescerem. O som-
breamento definitivo pode ser formado por espécies de importância econômica regional,
como o mogno, o ipê-roxo e a castanha-do-brasil, por exemplo.
Muito bem, as possibilidades de plantio do cacau em consórcio com outras culturas é uma
forma bastante interessante de aumentar a rentabilidade da sua propriedade, não é mes-
mo? Mas não tome sua decisão ainda, pois há muitas outras combinações possíveis. Conti-
nue seus estudos!
Para continuar, conheça alguns detalhes importantes sobre a implementação dos sistemas permanentes
contínuos em sua propriedade.
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Na prática
Sombreamento provisório
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Sombreamento definitivo em sistema com coqueiros
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Isso possibilita amplo acesso à área, melhora a colheita dos
produtos e permite, inclusive, o tombamento (derrubada)
das plantas para o aproveitamento da madeira ou do palmi-
to, o que reduz os custos de colheita.
Mas quais são as combinações mais adequadas para esse sistema? Conheça algumas delas.
Croqui de planta baixa da consorciação entre cacau e pupunha em renques: cacau, pupunha e freijó-louro.
Na área de cultivo, são dispostas dez fileiras de cacau no espaçamento de 3 x 2,5 m, alternadas
com zonas de plantios que contêm três fileiras de pupunheiras (2 x 1,5 m).
Nesse modelo, a receita anual para 2 hectares de consórcio de cacau com pupunheira é de R$
5.625,00, e uma produção de 112 m³ de madeira em tora/ha do freijó-louro.
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Cacaueiros com cafeeiros (Coffea spp.)
3m
Croqui de planta baixa da consorciação entre cacau e café em renques: cacau, café e teca.
Neste sistema, são dispostas dez fileiras de cacaueiros (3 x 2 m) intercaladas com onze fileiras de
cafeeiros (3 x 1 m).
Entre as zonas de plantio, são estabelecidas áreas que contêm árvores de teca (Tectona grandis),
espécie produtora de madeira, com rápido crescimento vegetativo e elevado valor econômico,
no espaçamento de 2,5 entre árvores e 3 m entre as zonas cacaueira e cafeeira.
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Esse tipo de sistema é de grande importância na
região Amazônica do Brasil e pode ser obtido a partir
do arranjo de plantas de cacau dispostas com árvores
de açaí (Euterpe oleracea) e taperebazeiros (Spondias
mombin L.), uma árvore frutífera com bastante acei-
tação no mercado de polpas.
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Mas essa não é a única combinação possível em sistemas permanentes mistos. Conheça outras possibili-
dades a seguir:
Cacau x cupuaçu
Cacau x seringueira
É o modelo predominante no estado do Pará e configura uma alternativa de plantio para o pro-
dutor, pois proporciona um aumento da renda, devido à obtenção de vários produtos, como o
cacau e a borracha, extraída da seringueira.
É importante fazer a escolha correta das variedades de seringueira para que o sombreamento
seja adequado para o cacau. Alguns clones têm sido recomendados para serem usados neste
consórcio, como o Sial 893, que tem uma arquitetura de copa mais fechada e baixa densidade
foliar. O resultado é um sombreamento ideal para o cacaueiro.
Existem diversos arranjos e espaçamentos indicados para esse modelo SAF, como os cacaueiros
plantados em fila única (450 plantas/ha) ou em filas duplas (900 plantas/ha) com espaçamento
de 3 x 3 m; e as seringueiras, dispostas nas entre linhas: 7 x 3 m (473 plantas/ha). Nesse arranjo,
a produtividade média é de 750 kg/ha/ano de borracha e 780 kg/ha/ano de amêndoas secas de
cacau.
Cacau x Açaí
Pode usar também espécies de sombreamento provisório como a mandioca e a bananeira, além
do taperebazeiro, árvore que fornece sombreamento definitivo.
Caso o produtor opte por usar, além do açaí, o taperebazeiro, ele deve ser disposto a partir da
3.ª fileira de cacaueiro com um espaçamento de 21 x 21 m.
A produtividade média do cacau, nesse modelo de SAF, é de 0,36 kg de amêndoas seca por
planta, 45 kg de frutos de açaí por planta, e 30 kg de frutos de taperebá por planta, a partir do
4.º ano de cultivo.
22
Vá além!
Para saber mais sobre o sistema agroflorestal, que associa o cultivo de cacau ao de
cupuaçu, acesse a cartilha SAF - Da implantação ao Manejo, Série AMAS Módulo 1,
da Organização de Conservação da Terra clicando aqui.
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E na sua porteira?
Muito bem! Estamos concluindo a primeira aula deste curso, mas ainda há
muito o que aprender! Até aqui, você conheceu:
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Módulo 2 - Aula 2
Sistema cabruca
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podcast
O resgate de Santo Isidoro
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- Edu, entendi o que são os sistemas agroflorestais e achei a ideia muito atraente pra imple-
mentar no Santo Isidoro. Mas tem uma área na propriedade onde a mata nativa se recupe-
rou ao longo dos anos. Está tão preservado, não queria derrubar tudo. Ao mesmo tempo,
preciso aumentar a produção pra recuperar a saúde financeira do sítio... Será que tem um
caminho do meio?
- Lembra que eu disse como era importante a gente conhecer a nossa história? No Brasil,
tudo começou com o sistema cabruca, certo? E se eu dissesse pra você que o nosso futuro
pode estar nesse sistema?
Já falamos sobre o sistema cabruca algumas vezes durante o curso. Então, você deve querer saber do
que se trata, certo? Pois bem, chegou a hora de nos aprofundarmos!
No Brasil, os primeiros cultivos de cacau foram instalados no estado do Pará. Em 1749, as sementes
oriundas dessas lavouras foram enviadas para a Bahia. As condições de temperatura, precipitação e o
solo no sudeste do estado são ideais para o desenvolvimento da cultura.
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Conceituação e critérios técnicos
Antes de explicarmos o que é o sistema cabruca, é importante que você saiba como ele surgiu para com-
preender o porquê de esse sistema ser tão relevante para a cacauicultura no Brasil. Então, vamos come-
çar com o sistema antecessor? Conheça, agora, “corte e queima”, o primeiro método de cultivo de cacau
adotado por aqui.
Corte e queima
Neste método, a vegetação florestal era totalmente derrubada e queimada. Em seguida, as sementes de
cacau eram semeadas no espaçamento de 1,5 x 1,5 m. Também era feito o cultivo de culturas de som-
breamento temporário, como a mandioca e o milho.
Apesar de a prática de queima da vegetação nativa proporcionar elevada produtividade nos primeiros
anos de cultivo, facilitar as operações agrícolas na área e possibilitar o cultivo de culturas temporárias,
essa técnica é extremamente prejudicial ao ambiente. Descubra agora o motivo.
Uma das consequências nega- Neste método, as árvores en- As plantas ficam mais sujei-
tivas do método é a destruição velheciam em apenas 20 anos tas ao ataque de pragas e
de toda a parte viva do solo e (o correto seria em 40 anos), doenças, além da incidência
a fauna local. Isso prejudica o devido à redução da fertilida- de espécies invasoras. Isso
processo de ciclagem de nu- de do solo nas plantações não prejudicava o desenvolvimen-
trientes e, consequentemente, sombreadas. to, aumentava os custos de
o fornecimento de alimento produção e da mão de obra.
para as plantas.
Cabruca
A partir de alterações do método “corte e queima” nas primeiras décadas do século XX, surgiu o plantio
feito na mata raleada, conhecido como cabruca. Nesse método, era feita a remoção de parte da vegeta-
27
ção arbórea nativa com o objetivo de abrir espaços para o cultivo de cacau. Essa ação era chamada pelos
produtores de “cabrucar”.
Ainda há muito para saber sobre esse sistema. Conheça agora suas características.
Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.
Agora você vai conhecer o cultivo de cacau no sistema cabruca, que é quando plantamos o
cacau em uma área de Mata Atlântica, como ocorre na Bahia.
Originalmente, o plantio do cacau era feito de forma aleatória e sem alinhamento, mas isso
dificulta as operações culturais na lavoura. Outra prática que se tinha no passado era deixar
os tocos das árvores cortadas até sua completa decomposição, o que também dificultava o
manejo.
Conforme os cacaueiros crescem, precisam de mais luminosidade. Uma prática que se reali-
zava era o anelamento de árvores que dão sombra. Em seus troncos eram colocados anéis,
o que levava à perda de folhas e ramos de forma lenta. Isso levava à morte da árvore em
um período de 12 a 24 meses. Em alguns casos, os cacaueiros eram danificados pela queda
de ramos secos ou até mesmo das árvores inteiras.
Há algumas desvantagens: a produtividade é baixa, cerca de 525 quilos por hectare. Além
disso, o sombreamento costuma ser irregular, porque é formado por diferentes espécies
que exigem atenção e manejo.
Um terceiro método para implementar cacauais na região consistia na derrubada de parte da mata nati-
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va, poupando um número menor de árvores.
Essa técnica resulta em um sistema menos denso, com sombreamento intermediário entre a cabruca
e “o corte e queima”, em que as árvores com copa boa para o sombreamento do cacau eram mantidas.
Assim, obtinha-se um sombreamento definitivo imediatamente, sem a necessidade de raleamento mais
adiante.
Derrubada total
Depois de 1964, o método denominado derrubada total passou a ser disseminado por toda a Bahia.
Primeiro, para a implantação desse sistema, era feita a roçagem da vegetação rasteira, seguida da derru-
bada de todas as árvores existentes na área, geralmente, ocupada por mata ou capoeira, uma vegetação
composta basicamente por gramíneas que crescem após derrubada da vegetação original. Contudo, esse
método é muito agressivo ao meio ambiente e desfavorece a conservação da mata nativa. Conheça mais
detalhes sobre este método.
29
Na prática
30
Elas eram semeadas com um espaçamento entre plantas
de 24 m, o que proporcionava a incidência de 50 a 60% de
luz na lavoura.
Diz o Currículo…
Segundo o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, está na legislação e é im-
portante proteger e preservar as Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e as
Reservas Legais (RLs) para fazer a manutenção da flora e da fauna local. Portanto,
identifique áreas da propriedade que estão degradadas, não limitadas às áreas de
produção, e execute um plano de ação para recuperá-las.
A existência do sombreamento provisório permitia que árvores de maior porte fossem derrubadas, e
mantidas de 25 a 30 árvores de sombreamento definitivo por hectare.
31
A correção do sombreamento era feita entre o quarto e
o quinto mês após o plantio dos cacaueiros, e eliminada a
sombra provisória em excesso.
O método é indicado para áreas com características como solos rasos, de baixo nível de fertilidade, locais
com dificuldade para obtenção de mudas de bananeira, escassez de mão de obra e risco de inundações
constantes. Ele era visto como alternativa à “derrubada total”.
Aspectos legais
Agora que você já conhece os métodos que podem ser usados no sistema cabruca, vale a pena saber
mais sobre os aspectos legais referentes a esse sistema.
Devido à grande importância que o sistema agroflorestal cabruca desempenha na manutenção e na re-
cuperação de áreas florestais remanescentes do Bioma Mata Atlântica, em 2019, foi publicada uma Por-
taria Conjunta Sema/Inema que trata dos critérios e dos procedimentos para a concessão da Autorização
de Manejo da Cabruca (AMC). Vale dizer que Sema é a Secretaria do Meio Ambiente. Inema é o Instituto
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.
32
podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!
Para ser considerado cabruca, é necessário que sejam cumpridas algumas diretrizes como:
ter densidade arbórea de 20 ou mais indivíduos de espécies nativas por hectare; não der-
rubar a vegetação nativa, quando a propriedade estiver no bioma Mata Atlântica, entre
outras. A perpetuação do sistema cabruca deve ser realizada como estratégia para melho-
ria da rentabilidade do produtor rural e conservação da Mata Atlântica.
Essa portaria também permite que os produtores retirem árvores que não são nativas da
Mata Atlântica, ou seja, espécies exóticas, sem a necessidade de autorização prévia dos
órgãos responsáveis. Alguns exemplos dessas espécies são: eritrinas, jaqueiras, seringueiras
e cajazeiras. A retirada de espécies exóticas permite maior entrada de luminosidade para as
plantas de cacau, favorecendo o aumento de produtividade.
Vá além!
Conheça a Portaria Sema/Inema nº 03 na íntegra clicando aqui.
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E na sua porteira?
Esta aula estava cheia de informações interessantes, não é mesmo? Até
aqui, você conheceu:
Agora, avance para a Aula 3 para conhecer o terceiro sistema de cultivo do cacaueiro que vamos abor-
dar neste curso: o pleno sol.
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Módulo 2 - Aula 3
Sistema Pleno sol
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podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!
- Edu, eu sei que o cacaueiro é uma árvore que precisa de sombra pro desenvolvimento e
que pode ser cultivada junto com outras espécies pra aumentar o rendimento do sítio...
Mas vejo na televisão aquele mar de soja que o pessoal cultiva em outros estados e me dá
uma coceirinha.... não tem jeito de eu ter um campo só de cacau, pra produzir muito mais
numa área pequena?
- Olha, Gabi, as coisas não são tão simples quanto a gente gostaria, né? Até dá pra cultivar o
cacau em monocultura, mas os resultados não serão tão bons quanto você imagina...
Tradicionalmente, o cultivo do cacau ocorre em áreas de clima tropical, e isso causa entraves para a ex-
pansão da atividade cacaueira, pois o clima é favorável para a disseminação de doenças e torna a ativida-
de pouco atrativa para fins econômicos.
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O custo de implementação de um sistema pleno sol é alto:
são necessários insumos e irrigação para que o cacaueiro
se mantenha produtivo nesse sistema, que tem condições
ambientais tão diferentes das que propiciam o desenvolvi-
mento da planta na natureza.
Atenção!
Quando observados os aspectos de sustentabilidade, o modelo pleno sol é bem
menos sustentável, pois a diversidade de espécies vegetais que compõem o sistema
é menor em comparação à dos SAFs.
Apesar dos problemas, quando manejado adequadamente, o sistema tem alta rentabilidade.
No Brasil, o cultivo de cacau, neste modelo, representa uma escala pequena quando comparado ao
cabruca ou a outros SAFs. Temos exemplos, na região do extremo sul da Bahia e na Chapada Diamantina,
com árvores apenas nas bordas para proteção contra o vento, com irrigação e algumas operações meca-
nizadas.
Embora o rendimento seja superior, pesquisas recentes conduzidas pela Ceplac mostram que esse siste-
ma estressa a planta, reduz a longevidade produtiva, além de ter um custo de produção mais elevado.
Mas, como acontece a implantação do sistema pleno sol? Descubra agora.
37
podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!
Para áreas novas, é recomendado o uso de mudas propagadas por estaquia de ramos pla-
giotrópicos, que devem permanecer em viveiro até os dez meses. Você precisará proteger
os cacaueiros do vento, porque as folhas são muito sensíveis e têm uma alta taxa de perda
de água. Use a bananeira como proteção temporária e o eucalipto como proteção definiti-
va.
Na prática
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Ventos com velocidade superior a 2,5 m/s causam diver-
sos efeitos negativos para o cacaueiro, como a queima
e a queda das folhas jovens e o comprometimento do
desenvolvimento. Para evitar isso, use quebra-ventos
para proteger o cacaueiro: as árvores de eucalipto servem
como proteção definitiva, e a bananeira, como proteção
temporária.
Diz o Currículo…
Segundo o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, quando é necessário fazer
o uso de irrigação, é importante ter um projeto técnico e um plano de manejo
de acordo com a recomendação de um técnico. Também é necessário requerer a
outorga ou a dispensa para captação de água dos recursos hídricos, conforme diz a
legislação.
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E na sua porteira?
Esta aula apresentou os critérios técnicos e de sustentabilidade para im-
plementar o sistema pleno sol. Agora, pense na realidade da propriedade
em que você atua: esse sistema poderia ser adequado para sua condição?
Penso que o sistema pleno sol não é para a minha propriedade. Deman-
da um alto investimento e cuidado constante, além de domínio técnico
para conseguir a rentabilidade que eu busco. Preciso resgatar minha
propriedade por outro caminho!
Muito bem!
Depois de todo esse aprendizado, você já pode responder à próxima atividade.
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Atividade
de aprendizagem
Este é um momento de autoavaliação, em que você vai poder refletir e validar o que aprendeu neste
módulo. Leia com atenção a pergunta e, no ambiente virtual de aprendizagem, escolha a resposta ade-
quada.
Atividade de aprendizagem
Questão 1
Nos sistemas agroflorestais (SAFs), árvores interagem simultaneamente
com cultivos agrícolas. Sobre as características dos SAFs, assinale verda-
deiro ou falso:
E) Os SAFs podem ser usados por qualquer produtor rural, mas é importante se
atentar aos recursos tecnológicos e às condições de cada região. Os SAFs podem
ser do tipo permanentes contínuos; permanentes zonais e permanentes mistos.
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Atividade de aprendizagem
Questão 2
Ao longo da história do cultivo de cacau, o sistema de plantio passou por
diversas adaptações a fim de alcançar a sustentabilidade e a rentabilidade
dos cultivos. Atualmente, há vários métodos de cultivar o cacau. Sobre
este assunto, assinale a alternativa correta.
B) O plantio feito sob a mata raleada, conhecido como cabruca, foi uma adaptação
do método “corte e queima”. Nesse caso, era feita a derrubada da vegetação arbó-
rea nativa para a abertura de espaços para o cacaueiro, sem a prática da queimada.
C) No sistema cabruca, os custos com mão de obra são superiores ao método “cor-
te e queima”, pois é necessário maior atenção ao sombreamento, ao aparecimento
de plantas invasoras, pragas e doenças.
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Atividade de aprendizagem
Questão 3
O sistema pleno sol surgiu como uma alternativa de expansão e sustenta-
bilidade da atividade cacaueira, devido ao fato de esses plantios estarem
menos sujeitos ao ataque da vassoura-de-bruxa. Baseado no conhecimen-
to sobre esse sistema, assinale verdadeiro ou falso:
D) No sistema pleno sol, a irrigação pode ser suprimida, pois reduz os custos de
mão de obra e de materiais necessários para a instalação dos sistemas de irrigação.
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