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Módulo 2

Sistemas sustentáveis
de cultivo
Olá! Receba nossas boas-vindas ao Módulo 2 do curso! Nele, você vai aprender sobre os sistemas susten-
táveis de cultivo. Vamos estudar três deles.

O primeiro, o sistema agroflorestal, permite a conservação dos recursos naturais por meio da combina-
ção de cultivos simultâneos de cacau com espécies arbóreas, culturas agrícolas, hortaliças e frutíferas.

O seguinte é o já citado sistema cabruca, no qual é feito o cultivo de cacau em meio à Mata
Atlântica raleada.

E, por fim, você vai conhecer o sistema pleno sol, em que o cacau é plantado no modelo de monocultura,
ou seja, o cultivo único do cacaueiro, sem o uso de sombreamento definitivo, como nos sistemas agroflo-
restais (SAFs).

Diz o Currículo…
Segundo o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, observar a densidade das
plantas é uma prática prioritária! Você deve adequar a densidade de plantas (n.º
plantas/hectare) de cacau nas áreas em produção, no plantio de novas áreas e em
áreas de renovação, para garantir produtividade com viabilidade econômica.

E é isso que você vai aprender nesta aula!

Tudo pronto para adquirir todo esse conhecimento? Então, avance para a Aula 1 e comece seus estu-
dos!

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Módulo 2 - Aula 1
Sistema
agroflorestal
podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Edu, então o cacaueiro é uma planta que precisa da sombra de outras árvores pra se de-
senvolver, né?

- Isso mesmo, por isso que o sistema cabruca é tão eficiente, além de sustentável.

- Mas devem existir outros sistemas de plantio que também sejam sustentáveis, permitam a
produção de cacau e tragam um retorno financeiro interessante, certo?

- Sim, o cacaueiro é uma planta que pode ser cultivada junto com outros cultivares. Vou te
explicar algumas possibilidades, como o Sistema Agroflorestal.

Nos últimos tempos, muito tem se falado sobre a conscientização dos valores ambientais, sociais, econô-
micos e governamentais, certo? Você, provavelmente, tem acompanhado algumas dessas discussões.
Mas, você conhece as boas práticas agrícolas nos cultivos agrícolas e para que servem?

Bem, por meio dessas práticas, promove-se o uso consciente dos solos e dos recursos naturais, e é pos-
sível fazer uma gestão rural eficiente. Todo esse entendimento consiste na base para se chegar a uma
agricultura sustentável, em que cada tipo de solo deve ser classificado de acordo com sua aptidão
agrícola.

A partir desse princípio, a implementação de sistemas


agroflorestais (SAFs) ganha destaque nas lavouras comer-
ciais, pois o uso desse tipo de sistema proporciona diversas
vantagens quando comparado aos sistemas de produção
tradicional.

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Por meio desse sistema, é possível conservar os recursos naturais por meio da combinação entre cultivos
simultâneos de espécies arbóreas nativas e culturas agrícolas, hortaliças e frutíferas.

Objetivos dos sistemas agroflorestais


Tradicionalmente, o cultivo do cacaueiro representa um bom modelo para a abordagem SAF. Isso porque
a planta é tolerante à sombra, o que permite o cultivo em associação a outras espécies. Confira de que
forma isso pode ser feito.

Cabruca Sombreamento Sombreamento


provisório definitivo
Sob mata raleada Sob cultivos Com espécies
alimentícios arbóreas
introduzidas na área

A combinação entre cacau e espécies lenhosas e não lenhosas é um excelente exemplo de compatibi-
lidade e complementaridade de diferentes espécies. Ao mesmo tempo, mostra a sustentabilidade de
sistemas de produção multiestratificados, desde que seja feito o manejo do sombreamento para não
prejudicar os ganhos de produtividade.

São exemplos de espécies lenhosas a eritrina (Erythrina speciosa) e o cajá (Spondias mombin L.). E, como
espécies não lenhosas, podemos citar a bananeira (Musa spp.) e a mandioca (Manihot esculenta L.).
Não se preocupe, pois, até o fim deste módulo, você vai dominar todos esses conceitos!

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Atenção!
A atividade cacaueira é considerada a mais eficiente comunidade vegetal, quando se
refere à proteção dos solos tropicais contra agentes de degradação.

Esta atividade dispõe de muitos atributos de sustentabilidade da floresta heterogênea natural e pode se
tornar um elemento socioeconômico-ambiental apropriado para a redução da pressão antrópica (fruto
de ações causadas pelo ser humano) sobre a cobertura vegetal primária nos trópicos úmidos brasileiros.

Em outras palavras, o cultivo de cacau pode ajudar a preservar a mata nativa da região. Não é ótimo?

Classificação dos sistemas agroflores-


tais
Os SAFs podem ser classificados de várias maneiras, dependendo do ponto de vista de que se observa.
Quer conhecer algumas dessas classificações? Confira a seguir!

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podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir essa expli-
cação!

Quais as classificações dos sistemas agroflorestais?

Os SAFs podem ser classificados conforme suas características ecológicas, econômicas,


funcionais ou de acordo com a distribuição dos seus componentes.

Quando falamos sobre classificação ecológica, consideramos a localização, a topografia


(por exemplo, áreas planas, com declives ou montanhosas) ou ainda a complexidade bioló-
gica, ou seja, como os elementos se comportam na área de convívio.

Já em relação à classificação econômica, os SAFs podem ser agrupados em comerciais, de


subsistência ou intermediários.

Sobre os fatores funcionais, a classificação consiste em SAFs de produção de alimentos,


de fibras para consumo; ou ainda SAFS de proteção, cuja principal atividade é proteger os
recursos naturais.

Quando falamos sobre o arranjo dos componentes no espaço, temos três tipos. O primeiro
é o sistema contínuo, quando a cultura principal é plantada por toda a área, e as demais es-
pécies vegetais são distribuídas em seu entorno, prestando serviços como sombreamento
ou, ainda, gerando um complemento de renda ao produtor. Um exemplo disso é o plantio
de cacau como cultura principal junto com bananeiras, para prover a sombra necessária.

O segundo tipo é o sistema zonal. Nele, áreas de plantio que contêm um determinado
componente vegetal, como o cacaueiro, são alternadas por linhas de outras espécies de
plantas, como o açaizeiro ou a pupunheira.

O terceiro tipo são os sistemas mistos, que misturam espécies vegetais plantadas de manei-
ra adensada. Eles podem ser formados por plantas frutícolas, florestais e culturas agrícolas.

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Importância socioeconômica e ambien-
tal dos sistemas agroflorestais
Agora que você já conhece as várias características dos SAFs, deve estar se perguntando: e os benefícios?
Quando bem manejados, os benefícios ambientais, sociais e econômicos resultantes do SAFs são muitos!
Confira alguns no infográfico a seguir.

Benefícios dos SAFs

0
Maior aporte de matéria orgânica,
02
Conservação da umidade do solo.
em virtude da queda das folhas das
árvores sob a superfície do solo.

0
Menores perdas de nitrogênio. Aumento da capacidade de
0
absorção e infiltração de água.

0
Redução de processos de erosão e
0
Estímulo da atividade biológica do
degradação do solo. solo, que contribui para o
aumento da fertilidade.

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0
Controle mais eficiente de plantas
08
Refúgio para a biodiversidade
invasoras devido ao animal, o que dificulta o
sombreamento. estabelecimento de pragas e
doenças.

0
Conservação de remanescentes
10
Geração de mão de obra sem
florestais, de nascentes e de sazonalidade.
cursos de água.

11
Fixação do homem no campo.
1
Criação e difusão de tecnologias e
novos conhecimentos.

13
13
Conservação de espécies arbóreas
1
Exploração comercial dos extratos
com função social, por exemplo, sob e sobre a copa do cacaueiro.
plantas medicinais.

1
Conservação de espécies arbóreas
com finalidade econômica, como
as espécies madeireiras.

Mas nem tudo são flores! Apesar dos benefícios inquestionáveis, alguns aspectos desse sistema deman-
dam atenção especial, veja a seguir.

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O cacaueiro necessita É preciso definir as
de sombreamento espécies arbóreas que
para o seu desenvol- crescem melhor em
vimento pleno, mas condições de consór-
é necessário estabe- cio, dado o tipo de
lecer a quantidade solo e o espaçamento,
adequada de luz que para que não ocorra
chega a ele. competição entre as
plantas.

Sistemas agroflorestais com cacaueiros


Depois de muita pesquisa feita pela Ceplac e com base em tudo o que você já estudou até aqui, foram
estabelecidos alguns modelos de SAFs com o cacaueiro para serem usados principalmente por pequenos
e médios produtores.

Mas estes não são modelos definitivos; muitos outros vêm sendo testados e implantados.

É possível alterá-los para adaptá-los a novas tecnologias


agroflorestais e/ou a condições ecológicas de cada região
produtora. Neste módulo, você vai conhecer:

• sistemas permanentes contínuos;


• sistemas permanentes zonais; e
• sistemas permanentes mistos.

Para começar, conheça os sistemas permanentes contínuos.

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Videoaula
De olho no horizonte
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para assistir ao vídeo
com este conteúdo.

Agora você vai conhecer o SAF em sistemas permanentes contínuos e como ele pode ser
implantado na sua lavoura. Acompanhe!

Nos sistemas permanentes contínuos, são cultivadas espécies arbóreas ao redor da espé-
cie principal para seu sombreamento, que também fornecem produtos com valor econô-
mico, aumentando a rentabilidade da propriedade. São utilizadas prioritariamente plantas
perenes, ou seja, que têm um longo ciclo de vida, cultivadas de forma regular e distribuídas
por toda a área. Podem ser utilizadas espécies que produzem frutos, fibras, lenha, madeira,
látex, palmito ou óleos.

É preciso cuidado para evitar o excesso de sombra sobre o cacau! Para aproveitar a luz nas
entrelinhas de cultivo e melhorar a rentabilidade do sistema, utilize espécies de sombra
lateral provisória, como o milho, o feijão e o arroz.

O arranjo pode ser feito associando-se o cacaueiro a espécies florestais. Nesse caso, os
cacaueiros jovens devem estar consorciados com espécies de sombra provisória, como a
bananeira. Isso dará tempo para as árvores de sombreamento definitivo crescerem. O som-
breamento definitivo pode ser formado por espécies de importância econômica regional,
como o mogno, o ipê-roxo e a castanha-do-brasil, por exemplo.

Outra possibilidade é o sistema de cacaueiros com coqueiros. Aqui, há fileiras duplas de


cacau estabelecidas entre fileiras de coqueiros. Você pode plantar a leguminosa gliricí-
dia nas linhas do coqueiro.

Muito bem, as possibilidades de plantio do cacau em consórcio com outras culturas é uma
forma bastante interessante de aumentar a rentabilidade da sua propriedade, não é mes-
mo? Mas não tome sua decisão ainda, pois há muitas outras combinações possíveis. Conti-
nue seus estudos!

Para continuar, conheça alguns detalhes importantes sobre a implementação dos sistemas permanentes
contínuos em sua propriedade.

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Na prática

Sombreamento provisório

O plantio do cacau deve estar associado a outros dois


componentes provisórios, que fornecerão sombra e ali-
mento. É comum o uso de bananeira, mandioca, milho e
feijão-guandu (Cajanus cajan) em espaçamento de 1 x 1 m
ou 1,5 x 1,5 m.

Nas entrelinhas do cultivo, você pode usar espécies de


sombra lateral provisória, como milho, feijão (Phaseolus
vulgaris) e arroz (Oryza sativa), desde que respeitado o
espaçamento de 0,7 m do cacaueiro.

Sombreamento definitivo com espécies florestais

O sombreamento definitivo pode ser formado por diver-


sas espécies relevantes na sua região, como mogno, ipê-
-roxo, castanha-do-brasil, freijó , andiroba, cumaru, cedro,
jatobá, eritina, seringueira, eucalipto, pinus, teca, entre
outras.

A distância do plantio entre as espécies tem relação direta


com o rendimento.

Use espaçamento de 3 x 3 m para as plantas de cacau e de


15 x 15 m até 24 x 24 m para as espécies sombreadoras.
Confira o rendimento médio:

• Mogno: a produção média aos 36 anos é de 2,99 me-


tros cúbicos por árvore (m³/árvore);
• Cacau: 800 (kg/ha/ano) quilos por hectare por ano de
amêndoas de cacau. Varia de 0,91 a 1,25 kg/planta.
• Banana: 0,9 a 1,8 kg/planta.
• Castanha-do-brasil (amêndoa): de 1,5 a 12,5 kg/plan-
ta.

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Sombreamento definitivo em sistema com coqueiros

Nesse sistema, o cacau é plantado em fileiras duplas com


espaçamento de 3 x 3 m entre as fileiras de coqueiros (Co-
cos nucifera). É estabelecido entre as fileiras de coqueiros
no espaçamento de 9 x 9 m.

Na fileira de cacau, entre as plantas, é implantada a bana-


neira para que haja sombra provisória sobre o cacau. Já
nas linhas do coqueiro, pode ser semeada uma leguminosa
arbórea chamada gliricídia (Gliricidia sepium).

A densidade populacional do cacaueiro e da bananeira


é de 740 plantas/ha; o coqueiro, de 123 plantas/ha; e, a
gliricídia, de 247 plantas/ha.

Nesse modelo, a produtividade média é de 1.250 kg/ha de


amêndoas secas para o cacau, e de 60 a 150 frutos/planta/
ano de coco, a depender da variedade (gigante, anão ou
híbrido).

Sistemas permanentes zonais


Vamos tratar, agora, de outra possibilidade: os sistemas permanentes zonais.
Nele, as espécies perenes intercaladas com o cacaueiro estão dispostas de forma não contínua na área.
Consequentemente, há melhora na eficiência do sistema, pois são aproveitados a luz e o manejo tanto
pelo cacaueiro quanto pelas culturas sombreadoras.

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Isso possibilita amplo acesso à área, melhora a colheita dos
produtos e permite, inclusive, o tombamento (derrubada)
das plantas para o aproveitamento da madeira ou do palmi-
to, o que reduz os custos de colheita.

Mas quais são as combinações mais adequadas para esse sistema? Conheça algumas delas.

Cacaueiros com pupunheiras (Bactris gasipaes)

Croqui de planta baixa da consorciação entre cacau e pupunha em renques: cacau, pupunha e freijó-louro.

Na área de cultivo, são dispostas dez fileiras de cacau no espaçamento de 3 x 2,5 m, alternadas
com zonas de plantios que contêm três fileiras de pupunheiras (2 x 1,5 m).

A sombra definitiva é fornecida pelas árvores de freijó-louro (Cordia alliodora), plantadas no


espaçamento de 12 x 10 m de forma contínua nas zonas do cacaueiro.

A densidade populacional desse sistema é de 1.148 cacaueiros/ha; 571 pupunheiras/ha e 84


plantas de freijó/ha.

Nesse modelo, a receita anual para 2 hectares de consórcio de cacau com pupunheira é de R$
5.625,00, e uma produção de 112 m³ de madeira em tora/ha do freijó-louro.

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Cacaueiros com cafeeiros (Coffea spp.)

3m

Croqui de planta baixa da consorciação entre cacau e café em renques: cacau, café e teca.

Neste sistema, são dispostas dez fileiras de cacaueiros (3 x 2 m) intercaladas com onze fileiras de
cafeeiros (3 x 1 m).

Entre as zonas de plantio, são estabelecidas áreas que contêm árvores de teca (Tectona grandis),
espécie produtora de madeira, com rápido crescimento vegetativo e elevado valor econômico,
no espaçamento de 2,5 entre árvores e 3 m entre as zonas cacaueira e cafeeira.

A densidade populacional é de 947 cacaueiros/ha; 1042 cafeeiros/ha e 152 árvores de teca/ha.


A produtividade média, a partir do 3.º ano do plantio, é de 0,18 kg/planta de amêndoas secas e
de 1 kg/planta de café seco.

Sistemas permanentes mistos


Vamos tratar, agora, do terceiro e último sistema: o permanente misto, que se caracteriza pela adoção
dos sistemas zonal e contínuo na mesma área para os cultivos permanentes. Assim, as espécies usadas
para sombreamento do cacau são dispostas de forma contínua na área, ao passo que os cultivos princi-
pais são plantados em zonas. Conheça um exemplo:

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Esse tipo de sistema é de grande importância na
região Amazônica do Brasil e pode ser obtido a partir
do arranjo de plantas de cacau dispostas com árvores
de açaí (Euterpe oleracea) e taperebazeiros (Spondias
mombin L.), uma árvore frutífera com bastante acei-
tação no mercado de polpas.

Assim, é possível a obtenção de diversos produtos


provenientes deste sistema: os frutos in natura po-
dem ser usados para a produção de bebidas e prepa-
ro de sucos, licores, cremes, sorvetes e picolés.

Neste caso, a taperebazeira tem função de sombrea-


mento definitivo no sistema.

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Mas essa não é a única combinação possível em sistemas permanentes mistos. Conheça outras possibili-
dades a seguir:

Cacau x cupuaçu

É um modelo muito usado na recuperação de áreas degradadas na região Amazônica. Além de


proporcionar a atividade extrativista, o cupuaçu promove o sombreamento para o cacaueiro e
permite maior obtenção de renda para o produtor.

Cacau x seringueira

É o modelo predominante no estado do Pará e configura uma alternativa de plantio para o pro-
dutor, pois proporciona um aumento da renda, devido à obtenção de vários produtos, como o
cacau e a borracha, extraída da seringueira.

É importante fazer a escolha correta das variedades de seringueira para que o sombreamento
seja adequado para o cacau. Alguns clones têm sido recomendados para serem usados neste
consórcio, como o Sial 893, que tem uma arquitetura de copa mais fechada e baixa densidade
foliar. O resultado é um sombreamento ideal para o cacaueiro.

Existem diversos arranjos e espaçamentos indicados para esse modelo SAF, como os cacaueiros
plantados em fila única (450 plantas/ha) ou em filas duplas (900 plantas/ha) com espaçamento
de 3 x 3 m; e as seringueiras, dispostas nas entre linhas: 7 x 3 m (473 plantas/ha). Nesse arranjo,
a produtividade média é de 750 kg/ha/ano de borracha e 780 kg/ha/ano de amêndoas secas de
cacau.

Cacau x Açaí

É um sistema muito utilizado no Amazonas, consiste no plantio de treze fileiras de cacau (3 x 3


m) intercaladas com duas fileiras de açaí (4 x 4 m).

Pode usar também espécies de sombreamento provisório como a mandioca e a bananeira, além
do taperebazeiro, árvore que fornece sombreamento definitivo.

Caso o produtor opte por usar, além do açaí, o taperebazeiro, ele deve ser disposto a partir da
3.ª fileira de cacaueiro com um espaçamento de 21 x 21 m.

Assim, a densidade populacional é de 951 cacaueiros/ha, 109 açaizeiros/ha e 16 taperebazeiros/


ha.

A produtividade média do cacau, nesse modelo de SAF, é de 0,36 kg de amêndoas seca por
planta, 45 kg de frutos de açaí por planta, e 30 kg de frutos de taperebá por planta, a partir do
4.º ano de cultivo.

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Vá além!
Para saber mais sobre o sistema agroflorestal, que associa o cultivo de cacau ao de
cupuaçu, acesse a cartilha SAF - Da implantação ao Manejo, Série AMAS Módulo 1,
da Organização de Conservação da Terra clicando aqui.

Independentemente do sistema de SAF x cacau escolhido para implementação em áreas de cultivo, há


obstáculos para o estabelecimento. Conheça alguns deles.

Plantas invasoras Mão de obra

O controle de plantas invasoras se torna A mão de obra passa a constituir mais de


bastante complexo, pois, com a derrubada 60% dos custos. Para se ter ideia, para a
da floresta ou da vegetação secundária, as formação da lavoura, a mão de obra re-
plantas espontâneas se multiplicam rapida- presenta mais de 70% dos custos totais de
mente. Como um dos principais métodos implementação. Assim, é necessário ana-
de controle é o físico, por meio da capina lisar os custos para operação dos SAFs, e,
ou da roçagem, os custos de produção principalmente, investir em conhecimento
aumentam. técnico para que aumentar a eficiência do
modelo e alcançar a rentabilidade espera-
da.

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E na sua porteira?
Muito bem! Estamos concluindo a primeira aula deste curso, mas ainda há
muito o que aprender! Até aqui, você conheceu:

⚫ o que são e quais são os objetivos dos sistemas agroflorestais;


⚫ a classificação dos sistemas agroflorestais;
⚫ a importância socioeconômica e ambiental dos sistemas agroflores-
tais; e
⚫ sistemas com espécies florestais e com cacaueiros.

Agora, diante do cenário apresentado e pensando na sua realidade, quais aprendizados se


aplicam à sua produção?
Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.
Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, vejo um caminho bastante interessante se usar os


sistemas agroflorestais. Posso manejar a lavoura de cacau com
uma segunda cultura, o que vai aumentar a rentabilidade do sítio.
Só preciso estudar melhor as condições ambientais que tenho e a
situação econômica da região para decidir quais espécies seriam
mais rentáveis e interessantes para comercializar. É uma nova
etapa para o sítio Santo Isidoro!

Agora, avance para a Aula 2 e saiba mais sobre o sistema cabruca.

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Módulo 2 - Aula 2
Sistema cabruca

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podcast
O resgate de Santo Isidoro
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- Edu, entendi o que são os sistemas agroflorestais e achei a ideia muito atraente pra imple-
mentar no Santo Isidoro. Mas tem uma área na propriedade onde a mata nativa se recupe-
rou ao longo dos anos. Está tão preservado, não queria derrubar tudo. Ao mesmo tempo,
preciso aumentar a produção pra recuperar a saúde financeira do sítio... Será que tem um
caminho do meio?

- Lembra que eu disse como era importante a gente conhecer a nossa história? No Brasil,
tudo começou com o sistema cabruca, certo? E se eu dissesse pra você que o nosso futuro
pode estar nesse sistema?

- Você vai precisar me explicar isso melhor!

Já falamos sobre o sistema cabruca algumas vezes durante o curso. Então, você deve querer saber do
que se trata, certo? Pois bem, chegou a hora de nos aprofundarmos!

No Brasil, os primeiros cultivos de cacau foram instalados no estado do Pará. Em 1749, as sementes
oriundas dessas lavouras foram enviadas para a Bahia. As condições de temperatura, precipitação e o
solo no sudeste do estado são ideais para o desenvolvimento da cultura.

As áreas de cacau cabruca na Bahia estão situadas do litoral


até o corredor central da Mata Atlântica. Acredita-se que
o sistema tenha sido usado para ocupar a terra em regiões
menos povoadas, ao norte de Ilhéus.

No fim dos anos 1930, os municípios de Una, Mucuri e Cana-


vieiras tinham grandes áreas de plantio de cacau.

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Conceituação e critérios técnicos
Antes de explicarmos o que é o sistema cabruca, é importante que você saiba como ele surgiu para com-
preender o porquê de esse sistema ser tão relevante para a cacauicultura no Brasil. Então, vamos come-
çar com o sistema antecessor? Conheça, agora, “corte e queima”, o primeiro método de cultivo de cacau
adotado por aqui.

Corte e queima
Neste método, a vegetação florestal era totalmente derrubada e queimada. Em seguida, as sementes de
cacau eram semeadas no espaçamento de 1,5 x 1,5 m. Também era feito o cultivo de culturas de som-
breamento temporário, como a mandioca e o milho.

Após a colheita das culturas provisórias, as plantas de cacau


eram mantidas sem sombra, até que árvores espontâneas,
como Curindiba (Trema micrantha L.), embaúba (Cecropia
ssp.) e ingazeira (Inga ssp.), surgissem para promover som-
bra.

As árvores de sombra eram removidas dez anos após o plan-


tio do cacau, e a plantação era mantida sem sombreamento
durante toda a fase adulta.

Apesar de a prática de queima da vegetação nativa proporcionar elevada produtividade nos primeiros
anos de cultivo, facilitar as operações agrícolas na área e possibilitar o cultivo de culturas temporárias,
essa técnica é extremamente prejudicial ao ambiente. Descubra agora o motivo.

Destruição Envelhecimento Ataque de pragas e


da fauna local precoce doenças

Uma das consequências nega- Neste método, as árvores en- As plantas ficam mais sujei-
tivas do método é a destruição velheciam em apenas 20 anos tas ao ataque de pragas e
de toda a parte viva do solo e (o correto seria em 40 anos), doenças, além da incidência
a fauna local. Isso prejudica o devido à redução da fertilida- de espécies invasoras. Isso
processo de ciclagem de nu- de do solo nas plantações não prejudicava o desenvolvimen-
trientes e, consequentemente, sombreadas. to, aumentava os custos de
o fornecimento de alimento produção e da mão de obra.
para as plantas.

Cabruca
A partir de alterações do método “corte e queima” nas primeiras décadas do século XX, surgiu o plantio
feito na mata raleada, conhecido como cabruca. Nesse método, era feita a remoção de parte da vegeta-

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ção arbórea nativa com o objetivo de abrir espaços para o cultivo de cacau. Essa ação era chamada pelos
produtores de “cabrucar”.

Ainda há muito para saber sobre esse sistema. Conheça agora suas características.

Videoaula
De olho no horizonte
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Agora você vai conhecer o cultivo de cacau no sistema cabruca, que é quando plantamos o
cacau em uma área de Mata Atlântica, como ocorre na Bahia.

Nesse sistema, a vegetação herbácea e arbórea mais baixa é cortada, e as árvores de


madeira de lei, ou seja, de grande porte, copa alta e folhagem pouco densa, são poupadas
justamente para serem utilizadas como sombreamento para o cacau.

Originalmente, o plantio do cacau era feito de forma aleatória e sem alinhamento, mas isso
dificulta as operações culturais na lavoura. Outra prática que se tinha no passado era deixar
os tocos das árvores cortadas até sua completa decomposição, o que também dificultava o
manejo.

Conforme os cacaueiros crescem, precisam de mais luminosidade. Uma prática que se reali-
zava era o anelamento de árvores que dão sombra. Em seus troncos eram colocados anéis,
o que levava à perda de folhas e ramos de forma lenta. Isso levava à morte da árvore em
um período de 12 a 24 meses. Em alguns casos, os cacaueiros eram danificados pela queda
de ramos secos ou até mesmo das árvores inteiras.

Se compararmos a cabruca ao sistema de corte e queima, ela é muito mais econômica. Na


cabruca, o sombreamento permanente permite o controle de plantas invasoras, redu-
zindo o número de roçagens necessárias. Por isso, há uma redução de até quatro vezes no
custo de mão de obra para sua implementação. Por isso, o sistema foi adotado em regiões
da Bahia onde a mão de obra era limitada.

Há algumas desvantagens: a produtividade é baixa, cerca de 525 quilos por hectare. Além
disso, o sombreamento costuma ser irregular, porque é formado por diferentes espécies
que exigem atenção e manejo.

Porém a técnica tem seus méritos: o sombreamento diversificado é de extrema impor-


tância e valor na conservação da biodiversidade da Mata Atlântica, um bioma que está
seriamente ameaçado de extinção, restando apenas 8% de sua cobertura natural.

Mas o assunto não para por aqui! Continue seus estudos!

Um terceiro método para implementar cacauais na região consistia na derrubada de parte da mata nati-

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va, poupando um número menor de árvores.

Essa técnica resulta em um sistema menos denso, com sombreamento intermediário entre a cabruca
e “o corte e queima”, em que as árvores com copa boa para o sombreamento do cacau eram mantidas.
Assim, obtinha-se um sombreamento definitivo imediatamente, sem a necessidade de raleamento mais
adiante.

Na prática, essas árvores estavam mais sujeitas à ação do


vento, o que resultava em maior queda de galhos e, conse-
quentemente, mais danos aos cacaueiros. Essa, aliás, é uma
das principais desvantagens dessa variação.

Derrubada total
Depois de 1964, o método denominado derrubada total passou a ser disseminado por toda a Bahia.
Primeiro, para a implantação desse sistema, era feita a roçagem da vegetação rasteira, seguida da derru-
bada de todas as árvores existentes na área, geralmente, ocupada por mata ou capoeira, uma vegetação
composta basicamente por gramíneas que crescem após derrubada da vegetação original. Contudo, esse
método é muito agressivo ao meio ambiente e desfavorece a conservação da mata nativa. Conheça mais
detalhes sobre este método.

29
Na prática

Na derrubada total, a queima ocorria de 30 a 60 dias após


a derrubada da vegetação.

Em seguida, era feita a demarcação do local onde seria


feito o plantio do cacau e do sombreamento provisório e
definitivo.

O sombreamento definitivo era homogêneo, formado


pela bananeira e árvores de crescimento rápido, do gêne-
ro Erythrina.

30
Elas eram semeadas com um espaçamento entre plantas
de 24 m, o que proporcionava a incidência de 50 a 60% de
luz na lavoura.

Diz o Currículo…
Segundo o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, está na legislação e é im-
portante proteger e preservar as Áreas de Preservação Permanentes (APPs) e as
Reservas Legais (RLs) para fazer a manutenção da flora e da fauna local. Portanto,
identifique áreas da propriedade que estão degradadas, não limitadas às áreas de
produção, e execute um plano de ação para recuperá-las.

Cabruca tecnicamente formada


Vamos conhecer, agora, mais uma variante do método cabruca, a chamada cabruca tecnicamente forma-
da. Nela, a vegetação nativa rasteira é roçada, e as árvores de menor porte são cortadas. São mantidas
apenas as árvores que atuam como sombreamento provisório. São plantadas bananeiras para criar o
sombreamento se necessário.

A existência do sombreamento provisório permitia que árvores de maior porte fossem derrubadas, e
mantidas de 25 a 30 árvores de sombreamento definitivo por hectare.

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A correção do sombreamento era feita entre o quarto e
o quinto mês após o plantio dos cacaueiros, e eliminada a
sombra provisória em excesso.

Após o segundo até o quinto ano da plantação de cacau, era


feito o raleamento por meio do anelamento das árvores de
sombreamento.

O método é indicado para áreas com características como solos rasos, de baixo nível de fertilidade, locais
com dificuldade para obtenção de mudas de bananeira, escassez de mão de obra e risco de inundações
constantes. Ele era visto como alternativa à “derrubada total”.

Aspectos legais
Agora que você já conhece os métodos que podem ser usados no sistema cabruca, vale a pena saber
mais sobre os aspectos legais referentes a esse sistema.

Devido à grande importância que o sistema agroflorestal cabruca desempenha na manutenção e na re-
cuperação de áreas florestais remanescentes do Bioma Mata Atlântica, em 2019, foi publicada uma Por-
taria Conjunta Sema/Inema que trata dos critérios e dos procedimentos para a concessão da Autorização
de Manejo da Cabruca (AMC). Vale dizer que Sema é a Secretaria do Meio Ambiente. Inema é o Instituto
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Quer saber o que diz essa Portaria? Então confira a seguir.

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podcast
Direto do campo
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta explicação!

Quais os critérios para conseguir a Autorização de Manejo da Cabruca?

De acordo com a Portaria Conjunta Sema/Inema nº 03 além da preservação da Mata Atlân-


tica, foram estabelecidas novas metodologias que estimulam a manutenção do agros-
sistema Cacau-Cabruca e o enriquecimento dele com espécies arbóreas nativas, para o
planejamento e uso eficiente e racional dos recursos naturais, visando à manutenção e ao
aumento da produtividade do cacaueiro.

Para ser considerado cabruca, é necessário que sejam cumpridas algumas diretrizes como:
ter densidade arbórea de 20 ou mais indivíduos de espécies nativas por hectare; não der-
rubar a vegetação nativa, quando a propriedade estiver no bioma Mata Atlântica, entre
outras. A perpetuação do sistema cabruca deve ser realizada como estratégia para melho-
ria da rentabilidade do produtor rural e conservação da Mata Atlântica.

Essa portaria também permite que os produtores retirem árvores que não são nativas da
Mata Atlântica, ou seja, espécies exóticas, sem a necessidade de autorização prévia dos
órgãos responsáveis. Alguns exemplos dessas espécies são: eritrinas, jaqueiras, seringueiras
e cajazeiras. A retirada de espécies exóticas permite maior entrada de luminosidade para as
plantas de cacau, favorecendo o aumento de produtividade.

Vá além!
Conheça a Portaria Sema/Inema nº 03 na íntegra clicando aqui.

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E na sua porteira?
Esta aula estava cheia de informações interessantes, não é mesmo? Até
aqui, você conheceu:

⚫ o contexto histórico do sistema cabruca;


a conceituação;
⚫ os critérios técnicos; e
⚫ os aspectos legais

Agora, diante do cenário apresentado e pensando na sua realidade, quais aprendizados se


aplicam à sua produção?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

No meu caso, a cabruca poderia ser um caminho interessante


para a área do meu sítio que tem mata nativa. Porém, preciso ter
atenção a dois sistemas de manejo: a cabruca e o sistema que uso
no restante da lavoura. Talvez, nesse momento, seja melhor man-
ter a mata nativa como está e focar meus esforços em recuperar
a lavoura que já tenho.

Agora, avance para a Aula 3 para conhecer o terceiro sistema de cultivo do cacaueiro que vamos abor-
dar neste curso: o pleno sol.

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Módulo 2 - Aula 3
Sistema Pleno sol

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podcast
O resgate de Santo Isidoro
Acesse o ambiente virtual de aprendizagem para ouvir esta história!

- Edu, eu sei que o cacaueiro é uma árvore que precisa de sombra pro desenvolvimento e
que pode ser cultivada junto com outras espécies pra aumentar o rendimento do sítio...
Mas vejo na televisão aquele mar de soja que o pessoal cultiva em outros estados e me dá
uma coceirinha.... não tem jeito de eu ter um campo só de cacau, pra produzir muito mais
numa área pequena?

- Olha, Gabi, as coisas não são tão simples quanto a gente gostaria, né? Até dá pra cultivar o
cacau em monocultura, mas os resultados não serão tão bons quanto você imagina...

Tradicionalmente, o cultivo do cacau ocorre em áreas de clima tropical, e isso causa entraves para a ex-
pansão da atividade cacaueira, pois o clima é favorável para a disseminação de doenças e torna a ativida-
de pouco atrativa para fins econômicos.

No sistema pleno sol, o cacau é plantado no modelo de


monocultura, ou seja, o cultivo único do cacaueiro em uma
determinada área, sem o uso de sombreamento definitivo,
como nos SAFs. Outras características são:

⚫ o uso de culturas que promovem o sombreamento


provisório;
⚫ o uso de clones de cacau resistentes à vassoura-de-bru-
xa.

Critérios técnicos e sustentabilidade


Se você acompanha de perto as notícias sobre o agronegócio, deve saber que, devido a avanços tecno-
lógicos na produção agrícola, nos últimos anos, hoje é possível cultivar em áreas não tradicionais. Graças
a técnicas de irrigação, fertirrigação, manejo e variedades melhoradas geneticamente, é possível obter
sucesso na plantação de cacau onde antes não seria possível. Mas isso tem um preço.

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O custo de implementação de um sistema pleno sol é alto:
são necessários insumos e irrigação para que o cacaueiro
se mantenha produtivo nesse sistema, que tem condições
ambientais tão diferentes das que propiciam o desenvolvi-
mento da planta na natureza.

Atenção!
Quando observados os aspectos de sustentabilidade, o modelo pleno sol é bem
menos sustentável, pois a diversidade de espécies vegetais que compõem o sistema
é menor em comparação à dos SAFs.

Apesar dos problemas, quando manejado adequadamente, o sistema tem alta rentabilidade.

No Brasil, o cultivo de cacau, neste modelo, representa uma escala pequena quando comparado ao
cabruca ou a outros SAFs. Temos exemplos, na região do extremo sul da Bahia e na Chapada Diamantina,
com árvores apenas nas bordas para proteção contra o vento, com irrigação e algumas operações meca-
nizadas.

Embora o rendimento seja superior, pesquisas recentes conduzidas pela Ceplac mostram que esse siste-
ma estressa a planta, reduz a longevidade produtiva, além de ter um custo de produção mais elevado.
Mas, como acontece a implantação do sistema pleno sol? Descubra agora.

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podcast
Direto do campo
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Quais os principais cuidados no sistema pleno sol?

Para áreas novas, é recomendado o uso de mudas propagadas por estaquia de ramos pla-
giotrópicos, que devem permanecer em viveiro até os dez meses. Você precisará proteger
os cacaueiros do vento, porque as folhas são muito sensíveis e têm uma alta taxa de perda
de água. Use a bananeira como proteção temporária e o eucalipto como proteção definiti-
va.

Aliás, a água é um fator de atenção. A disponibilidade precisa ser complementada com


sistema de irrigação de microaspersão ou gotejamento. Outro cuidado fundamental é a
aplicação de fertilizantes de modo parcelado. Eles devem ser utilizados no momento do
plantio e também quando as plantas começarem a emitir folhas novas.

Agora, conheça alguns detalhes sobre o sistema pleno sol.

Na prática

Use mudas propagadas por estaquia de ramos plagio-


trópicos e transplantadas para sacos de polietileno aos
sete meses de idade. Elas devem permanecer nos sacos
até atingirem o ponto de “mudão”. Serão dez meses no
viveiro.

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Ventos com velocidade superior a 2,5 m/s causam diver-
sos efeitos negativos para o cacaueiro, como a queima
e a queda das folhas jovens e o comprometimento do
desenvolvimento. Para evitar isso, use quebra-ventos
para proteger o cacaueiro: as árvores de eucalipto servem
como proteção definitiva, e a bananeira, como proteção
temporária.

A água precisa ser complementada por meio de um siste-


ma de irrigação localizado de microaspersão ou de gote-
jamento. A aplicação deve ocorrer na base da planta, de
acordo com sua necessidade hídrica, e apenas uma parte
da superfície do solo deve ficar molhada.

Os fertilizantes são essenciais para alcançar a produti-


vidade média de 2.250 kg/ha. Para tanto, faça o parcela-
mento da adubação com nitrogênio e potássio. A aplica-
ção deles é feita no plantio e em cobertura (quando as
plantas começarem a emitir folhas novas).

Diz o Currículo…
Segundo o Currículo de Sustentabilidade do Cacau, quando é necessário fazer
o uso de irrigação, é importante ter um projeto técnico e um plano de manejo
de acordo com a recomendação de um técnico. Também é necessário requerer a
outorga ou a dispensa para captação de água dos recursos hídricos, conforme diz a
legislação.

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E na sua porteira?
Esta aula apresentou os critérios técnicos e de sustentabilidade para im-
plementar o sistema pleno sol. Agora, pense na realidade da propriedade
em que você atua: esse sistema poderia ser adequado para sua condição?

Escreva sua resposta na caixa de texto abaixo.


Salve este arquivo novamente em seu computador para registrar a reflexão.

Penso que o sistema pleno sol não é para a minha propriedade. Deman-
da um alto investimento e cuidado constante, além de domínio técnico
para conseguir a rentabilidade que eu busco. Preciso resgatar minha
propriedade por outro caminho!

Muito bem!
Depois de todo esse aprendizado, você já pode responder à próxima atividade.

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Atividade
de aprendizagem
Este é um momento de autoavaliação, em que você vai poder refletir e validar o que aprendeu neste
módulo. Leia com atenção a pergunta e, no ambiente virtual de aprendizagem, escolha a resposta ade-
quada.

Atividade de aprendizagem
Questão 1
Nos sistemas agroflorestais (SAFs), árvores interagem simultaneamente
com cultivos agrícolas. Sobre as características dos SAFs, assinale verda-
deiro ou falso:

A) O cultivo de cacau no modelo SAF não é o mais recomendado, porque os


cacaueiros não toleram a associação a outras espécies, nativas ou cultivos alimentí-
cios, porque competem entre si, o que afeta a produção de amêndoas.

B) No sistema agroflorestal (SAF), é possível obter diversas fontes de renda o ano


todo, graças à exploração comercial de extratos na copa do cacaueiro e à comer-
cialização da madeira de espécies arbóreas usadas como sombreamento.

C) Os benefícios socioambientais proporcionados pelo SAF não são muito signi-


ficativos, visto que, para implantar o sistema, é necessária muita mão de obra, o
que acarreta aumento nos custos de produção. Também não é possível observar
ganhos ambientais significativos.

D) No SAF, o manejo do sombreamento não é prioridade, visto que a intensidade


de sombra não afeta o desenvolvimento das plantas. Assim, não há necessidade
de definir as espécies arbóreas que farão parte do consórcio, pois a intensidade de
sombra pouco importa. No SAF, o manejo do sombreamento não é prioridade, vis-
to que a intensidade de sombra não afeta o desenvolvimento das plantas. Assim,
não há necessidade de definir as espécies arbóreas que farão parte do consórcio,
pois a intensidade de sombra pouco importa.

E) Os SAFs podem ser usados por qualquer produtor rural, mas é importante se
atentar aos recursos tecnológicos e às condições de cada região. Os SAFs podem
ser do tipo permanentes contínuos; permanentes zonais e permanentes mistos.

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Atividade de aprendizagem
Questão 2
Ao longo da história do cultivo de cacau, o sistema de plantio passou por
diversas adaptações a fim de alcançar a sustentabilidade e a rentabilidade
dos cultivos. Atualmente, há vários métodos de cultivar o cacau. Sobre
este assunto, assinale a alternativa correta.

A) No sistema “corte e queima”, há apenas a derrubada e a queimada de uma par-


te da vegetação florestal. Logo em seguida, as sementes de cacau são plantadas e
não há a necessidade de fornecer sombreamento temporário para elas.

B) O plantio feito sob a mata raleada, conhecido como cabruca, foi uma adaptação
do método “corte e queima”. Nesse caso, era feita a derrubada da vegetação arbó-
rea nativa para a abertura de espaços para o cacaueiro, sem a prática da queimada.

C) No sistema cabruca, os custos com mão de obra são superiores ao método “cor-
te e queima”, pois é necessário maior atenção ao sombreamento, ao aparecimento
de plantas invasoras, pragas e doenças.

D) O método de derrubada total teve grande disseminação na Bahia. Para a im-


plantação do cacaueiro, era feita a roçagem da vegetação nativa, seguida das práti-
cas de derrubada de todas as árvores existentes na área e queima da vegetação 60
dias após a derrubada.

E) O sistema cacau x seringueira configura um dos maiores sucessos de cultivo de


cacau sob sombreamento. Isso é devido à sombra ideal que as seringueiras propor-
cionam aos cacauais. Consequentemente, há diminuição dos custos de produção,
devido ao maior controle de plantas invasoras.

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Atividade de aprendizagem
Questão 3
O sistema pleno sol surgiu como uma alternativa de expansão e sustenta-
bilidade da atividade cacaueira, devido ao fato de esses plantios estarem
menos sujeitos ao ataque da vassoura-de-bruxa. Baseado no conhecimen-
to sobre esse sistema, assinale verdadeiro ou falso:

A) Independentemente da variedade de cacau usada, os ganhos de produtividades


alcançados no sistema pleno sol não são compensatórios, visto que os custos de
produção são altíssimos.

B) No sistema pleno sol, não há a necessidade de formação de sombra temporária


tampouco definitiva, visto que as plantas se desenvolvem de forma excelente.

C) Para o estabelecimento de cacaueiros nessas novas áreas, é recomendado o uso


de mudas de saco grande, conhecida como “mudão”, para que haja a formação de
áreas uniformes e vigorosas.

D) No sistema pleno sol, a irrigação pode ser suprimida, pois reduz os custos de
mão de obra e de materiais necessários para a instalação dos sistemas de irrigação.

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