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ANÁLISE DO LÍQUOR
1. Análise Bioquímica:
a) Proteinorraquia
Os valores considerados normais para coleta lombar estão listados abaixo
b) Glicorraquia
Valores considerados normais de acordo com faixa etária:
O valor da glicorraquia também é muito variável nos recém-nascidos com ou sem meningite,
assim seu valor não deve ser interpretado de forma isolada.
A relação entre a glicorraquia e a glicemia não é útil em recém-nascidos com doença grave (a
glicose sérica pode ser aumentada após o estresse ou a administração de glicose intravenosa antes do
momento da avaliação)
Nas crianças maiores de 28 dias de vida, os valores normalmente se encontram entre 50 e 80
mg/dL, cerca de 60% dos valores plasmáticos
Hipoglicorraquia é um dado característico nas meningites bacterianas, tuberculosas e fúngicas.
Alguns casos de meningocefalite viral levam a níveis baixos de glicorraquia, porém em um grau mais
discreto. Encontramos também como causas de hipoglicorraquia: sarcoidose, carcinomatose meníngea e
hemorragia subaracnóidea.
A hiperglicorraquia, por sua vez, não possui significado clínico.
c) Clororraquia
Os níveis liquóricos de cloreto variam de 690 a 780 mg/dl ou de 120 a 135 mmol/L (=mEq/L). As
variações da taxa de cloretos do LCR estão em íntima relação com os distúrbios de osmolaridade
extracelular, que podem ser causados por vômitos, sudorese e por outras perturbações do equilíbrio
hidrogênico-iônico.
Hiperclororraquia: meningites virais ou bacterianas, algumas doenças neurológicas e alterações renais.
Hipoclororraquia: meningite tuberculosa.
d) Lactato no Líquor
2. Análise Citológica
a) Coloração
A coloração do líquor depende do número de células presentes.
b) Celularidade
A celularidade normal do LCR varia na literatura, mas os valores mais aceitos são considerados abaixo:
Quando ocorre acidente de punção, há limitação na interpretação do exame. Quando o LCR não é
francamente hemorrágico, subtraímos 1 leucócito para cada 500-1.000 hemácias/microL. No entanto,
nenhuma fórmula para “corrigir” a contagem de leucócitos no LCR pode ser utilizada com confiança total
e excluir meningite quando o líquor é acidentado.
As crianças com líquor hemorrágico alterado devem ser tratadas presumidamente para meningite
bacteriana e deve-se aguardar o resultado da cultura do LCR para confirmação.
Muitas vezes esquecidas, as hemoculturas podem, em até 80-90% dos casos, evidenciar a bactéria
responsável pela meningite.
Nas meningites bacterianas, o clássico é o aumento de celularidade, geralmente >1.000
leucócitos/mm3 com o predomínio de células polimorfonucleares (neutrófilos). Porém, nas fases iniciais
da meningite viral (12-48 horas), podemos encontrar esse achado, principalmente se houver pleocitose
baixa acompanhada de proteinorraquia pouco elevada e glicorraquia normal. Nesse caso, uma recoleta de
LCR após 8-24 horas pode mostrar a viragem da celularidade para predomínio linfomonocitário.
No recém - nascido, 15% das meningites bacterianas ocorrem após bacteremia.
Nesta faixa etária os sinais e sintomas mais comuns são: irritabilidade (60%), letargia,
hipoatividade, tremores, espasmos e convulsões (20-50%). O achado de fontanela abaulada (25%) e
rigidez de nuca (15%) são raros no momento da apresentação inicial da meningite neonatal.
Algumas patologias como neurocisticercose, esquistossomose, toxoplasmose, amebíase,
coccidioidomicose, toxocaríase e equinococose podem acometer o sistema nervoso central, ocasionando
aumento de eosinófilos no LCR. Outras situações que levam a hipereosinofilia no LCR são as meningites
eosinofílicas idiopáticas, as hemorragias subaracnóideas e as mielografias. Três parasitas
(Angiostrongylus cantonensis, Baylisascaris procyonis e Gnathostoma spinigerum), que tem o homem
como hospedeiro incidental, são descritos também como causa de meningite eosinofílica.
3. Análise Bacteriológica
a) Bacterioscopia pelo Gram
A coloração de Gram é o método de coloração utilizado para diferenciar espécies bacterianas em
dois grupos: o das Gram positivas e o das Gram negativas. A coloração ou não das bactérias ocorre
devido a composição e propriedades químicas e físicas das paredes celulares. Esse dado nos sugere qual
bactéria pode estar ocasionando a infecção.
Existem outras técnicas de coloração como Ziehl-Neelsen (detecção de bacilos álcool-ácido resistentes –
BAAR) que são utilizadas para bactérias que coram mal com o Gram, por exemplo a Mycobacterium
tuberculosis.
As etiologias mais frequentes de meningoencefalites pela faixa etária e/ou situação clínica estão
listada abaixo:
Recém-nascidos: S. agalactiae, E. coli, L. monocytogenes, bacilos Gram negativos.
1-3 meses: S. agalactiae (grupo B), L. monocytogenes, enterobacterias, S. pneumoniae, N.
meningitidis, H. influenzae.
3 meses – 5 anos: N. meningitidis, S. pneumoniae e H. influenzae.
Maiores de 5 anos: N. meningitidis e S. pneumoniae.
Situações especiais:
Derivação ventriculoperitoneal: S. epidermidis, S. aureus, P. aeruginosa, enterobactérias
e Enterococcus sp.
Fístula liquórica: S. pneumoniae e H. influenzae.
b) Tinta da China
Coloração com “tinta da china” objetiva a pesquisa direta do fungo Cryptococcus neoformans com
contraste de campo escuro em microscopia óptica.