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INTRODUÇÃO
AVALIAÇÃO HEMATOLÓGICA DO SANGUE
LEUCOGRAMA - Série branca
- Leucócitos
- Neutrófilos
- Basófilos
- Eosinófilos
- Linfócitos
- Monócitos
HEMOGRAMA - Série vermelha
- Hemácias
- Hematócrito e hemoglobina
- Volume corpuscular médio (VCM)
- Hemoglobina corpuscular média (HCM)
- Concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM)
- Índice de anisocitose eritrocitária (RDW)
- Plaquetas
ANEMIAS
- Ácido fólico
- Ferro sérico
- Vitamina B12
- Ácido metilmalônico
- Vitamina B6 (piridoxina)
SÍNDROME METABÓLICA
PERFIL LIPÍDICO
- Colesterol total
- HDL-colesterol
- LDL-colesterol
- Triglicerídeos
- Razões
- Apolipoproteína A1 (APO A1) e Apolipoproteína B (Apo B)
- Cortisol
METABOLISMO DE GLICOSE
- Glicemia de jejum
- Teste oral de tolerância à glicose (TOTG) ou curva glicêmica
- Hemoglobina glicada ou glicosilada (HbA1c)
- Homeostases Model Assessment-Insulin Resistance (HOMA-IR)
- Ácido úrico
- Gama-glutamiltranferase (GGT
PERFIL INFLAMATÓRIO
- Ferritina
- Transferrina
- Proteína C reativa (PCR)
MICRONUTRIENTES
- Vitamina D
- Zinco
- Magnésio
- Selênio
TIREÓIDE
- Hormônio tireoestimulante (TSH)
- Tri-iodotironina (T3)
- Tiroxina (T4)
REFERÊNCIAS
ANEXOS
- Anexo 1: Orientações justificativa técnica fundamentada
- Anexo 2: Encaminhamento médico na suspeita de doença
- Anexo 3: Resolução CFN Nº306/2003
- Anexo 4: Solicitação de exames laboratoriais
- Anexo 5: Resumo
INTRODUÇÃO
Os exames laboratoriais são de extrema importância na atividade clínica, uma vez que são
responsáveis por detectar insuficiências orgânicas e alterações nas concentrações de nutrientes e/ou
metabólitos. Insuficiências orgânicas ou a inadequação da oferta de nutrientes resulta em
comprometimento de todo processo metabólico, cuja consequência será a instalação de sinais, sintomas
e até mesmo enfermidades.
O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) recomenda que o nutricionista apenas solicite
exames laboratoriais exclusivamente necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional e
dietoterápica do cliente/paciente. Também se sugere, quando for necessário, adicionar uma justificativa
técnica fundamentada (ANEXO 1) explicando a necessidade da realização dos exames para a avaliação
nutricional e acompanhamento do paciente, pois isso oferece argumento técnico para autorização do
auditor do plano de saúde. Bem como anexar a Resolução CFN N°306/2003 que regulamenta a
solicitação de exames para diagnóstico nutricional e identificação de carências nutricionais.
Leucócitos
Desempenham papel essencial no mecanismo de defesa do organismo contra as agressões
infecciosas e de outra natureza.
● Leucocitose (↑11.000/mm³): indicativa de estresse, pós-operatório, infecções bacterianas ou
virais, leucemia, processos neoplásicos.
● Leucopenia (↓4.000/mm³): é significativa quando os valores se encontram abaixo de
4.000/mm³. Na maioria das vezes se dá pela baixa nos neutrófilos.
Valores baixos de leucócitos nem sempre podem ser interpretados como imunidade baixa. Pode
estar associada a proliferação e maturação dos granulócitos da medula óssea, com redução dos
neutrófilos circulantes.
Valores elevados estão associados à resistência periférica à insulina e à obesidade. A associação
da contagem de leucócitos com a obesidade é altamente dependente da presença da síndrome
metabólica.
TERCIL Leucócitos (/mm³)
1º 3.501 - 6.000 Valor ótimo - Menor taxa de mortalidade por todas as causas
Neutrófilos
São os leucócitos mais numerosos e que mais necessitam de energia para exercer sua função.
Através da fagocitose, desempenham função essencial na luta contra agressões microbianas.
“Desvio para a esquerda”: consiste no aparecimento de formas imaturas (bastões e metamielócitos)
“situadas à esquerda” dos segmentados que normalmente são restritas à medula óssea. O desvio será
mais intenso quanto maior o número desses elementos imaturos no sangue periférico. Ocorre
principalmente nos processos infecciosos agudos, indicando início do processo.
Valores de referência:
Parâmetro % (células/mm³)
● Neutrofilia (↑): indicativa de infecções agudas virais e bacterianas, destruição de tecido (infarto
do miocárdio e pulmonar, queimaduras extensas), estresse, liberação de adrenalina, glicocorticóides,
exercícios físicos.
● Neutropenia (↓): drogas citotóxicas, irradiação, situações de imunossupressão (AIDS), anemia
perniciosa, carência de vitamina A e anemia ferropriva crônica, alcoolismo.
Basófilos
São ativados quando se fixam nos anticorpos IgE, liberando então os mediadores químicos
(responsáveis pelo desencadeamento da reação alérgica tipo 1). Desempenham papel importante nas
reações alérgicas e anafiláticas, relacionadas com a histamina e outras aminas vasoativas como a
heparina.
A contagem dos basófilos é importante nas reações alérgicas (choques anafiláticos), pode estar
aumentado em alergias imediatas e tardias (mediadas por IgE).
Valores de referência:
Parâmetro % (células/mm³)
Basófilos 0a1 50 a 80
CALIXTO-LIMA; REIS, 2012.
Eosinófilos
Atuam no sistema digestório, respiratório e na pele.
Valores de referência:
Parâmetro % (células/mm³)
Linfócitos
Representam o último estágio do sistema linfocítico presente no sangue e no tecido linfático.
Valores de referência:
Parâmetro % (células/mm³)
● Linfocitose (↑): indicativo de infecção viral aguda (HIV, hepatite A), hipersensibilidade a drogas.
● Linfocitopenia (↓): indicativo de estresse agudo, AIDS, caquexia, cirrose.
Monócitos
No sangue, apresentam-se como monócitos. Do sangue, migram facilmente através das paredes
dos vasos para os tecidos, passando então a ser denominado macrófago (fagocitose).
Atum nos processos inflamatórios, restaurando tecidos (marcador de cicatrização).
Valores de referência:
Parâmetro % (células/mm³)
Hemácias
As hemácias, também chamadas glóbulos vermelhos, são células do sangue que transportam
oxigênio. A contagem de hemácias determina seu número em um volume determinado de sangue.
Representam cerca de 40% do volume do sangue.
São produzidas na medula óssea e são degradadas no fígado, no baço e na própria medula óssea.
Entre os produtos da degradação das hemácias está a bilirrubina.
Valores baixos podem indicar casos de anemia normocítica, um tipo de anemia que apresenta
hemácias de tamanho normal com pouca produção celular. Já valores altos são denominados
eritrocitose e podem significar policitemia, o oposto da anemia. Nesse caso, a espessura do sangue pode
aumentar, reduzindo a velocidade da circulação.
Valores de referência:
Valores de referência:
Parâmetro Valores
Valores de referência:
Parâmetro Valores
Valores de referência:
Parâmetro Valores
Valores de referência:
Parâmetro Valores
Calixto-Lima L e Reis NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição clínica. 2012
OBS.: na anemia ferropriva há tendência à heterogeneidade do tamanho das hemácias, logo, de valores
de RDW maiores do que nas outras anemias, como, por exemplo, a talassemia e a anemia de doença
crônica. Estas últimas tendem a homogeneidade da população microcítica, levando a valores normais
de RDW.
Plaquetas
Plaquetas ou trombócitos são fragmentos de célula presentes no sangue que é formado na
medula óssea. A sua principal função é a formação de coágulos, participando, portanto, do processo de
coagulação sanguínea. Liberam fatores destinados a aumentar a vasoconstrição e a iniciar a
reconstituição da parede vascular, além de contribuírem para a formação de complexos enzima/cofator
nas reações de coagulação.
Sua deficiência quantitativa ou qualitativa pode levar à hemorragia, assim como seu aumento
pode aumentar o risco de trombose.
● Plaquetose ou trombocitose (↑): indica uma resposta à infecção, inflamação e hemorragia.
● Plaquetopenia ou trombocitopenia (↓): pode ocorrer com uso de agentes químicos ou drogas,
secundária a doenças autoimunes, anemias e coagulopatias.
Valores de referência:
Parâmetro Valores
Bouri e Martin. Clinical Medicine Journal. 2018. Grotto. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. 2010. in Muzy, 2020.
Estágios da deficiência de ferro
Muzy, 2020.
Ácido fólico
A carência de folato por deficiência alimentar ou má-absorção é mais comum do que a vitamina
B12, por seu menor armazenamento corporal.
O ácido fólico é necessário para a síntese de certas purinas e pirimidinas que constituem o DNA
celular. Por isso, essa vitamina é importante para a divisão celular, para a síntese de DNA e RNA, para a
síntese proteica, para a produção de células sanguíneas e atua como coenzima no metabolismo de
aminoácidos.
A deficiência de folato e, consequentemente, o diagnóstico de anemia megaloblástica são
comuns em indivíduos alcoolistas por deficiência alimentar e prejuízo do álcool na absorção e no
metabolismo do folato. A deficiência também é comum em gestantes, a sua suplementação no primeiro
trimestre de gravidez é importante para prevenir má formação fetal por defeitos no tubo neural.
O nível sérico de folato é um indicador de ingestão recente de folato. O folato eritrocitário é um
melhor indicador das reservas de folato a longo prazo. Baixos níveis de folato eritrocitário podem
indicar deficiência prolongada de folato.
O folato sérico é um teste relativamente inespecífico. Podem ser observados baixos níveis
séricos de folato na ausência de deficiência, e podem ocorrer níveis normais em pacientes com anemia
macrocítica, demência, transtornos neuropsiquiátricos e distúrbios da gravidez
Valores de referência:
Ferro sérico
O ferro entra na composição de hemoglobina, mioglobina e enzimas respiratórias. Seu valor
sérico depende do consumo alimentar, da absorção intestinal, da hemólise fisiológica no sistema
reticuloendotelial e das reservas orgânicas hepáticas (ferritina e hemossiderina).
No sangue, o ferro sérico é transportado pela transferrina. É importante na determinação do
coeficiente ou percentual de saturação da transferrina. Assim, o ferro sérico é o que está altamente
associado a transferrina.
Ferro -> transportado pela transferrina -> armazenado pela ferritina.
O nível sérico de ferro reflete o Fe3+ ligado à transferrina, e não a Hb livre no soro. O ferro sérico
não é confiável como principal teste para identificação da deficiência de ferro ou triagem para
hemocromatose e outras doenças de sobrecarga de ferro.
É um exame útil para: diagnóstico de perda de sangue, diagnóstico diferencial de anemias,
diagnóstico de hemocromatose e hemossiderose, avaliação da deficiência de ferro (deve ser sempre
medido com a TIBC), diagnóstico de toxicidade aguda do ferro, avaliação da talassemia e anemia
sideroblástica, monitoramento da resposta ao tratamento da anemia.
Valores de referência:
Homens Mulheres
Vitamina B12
A deficiência de vitamina B12 pode ser produzida pela incapacidade de absorção devida à
deficiência de fator intrínseco (anemia perniciosa). Outra causa de deficiência consiste na incapacidade
de liberar a vitamina das proteínas de ligação em consequência de deficiência grave de ácido clorídrico.
A carência de vitamina B12, também pode ocorrer em razão de gastrectomias, úlcera péptica
extensa, ileíte regional, malformações e ressecção do íleo.
A vitamina B12 é necessária para a síntese adequada de DNA, por seu papel no metabolismo do
ácido fólico.
A anemia megaloblástica ocorre por deficiência ou má-absorção de vitamina B12 ou ácido fólico,
podendo ser necessário um período de 2 anos de deficiência de vitamina B12 para que o VCM torne-se
elevado e surjam alterações megaloblásticas. Na falta de fator intrínseco, denomina-se anemia
perniciosa (também há aumento de VCM).
Valores de referência:
Vitamina B6 (piridoxina)
A deficiência de vitamina B6 pode impedir a etapa enzimática inicial da síntese do heme e o uso
de ferro nas células eritropoiéticas. A deficiência de ferro e vitamina B6 causa anemia hipocrômica
microcítica e um quadro indistinguível de sangue, sugerindo a necessidade de medir as concentrações
de ambos, para fazer um diagnóstico apropriado.
Na prática médica, a suplementação de ferro é geralmente adotada em mulheres grávidas antes
de qualquer medida. Aqui, relatamos que a deficiência de vitamina B6 é comumente encontrada em
mulheres grávidas e, presumivelmente, contribui para a alta prevalência de anemia na gravidez.
Valor de referência: 8,7 - 27,2 ng/mL
SÍNDROME METABÓLICA
PERFIL LIPÍDICO
Colesterol total
Componente essencial de todas as membranas celulares e é o precursor dos hormônios
esteróides e da síntese de ácidos biliares. Encontrado em todos os tecidos animais.
Sua dosagem é útil na avaliação de risco de doença coronariana, na qual, habitualmente, níveis
elevados se associam a maior risco de aterosclerose.
O colesterol está elevado na hipercolesterolemia primária e também secundariamente em
síndrome nefrótica, insuficiência renal crônica, hipotireoidismo, diabetes mellitus, cirrose biliar
primária, hipoalbuminemia.
Níveis baixos podem ser vistos na desnutrição e no hipertireoidismo.
Valores de referência:
HDL-colesterol
A fração alfa do colesterol é tida como protetora de desenvolvimento de aterosclerose. É um
componente essencial de todas as membranas celulares e é precursor dos hormônios.
Valores baixos de HDL são encontrados em indivíduos obesos, de vida sedentária, fumantes,
diabéticos e renais crônicos. Exercícios físicos podem aumentar esta fração lipídica.
Valores de referência:
Valores de referência:
Triglicerídeos
Cada triglicerídeo é formado por uma molécula de glicerol ligados a 3 ácidos graxos. Sua
dosagem é realizada para avaliar o metabolismo lipídico, eventual hipertrigliceridemia secundária ao
uso de drogas anti-hipertensivas, verificar a eficiência de tratamentos que visam reduzir os níveis de
triglicerídeos, calcular o VLDL-colesterol e o risco de pancreatite.
Valores de referência:
Razões
As razões lipídicas são consideradas melhores preditores de doença arterial coronariana (DAC)
quando comparado com a avaliação isolada dos lipídios, uma vez que elas refletem as interações entre
as frações lipídicas aterogênicas e as protetoras.
Como interpretar:
LDL-c/HDL-c 3,9 - 4,6 (↑ risco DCV) > 4,6 (↑↑ risco DCV)
Valores ideais para a razão TG/HDL-c são aqueles menores que 3,5 para homens e menores que
2,5 para mulheres. Para as razões CT/HDL-c e LDL-c/HDL-c valores abaixo de 6 e 3,9 respectivamente
estão associados a menor risco cardiovascular.
Valores de referência
Normoglicemia 65 - 100
DM2 ≥ 126
Valores de referência
Q1 ≤ 85 Valor ótimo
Q2 85 - 89 -
Estudos demonstram que estar dentro do valor de referência não é suficiente. Pois cada miligrama
por decilitro de glicose no plasma em jejum pode aumentar o risco de diabetes em 6% após o controle
de outros fatores de risco. Em comparação com aqueles com glicemia de jejum inferior a 85 mg/dL,
indivíduos com glicemia de 95 a 99 mg/dL apresentaram 2,33 vezes mais chances de desenvolver
diabetes. Os indivíduos no grupo de 90 a 94 mg/dL apresentaram 49% mais chances de progredir para
diabetes.
Mg/dL
Normoglicemia <140
DM2 ≥200
Sociedade Brasileira de Diabetes 2019 - 2020; Diabetes Care. 2009. Diabetes Care. 2010.
Valores de referência:
DM2 ≥ 6,5
Hb1Ac
Valores de referência:
1º < 1,4
2º 1,4 - 1,98
3º 1,99 - 2,85
4º ≥ 2,86
O quartil mais alto está associado a maior IMC, circunferência da cintura, pressão arterial,
colesterol total, triglicerídeos e a menor taxa de filtração glomerular.
Ácido úrico
O ácido úrico é produzido no fígado a partir da degradação de compostos de purina de origem
nutricional e de síntese endógena. O homem adulto normal tem um reservatório corporal total de urato
de aproximadamente 1.200 mg, duas vezes maior que o da mulher adulta. Essa diferença sexual pode
ser explicada pelo aumento da excreção renal de urato, devido aos efeitos dos compostos estrogênicos
nas mulheres pré-menopausa.
O ácido úrico é filtrado pelos rins e eliminado pela urina, em menor quantidade pelas fezes e
também mantido no sangue.
É mais comum a alteração no ácido úrico por causa do excesso do ácido e não de sua diminuição
que pode estar relacionada a doenças renais, hepáticas ou influência medicamentosa. A quantidade
elevada de ácido úrico é chamada de hiperuricemia e pode ocasionar a:
- Gota (acúmulo e cristalização do ácido úrico) = a doença provoca inchaços, inflamações e dores
nas articulações (joelhos, tornozelos, dedos e calcanhares). Sendo mais frequente em homens
Homens Mulheres
≥7 ≥6
<7 <6
Calixto-Lima L e Reis NT. Interpretação de exames laboratoriais aplicados à nutrição clínica. 2012
0 - < 3,0
Evidências científicas relacionam valores entre 6,0 e < 6,9 com aumento do risco de Diabetes
Mellitus tipo 2 e resistência insulínica principalmente em mulheres.
Gama-glutamiltranferase (GGT)
A gama glutamil transferase (gama GT) é uma enzima envolvida na transferência de um resíduo
gama glutamil de alguns peptídeos para outros compostos (água, aminoácidos e outros peptídeos
menores). Fisiologicamente, está envolvida na síntese proteica e peptídica, regulação dos níveis
teciduais de glutationa e transporte de aminoácidos entre membranas.
É encontrada em vários tecidos: rins, cérebro, pâncreas e fígado (quase a totalidade da gama GT
corpórea está presente nos hepatócitos). No fígado, esta enzima está localizada nos canalículos das
células hepáticas e particularmente nas células epiteliais dos ductos biliares. Devido a esta localização
característica, a enzima aparece elevada em quase todas as desordens hepatobiliares.
Valores aumentados: doenças hepáticas em geral (hepatites agudas e crônicas, carcinomas,
cirrose, colestase, metástases etc.), pancreatites, infarto agudo do miocárdio, lupus eritematoso
sistêmico, obesidade patológica, hipertireoidismo, estados pós-operatórios, carcinoma de próstata, uso
de medicamentos hepatotóxicos ou capazes de ativar indução enzimática (barbituratos, fenitoína,
antidepressivos tricíclicos, acetaminofen).
Níveis elevados (maior ou igual a 36 U/L) associam-se ao Diabetes Melittus tipo 2.
1º <16
2º 17-22
3º 23 - 35
Cortisol
O cortisol é um hormônio produzido pelas glândulas adrenais e aumenta nas últimas etapas do
sono no ser humano, com o objetivo de preparar o organismo para a vigília. A concentração de cortisol
no momento de despertar é mais elevada e vai decrescendo ao longo do dia, atingindo concentrações
menores antes de dormir(4). O cortisol também é considerado um importante marcador do estresse
fisiológico(5).
O cortisol salivar reflete 50-70% do cortisol sérico livre, é bem aceito, rápido e pouco invasivo.
Portanto é a maneira mais indicada de avaliação de seus níveis.
O cortisol livre no soro difunde-se livremente na saliva. Por conseguinte, as determinações do
cortisol salivar (hidrocortisona) refletem de modo mais acurado o cortisol livre no soro (50-70%). A
concentração de cortisol salivar é independente do fluxo de saliva
Valores de referência: exibe variação diurna, com concentrações de cerca de 5,6 ng/mℓ de 8:00
- 9:00h e de cerca de 1 ng/mℓ às 23:00.
A SM é um conjunto de anormalidades metabólicas que aumenta o risco de Diabete Melito tipo
2 e doença cardiovascular, que pode ser definida como um estado de distúrbio da homeostase
metabólica caracterizada pela combinação de obesidade central, resistência à insulina, dislipidemia e
hipertensão.
O cortisol salivar é um marcador importante do estresse crônico e um dos vários fatores
estressores que podem levar a alterações do eixo hipotálamo hipófise adrenal, com alteração da
homeostase metabólica do organismo e consequentemente aos distúrbios metabólicos citados acima.
A disfunção do eixo hipotálamo hipófise adrenal está associada com obesidade e SM e,
consequentemente, IMC; aumento da circunferência abdominal e gordura visceral estão associados com
baixos níveis de cortisol salivar pela manhã.
PERFIL INFLAMATÓRIO
Ferritina
Apesar da maioria do ferro do organismo estar armazenado na hemoglobina, ele também é
armazenado na forma de ferritina e hemossiderina. Encontra-se ferritina (glicoproteína ferruginosa) em
todas as células/tecidos do organismo, porém, sua concentração é maior no fígado e nas células do
sistema retículo endotelial do fígado, baço e medula óssea.
Sua função é acumular o ferro intracelular, protegendo a célula dos efeitos tóxicos do ferro livre.
Seus valores relacionam-se com a reserva total de ferro no organismo. Assim, valores de ferritina abaixo
do normal indicam diagnóstico de anemia. Porém, atenção, pois sua depleção orgânica acontece antes
mesmo de o indivíduo apresentar-se anêmico, com diminuição dos níveis de hematócrito, hemoglobina,
VCM e HCM.
Por ser uma proteína de fase aguda, está elevada em caso de tumor, trauma e processos
inflamatórios. A expressão da ferritina pode ser regulada por diferentes vias. Em um estado de
inflamação, a ferritina sérica pode estar aumentada por estímulo de citocinas inflamatórias, pela
secreção por macrófagos ou pela liberação das células após dano tecidual.
Uma via importante é da hepcidina (HEP), onde as citocinas inflamatórias estimulam a síntese
de HEP, que é capaz de se ligar a ferroportina (FPT). A FPT funciona como um “canal” para a liberação
do ferro para a corrente sanguínea e está presente nos enterócitos, hepatócitos e macrófagos que
participam da ressíntese de hemácias. Ao se ligar a FPT, a HEP diminui a liberação de ferro para a
corrente sanguínea gerando um aumento da ferritina, caracterizando então, um tipo de anemia
conhecido como anemia da doença crônica.
Valores de referência:
Valores de referência:
Inflamação
<1 Baixo
1-3 Médio
>3 Alto
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK441843/
> 20 Normal
Zinco
O zinco (ZN), um oligoelemento essencial, é o componente intrínseco ou cofator ativador de mais
de 70 sistemas enzimáticos importantes, incluindo anidrase carbônica, ALP, desidrogenases e
carboxipeptidases. O zinco está envolvido na regulação das nucleoproteínas e na atividade de várias
células inflamatórias e participa no crescimento, no reparo dos tecidos e na cicatrização de feridas,
tolerância aos carboidratos e síntese de hormônios testiculares.
A ingestão de zinco apresenta correlação muito próxima com a ingestão de proteína; em
consequência, trata--se de um importante componente de morbidade nutricional relacionada no mundo
inteiro.
Os sinais/sintomas atribuíveis à depleção grave de zinco in-cluem déficit de crescimento,
hipogonadismo primário, lesões cutâneas, comprometimento do paladar e olfato e comprometimento
da imunidade e resistência à infecção.
A deficiência subclínica de zinco pode aumentar significativamente a incidência e as taxas de
morbidade e mortalidade da diarreia e de infecções das vias respiratórias superiores. Juntamente com
o ferro, o iodo e a vitamina A, a deficiência de zinco é uma das deficiências de micronutrientes mais
importantes no mundo inteiro.
Valores elevados: anemia, arteriosclerose, coronariopatia, osteossarcoma primário do osso.
Valores diminuídos: acrodermatite enteropática, AIDS, infecções agudas, estresse agudo,
queimaduras, cirrose, condições que causam diminuição da albumina, Diabetes melito, nutrição
parenteral total prolongada, má absorção, infarto do miocárdio, síndrome nefrótica, deficiência
nutricional, gravidez, TB pulmonar, colite ulcerativa, doença de Crohn, enterite regional, espru, bypass
intestinal, doença neoplásica, aumento do catabolismo induzido por esteroides anabolizantes.
Valores de referência:
70 a 250 Normal
40 - 60 Deficiência leve
Williamson; Snyder, 2016.
Magnésio
O magnésio atua como cofator em mais de 300 reações metabólicas, desempenhando papel
fundamental no metabolismo da glicose, na homeostase insulínica e glicêmica e na síntese de adenosina
trifosfato (ATP), proteínas e ácidos nucleicos. Atua ainda na estabilidade da membrana neuromuscular
e cardiovascular, na manutenção do tônus vasomotor e como regulador fisiológico da função hormonal
e imunológica.
Valores elevados: iatrogênicos (trata-se da causa habitual; mais frequentemente com
comprometimento da função renal), diuréticos (p. ex., furosemida > 80 mg/dia, tiazídicos), antiácidos
ou enemas contendo Mg, uso abusivo de laxativos e catárticos, intoxicação por carbonato de lítio,
insuficiência renal (quando a TFG se aproxima de 30 ml/minuto), hipotireoidismo, Doença de Addison e
após suprarrenalectomia, DM controlado em pacientes idosos.
Valores diminuídos: quase sempre quando houver distúrbio gastrointestinal ou renal (a
deficiência crônica de Mg provoca hipocalcemia), diuréticos, antibióticos, agentes antineoplásicos (p.
ex., cisplatina), toxemia da gravidez ou eclâmpsia, tumores líticos do osso, pancreatite aguda, sudorese,
sepse, hipotermia, terceiro trimestre de gravidez, tratamento do coma diabético com insulina.
Valores de referência:
Estudos sugerem que níveis baixos de magnésio e zinco e altos de cobra contribuem
sinergicamente para um risco aumentado de mortalidade.
Quartis Zinco (μg/dL) Magnésio (mg/dL)
Selênio
O selênio está envolvido em diversos processos metabólicos e desempenha funções variadas. As
principais funções incluem a capacidade antioxidante, a participação na conversão do T4 em T3, a
proteção contra a ação nociva de metais pesados e xenobióticos, a redução dos riscos de doenças
crônicas não transmissíveis e o aumento da resistência do sistema imunológico.
Baixos níveis de selênio estão associados a um declínio na função imune, problemas cognitivos e
está relacionado a cardiomiopatia. Concentrações reduzidas foram observadas em indivíduos com crises
epiléticas e também em casos de pré-eclâmpsia.
Valores de referência:
50 a 340 Normal
O que avaliar?
T3 livre - Anti-TPO
T4 total - Anti-Tg
T4 livre - -
Anticorpos Antitireoperoxidase (Anti-TPO).
Anticorpos Antitireoglobulina (Anti-Tg).
Anticorpos Anti-receptores de TSH (TRAb).
Hormônio tireoestimulante (TSH)
Esse hormônio glicoproteico é composto por subunidades alfa e beta. É secretado pela
adenohipófise. O TSH controla a biossíntese e a liberação dos hormônios da tireoide, a T4 e a T3.
O exame de TSH é utilizado nas seguintes situações:
● Medida sensível da função da tireoide. Teste de primeira linha para a suspeita de distúrbios da
tireoide.
● Avaliação do verdadeiro estado metabólico.
● Triagem para eutireoidismo
● Triagem inicial e diagnóstico de hipertireoidismo (níveis diminuídos a indetectáveis, exceto no
raro adenoma hipofisário secretor de TSH) e hipotireoidismo.
Tiroxina (T4)
Tanto a forma livre quanto a forma ligada de T4 e T3 estão presentes no sangue. Mais de 99% da
T4 e da T3 circulam no sangue ligados a proteínas transportadoras, de modo que menos de 1%
encontra--se livre. É este nível de hormônio não ligado ou livre que se correlaciona com o estado
funcional da tireóide na maioria dos indivíduos. A FT4 é habitualmente de 0,02 a 0,04 da T4 total.
Valores de referência:
T4 total: 4,5-12,6 μg/dL (58-160 nmol/L)
T4 livre: 0,7-1,8 ng/dL (9-23 pmol/L)
Valores elevados: hipertireoidismo, hipotireoidismo tratado com tiroxina, síndrome do paciente
eutireóideo, níveis suprimidos de TSH e resposta ate-nuada do TSH à estimulação do TRH; normalização
com tratamento efetivo da doença trofoblástica; desidratação grave (pode ser de > 6,0 ng/dℓ do T4
livre).
Valores diminuídos: hipotireoidismo, hipotireoidismo tratado com tri-iodotironina, síndrome do
paciente eutireóideo.
Resumo - Hipo/Hipertireoidismo
Hipo/Hipertireoidismo Autoimunes
Valores de anti-Tg menores que 100 U/ml e anti-TPO menores que 15 U/ml são característicos do
Hashimoto (hipo) e valores de TRAb menores de 1,5 U/L representam Doença de Graves (hiper).
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Francisco J.B. et al. Proteína C reativa: aplicações clínicas e propostas para utilização racional.
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Em situações onde o plano de saúde não aceite realizar a cobertura dos exames solicitados pela
nutricionista, deve esta, enviar junto à solicitação uma justificativa explicando o motivo pelo qual está
realizando a solicitação. Lembrando que devem ser solicitados apenas os exames necessários para o
acompanhamento nutricional.
Nesta justificativa deve constar o exame e explicação técnica para sua realização, que pode ser
baseada nas referências deste Manual ou em outras fontes seguras da área de nutrição.
Exemplo:
“Solicito análise de colesterol total e frações para acompanhamento nutricional visto que este é
um indicador importante para a prescrição dietoterápica. Além disso, estudos comprovam que
alterações nas lipoproteínas e alimentação inadequada são fatores de risco para a doença
cardiovascular (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012).”
ANEXO 2
Encaminhamento médico na suspeita de doença
Ao médico ________________________________,
Atenciosamente,
_______________________________
Nutricionista
CRN:
CARIMBO
ANEXO 3
Solicito, para fins de acompanhamento nutricional e prescrição dietoterápica, os exames abaixo citados:
Hemograma completo
Glicemia de jejum
TOTg
Hb1Ac
Cortisol salivar
Vitamina D
Ferritina
PCR
Ácido Úrico
TSH
T3 e T4 livre
T3 e T4 total
GGT
A solicitação de exames laboratoriais necessários ao acompanhamento dietoterápico é regulamentada e
atribuída como competência do Nutricionista, pela Lei Federal nº. 8.234/1991 e Resolução CFN nº 306/2003.
OBS.: conforme a necessidade, podem ser incluídos outros exames a esta solicitação. O modelo
para edição encontra-se no Sistema SGC em: Biblioteca > Programa Magrass > Diversos.
ANEXO 5
RESUMO
Principais exames que podem ser solicitados pelo nutricionista: