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Queimados /RJ
2022
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
CURSO DE GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO
Queimados /RJ
2022
TALITA TEIXEIRA DO NASCIMENTO
Avaliada em / /_
TUTOR
Introdução: a dieta vegetariana estrita pode ser definida como um padrão alimentar que exclui do
cardápio todos os alimentos de origem animal. O esporte de alto rendimento é aquele que exige do
atleta um nível de desempenho e condicionamento físico capaz de sustentar altos níveis de
treinamento. O trabalho tem como objetivo identificar benefícios e pontos de atenção da dieta
vegetariana estrita para atletas de alto rendimento e discutir estratégias de adequação a fim de
garantir o máximo possível dos benefícios comprovados deste perfil de dieta em esportes de alto
rendimento. Metodologia: foi feito um estudo de revisão bibliográfica, de literatura nacional e
internacional, aplicando como instrumentos de pesquisa o Google Acadêmico, os bancos de dados
Scielo e Pubmed, repositórios universitários, tabelas oficiais de alimentos, livros acadêmicos e de
especialistas e sites especializados. Resultados: os nutrientes disponíveis em maior quantidade na
dieta compreenderam: carboidratos, fibras, magnésio, potássio, folato e antioxidantes. Os
nutrientes menos presentes ou com menor biodisponibilidade incluíram: os aminoácidos lisina e
metionina, ômega 3, cálcio, zinco, ferro e vitamina B12. Foi sugerido um cardápio vegetariano
estrito que buscou oferecer energia e nutrientes suficientes para suprir as necessidades nutricionais
diárias de um atleta de alto rendimento com ênfase nos nutrientes menos presentes. O
planejamento do cardápio incluiu técnicas de preparo e combinações de alimentos para melhorar a
biodisponibilidade de nutrientes específicos. Foi prescrita a suplementação da vitamina B12 tendo
em vista sua ausência em alimentos de origem vegetal e da vitamina D, considerando a dificuldade
de obtenção em fontes alimentares, inclusive para o público onívoro. Conclusão: apesar da
necessidade de mais estudos sobre o tema, até o momento mostra-se possível adequar a dieta
vegetariana estrita às demandas nutricionais e metabólicas do atleta de alto rendimento sem
comprometer sua saúde e desempenho esportivo.
Introduction: a strict vegetarian diet can be defined as a dietary pattern that excludes all foods of
animal origin from the menu. The high performance sport is one that demands from the athlete a
level of performance and physical conditioning capable of sustaining high levels of training. The
work aims to identify benefits and points of attention of a strict vegetarian diet for high
performance athletes and to discuss adequacy strategies in order to guarantee as much as possible
the proven benefits of this diet profile in high performance sports. Methodology: a bibliographic
review study of national and international literature was carried out, using Google Scholar, Scielo
and Pubmed databases, university repositories, official food tables, academic and specialist books
and specialized websites as research instruments. Results: the nutrients available in greater
amounts in the diet comprised: carbohydrates, fiber, magnesium, potassium, folate and
antioxidants. Less present or less bioavailable nutrients included: the amino acids lysine and
methionine, omega 3, calcium, zinc, iron and b12 vitamin. A strict vegetarian menu was suggested
that sought to provide enough energy and nutrients to meet the daily nutritional needs of a high-
performance athlete, with an emphasis on less present nutrients. Menu planning included cooking
techniques and food combinations to improve the bioavailability of specific nutrients. Vitamin
B12 supplementation was prescribed in view of its absence in foods of plant origin and vitamin D,
considering the difficulty of obtaining it from food sources, including for the omnivorous public.
Conclusion: despite the need for more studies on the subject, so far it is possible to adapt a strict
vegetarian diet to the nutritional and metabolic demands of high-performance athletes without
compromising their health and sports performance.
Página
1. INTRODUÇÃO............................................................................................07
2. METODOLOGIA.........................................................................................10
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................11
3.1. NUTRIENTES EM MAIOR QUANTIDADE....................................12
3.1.1. CARBOIDRATOS.....................................................................12
3.1.2. MAGNÉSIO................................................................................13
3.1.3. POTÁSSIO..................................................................................14
3.1.4. FOLATO.....................................................................................15
3.1.5. ANTIOXIDANTES....................................................................16
3.2. NUTRIENTES DE ATENÇÃO...........................................................17
3.2.1. AMINOÁCIDOS........................................................................17
3.2.2. ÔMEGA 3...................................................................................20
3.2.3. CÁLCIO......................................................................................23
3.2.4. ZINCO.........................................................................................27
3.2.5. FERRO........................................................................................29
3.2.6. VITAMINA B12.........................................................................32
3.3. ELABORAÇÃO DO CARDÁPIO.......................................................34
4. CONCLUSÃO..............................................................................................36
5. REFERÊNCIAS...........................................................................................37
6. ANEXO.........................................................................................................45
1. INTRODUÇÃO
Pode-se dizer, portanto, que todo o vegano é vegetariano estrito, mas nem todo o
vegetariano estrito é vegano.
1
A SVB, fundada em 2003, “é uma organização sem fins lucrativos que promove a alimentação
vegetariana como uma escolha ética, saudável, sustentável e socialmente justa”. Disponível em:
<https://www.svb.org.br/svb/quem-somos/sobre>. Acesso em 19/09/21.
2
Definição de dieta vegetariana. Disponível em: <https://www.svb.org.br/vegetarianismo1/o-que-e>.
Acesso em 12/09/2021.
3
Pode ser traduzido como “Sociedade Vegana”. Fundada em 1944, na Inglaterra, trata-se de uma
entidade sem fins lucrativos, que tem como visão “o fim da exploração animal”. O termo “veganismo” foi
criado por um de seus pioneiros - Donald Watson. Disponível em: <https://www.vegansociety.com/about-
us/history>. Acesso em 19/09/21.
4
Traduzido, pelo autor, do original: “...is a philosophy and way of living which seeks to exclude—as far
as is possible and practicable—all forms of exploitation of, and cruelty to, animals for food, clothing or
any other purpose; and by extension, promotes the development and use of animal-free alternatives for
the benefit of animals, humans and the environment”. Disponível em:
<https://www.vegansociety.com/go-vegan/definition-veganism>. Acesso em 12/09/21.
7
Atualmente, muitos atletas de ponta têm apresentado relatos positivos após a
adoção da dieta vegetariana estrita, como a levantadora da Seleção Brasileira de Vôlei,
Macris, por exemplo, que em uma entrevista ao jornal “O Globo”, realizada em 2021,
declarou:
“Desde que eu me tornei vegana, que é um estilo de vida, que
envolve não só alimentação, mas também outras questões, tudo
influenciou muito positivamente no meu desempenho. Tanto na
quadra, quanto na recuperação muscular, nas fadigas que eram
menores, na diminuição de dores, lesões e etc. Também me
trouxe uma calma maior, fiquei mais centrada. Consegui, de
uma maneira geral, me encontrar mais equilibrada. Acredito que
cada detalhe importa no alto desempenho, então foi muito
positivo para mim”.5
5
Entrevista disponível em: <https://oglobo.globo.com/esportes/toquio-2020/levantadora-da-selecao-de-volei-macris-
conta-como-veganismo-influencia-na-carreira-mais-equilibrada-1-25091045>. Acesso em 16/09/21.
6
Traduzido, pelo autor, do original: “At the beginning they didn’t understand how can I live like that. (...)As they get
to know me better, see my fast recovery times and my training capacity, some of them turned vegan as well”.
Disponível em: <https://www.greatveganathletes.com/ariel-rosenfeld-vegan-ultradistance-runner/>. Acesso em
17/09/2021.
7
A nutricionista Renata Parra explica o que é Esporte de Alto Rendimento na postagem disponível em:<
https://www.flamengo.com.br/noticias/cuidar/nutricao-no-esporte-de-alto-rendimento>. Acesso em: 17/09/2021.
8
Para alcançar o alto rendimento, o atleta precisa ter organização e disciplina em
sua rotina de treino, dieta, descanso e cuidados com a saúde. Para isso, precisa ser
acompanhado por uma equipe multidisciplinar que o ajude a definir as melhores
estratégias, considerando suas particularidades. A equipe poderá ser composta por
especialistas em treinamento, preparação física, psicologia, nutrição, biomecânica,
fisioterapia, entre outros.
A dieta de um atleta de alto rendimento precisa conter nutrientes em quantidades
adequadas para prover energia aos diferentes processos fisiológicos, inclusive a
regeneração de tecidos, e ser capaz de reduzir as conseqüências do estresse gerado pelo
exercício físico. Desta forma, sugere-se que uma alimentação adequada para cada
período do ciclo de treinamento pode garantir o bom desempenho atlético em
treinamentos e competições.
De acordo com Slywitch (2015, p. 19) “...uma alimentação adequada é aquela
que fornece todos os nutrientes necessários para a manutenção da saúde, sem falta nem
excessos”. E, referindo-se à dieta vegetariana estrita, o autor acrescenta: “como em
qualquer dieta, a adequação nutricional dependerá da escolha dos alimentos que
fornecem esses nutrientes.”
A Associação Dietética Americana (ADA), uma renomada organização
internacional, em artigo publicado no ano de 2019, no periódico “Journal of the
American Dietetic Association” 8, da própria ADA, os autores Craig e Mangels afirmam
que...
“...dietas vegetarianas adequadamente planejadas, incluindo
dietas vegetarianas ou veganas totais, são saudáveis,
nutricionalmente adequadas, e podem fornecer benefícios à
saúde na prevenção e tratamento de certas doenças. Dietas
vegetarianas bem planejadas são apropriadas para indivíduos
durante todas as etapas do ciclo de vida, incluindo gravidez,
lactação, infância,e adolescência, e para atletas. (CRAIG &
MANGELS, 2019, p. 1266)” 9.
8
Pode ser traduzido como “Jornal da Associação Dietética Americana”.
9
Traduzido, pelo autor, do original: “...appropriatelyplanned vegetarian diets, including total vegetarian or vegan
diets, are healthful, nutritionally adequate, and may provide health benefits in the prevention and treatment of certain
diseases. Well-planned vegetarian diets are appropriate for individuals during all stages of the lifecycle, including
pregnancy, lactation, infancy, childhood, and adolescence, and for athletes.”
9
Entretanto, conforme pode ser observado na Tabela Brasileira de Composição de
Alimentos (TACO) atualizada em 2011, os alimentos de origem animal quando
comparados aos de origem vegetal, possuem maior concentração de aminoácidos
essenciais, ferro, zinco, cálcio, vitamina b12 e ômega 3 (no caso dos peixes). Esse fato,
se analisado isoladamente, leva a crer que o indivíduo vegetariano estrito apresentaria
maior risco de carências nutricionais e que o indivíduo onívoro teria um excesso de
nutrientes, o que também não é positivo para a saúde. E, tratando-se de atletas de alto
rendimento vegetarianos estritos, essa preocupação seria ainda maior pelo aumento da
demanda por nutrientes.
Sabe-se, porém, que a concentração de nutrientes não é o único fator que
influencia na biodisponibilidade, que pode ser definida como a acessibilidade do
nutriente ingerido aos processos metabólicos e fisiológicos normais (COZZOLINO,
2020, p. 35).
Para avaliar a biodisponibilidade de um nutriente, é importante considerar sua
forma química e a interação com outros nutrientes e medicamentos, as perdas por
excreção, o estado nutricional e a saúde do indivíduo. Desta forma, para a análise do
risco de uma determinada dieta, dados de biodisponibilidade para nutrientes específicos
precisam ser considerados (Ibidem).
Logo, neste estudo de revisão, foram apresentados os principais benefícios e os
pontos de atenção da dieta vegetariana estrita para atletas de alto rendimento e
discutiram-se algumas estratégias de adequação deste modelo alimentar a fim de
prevenir eventuais carências ou excessos nutricionais e garantir o máximo possível dos
benefícios comprovados deste perfil de dieta em esportes de alto rendimento.
2. METODOLOGIA
10
A pesquisa foi iniciada com a busca de artigos científicos que apontavam os riscos e
os benefícioas da dieta vegetariana estrita aplicada a atletas de alto rendimento, o que
possibilitou identificar os nutrientes mais e menos disponíveis nesse padrão alimentar.
Buscou-se na literatura a importância de cada nutriente identificado para o esporte
de alto rendimento, as recomendações de ingestão diária (DRI’s) e os riscos associados
à carência dos mesmos.
Com o auxílio das tabelas oficiais de composição de alimentos e dos dados sobre
biodisponibilidade de nutrientes obtidos na literatura, foram traçadas estratégias
nutricionais de preparo e combinações dos alimentos para prevenir possíveis carências.
As tabelas oficiais de composição de alimentos consultadas estão listadas a seguir:
Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO) 10;
Tabela de Composição de Alimentos (TUCUNDUVA)11;
Tabela de Composição Química de Alimentos (UNIFESP)12;
Tabela de Composição de Alimentos (PORFIR)13;
Tabela de Composição Nutricional dos Alimentos Consumidos no Brasil
(IBGE)14;
Tabela SR28 – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) 15.
A pesquisa culminou em uma sugestão de cardápio calculado com o auxílio da
plataforma DietBox, um site especializado em cálculo de cardápios que reúne em seu
banco de dados as DRI´s e as principais tabelas oficiais de alimentos, além de
disponibilizar informações nutricionais de alimentos de marcas específicas.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
11
antioxidantes. E os nutrientes de atenção, considerados menos presentes ou com menor
biodisponibilidade incluíram os aminoácidos lisina e metionina, ômega 3, cálcio, zinco,
ferro e vitamina B12. A seguir, serão abordados os detalhes sobre cada elemento
supracitado e discutidas estratégias de adequação da dieta.
12
proteínas, carboidratos e lipídios (ALIMENTOS, 2006; SAAD, 2006). Essas fibras
estão presentes em alimentos como a alcachofra, alho, aspargo, banana, beterraba,
cebola, centeio, cerveja, cevada, chicória, tomate e trigo. Para se obter os benefícios, é
indicado o consumo diário de 4 a 5 gramas de prebióticos (ALIMENTOS, 2006;
ANJO, 2004; PASSOS et al., 2003; SAAD, 2006), quantidade essa facilmente
atingida em uma alimentação vegetariana estrita bem planejada.
3.1.2. MAGNÉSIO
13
Tabela1 - Teor de magnésio por 100g de alimentos de origem vegetal
Alimento Magnésio / 100g
Amendoim torrado com sal 159,34mg
Amêndoa torrada com sal 222,1 mg
Espinafre Refogado 122 mg
Castanha de caju torrada e salgada 236,61 mg
Abacate cru 14,68 mg
Feijão preto cozido 40,37 mg
Fonte: Tabela Taco (2011)
3.1.3. POTÁSSIO
16
Informação baseada no artigo escrito pelo especialista James L. Lewis III, MD. Disponível em: <
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-end%C3%B3crinos-emetab%C3%B3licos /dist
%C3%BArbios-eletrol%C3%ADticos/vis%C3%A3o-geral-dos-dist%C3%BArbios-da-concentra%C3%A7%C3 %A3
o- de-pot%C3%A1ssio>. Acesso em : 18/05/2022.
17
Recomendação da Nutricionista Cíntia Reis. Disponível em: < https://www.mundotri.com.br/2016/08/reposicao-de-
eletrolitos-em-atletas-de-resistencia/#:~:text=A%20suplementa%C3%A7%C3%A3o%20atrav%C3%A9s%20de% 20
c%C3%A1psulas,%2C%20frutas%2C%20verduras%20e%20legumes.>
14
Tabela 2 - Teor de potássio por 100g de alimentos de origem vegetal
Alimento Potássio / 100g
Abacate 206,26 mg
Abóbora cabotian cozida 199,1 mg
Banana prata 357,68 mg
Batata inglesa cozida 161,33 mg
Uva Passa 749mg
Fonte: Tabela Taco (2011), Tabela IBGE (2008-2009)
3.1.4. FOLATO
O folato, também conhecido por vitamina B9, é uma vitamina que integra
complexo B e que atua em várias funções no organismo, principalmente na formação
das células responsáveis pelo crescimento e desenvolvimento humano. Em sinergia
com a vitamina B12, atua na formação das células sanguíneas, na manutenção da saúde
do sistema nervoso, cardiovascular e imunológico18. Logo, a deficiência de folato pode
desencadear anemia megaloblástica, danos neurológicos e cardiovasculares e desordens
imunológicas com características semelhantes às da deficiência em vitamina B12
(COZZOLINO, 2020, p. 318-319) prejudicando o desempenho no esporte de alto
rendimento principalmente por conta da baixa oxigenação dos tecidos causada pela
anemia e pelo comprometimento da função motora que é consequencia dos danos
neurológicos.
A recomendação de ingestão diária de folato para indivíduos acima de 14 anos
de idade é de 400mcg (DRI, 2011). Não foram encontradas orientações específicas para
atletas de alto rendimento.
18
INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL . Funções Plenamente Reconhecidas de
Nutrientes: Ácido Fólico. 2010. Disponível em: <https://nutritotal.com.br/pro/wpcontent/uploads/ sites/3/2 0
19/03/Fun%C3%A7%C3%A3o_A%CC%81cido-Fo%CC%81lico.pdf>. Acesso em 08 jul 2021>.
15
Tabela 3 - Teor de folato por 100g de alimentos de origem vegetal
Alimento Folato / 100g
Couve de Bruxelas cozida 110 mcg
Feijão fradinho cozido 210 mcg
Feijão preto cozido 444 mcg
Levedo de cerveja 683 mcg
Milho cozido 75 mcg
Semente de girassol 97 mcg
Fonte: Tabela UNIFESP (2016); Tabela PORFIR (2021)
3.1.5. ANTIOXIDANTES
16
Tabela 4 - Teor das vitaminas c, e, selênio e vitamina A por 100g de alimentos de origem
vegetal
Vitamina E Vitamina C Selênio Vitamina A
Azeite de oliva: Acerola: Castanha do Abóbora moranga
14,41 mg 941,37mg Pará: cozida:
1917mcg 1.070,5 mcg
(Retinol)
Fonte: Tabela Taco (2011), SR 28 – USDA (2018), Tabela Tucunduva (2012), IBGE (2008-
2009).
17
aminoácidos que podem ser classificados como essenciais, não essenciais e
parcialmente essenciais. Os aminoácidos essenciais precisam ser obtidos através da
alimentação. Já os aminoácidos não essenciais, o organismo é capaz de sintetizar a
partir dos aminoácidos essenciais ou de precursores contendo carbono e nitrogênio. Por
fim, os aminoácidos condicionalmente essenciais podem ser considerados essenciais em
condições clínicas específicas (SLYWITCH, 2018, p. 183). O quadro a seguir apresenta
os aminoácidos essenciais e suas principais funções:
18
Segundo o autor, quantidades superiores não parecem exercer melhora no desempenho
atlético.
De acordo com Frota et al. (2017), para uma proteína ser considerada de boa
qualidade nutricional, ela precisa ser capaz de satisfazer às necessidades metabólicas de
aminoácidos essenciais e nitrogênio do indivíduo.
Atualmente há um método que determina a qualidade da proteína através da relação
entre a digestibilidade e o perfil de aminoácidos, denominado método PDCAA,
validado desde 1991 pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a
Alimntação (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (SCHAAFSMA G,
2000).
A digestibilidade refere-se à diferença entre a proteína ingerida e a eliminada, que é
quantificada pelo teor de nitrogênio nas fezes. O nitrogênio é um elemento presente nas
proteínas e serve como indicador das perdas protéicas. É importante considerar que o
nitrogênio também pode ser produzido pela flora intestinal e, como o indivíduo
vegetariano estrito tende a apresentar uma microbiota mais abundante, o teste tende a
superestimar as perdas protéicas na dieta vegetariana estrita. Ainda assim, admite-se no
meio científico que a digestibilidade das proteínas vegetais é menor do que as proteínas
animais devido a alguns compostos presentes nos vegetais que podem interferir na
absorção como, por exemplo, a parede celular da plantas. Entretanto, é importante
ressaltar que até o momento não foi encontrado na literatura científica casos de
deficiência de proteínas em vegetarianos, sendo necessários mais estudos para avaliar a
digestibilidade da proteína vegetal tendo em vista as limitações dos métodos atuais
(SLYWITCH, 2015, p.186, 187).
Quanto ao perfil de aminoácidos, os alimentos de origem vegetal quando analisados
individualmente, possuem uma composição desbalanceada de aminoácido essenciais, ou
seja, em menor quantidade quando comparados com a albumina, que é a proteína da
clara do ovo, considerada padrão de referência no meio científico por conter alta
concentração dos aminoácidos essenciais (BLOCK e MITCHELL, 1946).19
No grupo dos cereais, o aminoácido encontrado em menor quantidade é a lisina, e
no grupo das leguminosas, existe menor teor de metionina. Logo, é possível para o
19
Apesar de amplamente aceito no meio acadêmico e científico o conceito de desbalanceamento de aminoácidos nos
alimentos de origem vegetal sugerido por Block e Mitchell (1946) é arbitrário, pois ele está baseado no método que
utiliza a albumina como padrão de referência em vez de considerar a necessidade nutricional do organismo (YOUNG
et al., 1994, apud SLYWITCH, 2015, p.194).
19
indivíduo vegetariano estrito obter um perfil de aminoácidos completo combinando
alimentos do grupo dos cereais (exemplos: arroz, aveia, milho e quinoa) com alimentos
do grupo das leguminosas (exemplos: feijões, ervilha, lentilha e grão de bico), ajustando
a quantidade conforme a necessidade (SLYWITCH, 2015, p. 188).
De acordo com a OMS, as recomendação de ingestão diária de lisina é de 30mg por
kg de peso do indivíduo ou 4,5% do total de proteína consumida no dia. E a
recomendação de metionina é de 10 mg por kg de peso do indivíduo ou 1,6% do total de
proteína consumida no dia. (BERRAZAGA, 2019) .
Além da combinação de cereais com leguminosas, é importante manter um aporte
calórico diário suficiente para suprir as demandas individuais de aminoácidos essenciais
(MILLWARD DJ et al., 2004), bem como a ingestão adequada de carboidratos devido
ao seu efeito poupador de proteínas, pois na insuficiência de carboidratos, o organismo
pode utilizar as proteínas e as gorduras como fonte de energia, comprometendo a síntese
de hormônios e a manutenção da massa muscular (RODRIGUEZ NR et al., 2007).
Desta forma, considera-se que a dieta vegetariana estrita bem planejada é capaz de
suprir as necessidades protéicas em atletas de alto rendimento (NIEMAN, 1999,
p.570S-575S).
3.2.2. ÔMEGA 3
20
et al., 2006 – p.42-50) . Outros fatores que também prejudicam a conversão do ALA em
EPA e DHA incluem o consumo excessivo de álcool e a gordura trans (SLYWITCH,
2015, p. 172).
As recomendações diárias de ômega 3 para homens e mulheres onívoros e
vegetarianos estão especificadas na tabela a seguir:
21
animal (óleo de peixe) ou vegetal (óleo de algas), bem como evitar o uso de álcool e
gordura trans (SLYWITCH, 2015, p. 160 – 161; 172).
Ao analisar a tabela SR 28 (USDA, 2018), foi possível calcular a quantidade dos
principais alimentos fontes de ômega 3 vegetal (ALA) capaz de atender às
recomendações estabelecidas pela DRI (2006) para homens e mulheres onívoros e
vegetarianos. Não foram encontradas orientações específicas para atletas. Os resultados
dos cálculos estão expressos na tabela a seguir:
22
nível de ômega 3, e que a suplementação foi capaz de aumentar as taxas de EPA e
DHA e de diminuir os níveis de ômega 6, como pode ser observado na tabela a seguir:
3.2.3. CÁLCIO
23
estoques de cálcio ósseo (COZZOLINO, 2020 – p. 372-375). Logo, o adequado
consumo de cálcio é fundamental para o atleta manter a massa óssea, diminuindo os
riscos de desenvolver fraturas por estresse e a osteoporose em longo prazo (BIESEK et
al., 2015 – p. 454; FACCIM, 2015 – p. 120 - 128).
É recomendado pela DRI (2006), o consumo de 1.000 mg/dia de cálcio para atender
às necessidades gerais de adultos. Não foram encontradas recomendações específicas
para atletas. Entretanto, Rogerson (2017) propõe que atletas de todas as modalidades,
independente da dieta adotada, considerando os exercícios de impacto, as perdas de
cálcio pela transpiração intensa, as fases de restrição calórica e amenorréia, não
ultrapassem a recomendação geral de consumo desse nutriente sem orientação
profissional.
Os estudos comparativos da ingestão de cálcio entre onívoros e vegetarianos estritos
são controversos, alguns identificaram menor ingestão de cálcio pelos vegetarianos
estritos e outros não encontraram diferença (BAENA, 2015 – p. 56 - 94).
De acordo com COUCEIRO et al (2008 – p. 365 - 373), os vegetarianos estritos
tendem a apresentar uma ingestão de cálcio entre 500 e 700 mg/dia, sendo menor que a
recomendada. Por outro lado, New (2004 apud COUCEIRO et al, 2008 – p. 365 - 373)
demonstrou semelhança entre a saúde óssea de vegetarianos e onívoros.
Nas avaliações dietéticas de ingestão de cálcio por atletas, são raros os grupos que
não ingerem as quantidades recomendadas, sendo a suplementação indicada apenas em
casos de deficiência diagnosticada (BIESEK et al., 2015 – p. 454; ROGERSON, 2017).
Estima-se que a taxa de aproveitamento do cálcio da dieta varia entre 20 a 30%,
sendo a boa absorção dependente de vários fatores, como por exemplo: a carga baixa de
antinutrientes, a prática de atividade física, o equilíbrio da microbiota intestinal, o
consumo adequado de proteínas, das vitaminas D, C e K, e dos minerais fósforo,
manganês, magnésio e silício (BIESEK et al., 2015 – p. 454; COZZOLINO, 2020 – p.
373-377. SLYWITCH, 2018 – p. 114 - 115).
As fontes vegetais de cálcio, quando comparadas ao leite, apresentaram menor
biodisponibilidade do mineral, no entanto, é possível alcançar uma absorção
significativa com a ingestão de quantidades maiores dessas fontes, com as devidas
técnicas de preparo e combinações (GUÉGUEN; POINTILLART, 2013 - p. 1195-
1365).
24
As principais fontes de cálcio vegetal compreendem as leguminosas, em especial, a
soja; e as brássicas, representadas pelo nabo, couve, repolho, couve-de-bruxelas, couve
flor e brócolis. Entretanto, de um modo geral, esses alimentos possuem compostos
inibidores da absorção do cálcio que são os ácidos oxálicos e fíticos que podem ser
reduzidos através de técnicas de preparo como o demolho, fervura e descarte da água da
cocção dos alimentos.
Santos (2006 p., 294-301) concluiu que após 10 minutos de cozimento houve
redução dos teores de ácido oxálico nas folhas de brócoli, couve-flor e couve. Para
redução do ácido fítico, Slywitch (2012) recomenda deixar as leguminosas e os cereais
de molho em água, à temperatura ambiente, por 8 a 12 horas e, em seguida, descartar a
água do demolho e cozer os alimentos em nova água.
Vale destacar que o espinafre, o ruibarbo, a beterraba, a acelga e o cacau em pó
apesar de possuírem uma quantidade de cálcio considerável, contém quantidades
significativas de ácido oxálico (acima de 600mg por 100g de alimento), portanto,
recomenda-se evitar o consumo ou não consumi-los junto às refeições com alto teor de
cálcio (Slywitch, 2015, p. 261).
Os alimentos de origem vegetal fortificados com cálcio pela indústria são
interessantes para o consumo, como por exemplo, os leites e queijos vegetais, a proteína
da soja e o tofu (ROGERSON, 2017; COUCEIRO et al, 2008 - p. 365 - 373;
COZZOLINO, 2020 - p. 373-377).
As tabela a seguir compara o teor e a biodisponibilidade de alguns alimentos de
origem vegetal em relação ao leite de vaca:
Tabela 9 - Teor e biodisponibilidade de cálcio no leite de vaca integral e em alimentos de origem vegetal
Alimento Teor de Cálcio / 100g Biodisponibilidade Aproveitamento
Leite de vaca integral 123mg 32,10% 39,483mg
Couve Manteiga Refogada 177mg 49,3% 86,73mg
Brócolis cozido 51mg 61,3% 31,263mg
Acelga crua 43mg 53,8% 23,134mg
Mostarda Crua 68mg 40,2% 27,336mg
Tofu 81mg 31% 25,11mg
Feijão-Branco cozido 90mg 21,8% 19,62mg
Leite de Soja Enriquecido 132mg 24% 31,68mg
Fonte: Slywitch, (2015, p. 118); Buzinaro et al (2006); Tabela Taco (2011); Tabela IBGE (2008-2009);
Tabela SR 28 - USDA (2018); adaptada pelo autor.
25
De acordo com a Lei de Wolff, o exercício físico constante pode estimular o
aumento da massa óssea através da força e pressão que a musculatura exerce sobre o
osso, induzindo à fixação de cálcio no osso desde que o indivíduo tenha uma
alimentação balanceada em cálcio e vitamina D (BIESEK et al., 2015 – p. 454;
FACCIM, 2015 – p. 120 - 128).
A vitamina D é necessária para a absorção intestinal de Cálcio. A Literatura mostra
que a dificuldade da ingestão de vitamina D não atinge somente a população
vegetariana, devido à sua concentração em poucos alimentos (BAENA, 2015) sendo sua
obtenção mais eficaz através da exposição ao sol (SLYWITCH, p. 176, 2015). De
acordo com Borges et al (2015), a suplementação com 5 a 10 mg por dia de Vitamina D
é segura e adequada para homens e mulheres. Também são opções interessantes os
alimentos enriquecidos, como algumas bebidas vegetais, como a de soja e a de arroz
(CRAIG; MANGELS, 2009).
Sabe-se que vitamina C, abundante nas frutas cítricas, intensifica a absorção do
cálcio. E que os pré-bióticos, presentes principalmente na chicória, alcachofra, cebola,
escarola e alho-poró promovem equilíbrio na flora intestinal, acidificando o meio e
tornando-o mais favorável à absorção do cálcio. A flora intestinal saudável produz
vitamina K, que é fundamental para manter a integridade das proteínas que, assim como
o cálcio, compõem os ossos. As cinzas alcalinizantes, presentes nas frutas têm efeito
poupador da massa óssea. A isoflavona, um fitoestrógeno abundante na soja, reduz a
retirada do cálcio dos ossos e sua biodisponilibidade é pontencializada pelos
prébióticos. (SLYWITCH, 2018 – p. 120 – 121).
É importante também que o atleta vegetariano estrito de alto rendimento tenha um
olhar mais atento ao teor de sódio da dieta, pois este mineral é o fator que mais causa
impacto na perda de cálcio pela urina. Estima-se que em um período de dez anos, uma
dieta rica em sódio pode ser responsável pela perda de 7,5 a 10% do estoque de cálcio.
(SLYWITCH, 2018 – p. 120 – 121). Portanto, a ingestão de sódio não deve ultrapassar
a ingestão recomendada pela OMS (2012) que é de até 2000mg / dia, que equivale à 5g
de sal de cozinha.
Diante dos resultados encontrados, foi possível observar que a natureza multifatorial
relacionada à saúde óssea parece justificar as controvérsias encontradas na literatura
quando se compara grupos de vegetarianos e onívoros. Desta forma, é prudente que o
atleta vegetariano estrito de alto rendimento tenha conhecimento das fontes de cálcio de
26
origem vegetal e dos fatores que podem interferir na biodisponibilidade e
aproveitamento.
3.2.4. ZINCO
27
maior teor de zinco possuem biodisponibilidade moderada do mineral (de 30% a 35%),
(MARQUES et al.,2016; SLYWITCH, 2015 - p. 91 ). Entretanto, apesar de ser menor
em relação aos onívoros, o consumo de zinco pelos vegetarianos é considerado
suficiente (CASTILLO; ORTIGOSA, 2017). Essa afirmação pode ser justificada pelo
fato de que o estoque de zinco (e também do ferro) no organismo determina a regulação
fisiológica da sua absorção, adaptando o corpo às variações de ingestão e à presença dos
fitatos (HUNT, 2003; HUNT et al., 2008).
No reino vegetal, o zinco é encontrado na camada externa dos cereais, nas
leguminosas e nas sementes. Porém, nesses alimentos, também há prevalência dos
fitatos, que inibem a absorção do zinco (BORGES et al., 2015). Desta forma, para
reduzir a carga destes compostos, o Guia Alimentar de Dietas Vegetarianas para
Adultos (SLYWITCH, 2012) recomenda deixar os cereais e as leguminosas de molho
por 8 a 12h antes da preparação e consumi-los associados à fontes de vitamina C, que
potencializa a absorção do mineral.
A tabela a seguir apresenta alimentos de origem vegetal com boas quantidades
de zinco:
28
3.2.5. FERRO
29
O fato de nem sempre ser possível garantir o controle dos fatores que limitam a
absorção do ferro heme pela população vegetariana no geral, tornam as DRI’s mais
cautelosas nas recomendações para este público, sugerindo o dobro do que foi
estipulado para a população onívora, extrapolando as reais necessidades dos
vegetarianos (SLYWITCH, 2015 p.,77) como pode ser observado na tabela a seguir:
30
É importante mencionar que o estado de saúde, como por exemplo, a falta de
acidez gástrica, também influencia negativamente na absorção do ferro (COUCEIRO et
al, 2008 p., 365-373).
A tabela a seguir apresenta alimentos de origem vegetal com boas quantidades de
ferro
Tabela 12: Fontes vegetais de ferro por 100g de alimento
Alimento Teor de Ferro
Sementes de abóbora 14,9mg
Pistache 6,8mg
Damasco seco 5,8mg
Tofu 5,4mg
Sementes de girassol 5,1mg
Uva passa 4,8mg
Feijão branco cozido 2,5mg
Grão de bico cozido 2,1mg
Feijão preto cozido 1,5mg
Lentilha cozida 1,5mg
Ervilha cozida 1,1mg
Fonte: Tabela UNIFESP (2016); Tabela PORFIR (2021); Tabela TBCA - Unicamp (2011)
Percebe-se que oferta de ferro não heme no reino vegetal é abundante, assim
como os fatores favoráveis à sua absorção, o que parece justificar a ausência de
evidências de carência desse mineral diretamente relacionada à dieta vegetariana estrita.
Entretanto, é importante que o atleta de alto rendimento vegetariano estrito não
negligencie os fatores dietéticos e de saúde que podem dificultar a absorção do ferro,
devendo também estar atento às perdas extras do mineral ocasionadas pelo exercío
físico e pela perda de sangue no período menstrual no caso das atletas, assim,
aconselha-se20 que atletas, independente da dieta adotada, realizem exames laboratoriais
com regularidade para verificar os níveis de ferro sérico e de ferritina.
20
O site da Revista NewsLab, especializada em diagnóstico laboratorial, apresentou uma matéria sobre
exames laboratoriais de rotina para atletas. A matéria encontra-se disponível em: <
https://newslab.com.br/exames-laboratoriais-de-rotina-para-atletas/>. Acesso em 14/05/2022.
31
3.2.6. VITAMINA B12
32
Os sintomas físicos da deficiência de B12 envolvem cansaço, perda de apetite, dores
no corpo e atrofia das papilas gustativas que tornam a língua lisa e brilhante, alteração
da sensibilidade dos pés, comprometimento da percepção vibratória e da autopercepção,
comprometimento da memória, agitação e irritabilidade (SLYWITCH, 2015 p.,146,
147).
Porém, segundo Johnston (2003 apud FERREIRA et al, 2006 p., 469-477) a
manifestação desses sintomas pode demorar anos após a adoção de uma dieta
vegetariana estrita pelos seguintes motivos: reservas altas de vitamina B12, baixa
necessidade da mesma e circulação enteroepática eficiente, a qual consegue recuperar a
vitamina B12 excretada junto à bile.
No momento em que o indivíduo decide iniciar uma dieta vegetariana estrita,
aconselha-se que seja feita uma dosagem sanguínea dos níveis de B12, que deve ser
repetida anualmente a fim se estabelecer a dose ideal e fazer os devidos ajustes quando
necessário (SLYWITCH, 2015 p.,153). Não sendo detectada carência, a suplementação
precisa ser imediatamente iniciada com dose de manutenção. A dosagem recomendada
para pessoas a partir dos 14 anos de idade que é de 2,4mcg / dia, de acordo com a IDR
(2006), não representando nenhum risco à saúde. Já em casos de deficiência instalada,
alguns autores sugerem a suplementação de 50 mcg por dia ou de 1000 mcg duas vezes
por semana até a correção dos níveis, que devem ser mantidos com a dosagem padrão
(AGNOLI, 2017 p., 1037-1052). Entretanto, vale alertar que a suplementação acima de
500mcg por dia sem acompanhamento médico pode ser nociva ao balanço de ferro e
ácido fólico (SLYWITCH, 2015 p.,153).
Logo, torna-se necessária a suplementação de vitamina B12 para atletas de alto
rendimento vegetarianos estritos, com o devido acompanhamento laboratorial uma vez
ao ano para que os mesmos não desenvolvam deficiência dessa vitamina, o que poderia
acarretar em malefícios à saúde e conseqüente piora do desempenho atlético
(FERREIRA et al, 2006 p., 469-477).
33
3.3. ELABORAÇÃO DO CARDÁPIO
Com base nos dados obtidos ao longo deste trabalho e com o auxílio da ferramenta
Dietbox21, foi sugerido um cardápio, disponível no Anexo – 1, que buscou oferecer
energia e nutrientes suficientes para suprir as necessidades nutricionais diárias de um
atleta de alto rendimento vegetariano estrito, enfatizando os nutrientes de atenção para
este público.
O quadro a seguir demonstra que os valores de nutrientes alcançados pelo cardápio
atendem às recomendações da literatura:
Valores Obtidos no
Nutriente Recomendação Diária
Cardápio
Energia 4989,25 Kcal 3000 a 5000kcal
8 a 10g/kg/peso ou 500 a 800g ou 60% a
Carboidratos 803,76g (61,84% do VET)
70% do VET
Proteínas 1,2 a 1,4g/Kg/peso ou 15% a 25% do
203,53g (15,66% do VET)
Totais VET
Lipídeos
129,95g (22,5% do VET) 20 a 25% do VET
Totais
9,2g (4,52% das Proteínas 4,5% das proteínas totais ou
Lisina
Totais) 30mg/kg/peso
3,41g (2% das Proteínas 1,6% das proteínas totais
Metionina
Totais) ou10mg/kg/peso
8 a 11% dos lipídeos totais ou: 3,2g
Ômega 3 4,26g
(homens) e 2,2g (mulheres)
Acima de 19 anos: 400 a 420mg
Magnésio 1335,84mg
(homens), 310 a 320mg (mulheres)
Potássio 8493,17mg 3510mg
Folato 1346,23mcg Acima de 14 anos: 400mcg
Vitamina C 1422,22mg 75mg
Selênio 141,55mg 34mg
600mcg
Vitamina A 3660,11mcg
21
DietBox é um site que pode ser utilizado por estudantes e profissionais de nutrição para cálculo de
cardápios. O site possui um banco de dados que reúne tabelas oficiais de composição de alimentos e os
valores de referência estabelecidos pelas DRI’s. O endereço do site é: https://dietbox.me/pt-BR/home.
34
(conclusão)
Valores Obtidos no
Nutriente Recomendação Diária
Cardápio
Vitamina E 32,05mcg 10mg
Acima de 19 anos: 16,5mg (homens),
Zinco 36,78mg
12mg (mulheres)
Cálcio 2304,1mg 1000mg
Ferro 62,63mg 16mg (homens), 36mg (mulheres)
Vitamina B12 2,4mcg 2,4mcg
Vitamina D 5mg 5 a 10mg
Fonte: DRI (1997); IDR (2005); DRI (2006); DRI (2011); Berrazaga (2019); Von Schacky et al (2014 –
p. 559 – 564); Borges et al (2015); OMS (2012); Antonioni et al (2019); Fantini et al (2008 p.435-439);
Slywitch (2015 p.,79 ); American College of Sports Medicine (2016); Nieman DC (1999 - p.570S-575S);
Lemon (1997, p. 52-60); adaptada pelo autor.
35
4. CONCLUSÃO
36
5. REFERÊNCIAS
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implicações e fatores modulatórios. Revista de Nutrição, 2010; 23(4): 629-643 p.
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Animal-Based Protein Sources in Supporting Muscle Mass Maintenance: A Critical
Review. Nutrients, v. 11, n. 8, p. 1825, ago. 2019.
BLOCK, RJ. & MITCHELL, H.H. The correlation of amino acid compositon of protein
with their nutritive value. Nutr.Abst.Rev.,16:249-78, 1946.
37
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COUCEIRO, P. et al. Padrão alimentar da dieta vegetariana. Einstein, v.6, n.3, p.365-
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Volume: 109, pp. 1266-1282, julho de 2019.
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SAAD, Susana Marta Isay. Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Rev. Brasileira
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lançada no ano de 2012 (atualizada em 2018) pela Sociedade Vegetariana Brasileira e
disponívelem:<https://materiais.svb.org.br/guia-alimentar-dietas-vegetarianas>.Acesso
em 12/09/2021.
SLYWITCH, Eric. Alimentação Sem Carne: um guia prático para montar a sua dieta
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WILLIAMS CM, BURDGE G. Long-chain n-3 PUFA: plant v. marine sources. Proc
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WILLIAMS MH. Nutrição para saúde, condicionamento físico e desempenho esportivo.
São Paulo: Manole; 2002.
44
6. ANEXO
Alimento Quantidade
Preparações Sugeridas:
1. Tapioca com tofu mexido e tomate.
2. Cereal com banana, aveia e melado.
Suplementação:
1 Cápsula de Vitamina D de 5mg.
1 Cápsula de Vitamina B12 de 2,4mcg.
9:00h – Colação
Alimento Quantidade
45
(continua)
12:00h – Almoço
Alimento Quantidade
Preparações Sugeridas:
1. Hambúrguer de proteína texturizada de soja (com cenoura, cebola e
farinha de aveia).
2. Tabule ( com ervilha, quionoa, pepino, tomate e cebola). 3. suco de
goiaba com acerola.
Alimento Quantidade
46
(continua)
17:00h – Lanche da Tarde II
Alimento Quantidade
Preparações sugeridas:
1. Tortinha de brócolis - Receita: Fazer uma massa com a farinha de
aveia, metade do tofu e água suficiente para dar liga (acrescentar aos
poucos), moldar em uma forma pequena e rechear com um refogado
feito com a outra metade do tofu, brócolis e cebola. Assar em forno a
220 graus por 20 minutos ou até dourar.
2. Vitamina de maçã com ameixa e leite de soja.
20:00h – Jantar
Alimento Quantidade
Preparações sugeridas:
1. Bolinho assado de lentilha, cenoura e farinha de aveia.
2. Salada de agrião com uva passa, gergelim e azeite.
3. Suco de melancia com morango sem adição de água.
47
(conclusão)
21:30h – Ceia
Alimento Quantidade
Maçã 120g
Aveia em flocos 40g
Leite de soja (marca Ades, versão "zero açúcar") 200ml
Fonte: Elaborado pelo autor com auxílio do site DietBox. Disponível em:<https://dietb
ox.me/pt-BR/home>. Acesso em: 24/05/2022.
48