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Aula Ao Vivo:

Curso: Farmácia
Disciplina: Citologia Clínica
Tópico de Aula: Líquido Cefalorraquidiano (2)
Análise do LCR
A coleta de LCR é realizada em três tubos que são destinados da
seguinte forma:
1) Exames bioquímicos e imunológicos
2) Exames citológicos
3) Exames microbiológicos

A punção traumática pode induzir a resultados errados. Devem ser


considerados sangramentos, hemorragias subaracnoide e hemólise.
O LCR não coagula, isso pode ocorrer em situações como tumores
ou meningite tuberculosa.
Líquido Cefalorraquiano
1) Exame físico: cor, aspecto, presença de coágulo e pressão.

2) Exame citológico: leucócitos, hemáceas e contagem diferencial.

3) Exame bioquímico: glicose, proteínas, cloretos, LDH.

4) Imunológico (VDRL)

5) Microbiológico (cultura e gram)


COR
Normal: incolor
Em RN pode apresentar-se xantocrômico
( alaranjado ou amarelado) no primeiro mês, devido a
degradação da hemoglobina

Anormal: não incolor


Xantocrômico, Vermelho (hemorrágico), Ictérico
(amarelado: devido a presença de bilirrubinas)
Avalia-se

Aspecto antes e após a


centrifugação!

• Em condições normais o LCR apresenta-se da seguinte forma: límpido, cristalino


(transparente/incolor típico: “água de rocha”)

• Em condições anormais o LCR encontra-se da seguinte forma:


Ligeiramente turvo (presença de células e/ou micorganismos),
Turvo ou opaco (presença de células e/ou microrganismos ou aumento de proteínas),
Purulento (possivelmente presença de lipídeos, bactérias, sendo chamado “água de
arroz”,)
Hemorrágico (subaracnoidiano ou acidente de punção)
Xantocrômico (hemólise e/ou hemorragia).
ASPECTO
Quanto ao aspecto ainda observar:
• Presença de Retículo (condição anormal)
Retículo de fibrina no fundo do frasco ( semelhante à
teia de aranha), que pode ocorrer na meningite
tuberculosa

• Presença de Coágulo (condição anormal)


Indica presença de fibrinogênio ou aumento de proteínas
(Síndrome de Froin).
Observar a presença de coágulo a fresco e após uma
hora a 37°C.
EXAMES BIOQUÍMICOS - Glicose

• O LCR possui glicose, pois através de um mecanismo de transporte facilitado, ela penetra no
LCR.

• Colher sangue vernoso e realizar a punção lombar para que os resultados possam ser
comparados

• Para verificação da glicose no LCR deve-se considerar o valor da glicose venosa do paciente.
O valor de referência da glicose no LCR será : 2/3 da glicemia venosa ou seja, de 60 a 70%,
normalmente inferior em 20 a 30 mg/dl.

• Método de dosagem : cinético/enzimático.

• Devido à glicólise in vitro deve ser realizada a dosagem sem demora.


EXAMES BIOQUÍMICOS - Glicose

Os níveis de glicose no LCR são utilizados para diferenciar meningite


bacteriana de viral. A glicose pode estar diminuída devido a alteração do
transporte ativo pela barreira (principal) e utilização pelas células.

Hipoglicorraquia- meningites bacterianas, micótica, tuberculosa,


amebiana e hipoglicemia.

Hiperglicorraquia- Diabetes melitus, encefalite virótica, traumas.


EXAMES BIOQUÍMICOS
Proteínas totais
• São: albumina e globulinas (menor quantidade)
• VR: 10 a 30 mg/dL (1/5 globulinas).
• Método de dosagem: Cinético/enzimático ou sulfossalicílico.
• O aumento de proteínas no LCR é observado em infecções, hemorragias
intracranianas, esclerose múltipla, Guillain-Barré, malignidades, algumas
anormalidades endócrinas, uso de alguns medicamentos e uma variedade de
condições inflamatórias.
• O aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica ou à produção
intratecal de imunoglobulinas pode ocorrer nas doenças do SNC, e pode
aumentar as proteínas do LCR. Já valores baixos podem estar associados à
perda de líquidos no SNC.
IMUNOLOGIA - REAÇÃO DE PANDY

• O teste de Pandy é um teste semiquantitativo onde o fenol reage


principalmente com globulinas.

• Em infecções crônicas como neurossífilis e na esclerose múltipla a elevação


de globulinas torna o teste de Pandy positivo.

• Contaminação do líquor com sangue pode acarretar falso-positivo.

• Método: turbidimétrico.

• Apresenta-se positiva quando as proteínas totais estão acima de 70 mg/dL.


EXAMES BIOQUÍMICOS – ácido lático

• Os níveis de lactato no LCR não estão vinculados à


concentração sanguínea, e sim à sua produção intratecal.

• Exame não muito específico para identificar meningite


bacteriana.
• Níveis aumentados de lactato no LCR ocorrem devido a uma
destruição do tecido dentro do SNC, causado pela privação
de oxigênio.
EXAMES BIOQUÍMICOS – ácido lático

Por isso, a elevação de lactato no LCR não se limita à meningite e pode ser
resultante de qualquer quadro clínico que reduza o fluxo de oxigênio para os
tecidos, apesar de ser utilizada principalmente no diagnóstico diferencial entre
as meningites bacterianas e virais ou meningite asséptica.

Os níveis de lactato são frequentemente utilizados para monitoramento de


graves lesões na cabeça, considerado um marcador estabelecido de
traumatismo crânio-encefálico (TCE).

VR: 9 a 30 mg/dL.

Método: Enzimático Colorimétrico.


EXAMES BIOQUÍMICOS – lactato

Um aumento do nível de lactato pode ser detectado mais cedo


do que uma concentração reduzida de glicose. Por isso, para a
diferenciação de meningite bacteriana de uma meningite
asséptica, a concentração de lactato é um melhor indicador
comparado a outros marca­­dores convencionais.
EXAMES BIOQUÍMICOS – Desidrogenase Lática (LDH)

• A LDH é uma enzima citoplasmática presente em praticamente


todos os principais sistemas de órgãos.

• Valores aumentados no LCR em tumores, patologia intra­craniana


ou infecção bacteriana.
• Em condições normais, a atividade da LDH no LCR é bem menor
do que a encontrada no soro sanguíneo.
EXAMES BIOQUÍMICOS – desidrogenase lática

• O aumento da LDH em recém-nascidos pode ocorrer em hemorragias


intra­cranianas e associadas com distúrbios neurológicos, com
convulsões e hidrocefalia.

• A LDH é útil na diferenciação de uma punção traumática de uma


hemorragia intracraniana, já que, em uma punção traumática com
hemácias não hemolisadas, não há um aumento significante da LDH

• VR: 0 a 25 U/l.

• Método: cinético/enzimático.
EXAMES BIOQUÍMICOS – cloretos

• A concentração de cloreto no líquor está relacionada à osmolaridade do meio


extracelular e alterações do equilíbrio ácido-básico.
• Método: dosagem eletrólitos.
• Hipoclororraquia: processos crônicos, meningite bacteriana e
neurotuberculose (particularmente).
• Hiperclororraquia: acidose metabólica e diarréia crônica.

• VR: 680 a 750 mEq/L


MENINGITES
• Meningite é um processo inflamatório do espaço subaracnóideo e
das meninges que envolvem o encéfalo e a medula espinal.
Apresenta sintomas específicos.
Agentes causadores
Micobactérias
Bactérias Gram negativas
Mycobacterium avium,
Aerobacter spp, Mycobacterium tuberculosis
Citrobacter spp,
Espiroquetas
Escherichia coli,
Haemophilus influenzae B, Leptospira spp,
Klebsiella pneumoniae, Treponema pallidum,
Neisseria meningitidis, Fungos
Proteus spp,
Pseudomonas aeruginosa, Aspergillus fumigatus,
Salmonella spp, Candida albicans,
Serratia spp Cryptococcus neoformans,
Histoplasma capsulatum,
Paracoccidiodis brasiliensis
Agentes causadores

Helmintos
Protozoários
Echinococcus granulosus
Plasmodium falciparum, (Hidatidose)
Toxoplasma gondii Cisticercus cellulosae,
Schistosoma mansoni.
Haemophilus
influenza

Neisseria
meningitidis

Streptococcus
pneumonie
Coloração de Ziehl-Neelsen

Quando ocorre
predominância de linfócitos
ou monócitos na contagem
diferencial, é necessária a
coloração de Ziehl-Neelsen
para bactérias ácido-álcool
resistentes para pesquisa de
meningite tuberculosa.
Criptococose
É uma micose oportunista.
Ocasionada pelo fungo Cryptococcus neoformans, através da inalação de esporos.
No organismo, apresenta tropismo ao Sistema Nervoso, se alojando no cérebro e
nas meninges - meningoencefalite criptocócica (forma mais grave e letal da
infecção).
O diagnóstico ocorre devido a achados clínicos em materiais biológicos em
análise, o mais utilizado é o LCR, devido a grande predileção do fungo pelo líquido.
Em pacientes portadores do HIV/AIDS ocorre uma maior incidência, devido ao
imunocomprometimento pré-existente.
Criptococose
• Exame realizado com tinta
da China

• Uma gota de tinta nanquim


e uma gota de LCR entre
lâmina e lamínula.

• As cápsulas do fungo ficam


evidentes nesta técnica.
O profissional de saúde que entrou em contato com o
paciente com comprovação de meningite bacteriana
deve realizar a quimioprofilaxia (Neisseria e
Haemophilus) normalmente com rifampicina.
Para estudar:

• https://www.fleury.com.br/medico/manuais-diagnosticos/manual-de-
neurodiagnsticos/liquido-neuro

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