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Objetivo da Unidade:
ʪ Material Teórico
ʪ Material Complementar
ʪ Referências
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ʪ Material Teórico
Líquido Cefalorraquidiano
O líquido cefalorraquidiano (LCS, LCR ou líquor) é produzido no cérebro e circula entre as
membranas aracnoide e pia-máter. Tem função principal de revestir e lubri car o cérebro,
desempenha papel nutritivo, além de ser fundamental para amortecimento contra lesões,
evitando que o encéfalo bata na parte interna do crânio (Figura 1).
O líquor é composto por 70% de água, sódio e outros nutrientes produzidos pelas células do
plexo; o percentual restante é formado por células ependimais de revestimento dos
ventrículos e do espaço cerebral/subaracnoide.
Importante!
Se a amostra do tubo 1 estiver hemorrágica devido a uma punção
traumática, não deverá ser utilizada para análise de proteínas. A
amostra contida no tubo 1 jamais deve ser destinada ao exame
microbiológico, pois pode estar contaminada com bactérias presentes
na pele.
O processamento das amostras deve ocorrer em, no máximo, 1 hora após a coleta. Amostras
destinadas à microbiologia não podem ser refrigeradas para não comprometer a sobrevivência
dos microrganismos mais fastidiosos.
Analise Macroscópica
É avaliada a cor e aspecto do líquor que, em condições normais, é límpido, incolor e tem
viscosidade semelhante à água (Figura 2). Porém, em condições patológicas, pode apresentar-
se turvo e purulento, devido à presença de células sanguíneas, microrganismos ou resíduos
proteicos.
Figura 2 – Cor e Aspecto do Líquor em Condições Normais
Fonte: Wikimedia Commons
Análise Microscópica
Na análise microscópica do líquor é realizada a contagem de células em câmera manual. Os
equipamentos automatizados não têm linearidade para a contagem, devido à baixa precisão
quando a contagem de células é pequena, e a diferenciação dos tipos celulares em esfregaços
corados. O valor de referência para adultos em um LCR normal é de 0 a 5 leucócitos por
microlitro.
Além de leucócitos, no líquor podem ser visualizadas células ependimais e células tumorais;
hemácias são frequentemente observadas em situações de punção traumática. O líquor normal
pode conter um pequeno número de linfócitos, monócitos e neutró los. Nos casos de
meningite bacteriana observamos a presença de neutró los; já os linfócitos predominam na
meningite viral, tuberculosa ou fúngica. O aumento no número de leucócitos no líquor é
chamado de pleocitose e pode ser neutrofílica ou linfocítica (Figura 4).
Figura 4 – (a) Pleocitose Neutrofílica; (b) Pleocitose
Linfocítica
Fonte: Adaptada de LEITE, 2019
Tempo após
Células Presentes
Hemorragia
Análise Bioquímica
Diversas doenças estão associadas à concentração de proteínas especí cas do líquido
cefalorraquidiano, como pode ser visto no Quadro 2.
Proteínas beta-amiloide e
Doença de Alzheimer
τ
Proteína Principais Doenças/Distúrbios
Leucemia/linfoma e síndrome de
Beta2-microglobulina
Behçet
Hemorragia subaracnóidea/subdural
Meta-hemoglobina
branda
Proteína básica de
Esclerose Múltipla, tumores e outros
mielina
Sinovites Agudas:
Sepse;
Cristais:
Urato Monossódico;
Pirofosfato de Cálcio;
Raros:
Oxalato;
Colesterol.
Artropatias Crônicas:
Tratamento
Comum:
Injeção de Corticosteroide.
Menos Comuns:
Para o procedimento de coleta, uma agulha com o calibre adequado à articulação é conectada a
seringa. O local da injeção é higienizado e é feita uma punção em duas etapas: primeiro,
atravessando a pele e, a seguir, atravessando a cápsula articular. A própria seringa fechada e
devidamente etiquetada adequadamente pode ser enviada ao laboratório para análise imediata
ou alíquotas em tubos especí cos podem ser feitas: tubo estéril heparinizado para os testes
microbiológicos; um tubo heparinizado ou com ácido etilenodiamino tetra-acético para as
contagens celulares; e um tubo sem anticoagulantes para os demais testes.
O tubo sem anticoagulante deve ser centrifugado e o sobrenadante deve ser separado para não
haver interferência dos elementos celulares nas dosagens bioquímicas. Na Figura 6 há
indicação do local da coleta de líquido sinovial em joelho.
Figura 6 – Posição da agulha para punção em joelho
Fonte: Adaptada de VIEIRA, 2021
Análises Macroscópicas
O líquido sinovial, na sua condição normal, é incolor e tem aspecto límpido. Quando a cor for
amarelada e o aspecto límpido, é indicativo de derrames não in amatórios, mas se estiver
amarelado e turvo pode indicar processo in amatório; coloração esbranquiçada e aspecto
turvo pode ser indicativo da presença de cristais, que são comuns no líquido sinovial;
coloração avermelhada, castanha ou xantocrômica é associada à hemorragia articular.
A viscosidade também é um parâmetro que pode ser avaliado: quando estiver reduzida é
indicativo da presença de processos in amatórios e pode apresentar coágulos quando o
brinogênio penetra na cápsula após danos na membrana sinovial ou após punções
traumáticas.
Contagem Celular
A contagem celular é realizada em câmaras de contagem manual e também pode ser feita em
equipamentos para realização de hemograma, porém, o equipamento deve possuir
programação especí ca para a contagem de líquidos.
Você Sabia?
Devido à presença de inclusões, pode ocorrer entupimento dos canais
utilizados para a citometria de uxo nos equipamentos
automatizados. É possível realizar previamente um tratamento com
hialuronidase, enzima que lisa o ácido hialurônico, diminuindo a
viscosidade.
Amostras com contagens elevadas de células nucleadas (superiores a 50.000/μL) devem ser
diluídas e, para diluição, é recomendado o uso de solução salina. Os eritrócitos são contados
normalmente. O valor normal para contagem de leucócitos é inferior a 200/μL, podendo
apresentar contagem elevadas, superiores a 100.000/μL nos quadros infecciosos.
Contagem Diferencial
Para realização da contagem diferencial, o material deve ser, inicialmente, centrifugado em
citocentrífuga para melhor preservação da morfologia celular e, posteriormente, é feito o
esfregaço.
Os neutró los estão aumentados em quadros in amatórios como a gota, pseudogota e artrite
reumatoide, podendo exceder em 50% do valor de normal. Na artrite aguda bacteriana podem
chegar a um valor 75% superior ao limite de referência. Podem ser encontrados neutró los,
quando em número aumentado, que contenham bactérias fagocitadas, cristais ou gotículas de
gordura.
Importante!
Não confundir cristais com artefatos provindos de talco das luvas, os
anticoagulantes precipitados, poeira e os riscos na lâmina ou na
lamínula.
Tabela 1 – Características dos Principais Cristais Encontrados no Líquido Sinovial
A ocorrência de derrame ascítico sempre está relacionada a uma doença base e é considerado
um fator de risco para o paciente, onde há criticidade do quadro patológico envolvido.
Doenças hepáticas, como a cirrose, são as principais causadoras e, em frequência menor,
encontramos a insu ciência cardíaca, nefropatias, doenças pancreáticas, tuberculose,
peritonites bacterianas e neoplasias malignas, principalmente de mama e ovário.
Análise Macroscópica
A análise do líquido ascítico é realizada para detecção de situações in amatórias, infecciosas,
sangramentos ou neoplasias na cavidade abdominal. De forma ideal, devem ser coletados três
tubos por paciente: um tubo contendo anticoagulante (heparina) para análise citológica; um
segundo tubo sem anticoagulante para as análises físicas, bioquímicas e imunológicas; e um
tubo estéril para as análises microbiológicas.
O exame inicia com avaliação da cor e turbidez da amostra. O líquido ascítico tem coloração
levemente amarelada, límpido, estéril e viscoso, assemelhando-se ao soro humano. O volume
de líquido presente na cavidade abdominal é de, aproximadamente, 50 mL. Diante de
processos patológicas o líquido ascítico pode apresentar coloração avermelhada devido à
presença de sangue; coloração xantocrômica pela presença de bilirrubina ou pela degradação
de hemoglobina; e até mesmo esverdeada como indicativo de sepse ou de perfuração do trato
gastrointestinal. O aspecto pode ser turvo, purulento ou leitoso.
Nos laudos é comum fazer a diferenciação da cor e aspecto antes e após a centrifugação, uma
vez que normalmente, quando há acidente de punção, após centrifugação, a amostra irá
formar um “botão de hemácias” íntegras no fundo do tubo, que deve ser relatado na
descrição, e o sobrenadante terá as características de incolor e límpido. Na ascite
hemorrágica, haverá um sobrenadante de cor vermelha ou xantocrômica.
Em situações patológicas, como em processo in amatório ou infeccioso, o extravasamento de
líquido é maior do que a capacidade de reabsorção pelos vasos linfáticos e ocorre acúmulo de
líquido ascítico na cavidade abdominal, levando a um quadro chamado de ascite ou derrame
peritoneal (Figura 7).
Análise Bioquímica
No líquido ascítico são analisadas proteínas totais, albumina e determinação do gradiente de
albumina soro-ascite (GASA). Esse gradiente resulta de uma subtração entre o valor da
dosagem de albumina no soro (albumina sérica) e o valor da dosagem de albumina no líquido,
sendo importante para a avaliação da causa do derrame. A determinação de transudato ou
exsudato é baseada nas características de aspecto, celularidade e dosagens bioquímicas da
amostra.
Os transudatos costumam ser límpidos, sem presença de coágulos, com contagem de células
baixas (< 300/μL) e dosagens bioquímicas com valores iguais ou abaixo dos valores séricos. Já
os exsudatos têm aspecto turvo, purulento ou coagulado, com celularidade elevada (>1000/μL)
e altas concentrações bioquímicas.
Análise Citológica
Na análise citológica do líquido ascítico, primeiramente é realizada a contagem global e,
posteriormente, a contagem diferencial. Para contagem global é utilizada amostra não
centrifugada e bem homogeneizada, sendo normalmente realizada em câmara de Neubauer,
com auxílio de microscópio óptico. São quanti cados eritrócitos, leucócitos, macrófagos e
células mesoteliais. Caso haja um número elevado de células deve ser realizada diluição para
contagem, mas dependendo do tipo celular, é utilizada uma área diferente da câmara para
contagem. Ao nal da contagem, o valor obtido deve ser transformado em microlitros (μL)
utilizando um fator de conversão.
Líquido Pleural
Habitualmente, apenas uma pequena quantidade de líquido pleural (cerca de 10mL) está
presente entre a pleura visceral e a parietal. Entretanto, o derrame pleural ocorre em várias
condições clínicas e, quando recém-diagnosticado, deve ser avaliado para auxiliar o
diagnóstico. Em geral, a análise do líquido pleural, em conjunto com o quadro clínico, os
resultados dos exames de sangue e de imagem radiológica, permitem o diagnóstico da
patologia (Figura 8).
Figura 8 – Representação Grá ca da Formação e da
Reabsorção do Líquido Pleural
Fonte: Adaptada de LECHNER et al. apud LEITE, 2019
Você Sabia?
A complicação mais comum da toracocentese é o pneumotórax,
presença de ar entre a pleura parietal e a pleura visceral. Outras
possíveis complicações incluem tosse, dor, desencadeamento de
re exo vasovagal e hemotórax (sangue).
Exame Macroscópico
É avaliada a cor, odor e aspecto do líquido pleural.
Exame Citológico
A contagem das células é útil na diferenciação entre exsudatos e transudatos. Os exsudatos
costumam apresentar quantidade superior a 1.000 células nucleadas/μL e os transudatos, um
nível bem menor de algumas centenas de células nucleadas/μL.
Eosinó los num percentual superior a 10% do número total de células são encontrados nos
casos de pneumotórax e hemotórax, carcinomas, síndrome de Churg-Strauss, doenças por
fungos e linfoma de Hodgkin. E os plasmócitos no mieloma múltiplo. Em casso de baso lia
superior a 10% considera-se comprometimento da pleura devido a leucemias, doenças
parasitárias e embolia pulmonar.
Exames Bioquímicos
É realizada determinação do pH do líquido pleural, que deve ser medida no gasômetro, sendo
importante para determinação de acidose, que está relacionada à presença de doenças. A
determinação de amilase é realizada uma vez que o aumento de concentração de amilase no
líquido pleural está associada com doenças pancreáticas, ruptura de esôfago e doenças
malignas. E a dosagem de lipídios totais que estão aumentados no quilotórax, onde há
vazamento da linfa do ducto torácico. O derrame de colesterol é indicativo de pleurite
reumática ou tuberculose, onde as concentrações de triglicerídeos no líquido pleural são
inferiores a 50mg/dL e a de colesterol superiores a 250mg/dL.
Líquido Pericárdico
O pericárdio contém duas camadas que são separadas por uma quantidade de líquido seroso,
em uma quantidade em torno de 20 mL. A coleta deste material acontece quando o paciente
apresenta tamponamento cardíaco ou pericardite purulenta. Em outras situações, deve ser
criteriosamente avaliada.
Coleta de Material
Para coleta é necessário auxílio de uoroscopia, ecocardiogra a ou abordagem cirúrgica.
Exames Laboratoriais
É indicada análise bioquímica, incluindo desidrogenase láctica e glicose para determinação da
concentração de proteínas. A dosagem de adenosina deaminase (ADA) é importante para
diferenciação entre derrame pericárdico por tuberculose e causado por neoplasias, quando as
concentrações de ADA são baixas e as de CEA (antígeno carcinoembriônico) elevadas.
O exame citológico deve ser realizado quando houver suspeita de doenças malignas, já em
doenças de origem bacteriana e reumatológica há um aumento na contagem de neutró los.
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Vídeos
Toracocentese – Coleta de Líquido Pleural
O vídeo orienta sobre os cuidados e passos para realização da coleta de líquido pleural.
Toracocentese
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ʪ Referências
MUNDT, L. A.; SHANAHAN, K. Exame de urina e de uidos corporais de Gra . 2. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2012.
NEVES, A. P. Manual Roca Técnicas de Laboratório - Líquidos Biológicos. Grupo GEN, 2011.