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É uma lesão secundaria neurológica, evolui a partir de um trauma primário (injúria primária) e
geralmente têm mal prognóstico. Deve-se evitar ao máximo que o paciente evolua pra HIC.
Cefaleia progressiva já sugere HIC. Emergência médica: principal causa de morte em pacientes
neurocirúrgicos.
A lesão de HIC é secundária -> ela é tratável e deve-se sempre evitar que a doença primária
complique e evolua para HIC -> a HIC aumenta muito a morbimortalidade.
Dentro da cabeça, existe uma pressão que deve estar dentro dos limites normais para que o sangue
bombeado pelo coração chegue até o cérebro e irrigue os neurônios. Assim, quando essa pressão
intracraniana (PIC) aumenta -> hipertensão intracraniana -> cria-se uma resistência para que o
sangue chegue ao cérebro -> podem ocorrer complicações graves, como isquemia cerebral.
Principais causas:
TCE grave.
AVEi extenso.
AVEh.
Neoplasias intracranianas.
Hidrocefalia.
Infecções.
É a pressão exercida, por área da superfície interna da caixa craniana, pelo conteúdo desde
compartimento -> se aumentar, pressiona o osso de dentro pra fora.
Ela tem uma variação fisiológica de 5 a 15mmHg e reflete a relação entre o conteúdo da caixa
craniana e o volume do crânio.
- Conteúdo:
Encéfalo - 80%.
Sangue - 10%.
Líquor - 10%.
OBS: quando se fala em um aumento do volume de sangue cerebral, esse aumento ocorre devido a
uma vasodilatação; quando ocorre uma hemorragia intracraniana, fala-se sobre o aumento do
volume encefálico. A PAM influencia na PIC, mas existem mecanismos compensatórios também.
- PIC normal:
1-6mmHg em RN.
1º caso:
2º caso:
Exemplos: TCE grave (mais comum); Swelling (inchaço cerebral) -> inchaço é diferente de edema.
3º caso:
4º caso:
Tecido cerebral, sangue e líquor normais, mas aparece uma massa estranha (que não deveria ocupar
aquele espaço) dentro da cabeça.
MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO:
O sangue arterial entra e o venoso sai -> o sangue venoso tem como diminuir, pela jugular interna; o
arterial não como, porque entra pela carótida.
Elevar a cabiceira do paciente, a 30, 45º -> cérebro fica acima do coração -> melhora o retorno
venoso do cérebro para o coração.
Quando esses mecanismos não funcionam -> o indivíduo evolui mal, começa a rebaixar a
consciência e pode até entrar em coma.
“Doutrina de Monroe-Kellie”:
Pode aparecer uma massa, com um tamanho razoável, em que os mecanismos de compensação dão
conta -> ocorre extravazamento de sangue venoso e de líquor.
Mas chega em um pouco que a saída desses líquidos não são suficientes -> aumento da PIC -> HIC.
Curva de Langfitt:
É a representação da doutrina de Monroe-Kellie -> observação da relação entre PIC e volume IC.
Se o paciente chega no ponto de descompensação e não é tratado -> morre rapidamente porque a
PIC aumenta de maneira muito rápida (abrupta) após certo momento.
Isso acontece porque chega em determinado momento em que o sangue venoso e o líquor já
saíram no seu limite, então até esse momento é possível ainda controlar a PIC, mas depois essas
saídas de líquidos cessam e não há mais mecanismos possíveis para aliviar a PIC alta.
- 2ª fase: apesar do volume aumentar, não ocorre descompensação, porque aqui os mecanismos de
compensação funcionam; até que terminam e passa pra fase 3 -> essa fase vai até 20mmHg.
- 3ª fase: Cessam os mecanismos de compensação, não tem mais complascência -> descompensação
da pressão -> aumento da PIC.
MECANISMOS DE MORTE:
OBS: A PAM não é a pressão que chega no cérebro, porque existe a resistência da PIC -> a pressão de
perfusão cerebral (PPC) que, sim, é a que chega no cérebro.
A pressão arterial aumenta quando a PPC cai -> hipertensão arterial reacional ou reativa =
Reflexo de Cushing.
Assim, uma lesão cerebral que causa aumento da PIC -> aumenta a PAM também.
Mecanismos:
HERNIAÇÃO:
É a saída do tecido nervoso para outra área onde ele não está presente.
Uncus temporal: fica localizado na fossa média, muito próximo ao tronco encefálico.
Swiling difuso -> saída da incisura da tenda -> comprime mesencéfalo por cima -> atinge os dois
nervos oculomotores (bilateralmente) -> pupilas midriáticas e arreflexivas de ambos os lados.
A parte externa do nervo que tem a função autonômica -> se lesar só superficialmente, o paciente
apresentará somente a midríase, mas será capaz de movimentar os olhos e abrir/fechá-los; porém,
se for uma lesão inteira do nervo, o paciente apresentará midríase, ptose e plegia da movimentação
do 3º par (estrabismo divergente).
OBS: existem lesões que acometem diretamente o nervo, como a lesão axonal difusa (LAD) -> pode
lesionar parte do nervo e acontece por trauma -> no trauma, então, pode ocorrer LAD ou herniação.
Ocorre quando a pressão é muito mais alta no vértice, no topo da cabeça -> o lobo frontal passa por
debaixo da foice do cérebro, de um lado para o outro.
Alguns pacientes continuam estáveis com esse tipo de herniação, sem nem rebaixar.
Se a PIC estiver alta -> o cérebro começa a “sair” pela parte do crânio que está sem o osso,
empurrando o couro cabeludo.
É melhor do que empurrar contra o tronco encefálico, devido aos centros nele localizados.
E também porque depois que a PIC abaixa, o cérebro volta ao seu lugar normal.
OBS: Síndrome do Trefinado: acontece quando o cérebro retrai tanto quando a PIC volta ao normal,
que o couro cabeludo também entra no crânio.
Única hérnia ascendente -> o cerebelo hernia do infra pro supra, através da incisura da tenda ->
espreme o tronco encefálico.
Pode dar midríase do mesmo jeito, porque comprime o tronco (origem do 3º par).
O cerebelo desce para o forame magno -> comprime o bulbo e a medula cervical.
A velocidade que o sangue corre no vaso (FSE) depende da PPC e da resistência do sangue.
Pra essa pressão estar boa, é preciso que a PAM esteja boa e que a PIC esteja até 20mmHg.
OBS: Paciente que às vezes chega com um traumatismo e PAM alta -> não pode ficar hipotenso na
emergência -> PPC cai -> FSE vai cair -> isquemia cerebral.
Então a PAM tem que estar, no mínimo, de 80mmHg -> paciente mais estável.
OBS: ATLS preconiza o gelcro 14 do paciente na emergência-> é um acesso curto e calibroso ->
melhora o fluxo do soro que vai cair dentro do paciente -> PAM melhora mais rapidamente.
O fluxo sanguíneo cerebral tem uma curva de equilíbrio constante -> até que, a partir de certo valor,
começa a ter repercussão cerebral.
- Normal: 50-60ml.
- De 50-20ml: existe uma compensação cerebral para não gerar lesão.
- Se o fluxo cair de 10-20ml -> penumbra isquêmica = isquemia, mas sem morte neuronal.
Uma PPC de 60-100mmHg -> o fluxo não aumenta nem diminui -> somente pela variação do calibre
vascular, o FSE se mantém constante (mecanismo de autorregulação cerebral = MARC).
Chega um ponto que o limite acaba: se a PPC está muito alta -> o vaso vai contraindo para
manter o FSE, mas uma hora não tem mais jeito -> vaso fica totalmente relaxado (vasoplegia) -> PPC
aumenta muito -> edema cerebral.
Da mesma forma quando a PPC cai muito -> o vaso dilata demais -> até o momento que não
consegue mais controlar -> vasoconstrição -> fluxo começa a diminuir -> isquemia cerebral.
OBS: encefalopatia hipertensiva: o FSE aumenta tanto, que o paciente começa a ficar confuso, aéreo
e pode até rebaixar o glasgow (começa a dar edema cerebral).
1) Despolarizante:
Lesão do neurônio -> queda na atividade da bomba Na/K -> a fisiologia do neurônio é perdida ->
importante porque quanto maior a lesão do neurônio e a perda dessa bomba -> mais chance do
paciente ter crise epiléptica.
“Despolarização anóxica” -> crises epilépticas -> por isso dar anticonvulsivantes.
2) Bioquímica:
Ocorre liberação excessiva de prostaglandinas, ácido hialurônico e radicais livres -> causa uma
hipertermia cerebral (focal) muito prejudicial aos neurônios.
Além disso, pode gerar um tipo de edema, chamado “edema citotóxico”: intracelular, em que o
neurônio incha (água entra pra dentro da célula -> “explode” -> morre).
Não tem tratamento farmacológico; atualmente, pensa-se em promover uma hipotermia
corporal, que poderia proteger a lesão neurológica.
3) Vasodilatadora:
O doente que tem uma lesão cerebral -> falta oxigenação na área da lesão -> hipóxia -> produção de
ácido lático -> acidose do tecido em torno das arteríolas pré-capilares -> gera vascodilatação nessas
arteríolas -> aumenta o FSE e a PIC, mas diminui a PPC -> isquemia -> acidose -> vasodilatação; além
disso, a vasodilatação pode “quebrar” a barreira hematencefálica, gerando mais lesão -> falta de
sangue -> isquemia -> acidose láctica -> vasodilatação.
PPC cai -> fluxo sanguíneo cai -> isquemia -> acidose -> vasodilatação -> vira um CICLO (cascata).
CLÍNICA DA HIC:
Desde uma cefaleia com vômito, até evoluir mal e parar (PCR).
- Cefaleia (matinal) + vômito + edema de papila (depois de afastar cefaleia primária, por exemplo).
- Diminuição do Glasgow.
HAS 1º -> pode ser uma reação do corpo, ao aumento da PIC -> tomar cuidado para não dar anti-
hipertensivo -> porque pode diminuir a PAM -> diminuir a PPC.
- Hemiparesia contralateral + dilatação pupilar ipsilateral, anisocoria (ou fenômeno de Kernohan) ->
já começou a herniação.
Fenômeno de Kernohan: os dois sinais do mesmo lado -> midríase e hemiparesia ipsilaterais,
mas a midríase que vai dizer o lado da lesão; a hemiparesia que pode variar (déficit apendicular do
hemicorpo do mesmo lado da midríase).
Pode ser no tronco ou não; sugere lesão destrutiva dos tratos corticoespinais, no interior dos
hemisférios cerebrais ou muito próxima a eles.
Extensão dos MMSS, com rotação interna (pronação); punhos e dedos flexionados; com MMII
em extensão; e flexão plantar também.
Pode ser espontânea ou a partir de estímulos externos, como luz, ruído ou dor.
- PCR.
Monitorização da PIC:
- Se glasgow acima de 8:
Monitorizar quando for necessário -> por exemplo, um trauma de tórax -> doente é intubado e
sedado -> não é mais possível ter a escala de glasgow.