Você está na página 1de 40

Anatomia Humana II

Resumo - CABEÇA E PESCOÇO


por: Luis Nogueira, Matheus Clos, Amilton Nascimento, Nilson Valcacer

Introdução

A região da cabeça e do pescoço é uma área muito complexa, começando pela cabeça,
uma das formas de entender ela, é pensar como se fosse um conjunto de caixas
interligadas em que estruturas podem sair e entrar ou estar em cada uma delas, como se
pode observar na figura abaixo.

Em laranja temos a cavidade craniana que abriga por exemplo o encéfalo e sua
meninges, as orelhas que estão em verde possuem uma conexão como mostra na
imagem, desde sua parte mais interna que entra na cavidade craniana até a porção mais
externa delas, as órbitas em amarelo possuem a tendência de um formato de cone e
são elas que abrigam os olhos, a parede desse cone é formada por ossos, já a parte da
base pode ser aberta ou fechada pelas pálpebras.

“As cavidades nasais são as partes superiores do trato respiratório e situam-se entre as órbitas.
Elas têm paredes, assoalho e teto, que são constituídos basicamente de ossos e cartilagens. As
aberturas anteriores das cavidades nasais são as narinas e as aberturas posteriores são os
cóanos (aberturas nasais posteriores). Em continuidade às cavidades nasais encontram-se
extensões cheias de ar (seios paranasais), que se projetam lateral, superior e posteriormente aos
ossos circunvizinhos. Os maiores deles, os seios maxilares, são inferiores às órbitas.” - Gray's.
Na imagem, as cavidades nasais estão em azul, e logo abaixo delas em roxo está a
cavidade oral, cujo teto é formado pelo palato duro e palato mole e sua abertura anterior
é a rima da boca (boca) e a abertura posterior o istmo das fauces. Diferente das
cavidades nasais esta não fica sempre aberta.

É importante destacar duas regiões, a fossa infratemporal e a fossa pterigopalatina,


pois é por elas que passam o ramo mandibular (V3) e maxilar (V2) do trigêmeo,
respectivamente. Indicadas na imagem abaixo.

Na imagem abaixo em azul estão os seios paranasais e as células etmoidais.


Esta parte está mais relacionada a lembrar um pouco de Anato I e como será o decorrer
do resumo, que não será focado em ossos mas sempre que necessário vai citar
estruturas importantes de serem lembradas.

Face e Couro cabeludo

“A face é a superfície anterior da cabeça, da fronte ao queixo e de uma orelha à outra. A face
determina nossa identidade como ser humano; assim, suas malformações, cicatrizes ou outras
alterações causadas por doença ou traumatismo têm consequências marcantes que ultrapassam
os efeitos físicos.” Moore

“O couro cabeludo é formado por pele (normalmente com pelos) e tecido subcutâneo, que
cobrem o neurocrânio desde as linhas nucais superiores no occipital até as margens
supraorbitais do frontal, Lateralmente, o couro cabeludo estende-se sobre a fáscia temporal até
os arcos zigomáticos.” Moore

Normalmente estes acabam sendo os primeiros assuntos a serem dados em aula, poucos
cobrados em prova, mas que é sempre bom saber. Para começar é comum perguntar
quais são os limites da face? (Já descrito acima em negrito) e quais as camadas do
couro cabeludo? Essas partes o Moore fala bem, recomendo olhar, mas continuando, as
camadas são cinco: (1) pele, (2) tecido conectivo denso, (3) aponeurose epicrânica,
(4) tecido conectivo frouxo e (5) pericrânio.

O (4) permite um livre movimento do que se chama de couro cabeludo propriamente


dito que são as três primeiras camadas (1, 2 e 3), a aponeurose epicrânica antes era
conhecida como gálea aponeurótica. Nessa parte é preciso destacar a diferença entre
aponeurose e tendão, apesar de serem basicamente feitos dos mesmos tecidos, uma das
principais diferenças são os seus formatos, enquanto os tendões são em formato de cone
ou mais “cheios” as aponeuroses são achatadas ou planas.
Em inglês essas camadas são conhecidas como SCALP: Skin (1), subcutaneous tissue
(2), galea aponeurotica (3), loose areolar tissue (4) e pericranium (5).

A respeito dos músculos da face e do couro cabeludo é necessário estudá-los, mas


em conjunto com os nervos e fibras nervosas que os inervam, a face em sua maior parte
é composta pelos musculos da mimica facial ou expressão facial, e o responsável
pela inervação é o nervo “facial” (NC VII) *NC= Nervo Craniano, e seus ramos que serão
mais detalhados à frente.

Já no couro cabeludo, o músculo mais presente é o occipitofrontal e sua aponeurose.


Legal destacar que esse músculo é digástrico, ou seja, possui dois ventres (a parte de
músculo em si), um frontal e um occipital, conectados por um "tendão" comum, nesse
caso a aponeurose epicrânica. Este músculo também é inervado pelo nervo facial, mas
somente o ventre frontal. Cabe destacar que essa inervação é motora, sendo a inervação
sensitiva da face e da parte anterossuperior do couro cabeludo sendo feitas pelo nervo
trigêmeo (NC V) e seus ramos. Este nervo também será mais detalhado à frente.
Em relação a esses músculos é interessante saber quem são eles e suas ações, pois
devido algumas patologias podem apresentar defeitos no seu funcionamento e
principalmente, devido a isso, muitos achados clínicos são feitos a partir de testes dos
mesmos.

Nervos da Face e Couro Cabeludo

Nervo Trigêmeo

“O nervo trigêmeo (NC V) é o principal responsável pela inervação cutânea (sensitiva) da face e
da parte anterossuperior do couro cabeludo; e o nervo facial (NC VII) é o responsável pela
inervação motora dos músculos faciais” - Moore
Para começar vamos falar do nervo trigêmeo. Possui duas origens, uma aparente
encefálica e uma aparente craniana, sendo o sulco medial do pedúnculo cerebral a
primeira e a fissura orbital superior a segunda. Possui duas raízes, uma sensitiva e uma
motora, onde a raiz sensitiva vai se direcionar para o gânglio trigeminal enquanto a raiz
motora vai contornar esse gânglio.

Este gânglio por sua vez vai apresentar três divisões que são: (1) o nervo oftálmico que
será chamado de NC V1, (2) o nervo maxilar que é NC V2 e o (3) componente sensitivo
do nervo mandibular, NC V3.

“Esses nervos são nomeados de acordo com as principais áreas onde terminam: olho, maxila e
mandíbula, respectivamente. As duas primeiras divisões (nervos oftálmico e maxilar) são apenas
sensitivas. O nervo mandibular é principalmente sensitivo, mas também recebe as fibras
motoras (axônios) da raiz motora do NC V, que supre principalmente os músculos da
mastigação.” - Moore

No geral é importante saber os nervos mais importantes:

1- O nervo oftálmico, a divisão superior do nervo trigêmeo, é a menor das três divisões
do NC V. Origina-se do gânglio trigeminal como um nervo completamente sensitivo. Ao
entrar na órbita através da fissura orbital superior, o NC V1 trifurca-se em nervos frontal,
nasociliar e lacrimal. Com exceção do nervo nasal externo, os ramos cutâneos do
oftálmico chegam à pele através da abertura da órbita.
O nervo frontal, o maior ramo produzido pela trifurcação do NC V1, segue ao longo do
teto da órbita em direção a abertura da órbita, bifurcando-se aproximadamente no meio
do caminho para formar os nervos cutâneos supra orbital e supratroclear, distribuídos
para a fronte e o couro cabeludo.

O nervo nasociliar, o ramo intermediário da trifurcação do oftálmico envia ramos para o


bulbo do olho e divide-se na órbita em nervos etmoidal posterior, etmoidal anterior e
infratroclear. Os nervos etmoidais posterior e anterior deixam a órbita, e este último
segue um trajeto tortuoso através das cavidades nasais. Seu ramo terminal, o nervo
nasal externo, é um nervo cutâneo que supre a parte externa do nariz. O nervo
infratroclear é um ramo cutâneo.

O nervo lacrimal, o menor ramo da trifurcação do oftálmico é basicamente um ramo


cutâneo, porém sua maior importância está relacionada com suas fibras parassimpáticas,
enviadas através de um ramo comunicante de um gânglio associado ao nervo maxilar.
Essas fibras parassimpáticas são responsáveis pela secreção da glândula lacrimal, sendo
chamadas também de fibras secretomotoras.

2- Nervo Maxilar: a divisão intermediária do nervo trigêmeo, que deixa o crânio pelo
forame redondo, entra na fossa pterigopalatina (se comunicando com o gânglio
pterigopalatino) e segue anteriormente atravessando a fissura orbital inferior e seguindo
pelo assoalho da órbita, como nervo infraorbital, que emerge superficialmente pelo
forame de mesmo nome. Antes disso, ainda na fossa pterigopalatina, origina o nervo
zigomático. O nervo zigomático segue até a parede lateral da órbita se dividindo em
nervos zigomaticotemporal, que emite fibras secretomotoras para o nervo lacrimal (via
ramo comunicante) e zigomaticofacial. Ambos são cutâneos, sendo que o
zigomaticotemporal se distribui para a região temporal, enquanto o zigomaticofacial segue
para a proeminência da bochecha.

3- Nervo Mandibular: Responsável pela inervação dos músculos da mastigação


(pterigóideos lateral e medial, temporal e masseter), bem como os músculos
milo-hióideo, ventre anterior do músculo digástrico, músculos tensor do véu
palatino e músculo tensor do tímpano. Este nervo é o responsável pela inervação
sensitiva dos dois terços anteriores da língua, bem como do assoalho da boca, dentes
mandibulares e orelha externa. Após atravessar o forame oval alcança a fossa
infratemporal, onde está associado ao gânglio ótico. Divide-se em nervos bucal, lingual,
alveolar inferior, mentual e auriculotemporal.

Um ponto interessante em relação ao nervo auriculotemporal é sua relação com a


glândula parótida. É através desse nervo que fibras parassimpáticas secretomotoras
alcançam a glândula parótida, promovendo a produção de saliva aquosa e fina.
Então seria o nervo mandibular o responsável pela inervação parassimpática da
parótida? A resposta é não. Na verdade essas fibras são originadas do glossofaríngeo
(NC IX).

Elas primeiramente vão até o gânglio ótico, que associado ao nervo mandibular, “envia”
essas fibras para o nervo auriculotemporal. Então apesar delas chegarem na parótida
pelo auriculotemporal, sua origem é o glossofaríngeo. Elas estão somente pegando
uma carona!

Na imagem acima é possível observar a fossa infratemporal e suas principais estruturas:

Vasos: Artéria maxilar e plexo venoso pterigóideo.

Músculos: Parte inferior do músculo temporal e músculos pterigóideos lateral e medial.

Nervos: Nervos mandibular, lingual, alveolar inferior, bucal e corda do tímpano.

Gânglio ótico.

Lembrando que para visualizar a fossa infratemporal nas peças da ESA é


necessário rebater o ramo da mandíbula!
Nervo Facial

O nervo facial tem uma raiz motora que supre os músculos da expressão facial e uma
raiz sensitiva/parassimpática que corresponde ao nervo intermédio. Esse nervo
emerge do forame estilomastóideo, dando origem ao nervo auricular posterior e segue
anteriormente, sendo englobado pela glândula parótida, na qual forma o plexo
intraparotídeo. Esse plexo dá origem aos 5 ramos terminais do nervo facial:

● Ramo temporal: Músculos auricular superior, auricular anterior, ventre frontal do


músculo occipitofrontal e parte superior do músculo orbicular do olho.
● Ramo zigomático: Parte inferior do músculo orbicular do olho e alguns músculos
inferiores à órbita.
● Ramo bucal: Músculo bucinador e músculos do lábio superior.
● Ramo marginal da mandíbula: Músculo risório, músculos do lábio inferior e
mento.
● Ramo cervical: Músculo platisma.
Na imagem acima é possível observar os ramos terminais do nervo facial emergindo
através da glândula parótida.

Paralisia de Bell

A paralisia facial periférica, também denominada paralisia de Bell é caracterizada pela


flacidez dos músculos da mímica facial, assim, a característica mais conspícua da
paralisia facial unilateral é o deslocamento da rima da boca para o lado saudável, que é
produzido por uma contração sem oposição dos músculos do lado não afetado, assim, o
canto da boca cai e o lado afetado não pode tomar parte do assobio, sopro ou riso.
Ademais, a paralisia facial periférica pode acometer o nervo petroso maior e com isso
resultar em uma diminuição do lacrimejamento. Outras fibras nervosas também podem
ser acometidas e cada uma apresentar problemas nas suas respectivas funções.

Outro sinal clínico evidente na paralisia de Bell é a impossibilidade do paciente em


fechar o olho do lado afetado. É fácil pensar no motivo disso não acontecer. Como o
facial está afetado, consequentemente o orbicular do olho não é capaz de contrair, o que
impede o fechamento das pálpebras. Este sinal é denominado lagoftalmo.

Em relação à anatomia, geralmente a lesão do nervo facial ocorre mais comumente na


emergência através do forame estilomastóideo ou ainda em seu trajeto na orelha
interna, onde atravessa o canal do nervo facial e emite ramos importantes, como o
nervo petroso maior, já citado anteriormente.

P.S: Os sintomas não são contralaterais!

Inervação da língua

A língua é uma massa de músculos, divididos em dois grupos: músculos extrínsecos e


intrínsecos, sendo o primeiro um grupo que se origina fora da língua e acaba se fixando
nela, enquanto o outro é a musculatura propriamente dita, que acabam por não se fixar em
nenhum osso.

Todos os músculos da língua, com exceção do palatoglosso, recebem inervação motora


do NC XII, o nervo hipoglosso. O palatoglosso é um músculo do palato mole, inervado
pelo plexo faríngeo.

Já a inervação sensitiva, acaba sendo dividida em sensibilidade geral e especial. Para


sensibilidade geral (tato e temperatura), a túnica mucosa dos dois terços anteriores da
língua é suprida pelo nervo lingual, um ramo do NC V3 (mandibular).

Para sensibilidade especial (paladar), essa parte da língua, com exceção das papilas
circunvaladas, é suprida pelo nervo corda do tímpano, um ramo do NC VII (Facial). O
nervo corda do tímpano une-se ao nervo lingual na fossa infratemporal e segue
anteriormente em sua bainha.

A mucosa do terço posterior da língua e as papilas circunvaladas são supridas pelo


ramo lingual do nervo glossofaríngeo (NC IX), tanto para sensibilidade geral, quanto
especial.
Anatomia do Pescoço

As estruturas no pescoço são circundadas por uma camada de tela subcutânea


(hipoderme) e são divididas em compartimentos por camadas de fáscia cervical. Os
planos fasciais determinam a possível direção de disseminação de uma infecção do
pescoço.

A tela subcutânea cervical é uma camada de tecido conjuntivo adiposo situada entre a
derme da pele e a lâmina superficial da fáscia cervical. Em geral, a tela subcutânea
cervical é mais fina do que em outras regiões, sobretudo na parte anterior. Contém nervos
cutâneos, vasos sanguíneos e linfáticos, linfonodos superficiais e quantidades variáveis
de gordura. A parte anterolateral contém o músculo platisma.
TELA SUBCUTÂNEA

Antes de conhecer todos os conteúdos e trígonos presentes no pescoço, é muito


importante conhecer as camadas que os envolvem.

Logo após a derme da pele temos a tela subcutânea do pescoço, estrutura que está
associada ao músculo platisma em sua face anterolateral. Também não apresenta
uniformidade em sua espessura, sendo mais fina em determinadas regiões,
principalmente em sua parte mais anterior.

Conteúdo: Nervos cutâneos, vasos sanguíneos e linfáticos, linfonodos superficiais e


quantidades variáveis de gordura.

MÚSCULO PLATISMA

O músculo platisma cobre a face anterolateral do pescoço em íntima associação à tela


subcutânea do pescoço. Suas fibras apresentam direção oblíqua, ascendente e medial,
seguindo da fáscia muscular que cobre as partes superiores dos músculos deltoide e
peitoral maior até a margem inferior da mandíbula. As margens anteriores dos dois
músculos cruzam-se sobre o mento e se fundem aos músculos da face.

Apesar de se estenderem por toda a face anterolateral do pescoço, as fibras dos dois
músculos divergem na região mediana, deixando uma abertura que antecede a glândula
tireóide, a traquéia e a laringe.
Origem: Fáscia muscular que cobre as partes superiores dos músculos deltoide e peitoral
maior.

Inserção: Pele, TCS e músculos ao redor da boca.

Inervação: Ramo cervical do NC VII. Lembrando que esse ramo tem origem no plexo
intraparotídeo.

Relações: Profundamente ao músculo platisma temos a presença da VJI e dos ramos


cutâneos do plexo cervical, em especial o nervo cervical transverso.

FÁSCIA CERVICAL

A fáscia cervical, situada logo abaixo da tela subcutânea do pescoço e do músculo


platisma, é formada por três lâminas fasciais: superficial, pré-traqueal e pré-vertebral.

Quais são suas funções?

1) Sustentação das vísceras cervicais, músculos, vasos e linfonodos profundos.

2) Formam planos de clivagem naturais através dos quais os tecidos podem ser
separados durante a cirurgia, e limitam a disseminação de abscessos resultantes de
infecções.

3) Deslizamento de estruturas no pescoço para que se movimentem e passem umas


sobre as outras sem dificuldade, ao deglutir e virar a cabeça e o pescoço.

Agora, é necessário conhecer as suas lâminas.


LÂMINA SUPERFICIAL

Circunda todo o pescoço, estando situada imediatamente abaixo da tela subcutânea e do


músculo platisma. Nos “quatro ângulos” do pescoço, divide-se em partes superficial e
profunda para envolver os músculos trapézio e esternocleidomastóideo (ECM).

A lâmina superficial também se divide para envolver a glândula submandibular e é


responsável pela formação da cápsula fibrosa da glândula parótida. O ligamento
estilomandibular também é formado por um espessamento da fáscia.

Quais são os locais de fixação superior da lâmina superficial da fáscia cervical?

1) Linha nucal superior do occipital.


2) Processo mastóide do temporal.
3) Arco zigomático.
4) Margem inferior da mandíbula.
5) Hioide.
6) Processos espinhosos das vértebras cervicais.

Quais são os locais de fixação inferior da lâmina superficial da fáscia cervical?

1) Manúbrio do esterno.
2) Clavícula.
3) Acrômio.
4) Espinha da escápula.

LÂMINA PRÉ-TRAQUEAL

Limitada a face anterior do pescoço. Exatamente na região onde o platisma não cobre. Se
estende do hioide até o tórax, onde se funde ao pericárdio fibroso que reveste o coração.

É constituída por duas partes: uma porção muscular e outra visceral. A porção
muscular envolve os músculos infra-hióideos, enquanto a porção visceral envolve as
vísceras cervicais: traquéia, esôfago e glândula tireoide. Essa porção é contínua
superiormente com a fáscia bucofaríngea da faringe.

Superiormente ao hióide a lâmina pré-traqueal forma uma polia, através da qual o tendão
intermédio do músculo digástrico desliza.

Lateralmente contribui com a formação da bainha carotídea.


LÂMINA PRÉ-VERTEBRAL

Recobre os músculos pré-vertebrais, escalenos, nervo frênico e músculos profundos do


dorso, ou seja, recobre o trígono posterior do pescoço. Essa lâmina é contínua com a
bainha axilar que recobre o plexo braquial e vasos axilares. Entre as lâminas
pré-traqueal e pré-vertebral, forma-se a fáscia alar.

TRÍGONOS DO PESCOÇO

“O pescoço, quando visto lateralmente, apresenta um esboço grosseiramente quadrilátero que


contém os seguintes limites:
Superior: borda inferior da mandíbula e uma linha que vai do ângulo da mandíbula ao processo
mastóide
Inferior: face superior da clavícula
Anterior: linha mediana anterior do pescoço
Posterior: borda anterior do trapézio
Esta área está dividida pelo músculo esternocleidomastóideo em dois trígonos, um anterior na
frente do músculo, e um posterior atrás.”- Gardner
Trígono Posterior (lateral)

O Trígono posterior( Região Cervical Lateral) é uma importante região anatômica cujos
limites são estabelecidos a seguir:
➢ Anteriormente: Borda posterior do músculo esternocleidomastóideo (ECM).
➢ Posteriormente: Margem anterior do músculo trapézio.
➢ Inferiormente: Terço médio da clavícula, entre o trapézio e o ECM.

Ademais, esse trígono apresenta um ápice no encontro do ECM e trapézio, bem como
um teto formado pela lâmina superficial da fáscia cervical, platisma e tela
subcutânea, de interno para externo. O assoalho, por sua vez, é formado pelo
seguintes músculos: esplênio da cabeça, levantador da escápula, escaleno médio,
escaleno posterior e a primeira digitação do músculo serrátil anterior.

CONTEÚDOS DO TRÍGONO POSTERIOR


“Os mais importantes elementos do trígono posterior são o nervo acessório, os linfonodos, o
plexo braquial e a terceira parte da artéria subclávia. O nervo acessório cruza o ponto médio do
trígono posterior e localiza-se sobre o levantador da escápula. Ele está localizado no teto fascial
do trígono, enquanto que o plexo braquial se localiza profundamente entre a lâmina de
revestimento e a lâmina pré- vertebral da fáscia. Outros elementos do trígono posterior incluem
o nervo dorsal da escápula para o rombóide, o nervo torácico longo para o serrátil anterior, o
nervo para o subclávio, o nervo supra escapular e artéria transversa do pescoço (cervical
transversa).”- Gardner

Segundo o Moore, o trígono posterior é dividido pelo ventre-inferior do músculo


omo-hióideo em 2 trígonos:

❖ Trígono occipital: Cruzado pelo nervo acessório (NC XI) e em seu ápice a artéria
occipital emerge, cuja a mesma dará o nome a esta região.

❖ Trígono omoclavicular: Cruzado pela Veia Jugular Externa (VJE). Nesse trígono
se localiza a terceira parte da artéria subclávia. Os dois vasos citados são
separados pela lâmina superficial da fáscia cervical.
Vascularização

A irrigação dessa região consiste basicamente do tronco tireocervical da A. subclávia,


cujos ramos principais são: artéria supraescapular, que segue através do músculo
escaleno anterior e nervo frênico, atravessa a terceira parte da artéria subclávia e
fascículos do plexo e passa posterior a clavícula para irrigar a musculatura posterior da
escápula, ao atravessar a incisura da escápula superiormente ao ligamento transverso da
escápula.

A artéria cervical transversa cruza o nervo frênico e o músculo escaleno anterior


podendo originar a artéria dorsal da escápula, como ramo profundo. A artéria cervical
ascendente e a tireóidea inferior também são ramos do tronco.

Além disso, essa região apresenta a artéria occipital, um ramo posterior da carótida
externa que irriga a metade posterior do couro cabeludo.

Vale ressaltar que a terceira parte da artéria subclávia é a mais superficial e palpável,
passando sobre a I costela, onde pode ser comprimida. Também está localizada
posterossuperior a veia subclávia.

A drenagem é pautada na Veia Jugular Externa (VJE) formada pela união da divisão
posterior da V retromandibular com a V. auricular posterior próximo ao ângulo da
mandíbula. Essa veia cruza o ECM profundamente ao platisma, perfura a lâmina
superficial e desemboca na veia subclávia.
A veia subclávia está localizada anteriormente ao músculo escaleno anterior e nervo
frênico, unindo-se a VJI e formando a veia braquiocefálica.

Inervação

Nervo acessório: O nervo acessório possui duas porções, uma craniana e uma
espinhal. As raízes espinhais emergem da face lateral da medula espinhal em um nível
entre C3 e C7, com suas células de origem na substância cinzenta da medula. Estas
raízes vão acabar se juntando formando um tronco comum que ascende no canal
vertebral, frequentemente se comunicando com o primeiro nervo cervical e passando
através do forame magno.
Abaixo do forame jugular, a porção craniana ou bulbar, ou ramo interno, junta-se ao
vago imediatamente abaixo do gânglio inferior do vago (quando o vago sai do crânio ele
apresenta dois gânglios). Ela contém fibras motoras para os músculos esqueléticos e é
melhor considerada como uma parte do vago. Através dos ramos faríngeos e laríngeo
recorrente do vago, ela se distribui ao palato mole e para os músculos da faringe e
laringe.

A porção espinhal, ou simplesmente nervo acessório distribui-se ao


esternocleidomastóideo e ao trapézio. Após deixar o crânio, ela ocorre em direção
posterior, frequentemente superficial à veia jugular interna, e quando fica acima do
ponto médio da borda posterior do esternocleidomastóideo, o nervo acessório cruza
o trígono posterior do pescoço obliquamente, dispondo-se sobre o levantador da
escápula. Ele inerva principalmente o trapézio e o esternocleidomastóideo, assim o teste
feito a respeito desse nervo é pedindo ao paciente que faça elevação dos ombros, onde
entra em ação o trapézio e que gire a cabeça, onde grande responsável é o
esternocleidomastóideo.
Plexo Cervical: Os ramos ventrais dos 4 primeiros nervos cervicais unem-se para formar
o plexo cervical, disposto numa série irregular de alças, a partir das quais saem seus
ramos, essa disposição resulta na inervação de áreas cutâneas através de ramos de mais
de um nervo cervical.

Localização: Profundamente na parte superior do pescoço, anterior aos músculos


levantador da escápula e escaleno médio e posterior ao esternocleidomastóideo e veia
jugular interna.
Os ramos cutâneos ou superficiais do plexo inervam a pele da parte posterior da
cabeça, do pescoço e do ombro. Emergem todos ao nível do ponto médio da borda
posterior do ECM, região denominada ponto nervoso do pescoço. Serão aqui descritos:

Nervo occipital menor: Faz a volta em torno do nervo acessório e ascende ao longo da
borda posterior do ECM, corre atrás da orelha e inerva a pele da face lateral da cabeça e
da superfície craniana da orelha.

Nervo auricular magno: Ascende obliquamente através do ECM até a glândula parótida,
onde se divide para inervar a pele sobre a glândula e sobre o processo mastóide,
juntamente com as duas superfícies da orelha. Conjuntamente com o nervo
auriculotemporal é responsável também pela inervação da cápsula da glândula parótida.

Nervo cervical transverso: Cruza o ECM profundamente ao platisma e se divide em


ramos que inervam a parte lateral e anterior do pescoço.

Nervos supraclaviculares: Emergem como um tronco comum e dividem-se em anterior,


médio e posterior, que descem pelo trígono posterior cobertos pelo platisma, cruzam a
clavícula superficialmente e inervam a pele do ombro até o plano mediano.

Os principais ramos motores ou profundos do plexo cervical são a alça cervical e o


nervo frênico.

Alça cervical (C1, C2, C3): Está localizada superficialmente à bainha carótica ou no
interior desta. Apresenta uma raiz superior, que apresenta conexão com o nervo
hipoglosso, porém sendo formada por ramos de C1 e C2 e uma raiz inferior formada por
ramos de C2 e C3 que passam frequentemente lateral a VJI. A alça é responsável pela
inervação da maioria dos músculos infra-hióideos: esternotireóideo, esterno-hióideo
e omo-hióideo.

Já o músculo tireo-hióideo é inervado por ramos diretos de C1, que também inervam o
músculo gênio-hióideo, após conexão com o nervo hipoglosso. Esses ramos formam o
nervo para o músculo tireo-hióideo.
Na imagem acima é possível observar a alça cervical e os ramos cutâneos do plexo
cervical.

Nervo frênico (C3, C4, C5): Formado predominantemente por C4, mas com
contribuições de C3 e C5, origina-se na parte superior da margem lateral do músculo
escaleno anterior, ao nível da margem superior da cartilagem tireóidea.

Segue trajeto oblíquo ao escaleno anterior, sendo cruzado pela artéria cervical transversa
e supraescapular. Assim como acontece com o nervo vago, apresenta diferenças em
seu trajeto dependendo da lateralidade: No lado esquerdo segue anterior à primeira
parte da artéria subclávia, enquanto no lado direito segue anterior à segunda parte,
todavia, após isso ambos seguem posterior à veia subclávia, cruzando a artéria torácica
interna.
É responsável pela inervação motora do diafragma e sensitiva de sua parte central.
Inerva o pericárdio e a parte mediastinal da pleura parietal, assim como a parte central da
pleura parietal diafragmática.

Na imagem acima é possível observar as relações e o trajeto cervical do nervo


frênico direito.
Região Cervical Anterior

A região cervical anterior é uma importante região anatômica onde se localizam


estruturas de importância clínica significativa. Seus limites serão descritos a seguir:

Anteriormente: Linha mediana do pescoço.


Posteriormente: Margem anterior do ECM.
Superiormente: Margem inferior da mandíbula,

Essa região contém um ápice localizado na incisura jugular do manúbrio e um teto


formado pela lâmina superficial da fáscia cervical, TCS e músculo platisma. O
assoalho é formado pelas vísceras cervicais (laringe, faringe e glândula tireoide).
Devido a sua vasta relevância anatomoclínica, esse espaço é subdividido em trígonos
menores os quais serão descomplicados a seguir:
Trígono Submentual (supra-hióideo)

Região limitada inferiormente pelo osso hióide e superior e lateralmente pelos


ventres anteriores dos dois músculos digástricos, seu assoalho é formado pelo
músculo milo-hióide. Contém linfonodos, vasos submentuais e a veia jugular anterior,
cuja formação ocorre nesse trígono.

Trígono digástrico (submandibular)


Este está limitado pela borda inferior da mandíbula e pelos dois ventres do digástrico.
Mais exatamente teremos como limite anterior: ventre anterior do músculo digástrico;
limite posterior: ventre posterior do músculo digástrico e limite superior: margem
inferior da mandíbula. Seu assoalho é formado pelos músculos hioglosso e milo-hióideo.
A glândula submandibular ocupa quase todo o trígono, porém há outros elementos
importantes presentes neste trígono, sendo seu conteúdo:

1) Glândula submandibular.
2) Veia facial (superficial a glândula).
3) Artéria facial (profundamente a glândula).
4) Artéria submentual.
5) Linfonodos submandibulares.
6) Nervo hipoglosso.
7) Nervo milo-hióideo (ramo do nervo alveolar inferior).

Na imagem acima é possível observar os trígonos submandibular e submentual.


Trígono carótico

Este trígono é o de maior importância clínica, seus limites são feitos pelo ventre
posterior do músculo digástrico, ventre superior do músculo omo-hióideo e
margem anterior do ECM. Seu assoalho consiste nos músculos constritores inferior
e médio da faringe, hioglosso e tireo-hióideo.

Conteúdo:

1) Artérias: Artérias carótida comum, carótida externa, carótida interna, tireóidea


superior, lingual e facial.
2) Veias: VJI e suas tributárias que acompanham as artérias de mesmo nome.
3) Nervos: Nervos vago (X), acessório (XI), hipoglosso (XII) e raiz superior da alça
cervical (plexo cervical).
4) Linfonodos: Linfonodos cervicais laterais profundos, ao redor da VJI.
5) Vísceras: Glândula tireóide, laringe e faringe.
6) Seio carotídeo e glomo carotíco.
Trígono muscular

Região limitada pela borda anterior do ECM (limite posterior), ventre superior do
músculo omo-hióideo (limite superior) e linha mediana anterior do pescoço (limite
anterior).

Assoalho: Músculos esternotireóideo e esterno-hióideo.

Conteúdo: Vísceras cervicais (tireóide, paratireóide, timo e partes cervicais da traqueia e


esôfago).

Vascularização

A irrigação da região cervical anterior é pautada nas artérias carótidas. A artéria


carótida comum ascende medialmente a VJI na bainha carotídea dividindo- se em
carótida externa e interna ao nível da margem superior da cartilagem tireóide,
correspondendo ao nível de C4. A artéria carótida comum esquerda origina-se
diretamente do arco da aorta, apresentando assim uma parte torácica, enquanto no lado
direito origina-se do tronco braquiocefálico.

A artéria carótida interna, logo no seu início, dilata-se formando o seio carotídeo, uma
região rica em barorreceptores especializados em medir os níveis de pressão arterial.
Medialmente a este seio, encontra-se o glomo carotíco, formado por quimiorreceptores
que monitoram o nível de oxigênio no sangue. Estas estruturas são inervadas pelo nervo
do seio carótico, formado principalmente pelo nervo glossofaríngeo, mas com
contribuições do nervo vago e tronco simpático.

A artéria carótida externa segue superiormente até um ponto atrás do colo da


mandíbula, a meio caminho entre a ponta do processo mastóide e o ângulo da
mandíbula, após passar profundamente ao ventre posterior do músculo digástrico e do
músculo estilo-hióideo. Se divide no interior da glândula parótida em artéria temporal
superficial e artéria maxilar.

Ela é a princípio anteromedial à ACI, e, conforme ascende, se inclina em direção posterior


e se dispõe lateralmente a ACI. Se inicia no trígono carótico, parcialmente coberta pelo
ECM e é cruzada pelo nervo hipoglosso e veias lingual e facial. Apresenta os seguintes
ramos:

1. Artéria faríngea ascendente: Ramo medial que ascende sobre a faringe,


profundamente a ACI, irrigando a faringe, músculos pré-vertebrais, orelha média e
meninges.
2. Artéria occipital: Ramo posterior. Cruza a carótida interna e segue através do sulco
occipital do osso temporal, irrigando a metade posterior do couro cabeludo. É
cruzada pela alça formada pelo nervo hipoglosso em seu trajeto descendente a
partir do crânio.

3. Artéria auricular posterior: Ramo posterior e pré-terminal. Irriga a glândula


parótida, orelha, couro cabeludo e musculatura adjacente.

4. Artéria tireóidea superior: Ramo anterior. Segue anteroinferiormente em direção à


glândula tireóide. Emite ramos para o ECM e músculos infra-hióideos. Emite a
artéria laríngea superior e se anastomosa com a artéria tireóidea inferior.
Relaciona-se com o nervo laríngeo externo.

5. Artéria lingual: Ramo anterior. Segue em sentido superior, profundamente ao


nervo hipoglosso (NC XII) e músculo estilo-hióideo. Segue profundamente ao
hioglosso e corre ao longo da borda posterior do osso hióide, repousando sobre o
músculo constritor médio da faringe. Daí continua como artéria profunda da língua,
que ascende entre o músculo genioglosso e o músculo longitudinal inferior da
língua, correndo ao longo da superfície inferior da língua.

6. Artéria facial: Ramo anterior. Origina-se superiormente à artéria lingual,divide-se


em uma parte cervical que ascende pelo trígono carótico e penetra num sulco sobre
a borda posterior da glândula submandibular, voltando-se inferior e anteriormente
entre a glândula e o músculo pterigóideo medial, originando nesse trajeto as
artérias palatina ascendente, ramos tonsilares e glandulares, assim como a artéria
submentual. Sua parte facial origina-se ao curvar-se em torno do ângulo da
mandíbula, originando a artéria labial superior, labial inferior, nasal lateral e por fim a
artéria angular, ao nível do ângulo medial do olho. A artéria angular se comunica
com a artéria oftálmica, ramo da carótida interna.

7. Artéria temporal superficial: Menor ramo terminal da ACE, se origina entre a ATM
e a orelha, seguindo superiormente, entrando na fossa temporal e terminando no
couro cabeludo, onde se divide em ramos parietais e ramos frontais, que seguem
próximos aos ramos correspondentes do nervo auriculotemporal.

8. Artéria maxilar: Maior ramo terminal da ACE, porém só apresenta um ramo


superficial, a artéria mentual, que acompanha o nervo de mesmo nome.
Drenagem

A drenagem dessa região é feita através da VJI. Origina-se no forame jugular como
continuação direta do seio sigmóideo. Apresenta uma dilatação logo em seu início,
denominada bulbo superior da VJI. Após deixar o crânio, segue em todo seu trajeto no
interior da bainha carótica, passando profundamente ao ECM. Posteriormente à
extremidade esternal da clavícula, une-se a veia subclávia e forma a veia braquiocefálica.

Na extremidade inferior essa veia dilata-se formando o bulbo inferior. A VJI recebe
tributações da veia facial, veias linguais, veias faríngeas e veias tireóideas superior e
inferior.

Nervo Glossofaríngeo

O nervo glossofaríngeo é aferente (sensitivo) da língua e da faringe, e eferente (“motor”)


para o músculo estilofaríngeo e para a glândula parótida (inervação parassimpática).
Apresenta dois gânglios: um superior (jugular) e um inferior (petroso). Estes dois gânglios
contêm os corpos celulares das fibras aferentes.

Após deixar o crânio através do forame jugular, o nervo glossofaríngeo passa, então,
entre a veia jugular interna e ACI. Desce anterior a este último vaso, profundo ao
processo estilóide e aos músculos estiloides.

Se curva em direção anterior em torno do músculo estilofaríngeo, corre profundamente à


borda posterior do hioglosso, passando entre os constritores médio e inferior da faringe e
dá origem aos seguintes ramos: nervo timpânico; ramo comunicante com o ramo auricular
do vago, ramo para o seio carótico, ramo para o músculo estilofaríngeo, ramos tonsilares
e ramos linguais.
Nervo Hipoglosso
O nervo hipoglosso forma uma alça em direção anterior em torno da artéria occipital e
recebe um ramo do plexo faríngeo. Cruza as artérias carótida interna, externa e lingual.
Localiza-se sobre o músculo hioglosso e passa profundamente aos músculos digástrico e
milo-hióideo, se localizando abaixo do ducto submandibular e do nervo lingual. Divide-se
em ramos terminais que continuam em direção anterior entre os músculos milo-hióideo e
genioglosso, se comunicando com o nervo lingual. Os nervos NC XII direito e esquerdo
podem se unir.

Ramos: as fibras de alguns ramos do nervo hipoglosso são próprias do nervo (de
origem intracraniana) enquanto que outras fibras são simplesmente provenientes dos
nervos cervicais.

Os ramos meníngeos, a raiz superior da alça cervical, o nervo tireo-hióideo, e outro


gênio hióideo são compostos de fibras de C1 e C2.
Os ramos linguais terminais inervam os músculos extrínsecos da língua: estiloglosso,
geniohioideo e genioglosso; e os músculos intrínsecos da língua: longitudinal superior,
longitudinal inferior, transverso e vertical.

O músculo palatoglosso, também músculo extrínseco da língua, não é inervado pelo


nervo hipoglosso. Sua inervação é feita pelo nervo vago, via plexo faríngeo.
RAIZ DO PESCOÇO

A raiz do pescoço corresponde à região de união entre o pescoço, tórax e membros


superiores. Através dessa região há passagem de diversas estruturas que seguem para
esses compartimentos.

Se estende inferiormente até a abertura superior do tórax, cujos limites são: manúbrio
do esterno, primeiro par de costelas e cartilagens costais e corpo da primeira vértebra
torácica.

Quais são as principais estruturas que passam através da abertura superior do


tórax?

1) Artérias: Tronco braquiocefálico, incluindo seus ramos. Artéria Carótida Comum


Esquerda. Artéria Subclávia Esquerda. Artérias torácicas internas.
2) Veias: Veias braquiocefálicas, formadas pela união da VJI e da Veia Subclávia.
3) Nervos: Vago, Laríngeo Recorrente e Frênico.
4) Traqueia, esôfago, cúpula da pleura, ápice do pulmão e timo.

Lateralmente, a raiz do pescoço se estende até o ápice da axila, se comunicando com a


região axilar através do canal cervicoaxilar, uma passagem limitada pela primeira
costela, clavícula e margem superior da escápula.

Quais são as principais estruturas que passam através do canal cervicoaxilar?


Plexo braquial e vasos axilares.

Agora, é necessário conhecer as principais estruturas que estão presentes na raiz do


pescoço e outras estruturas presentes profundamente:

ARTÉRIA SUBCLÁVIA

A artéria subclávia direita origina-se do tronco braquiocefálico, enquanto a artéria


subclávia esquerda origina-se do arco da aorta, cerca de 1 cm distal à artéria carótida
comum esquerda.

Seus trajetos no pescoço começam posteriormente às respectivas articulações EC


enquanto ascendem através da abertura superior do tórax e entram na raiz do pescoço.

Ambas fazem uma curva superolateral, atingindo um ápice quando passam


posteriormente aos músculos escalenos anteriores. Quando começam a descer,
desaparecem posteriormente à parte média das clavículas. Ao cruzarem a margem
externa das primeiras costelas tornam-se as artérias axilares.
A artéria subclávia é dividida em três partes com base em sua relação com o músculo
escaleno anterior. A primeira porção, medial. A segunda porção, posterior. A terceira
porção, lateral. Através disso conseguimos sistematizar os ramos da artéria subclávia,
que são vários.

Ramos da primeira parte: Artéria vertebral. Artéria torácica interna. Tronco tireocervical.

E quais ramos o tronco tireocervical origina? Primeiro temos os ramos laterais, que são
as artérias cervical transversa e supraescapular. Por último temos os ramos terminais,
representados pelas artérias tireóidea inferior e cervical ascendente.

Inclusive, um fato bem interessante é que a artéria tireóidea inferior é considerada a


artéria visceral primária do pescoço (isso segundo o Moore). Essa denominação acontece
porque todas as vísceras cervicais são irrigadas por essa artéria. Então se cair na prova e
você não souber, só chutar tireóidea inferior.

Em relação à artéria vertebral é necessário se preocupar somente com o trajeto dela no


pescoço. Ou seja, antes de penetrar através do forame transverso da sexta vértebra
cervical. Após se originar da artéria subclávia, a artéria vertebral ascende posteriormente
à ACM, no espaço triangular formado entre os músculos longo do pescoço e escaleno
anterior. Uma das suas principais relações é com o gânglio cervicotorácico do tronco
simpático, também denominado gânglio estrelado, localizado posteriormente.

Ramos da segunda parte: Tronco costocervical. Esse tronco origina as artérias


intercostal suprema e cervical profunda.

Ramos da terceira parte: Artéria dorsal da escápula.

VEIA SUBCLÁVIA

A veia subclávia, a continuação da veia axilar, começa na margem lateral da costela I e


termina quando se une à VJI, formando a veia braquiocefálica, sendo esta área
denominada ângulo venoso. Segue sobre a costela I, paralelamente à artéria subclávia,
mas é separada dela pelo músculo escaleno anterior.

Uma relação interessante é que, no lado esquerdo, o ângulo venoso recebe também o
ducto torácico que traz linfa proveniente das vísceras abdominais e torácicas.
NERVO VAGO

O nervo vago, cuja origem aparente no crânio é o forame jugular, desce o pescoço no
interior da bainha carotídea, estando localizado entre a VJI e as artérias carótida interna e
carótida comum.

Ao chegar na raiz do pescoço apresenta divergências em relação ao seu trajeto. O nervo


vago direito segue anteriormente a primeira parte da artéria subclávia e posteriormente à
veia subclávia e à articulação EC para entrar no tórax. Já o nervo vago esquerdo desce
entre a artéria carótida comum esquerda e artéria subclávia esquerda, e posteriormente à
articulação EC para entrar no tórax.

Além desse trajeto é importante conhecer alguns de seus principais ramos:

1) Plexo Faríngeo: O nervo vago é o principal responsável pela formação do plexo


faríngeo que recebe também contribuições do tronco simpático e do nervo
glossofaríngeo. O plexo faríngeo é a principal fonte motora para a musculatura da
faringe e do palato mole. Lembrando que esses ramos faríngeos derivam
principalmente do ramo interno do nervo acessório, aquele que se distribui junto
com o vago!

2) Nervo laríngeo superior: Outro ramo importante do vago e também visível em


algumas peças. O nervo laríngeo superior dá origem a dois ramos principais, que
são os ramos externo e interno.

O ramo interno do nervo laríngeo superior é responsável pela sensibilidade geral


da laringe. Perfura a membrana tireo-hióidea, imediatamente acima da artéria
laríngea superior e termina enviando ramos para o nervo laríngeo recorrente.

Já o ramo externo do nervo laríngeo superior desce coberto pelo músculo


esternotireóideo e localiza-se profundamente à artéria tireoídea superior. Perfura o
músculo constritor inferior da faringe e penetra no músculo cricotireóideo, inervando
ambos.

3) Nervo laríngeo recorrente: Nervo MUITO PRESENTE nas peças e que os


professores também cobram bastante o trajeto. Assim como acontece com o vago,
o nervo laríngeo recorrente apresenta diferenças em seu trajeto e origem
dependendo da lateralidade.

No lado direito, o nervo laríngeo recorrente é originado anteriormente à primeira


parte da artéria subclávia, passando ao redor desse vaso. Já no lado esquerdo, se
origina imediatamente inferior ao arco da aorta, lateral ao ligamento arterial e
passando ao redor desse vaso.
Após isso ambos seguem o mesmo trajeto: ascendem ao longo do sulco
traqueoesofágico, alcançando a laringe. Nessa região o nervo laríngeo recorrente
apresenta íntima relação com os ramos da artéria tireóidea inferior.

É responsável pela inervação motora de todos os músculos da laringe, com exceção


do músculo cricotireóideo. É fácil pensar que lesões do nervo laríngeo recorrente
causam disfonia.

Não esquecer que o nervo vago é o principal componente cranial do sistema


nervoso parassimpático. Logo, todas as vísceras cervicais são inervadas de forma
parassimpática pelo nervo vago. Já a inervação simpática vem através do tronco
simpático!

CÚPULA DA PLEURA E ÁPICE DO PULMÃO

Continuação da pleura mediastinal e costal sobre o ápice do pulmão. Se estende


superiormente através da abertura superior do tórax até a raiz do pulmão. Seu limite
superior é o colo da primeira costela, ou seja, 3 cm acima do terço medial da
clavícula.

Tanto a cúpula quanto o ápice do pulmão estão localizados posteriormente aos


vasos subclávios, músculo escaleno anterior e nervos vago e frênico.
Posteriormente, relacionam-se com o tronco simpático.

A relação anterior da cúpula da pleura com os vasos subclávios é de extrema


importância clínica, especialmente com a veia subclávia. Durante o acesso venoso
central por punção da veia subclávia há grande risco de perfuração da cúpula da
pleura, situação que leva ao desenvolvimento de pneumotórax. O pneumotórax de
modo simplificado pode ser entendido como a entrada de ar na cavidade pleural,
espaço virtual localizado entre as pleuras parietal e visceral.

O risco de perfuração da cúpula da pleura é menor quando o acesso venoso central


é feito na VJI.

GLÂNDULA TIREÓIDE

Víscera endócrina. Consiste em dois lobos, direito e esquerdo, unidos por uma
região estreita denominada istmo. Durante as traqueostomias o istmo da glândula
tireoide é seccionado ou tracionado superiormente, permitindo acesso aos anéis
traqueais. Cada lobo apresenta um ápice, uma base e três superfícies: lateral,
medial e posterior.
Apresenta dois envoltórios: a cápsula fibrosa, mais interna e aderida ao parênquima
e a porção visceral da lâmina pré-traqueal da fáscia cervical, localizada mais
externamente. Além disso, a glândula tireoide apresenta formato de H ou U.

Localização: Trígono anterior do pescoço, anteriormente às vértebras C5 a C7.

Relações: O ápice está orientado anterior e posteriormente, localizado num espaço


entre os músculos constritor inferior da faringe e esternotireóideo. A superfície
lateral é coberta pelos músculos infra-hióideos. A superfície medial está
relacionada com a laringe, traquéia, esôfago e nervo laríngeo recorrente. A
superfície posterior relaciona-se com a bainha carotídea, músculos pré-vertebrais,
tronco simpático e glândula paratireóides.

Irrigação: Artéria tireóidea superior (ACE). Artéria tireóidea inferior (Tronco


Tireocervical). Artéria tireóidea ima (ramo inconstante do Tronco Braquiocefálico).

Drenagem: Veia tireóidea superior (VJI). Veia tireóidea média (VJI). Veia tireóidea
inferior (Veia braquiocefálica).

Inervação: Tronco simpático cervical, promovendo vasoconstrição. Nervo Vago.

TRAQUÉIA

Constituída por uma série de anéis incompletos. É contínua superiormente com a


laringe e inferiormente bifurca-se em brônquios principais esquerdo e direito.
Apresenta uma porção cervical e outra torácica, que segue até o mediastino
superior. Estende-se de C6 a T7.

Relações: As principais relações anteriores da porção cervical da traqueia são


feitas com o arco venoso jugular, músculos esterno-hióideo e esternotireóideo e
istmo da glândula tireóide. Posteriormente relaciona-se com o esôfago e com o
nervo laríngeo recorrente. Lateralmente com as artérias carótidas comuns e
superfície lateral dos lobos da glândula tireóide.

Irrigação: Artéria tireóidea inferior (Tronco Tireocervical).

Drenagem: Veia tireóidea inferior (Veia braquiocefálica).

Inervação: Nervo Laríngeo Recorrente.


ESÔFAGO

Tubo muscular que conecta a faringe, superiormente, ao estômago, localizado


inferiormente. Começa posterior a margem inferior da cartilagem cricóide, onde é
contínuo com a parte laríngea da faringe na junção faringoesofágica. A parte
cervical do êsofago acaba sendo dividida em três terços. Classificando de superior
para inferior temos: no primeiro terço (superior) terá uma presença maior de
músculo estriado, enquanto no terço médio há uma transição de estriado para liso e
no terço final (inferior) predomina músculo liso.

Estende-se da sexta vértebra cervical (C6) até a décima primeira vértebra torácica
(T11). A porção cervical corresponde a 1 ⁄ 5 do comprimento total.

Relações: Está relacionado anteriormente com a traqueia e nervo laríngeo


recorrente. Posteriormente com a coluna vertebral. Lateralmente com a superfície
lateral dos lobos da glândula tireóide e artérias carótidas comuns.

Um ponto interessante é que a traqueia cobre a borda direita do esôfago, enquanto


a borda esquerda se projeta a partir da sua parede posterior. Por conta disso o
acesso cirúrgico para o esôfago cervical se torna mais fácil nessa região (à
esquerda), já que não tem a traqueia na frente pra “atrapalhar”!

Irrigação: Artéria tireóidea inferior (Tronco Tireocervical).

Drenagem: Veia tireóidea inferior (Veia braquiocefálica).

Inervação: Nervo Laríngeo Recorrente na metade superior e Nervo Vago na


metade inferior.

Perguntas

01. A inervação do pescoço ocorre mediante os níveis de C1 a C4, cujos ramos


anteriores formam o chamado plexo cervical. Assim, marque a alternativa incorreta
sobre o plexo cervical:

a. O plexo cervical é localizado na face anteromedial do M. levantador da escápula.


Esse plexo pode se comunicar com o ramo externo do nervo acessório.
b. O plexo cervical é responsável pela inervação do M. tireo-hióideo e genio-hióideo.
c. A alça cervical é formada por ramos de C1-C4 e atua na inervação motora dos Mm.
esterno-hióideo, esternotireóideo e omo-hióideo.
d. O plexo cervical, junto com uma contribuição de C5, forma o principal nervo do
diafragma.
e. O plexo cervical possui íntima relação com o XII nervo craniano.

02. O pescoço apresenta uma rica vascularização proveniente do sistema


carotídeo e da artéria subclávia. A respeito dessa irrigação assinale a alternativa
correta:

a. A artéria carótida externa não apresenta comunicação com a artéria carótida


interna, visto que a carótida interna atua exclusivamente na irrigação do telencéfalo.
b. Os ramos terminais da A. carótida externa são a A. facial transversa e temporal
superficial.
c. As artérias carótidas direita e esquerda apresentam diferentes origens sendo a
direita proveniente de um ramo direto da aorta.
d. A artéria carótida comum bifurca-se a nível de C4, ou seja, ao nível da margem
superior da cartilagem cricóide.
e. As artérias carótidas localizam-se no trígono carotídeo onde são envoltas pela
bainha carotídea juntamente com a VJI e N. vago.
f.
03. Para facilitar o entendimento sobre o pescoço, a anatomia subdividiu essa
região em diversos trígonos. A respeito desses trígonos marque a alternativa
correta sobre as afirmativas a seguir:

I. O trígono carotídeo é limitado pelo ventre superior do omo-hióideo, ventre anterior


do digástrico e M. tireo-hióideo. Apresenta grande importância clínica, haja vista a
presença do sistema carotídeo e da VJI.
II. O trígono cervical posterior é cruzado pelo ramo externo do nervo acessório, ele se
divide em dois trígonos menores pelo ventre inferior do omo-hióideo.
III. O trígono submandibular tem como assoalho os músculos: hioglosso, milo-hióideo e
constritor médio da faringe.
IV. O músculo esternocleidomastóideo é um músculo chave na divisão cervical, sendo
inervado pelo ramo cervical do N. facial.
a. Todas as afirmações estão incorretas.
b. Apenas as afirmações II, III e IV são verdadeiras.
c. As afirmações I e II são falsas.
d. As afirmações II e III são verdadeiras.
e. Apenas a afirmação II é verdadeira.

Você também pode gostar