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Dr. Marcos Minello - Auriculoterapia 2.

Aula 36. Anatomia dos Nervos Presentes no Pavilhão Auricular

Uma das principais defesas, principalmente da visão ocidental da


auriculoterapia, é o seguinte: os nervos que chegam até o pavilhão auricular
são de grande importância e de grande poder. Então muitas das pessoas que
têm um certo bloqueio quando a gente fala em auriculoterapia, é muito
importante a gente fazer a abordagem e explicar, e também até para a gente
entender na visão ocidental da coisa, por que a auriculoterapia funciona.
Existem quatro nervos cranianos que terminam na orelha e dois nervos
cervicais, ou seja, dois nervos medulares, que chegam até o pavilhão auricular.
Então a gente vai citar e vai explicar cada um desses nervos e suas funções.
O primeiro deles é o nervo trigêmeo, o nervo trigêmeo que leva à
face, pegando parte de dentes, parte dos músculos da face, ajuda na
mastigação e tudo mais, o nervo trigêmeo, um ramo dele vai para a orelha.
Então a gente consegue fazer um trabalho de controle sobre o nervo trigêmeo.
Se eu trabalhar a área do nervo trigêmeo, eu vou trabalhar a analgesia, a
anestesia de dente, de boca, salivação, então a gente tem essa inervação aí
responsável por essa função.
Um segundo nervo que a gente tem, que chega até o pavilhão
auricular é o nervo glossofaríngeo. O que é isso? Glossofaríngeo significa
língua e faringe. Então o nervo responsável pela deglutição, pelo paladar, pela
salivação, pela fala, pelo movimento peristáltico de engolir, isso tudo é
responsabilidade do nervo glossofaríngeo. Então a gente pode entender que na
região onde eu tenho esse nervo glossofaríngeo, ao estimular o nervo
glossofaríngeo, eu estou causando uma regulação direta sobre esse nervo e
sobre as funções desse nervo.
O terceiro nervo que a gente tem, que chega até o pavilhão
auricular, é o nervo facial, ou seja, qualquer alteração de sensibilidade,
qualquer alteração de tônus, de expressão, de oleosidade, de sensação, então
para paralisia facial, para dificuldade de expressão ou a alteração de
movimento de face ou dificuldade em fala, principalmente na gesticulação da
boca, na movimentação da boca, dificuldade em fechar o olho, a gente vai ver
muito isso em paciente com acidente vascular encefálico, AVC, o famoso
derrame, paciente com paralisia facial, a gente consegue estimular diretamente

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esse nervo pelo pavilhão auricular e tem um grande sucesso sobre essas
patologias.
O quarto nervo, um dos mais importantes, todos são importantes,
lógico, mas o quarto nervo, que é importantíssimo, é o nervo vago, ele vai ser
responsável pela regulação da parte simpática e parassimpática dos órgãos e
vísceras. Como assim? A parte simpática e parassimpática. Simpático é
sempre quando eu estou ligando um órgão. Então, por exemplo, agora está
próximo do horário de almoço ou próximo do horário da janta e eu sinto um
cheiro bom, o que acontece? Na hora meu estômago começa a se movimentar,
eu sinto um borbulhismo, movimentação do meu estômago e essa
movimentação do meu estômago é dada por quê? Alguém foi lá e ligou meu
estômago, quem fez isso foi o nervo vago. Ao mesmo tempo, ele vai
preparando meu estômago com suco gástrico, que aumenta a proteção do meu
estômago. Em seguida, ele já sabe que vai ser digerida a comida e essa
comida vai passar pelo duodeno e o duodeno se comunica com a vesícula
biliar e a vesícula biliar vai ter que excretar bile ali para quebrar as gorduras.
Então ao começar a mastigar, o meu cérebro vai perceber se a
região da minha língua percebeu muita gordura, o nervo vago vai disparar
maior ou menor produção de bile para fazer a digestão e aí prepara o intestino,
aí prepara o intestino grosso, prepara os rins. Então o lance do nervo vago é
que ele liga e desliga as vísceras, fazendo com que elas funcionem mais ou
menos.
E qual é o nosso trabalho? É entender se alguém deixou a luz acesa
ou deixou apagada quando deveria estar acesa e a gente vai lá e regula.
Então, por exemplo, o paciente que não tem o movimento peristáltico no
intestino e não consegue evacuar, a gente vai lá e vai estimular um ponto do
nervo vago, um ponto em que ele esteja mais aflorado, a região do nervo vago,
são dois pontos, ponto nervo vago e ponto zero e junto eu vou lá e estimulo o
intestino e isso faz com que o intestino trabalhe mais. Ou se o meu paciente,
por exemplo, tem uma gastrite nervosa, ou seja, ele cria uma ansiedade, essa
ansiedade continua produzindo suco gástrico e isso causa um incômodo no
meu paciente, significa que o estômago está trabalhando em um momento que
não deveria. Então ao contrário do que eu fiz lá no intestino, que foi sedar o
meu intestino, diminuir a função do sistema simpático, ligando o sistema

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parassimpático no intestino, desculpa, eu estava ligando o simpático e


desligando o parassimpático para funcionar mais o intestino, no estômago eu
vou fazer exatamente o oposto. Eu vou ligar o sistema simpático, ou seja,
acender a luz no estômago, que está trabalhando em excesso, que está com a
luz acesa, eu vou apagar essa luz e fazer com que ele funcione menos.
Então em um momento pode ser que eu precise dar mais função, ou
seja, ligar o sistema simpático ou pode ser que eu precise diminuir a função, ou
seja, ligar o sistema parassimpático, ou seja, desligar o sistema simpático.
O sistema simpático é o sistema que liga as vísceras e o sistema
parassimpático é o sistema que desliga as vísceras.
Quando eu estou trabalhando com ponto SNV, que vocês vão ver
mais à frente, sistema neurovegetativo, junto com o ponto zero ou o ponto do
vago, eu vou ter uma regulação exatamente de ligar e desligar as vísceras, de
tonificação, eu vou interpretar que a tonificação, o estímulo de tonificação, que
vocês vão ver melhor mais à frente, o estímulo de tonificação faz com que eu
ligue as vísceras. O sistema de sedação faz com que eu ligue o sistema
parassimpático, ou seja, desligue o simpático, ou seja, desligue a víscera.
Então se uma víscera está funcionando muito, o que eu faço? Desligo a
víscera, o ponto da víscera, mais o ponto do nervo vago, mais o ponto SNV.
Está feito o protocolo. Ou se a víscera está trabalhando em excesso, o que eu
faço? Desligo a víscera, desliga o SNV e desligo o nervo vago e, com isso, eu
faço a regulação desse sistema.
Então é interessante a gente entender isso, que a gente tem um
nervo muito importante dentro da nossa orelha, uma terminação muito
importante na orelha, que é o nervo vago.
Os outros dois nervos que são medulares, eles vêm aqui da raiz de
C2 e C3, que é o nervo occipital menor e o nervo auricular magno. São dois
pontos importantíssimos, que chegam pelo pavilhão auricular, todos os outros
vêm pela frente, que chegam pelo pavilhão auricular por trás e enervam mais a
parte externa da orelha. E por ser serem medulares, eles é que vão ser os
nervos que vão estar intimamente ligados à região de sensibilidade do resto do
corpo. Até então a gente estava falando em face, boca, órgão e víscera, e os
músculos, tecidos e tudo mais? Isso está na parte mais superficial da pele, isso
está ligado intimamente aos nervos medulares. Então o nervo auricular maior,

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grave esses dois nomes, que vão ser importantíssimos na hora do tratamento,
nervo auricular magno ou maior, em alguns atlas anatômicos, o que dá no
mesmo, e nervo occipital menor. Esses dois nervos, o auricular magno e
occipital menor, são dois pontos na orelha, também tem esses dois pontos, e
eles inervam toda a parte externa, mas eles também têm um ponto de maior
sensibilidade.
Esses dois pontos vão ser responsáveis regular toda a parte motora
do meu corpo e parte muscular, articular, óssea e tudo mais. Então se eu
trabalho diretamente nesses dois pontos, eu vou estar trabalhando o corpo
como um todo. Então em um quadro de uma fibromialgia, num pós-dengue,
onde o paciente está com uma dor mais generalizada, esses dois pontos em
um local de maior sensibilidade do occipital menor e do auricular magno, eu
vou estar trabalhando o corpo como um todo e uma analgesia geral do
paciente. Ou não, eu vou trabalhar em determinadas regiões em que eles estão
divididos e que vão ser responsáveis mais pela cabeça, mais pela lombar ou
mais pelo joelho, isso a gente vai ver mais à frente a anatomia do pavilhão
auricular.
Então, resumindo, a gente tem 6 nervos chegando até o pavilhão
auricular: 4 são nervos cranianos e 2 são nervos medulares. Ou seja, dos
nervos cranianos, a gente tem o trigêmeo, glossofaríngeo, o facial e o nervo
vago, são os nervos cranianos, que vão até o pavilhão auricular. E a gente tem
2 nervos que são medulares: nervo occipital menor e auricular magno, que vão
ser responsáveis por toda a parte osteomuscular do nosso corpo.
Então faça suas anotações, faça seu deverzinho e coloque tudo no
caderno, isso vai te ajudar muito mais lá na frente, na hora da formulação de
pontos e por que utilizar cada ponto. Continue aí, qualquer dúvida, coloque lá
no grupo que a gente vai esclarecer. Até a próxima.

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