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Desenvolvimento auditivo

Parte 1

Fga. Dra. Elaine Colombo


20/03/2023
O QUE O FETO
ESCUTA?
A PARTIR DE
QUANDO
ESCUTA?

COMO ELE O QUE


ESCUTA FAZER COM
ISSO?
Existe sentido em futuras mães cantarem para seus
bebês aconchegados em seus ventres?

3
15cm
130g

15 SEMANAS

Formação da orelha interna.

Orelha interna: único órgão sensorial a atingir


completa diferenciação e tamanho adulto na
metade do desenvolvimento fetal.
20 SEMANAS

O sistema auditivo humano começa a funcionar.

25cm
250g
Início da aventura sonora do bebê.

5
Circulação sanguínea

Ambiente altamente atenuado

VOZ HUMANA Imerso em líquido amniótico

Articulações, passos Ossículos embebidos em mesênquima, não


ossificados e pneumatizados

Movimentos peristálticos
Imagine esse universo sonoro…
DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO

20ª e 30ª semanas:


Núcleo coclear, complexo olivar e colículo inferior- morfologia e tamanho semelhante ao do adulto.

26ª a 29ª semanas:


Mielinização da via auditiva
Extremidade proximal do nervo e tronco encefálico, até o colículo inferior

>29 semanas:
Aumento na densidade de mielina
Oligodendrócito formador da bainha de mielina dos neurônios.
Aumenta a velocidade do impulso nervoso.

8
MATURAÇÃO DA VIA AUDITIVA

Mielinização

PRIMEIRA FASE- INTRA-UTERINA:


• Maturação periférica
• Sexto mês

SEGUNDA FASE- APÓS O NASCIMENTO


• Porção central
• 18 meses
Sistema auditivo periférico e central
Posso afirmar que o som é o cartão de visitas da vida.
O sistema
Função
auditivo não se Estrutura

formará sem a
presença
incondicional
do estímulo
sonoro.
Experiência auditiva no período de maior plasticidade e maturação

Imprescindível!
6 primeiros meses são críticos.
Experiência auditiva no período de
maior plasticidade e maturação do
sistema auditivo central.
Integridade do sistema auditivo periférico e central

Pré-requisito para a aquisição e desenvolvimento


Reconhecimento e a compreensão

DETECTAR

DISCRIMINAR

PRESTAR
ATENÇÃO

LOCALIZAR SONS

MEMORIZAR

INTEGRAR
Desenvolvimento das habilidades auditivas

Detecção: Perceber a presença e ausência de sons Intraútero (20 semanas)

Discriminação: Diferenciar dois sons RN


HIERARQUIA

Localização: Identificar de onde o som vem 6m

Reconhecimento: Associação significante–significado 9m

Compreensão: Entender a fala 18-24m


ESTADO DE ALERTA
Estado 1 Sono profundo Respiração regular, olhos fechados, sem atividade espontânea.

Estado 2 Sono leve Olhos fechados, movimentos rápidos de olhos observáveis sob as
< 3m
pálpebras, baixo nível de atividade.
Estado 3 Sonolência Olhos abertos ou fechados, pálpebras em constante movimentação,
nível de atividade variável com leves sobressaltos reagindo a
estímulos externos com certa demora.
Estado 4 Alerta Olhar luminoso, focalizando a atenção, atividade motora mínima. > 3m

Estado 5 Olhos abertos Movimentos bruscos de extremidades, incluindo choramingo.

Estado 6 Choro Choro intenso.


Avaliação do comportamento auditivo
Instrumentos musicais de percussão

Instrumento Variação dBNPS Valor Médio dBNPS

Guizo I (único) 1 m da orelha 40 - 50

Guizo I (único) 20 cm da orelha 50 - 60 55

Guizo II (4 guizos) 70-80 77

Sino 80-90 85

Agogô campânula pequena 95

Agogô campânula grande 100

Prato 105
Avaliação do comportamento auditivo
Instrumentos musicais de percussão

Acessíveis
Simples
Cuidados

•Ordem crescente de intensidade.

•20 cm do pavilhão auricular.

•Intervalo de 30s.

•Evitar a interferência dos pais.

•Evitar pistas visuais.

•Brinquedo pouco atrativo.

•Concordância de dois observadores.


Avaliação do comportamento auditivo

• Estratégia para avaliar o desenvolvimento da função auditiva.

• Influência do desenvolvimento neurológico.


Estímulo elicia respostas:

Menos complexas: reflexos.


Mais complexas: automatismos inatos ou adquiridos.
Reflexo

REFLEXO COCLEOPALPEBRAL (RCP)

• Via auditiva retrococlear.

• Contração do músculo orbicular dos olhos frente a um estímulo

sonoro intenso e inesperado.

• Presente em 90-100% de indivíduos ouvintes.

• A partir da 24/25 semanas de idade gestacional.


Via aferente: nervo vestíbulococlear, tronco.
Via eferente: nervo facial

Orelha externa, orelha média, orelha interna, nervo


vestíbulococlear, núcleo coclear, complexo olivar superior,
corpo trapezóide, formação reticular, colículo inferior e suas
conexões, núcleo motor do nervo facial no tronco, ramo
temporal, músculo orbicular dos olhos (Netter, 1997).

FORMAÇÃO RETICULAR: regulação do sono e vigília,


filtragem dos estímulos sensoriais, influência do estado de
consciência e capacidade de autoregulação
Automatismo

•Regulado por estruturas do SNC (tronco encefálico, estruturas sub-corticais e córtex cerebral).

•Modificações ocorrem em épocas pré-determinadas segundo um programa biológico.

•Tendem a se modificar com o processo de maturação do SNC.

•Podem desaparecer completamente e ressurgir em patologias ou se modificar paulatinamente com o


aprimoramento da função.
Automatismo INATO

SOBRESSALTO (STARTLE)

• Estímulo acima de 90dBNPS.

• Estremecimento corporal com movimentação súbita de membros/


reflexo de Moro.

• Ocorre em 50% RN normais.

• Inibido com o processo de maturação- desaparece aos 3 meses.


HABITUAÇÃO DA REAÇÃO DE SOBRESSALTO

•Sistema reticular.
•Diminuição ou extinção da resposta de sobressalto diante de estímulos repetidos.
•Relacionada com integridade do SNC e a capacidade precoce do ser humano de aprender e memorizar
estímulos.

HABITUAÇÃO
RNT Segundo estímulo.

RNPT Segundo ou terceiro estímulo.

Alteração central ou imaturidade Quarto estímulo ou ausência.


RESPOSTA DE ORIENTAÇÃO AO SOM:

•Resposta subcortical.
•Voltar a cabeça lentamente em direção à fonte sonora.
•Automatismo inato que se modifica com a maturação do SNC.
•Decréscimo aos dois meses, reaparecimento aos quatro meses.
LOCALIZAÇÃO SONORA:

•Tronco encefálico (complexo olivar superior, colículo inferior) e córtex (lobo temporal).
•A partir de quatro meses e evolui com o aumento da idade.
•Pistas acústicas: intensidade e tempo.
RESPOSTAS AUDITIVAS
RCP Contração do músculo orbicular do olho.

Sobressalto Reação corporal global.

Atenção ao som Respostas indicativas como parada de atividade.

Procura da fonte sonora (PF) Busca a direção da fonte sonora, sem localizá-la corretamente.

Localização lateral (LL) Volta a cabeça ou o olhar imediatamente na direção da fonte sonora.

Localização de sons para baixo (LB) Localiza a fonte sonora situada 20cm abaixo do pavilhão no plano lateral.

Localização de sons para cima (LC) Localiza a fonte sonora situada 20cm acima do pavilhão no plano lateral.

Localização indireta Olha primeiramente para o lado e depois para a fonte sonora.

Localização direta Olha diretamente para a fonte sonora.


0 - 3 meses

70 a 80dBNPS (guizo 2):


Direita e esquerda.
Atenção (franzir a testa, arregalar os olhos, abrir os olhos).
Resposta de orientação ao som.

90 a 100dBNPS (blackblack e agogô):


RCP, sobressalto, habituação.

Voz:
Acalmar-se, franzir a testa, arregalar olhos ou resposta de orientação.

Sono leve, posição facilitadora.


3 - 6 meses

50 a 60 dB NPS (guizo 1):


3 meses: atenção.
4 meses: procura da fonte ou localização incompleta.
5 meses: localização lateral direita e esquerda.

100 dB NPS (agogô):


RCP

Voz:
Procura da fonte
Localização da voz materna.

Alerta, recostado
6 - 9 meses

40 a 50 dB NPS-1m (guizo 1):


Localização lateral direita e esquerda.

70 a 80 dB NPS (guizo 2):


Indireta para baixo e para cima.

100 dB NPS (agogô):


RCP

Voz materna:
Direita e esquerda- voz materna e do avaliador.

Alerta, sentado.
9- 12 meses

40 a 50 dB NPS-1m (guizo 1):


Direita e esquerda.

70 a 80 dB NPS (guizo 2):


Direta para baixo e indireta para cima.

100 dB NPS (agogô):


RCP

Voz materna:
Direita e esquerda- mãe e avaliador.

Nível de detecção de voz:


Cabina, 50 cm
Nome da criança do silêncio para o som.
Primeira resposta de localização (6 a 13 meses): 30 a 35 dB NA. Alerta, sentado.
12-18 meses

40 a 50 dB NPS:
Direita e esquerda.

70 a 80 dB NPS (guizo 2):


Direta para baixo (a partir de 10 meses)
Direta para cima (a partir de 12 meses)
À frente, atrás, acima da cabeça (a partir de 12 meses)

100 dB NPS (agogô):


RCP

9 meses- Comandos verbais


Alerta, sentado.
Reconhecimento auditivo
• Final do primeiro ano de vida.

• Preditivo de atraso de linguagem.

• A criança que não reconhece ordens: mais chance de apresentar exame neurológico alterado aos 3 anos e atraso

de linguagem

8 -10 meses: “não”.


12 -18 meses: próprio nome.
18 meses: aponta objetos.
24 meses: aponta figuras.
36 meses: histórias.
12 meses:
40dBNA- perda moderada
60dBNA- perda severa
80dBNA- perda profunda
Resumo das respostas comportamentais típicas
Níveis de referência das respostas auditivas de crianças normais
(Azevedo, 1995).
Sinais sugestivos de alteração do processamento auditivo central

• Respostas exacerbadas– desproporção entre resposta e o nível de pressão sonora do estímulo acústico. Presença

de RCP ou sobressalto para sons inferiores a 90dBNPS.

• Dificuldade de localização sonora com acuidade auditiva normal.

• Ausência de habituação do sobressalto a estímulos repetidos.

• Aumento da latência de resposta, na ausência de comprometimento do sistema tímpanoossicular.

• Ausência de RCP com acuidade auditiva normal.

• Ausência de reflexo acústico com curva timpanométrica tipo A.

• Inconsistência de respostas a tons puros, com melhores respostas para sons de espectro amplo; melhores

respostas para ruídos de banda larga (white noise) ou de banda estreita (narrow band).

• Necessidade de aumentar a duração do estímulo acústico para eliciar resposta.


AVALIAÇÃO COMPORTAMENTAL

• Monitoramento das habilidades auditivas, para crianças de risco.

• A avaliação periódica permite verificar a evolução das habilidades, que também reflete o processo de maturação do

sistema nervoso central.

NORMAL Respostas em todas as avaliações dentro do padrão de normalidade.


Crianças nascidas a termo e sem intercorrências.

ATRASO Respostas abaixo do padrão de normalidade, alcançando-o no último trimestre do primeiro ano de vida.

Criança nascida PT, atraso maturacional, alterações transitórias do SNC.

DISTÚRBIO Respostas se mantêm sempre abaixo do padrão de normalidade.


Alteração do processamento auditivo central.
OBRIGADA!

Alguma dúvida?
Você pode me encontrar em: elaine.maruta@gmail.com

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