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Dr. Marcos Minello - Auriculoterapia 2.

Aula 23. Anatomia do Pavilhão Auricular e o Feto Invertido

Para entender um pouco mais sobre anatomia, localização dos


pontos, primeiro a gente precisa se familiarizar e essa visão que a gente tem,
por exemplo, do feto invertido na orelha é uma visão muito interessante que
ajuda muito na aula de localização de pontos, principalmente quando eu não
estou com um mapa na hora que eu vou fazer a auriculoterapia. Então muitas
pessoas ficam preocupadas principalmente em gravar todos os pontos da
auriculoterapia e isso é praticamente impossível, logicamente vocês vão gravar
os principais pontos, mas o que é mais importante do que gravar? É entender a
anatomia e o posicionamento do corpo e o que tem em cada região do pavilhão
auricular.
Então, por exemplo, a visão da orelha é que ela é um feto em
posicionamento de nascimento, ou seja, um feto em posição invertida, que já
está pronto para nascer. Ou seja, a cabeça está virada para baixo e os pés
estão virados para cima. O que acontece? Dessa forma, você mesmo sem um
mapa de auriculoterapia, você consegue nortear muito e entender muito bem o
mapa e até formular o mapa na sua cabeça, porque, na verdade, o pavilhão
auricular não tem pontos, ele tem áreas, assim como no nosso corpo. Eu não
tenho um ponto da cervical, na verdade, entre a minha cabeça e o meu tronco,
existe a cervical, existe o pescoço, existe a traqueia, existe a laringe, está tudo
interligado.
Quando a gente tem essa noção, a gente tem uma noção, na
verdade, que a gente está trabalhando áreas do corpo e não pontos
específicos. E sempre que eu trabalho um ponto, eu tenho uma margem de
sensibilidade regional, então o que é importante é... muitas vezes as pessoas
pensam: “será que eu peguei o ponto milimetricamente perfeito?”, isso é
indiferente, por quê? A gente tem uma área de sensibilização de um raio de
mais ou menos um centímetro em torno do ponto que a gente colocou. Então
por mais que eu tenha um ponto muito próximo do outro, por mais que eu
coloque um ponto, eu influencio os pontos que estão no entorno mais ou
menos um centímetro de circunferência. Então as pessoas, às vezes, ficam
muito presas em um detalhezinho de localização perfeita do ponto. A gente não
é feito de pontinhos, a gente é feito de regiões. Então tem a região do pulmão,

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que entre um pulmão e outro, um pouco à frente, tem o coração. Então quando
eu vou lá no mapa e vejo que entre os dois pulmões tem o coração, na
verdade, quando você está pegando o pulmão, acaba que você está pegando o
coração também, você está usando a energia de um e do outro.
A gente coloca pontos para ficar mais preciso, mas a gente tem que
entender que quando a gente está falando de uma orelha que tem uma
proximidade de pontos muito grande, quando eu coloco em uma região, eu
acabo influenciando regiões no entorno. E quando eu tenho essa mente de que
eu estou trabalhando em uma área e não em um ponto específico, isso me
ajuda muito a ficar mais tranquilo e, bom, eu só não posso errar por mais de
dois centímetros, porque se eu errar alguns milímetros, tudo bem. Então por
isso que é interessante a gente focar principalmente em um trabalho de
macrolocalização primeiro. E, com o tempo, você vai entendendo, vai
facilitando e vai ficando mais fácil a localização dos pontos.
O primeiro ponto é: você só vai ficar bom em localização quando
você estiver atendendo muitas pessoas. Então, no início, foque em
macrolocalização e, com o tempo, você vai refinando cada vez mais.
Mas vamos, principalmente, entender cada região do corpo, no que
consiste. Então tem áreas específicas do pavilhão auricular que são
determinadas e mais fáceis de localizar o que tem. Por exemplo, no lóbulo, que
é a partezinha mais molinha do pavilhão auricular, a gente tem a face. Então
tudo o que eu encontro de face, sempre vai ter um ponto ou outro perdido ali,
tudo bem, mas na macrolocalização, a região do lóbulo fica responsável pela
face. Então olho, nariz, boca, língua, dente, mandíbula, maxila, amígdala, tudo
isso está localizado no lóbulo.
Logo depois do lóbulo, a gente tem uma região chamada de
antitrago. Então o antitrago é uma região que vem logo depois da face. Então
logo depois da face, a gente tem o quê? O crânio. Então nessa regiãozinha
aqui, a gente vai ter localizado as coisas que estão no crânio, então a gente
tem o osso frontal, o osso temporal, o osso occipital, a gente tem o ápice da
cabeça, o vértex, em alguns mapas é localizado o vértex, ou o ápice da
cabeça. Dentro, na parte interna, a gente vai ter o cérebro, o tronco cerebral, a
gente vai ter as glândulas da hipófise, a gente vai ter o subcórtex, a gente vai
ter tálamo, essa região toda de cérebro vai estar localizada no antitrago. Então,

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preciso procurar um ponto do cérebro e não estou achando, bom, eu sei que o
cérebro fica no crânio, mas ele fica dentro do crânio, ou seja, na face interna eu
vou ter o cérebro.
É por isso que quando a gente tem uma noção de macrolocalização,
a microlocalização fica muito mais fácil, porque se eu não entendo o princípio
do feto invertido, eu fico muito perdido em localizar no mapa onde está o
cérebro, onde está a boca, onde está a perna, então com isso facilita muito.
Logo depois do trago, a gente tem uma peça chamada antihélix.
Toda essa parte aqui é a antihélix. Então do que é composta a antihélix? A
antihélix é logo depois da cabeça, e aí vem a coluna, então eu tenho a coluna.
Mas depois da cabeça vem que parte da coluna? A primeira parte é a cervical,
a parte intermediária é a região torácica e a parte um pouco mais grossinha é a
região lombar. Então, dessa forma, eu tenho exatamente essa localização.
Aqui eu tenho o trago, o antitrago, que é a cabeça. Aqui eu tenho a coluna toda
do paciente, começando na cervical, depois dorsal e, por último, a lombar.
E no final da lombar, o que a gente tem? A pelve. Então essa região
toda aqui que tem um furinho, esse furinho se chama fossa triangular. A fossa
triangular tem tudo o que eu tenho dentro da pelve. Então aqui eu vou ter o
ovário, o útero, no homem vai ser o testículo e a parte do corpo cavernoso do
pênis, que, histologicamente ou embriologicamente, eles vieram de uma
mesma forma, ovário é um testículo interno, na mulher e a parte do útero e o
canal vaginal nada mais é do tecido que foi feito para virar o pênis.
E aqui na face superior, a continuidade, a gente chama isso de cruz
superior, esse quadrado aqui dessa região, a gente vai ter o membro inferior,
onde está localizado o coxofemoral, quadríceps, ísquios, joelho, perna, pé, os
dedos do pé. Onde a gente vai tratar, então, ah, tem um problema no joelho,
tem um problema na coxofemoral, tem um problema no pé. Pense sempre o
seguinte: se a cabeça do feto está aqui, a coluna está aqui, o pé do feto vai
estar lá no final. Então se a gente fosse pensar do Oiapoque ao Chuí, se a
gente for pensar no início e no fim, o que eu tenho de mais baixo ponto aqui é a
amígdala, seria mais ou menos se o feto tivesse uma boca virada para nascer
e o ápice, por dentro, eu tenho, na verdade, o ponto do pé, pela parte de dentro
ainda da cruz superior. Então eu vou ter aqui localizado o pé.

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Nessa região mais fininha, então a gente vê aqui que a fossa


triangular se divide em cruz superior e uma cruz inferior, essa partezinha mais
delgada e fininha aqui da orelha se chama cruz inferior. Na cruz inferior,
basicamente a gente tem três pontos, na aula que a gente for por ponto, a
gente vai falar, mas ali vai ter localizado um ponto de glúteo, quadril, um ponto
de nervo ciático e um ponto muito utilizado na auriculoterapia que é o SNV, que
em alguns mapas vai ser colocado como sistema neurovegetativo. Então é um
ponto que ou é conhecido como simpático ou como SNV, sistema
neurovegetativo.
Nessa região interna, que se chama concha cava e concha cimba, é
onde estão localizados todos os órgãos e vísceras. Então nessa parte de baixo,
onde tem coração, pulmão, no entorno aqui a gente tem toda a parte digestiva,
começando com a boca, a gente vai ter aqui língua, a gente tem palato
superior, inferior, mais a parte externa e aqui a parte mais digestiva, onde
começa a boca. A gente tem aqui no ápice da raiz da hélix o estômago e no
final aqui a ampola retal. Então a gente vai ver essa ferradurazinha
gastrodigestiva um pouco mais quando a gente for falar de pontos específicos
diretamente.
A gente tem essa fissurazinha aqui, esse sulco mais profundo, que
fica atrás da antihélix e anterior à antihélix, essa dobradiça aqui é onde está
localizado todo o meu membro superior. Como o feto está invertido, onde
começa a fossa vai ser a região do ombro, a parte média, mais ou menos, a
região do cotovelo e a parte final a parte da ponta dos dedos. Então o meu
paciente tem uma tendinite de punho, tem uma epicondilite, tem uma tendinite
de ombro, então são regiões que a gente vai localizar. Pense sempre: membro
superior está dentro dessa fossa aqui, fossa escafoide.
O trago, que é essa região anterior e a hélix, toda essa região
externa aqui da orelha, todo o bordo externo da orelha, que começa desde
aqui, então aqui é a raiz da hélix e ela vem subindo e contorna tudo e o trago,
ela não tem localização específica do que tem ali. Então é um pouco mais
bagunçado os pontos que estão localizados ali, a gente não pode falar que é
uma zona X ou Y da orelha. Mas zonas chaves que a gente vai, na hora da
localização dos pontos, determinar, mas é uma zona um pouco mais mista, que
tem um pouco de cada ponto, então não é uma região toda da orelha.

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Mas vamos lá rapidinho fazer o resumo, o que a gente tem? A gente


vai ter aqui no lóbulo os pontos da face. A gente vai ter aqui na região do trago
pontos do crânio. A gente vai ter toda essa parte aqui mais larguinha, a coluna,
começando da cervical, dorsal e lombar, que se divide para formar a fossa
triangular, onde a gente tem tudo o que tem dentro da pelve. Essa parte mais
larga que continua subindo se chama cruz superior, onde a gente vai ter os
pontos de membro inferior e a cruz inferior, que vai ter três pontinhos
importantes: quadril, o simpático e o nervo ciático.
A gente tem aqui a fossa escafoide, que são todos os pontos de
membro superior, começando do ponto mais baixo clavícula, ombro e o ponto
mais alto a ponta dos dedos. Dentro da concha cimba e concha cava, a gente
vai ter todos os pontos de órgãos e vísceras, aqui no talo e na hélix, a gente
não vai ter nenhuma zona específica de região do corpo do paciente, por ser
uma zona um pouco mais bagunçada, mas a gente vai ter localização de
pontos importantes lá também.
Então faça as suas anotações referentes à anatomia, foque em
olhar, principalmente quando for olhar a orelha de um paciente, olhar como se
estivesse olhando para o feto daquele paciente, por quê? Quando a gente olha
dessa forma, facilita, porque quando a gente olha o mapa de orelha e olha a
minha orelha, por exemplo, ela vai ser diferente de um paciente ou vai ser
diferente da sua orelha. Então você fala: “o mapa tem uma orelha perfeita, mas
quando eu saio do mapa e vou para outro paciente, que tem uma orelha mais
quadrada, tem uma orelha mais esticada, tem uma orelha mais larga, mais de
abano”, então conforme a gente vai vendo orelhas de tipos diferente, a gente
pode ficar um pouco mais perdido em relação ao mapa, mas se eu olhar a
macrolocalização como um feto, as localizações, se eu focar nessas
localizações como regionais, fica muito mais fácil o entendimento e a
localização do ponto em si.
Essa é uma coisa que parece boba no início, mas quando você for
focar em localização de pontos, essa localização vai facilitar muito e,
principalmente, quando você fala assim: “nossa, eu não lembro onde é o ponto
do joelho”, bom, você já sabe que membro inferior está na cruz superior, com
isso, se o paciente está com dor no joelho, basta você palpar essa região aqui
e não precisa palpar a orelha inteira e ficar perdido, você palpa simplesmente

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na região em que o paciente está sentindo algia, isso vai facilitar muito a sua
palpação e, com isso, vai fazer com que seu tratamento ganhe agilidade e ao
ganhar agilidade, se torne mais eficiente, principalmente em qualidade e
colocação de pontos e em velocidade de localização dos pontos.
Então siga anotando, lembre-se que isso aqui é um vídeo gravado,
então você pode ir pausando e fazendo as suas anotações, esse é um ponto
muito importante.

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