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DO SISTEMA
NERVOSO
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NOTA INTRODUTÓRIA
Caros colegas,
Nesta aspirante-a-sebenta podem encontrar a compilação dos meus resumos, que foram realizados
com base nas desgravadas e na sebenta do Pedro Viegas.
Como poderão perceber, se de facto decidirem ler as várias imensas e infindáveis páginas que se
seguem, não incluí as primeiras duas aulas teóricas, que são sobre ossos. Isto porque penso que o
material já existente, nomeadamente na sebenta do Pedro Viegas, está muito completo! E sejamos
sinceros, quem é que resume ossos?
Nas restantes teóricas, tentei guiar-me pelo sumário, mas muitas vezes alterei a ordem dos tópicos,
porque achei que fazia mais sentido. Sem dúvida que, para mim, o único problema de Neuro é a falta
de organização da matéria. Sinceramente, só no fim de passar os olhos pelas aulas todas é que algumas
coisas começaram a fazer sentido e receio que nas primeiras aulas tenham ocorrido gralhas por falta
de compreensão global da matéria... De qualquer forma, nestes resumos encontram a organização
possível que para mim fez mais sentido. Saliento também que os primeiros resumos foram realizados
ainda em tempos pré-covídicos (aos anos!) e por isso, podem notar uma ligeira alteração no modelo
base de resumo, que foi variando um bocadinho, para melhor, na minha opinião. Espero que
concordem.
Por fim, quero relembrar-vos que a probabilidade de encontrarem erros é (com muita pena minha)
extremamente elevada e, portanto, agradeço que nesse caso me enviem email
(analuisavale4@gmail.com). Podem também enviar-me o vosso feedback sobre os resumos, ia ficar
muito contente!
E não, não deixei erros propositados espalhados pelas várias aulas para vos fazer chumbar. Mesmo
que vos pareça um erro absurdo, foi apenas fruto da minha incapacidade. Respeitem. E, claro,
chamem-me à atenção para que o possa corrigir.
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T3 e T4; TP3 - Articulação temporo-mandibular. Músculos da mímica. Músculos da mastigação.
Músculos do pescoço
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O professor faz referência à ossificação: ir ver PPT, desgravada e aulas anteriores.
Atentar só no facto da ossificação da calota depender da presença do encéfalo.
ARTICULAÇÃO DOS OSSOS DA CABEÇA ENTRE SI – permite união, crescimento e elasticidade (suturas e
sincondroses) ou movimento (sinoviais)
→ Suturas
Correspondem a articulações fibrosas, que conectam os ossos do crânio através de ligamentos suturais
(tecido conjuntivo denso, constituído principalmente por colagénio) e que não permitem movimento
nenhum; A fusão de suturas (sinostose) inicia-se a partir da 3ª década de vida, da parte endocraniana
dos ossos para a exocraniana. As suturas sagital e coronal costumam ser as primeiras a iniciar a fusão.
Existem vários tipos:
Dentadas Serreadas
Planas Esquindileza Escamosa
→ Sincondroses – articulações entre os bordos dos ossos com cartilagem hialina de união
→ Articulações sinoviais – temporomandibular, atlanto-occipital e entre os ossículos do ouvido
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FONTANELAS
Correspondem a ligamentos suturais em crânios de bebés. São 4 e
por ordem de desaparecimento temos:
• Posterior (aos 2-3 meses)
• Esfenoidal (aos 3 meses, no local do ptérion)
• Mastoideia (aos 12 meses)
• Anterior (aos 18 meses – é a maior, em forma de romboide)
Pontos craniométricos
→ Recém-nascido:
• Neurocrânio 7 vezes maior que o viscerocrânio (no adulto é apenas 2 vezes maior)
• Órbitas volumosas devido pequena altura da face (pequeno tamanho do osso maxilar)
• Seios paranasais ausentes ou rudimentares
• Maxila: maiores dimensões transversal e sagital do que dimensão vertical; apófise frontal
proeminente, corpo pequeno, quase só apófise alveolar (alvéolos até ao pavimento da orbita)
• Mandíbula: sínfise do mento; corpo de altura reduzida; buraco mentoniano com orientação anterior;
canal mandibular muito próximo do bordo inferior; ângulo da mandíbula marcadamente obtuso
(150°); ramos pouco desenvolvidos, mas apófise coronoide relativamente desenvolvida
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• Ossos da abóbada finos e sem diplöe (forma-se aos 4 anos)
• Ausência de suturas serreadas
• Presença de sutura frontal, sínfise mentoniana, fontanelas
• Apófises mastoides apenas surge no 2º ano de vida e a sua pneumatização ocorre no 6ª ano de vida
→ Idoso
• Sinostose das suturas a partir da 3ª década de vida
• Ossos mais finos
• Fossetas granulares numerosas e profundas
• Maxila: tem maior dimensão vertical (maior seio e maior apófise alveolar); a perda dos dentes leva
a uma maior reabsorção da parte alveolar e consequente redução em altura e em espessura da face
• Mandíbula: aumento do ângulo da mandíbula face à idade adulta (de 120-130° para 140°); projeção
anterior do mento; canal mandibular e buraco mentoniano próximos do bordo superior do corpo do
osso.
NOTA: olhando para uma cabeça óssea conseguimos perceber se é de um homem ou de uma mulher,
pois no homem os arcos superciliares são mais desenvolvidos e o ângulo da mandíbula é mais para fora.
Tem uma cápsula articular fibrosa, que se fixa no contorno das faces articulares e no contorno do disco
articular (inserção superior no tubérculo articular, anteriormente e fissura escamotimpânica,
posteriormente; inferiormente insere-se no colo da mandíbula). A porção superior da cápsula é laxa e a
porção inferior está sob tensão. É revestida por uma membrana sinovial que não recobre o disco nem
as faces articulares.
Ligamentos:
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Ligamento estilomandibular – vai do vértice da apófise estiloide ao ângulo da mandíbula e é considerado
um “falso ligamento” por ser um espessamento da fáscia cervical, aparentemente sem papel funcional
na articulação.
Disco articular:
Tem uma forma muito complexa de
boné (forma oval com anel periférico
espesso e depressão central). Divide-se
em duas porções: temporal e mandibular
e a cápsula articular que o reveste
também vai ser diferente na sua porção
superior e inferior.
Tem como funções: distribuição da carga, redução da força
friccional ao separar o movimento em dois compartimentos,
reservatório de líquido lubrificante e contribuir para a flexibilidade
da articulação. Estabiliza a articulação inferiormente e destabiliza
superiormente.
À medida que a idade avança pode ficar com buracos que levam a
degenerações da articulação.
Posições:
• Posição de repouso - arcadas dentárias levemente afastadas
• Posição de oclusão - arcadas dentárias em contacto
íntimo
Movimentos:
• Depressão porção inferior do disco
• Elevação
• Protração porção superior do disco
• Retração
• Lateralidade (didução) - côndilo e o disco
articular de um lado movimentam-se
anteriormente, rodando em torno de um eixo
vertical que passa imediatamente posterior ao
côndilo do lado oposto; se houver alternância
entre os dois côndilos produzem-se
movimentos de lateralidade do queixo.
Na depressão da mandíbula inicialmente existe um
movimento dos côndilos em torno de um eixo
transversal. Enquanto esse movimento se efetua, dá-se
também um deslizamento anterior e inferior, sob os discos articulares estacionários (no espaço articular
inferior; a porção inferior da cápsula articular é tensa) e os ligamentos laterais ficam sob tensão
precocemente. Os discos articulares acompanham depois o deslizamento anterior e inferior do côndilo
(no espaço articular superior; a porção superior da cápsula articular é laxa). O movimento anterior dos
discos articulares chega até aos tubérculos articulares dos temporais; este movimento é restringido
pelas fibras elásticas que se inserem posteriormente no disco articular. Os côndilos continuam o
movimento e colocam-se sob a parte anterior da face inferior dos discos articulares – a boca está
completamente aberta; os ligamentos esfenomandibulares ficam tensos nesta fase.
A abertura da boca implica movimentos de depressão e protração.
No movimento de fecho da boca dá-se o inverso do produzido na abertura da boca.
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MÚSCULOS DA MÍMICA, DA EXPRESSÃO FACIAL OU CUTICULARES (23)
Localizam-se superficialmente e têm inserções ou influência na pele (daí “cuticulares”).
Apresentam grande variabilidade no grau de desenvolvimento, forma e poder contráctil.
Têm origem embrionária no mesenquima do 2º arco faríngeo e são inervados pelo nervo facial (VII par
craniano).
As suas principais ações são como esfíncteres ou dilatadores de orifícios, expressão facial, proteção,
mastigação e fala.
Dividem-se em:
1. Musculatura epicraniana
2. Musculatura periorbitária
3. Musculatura do nariz
4. Musculatura bucolabial
5. Outros músculos da mímica
S - PELE
C - TECIDO CONJUNTIVO DENSO Em conjunto com os músculos epicranianos, forma uma
camada fibromuscular desde a linha nucal suprema do
A - TECIDO APONEVRÓTICO occipital até às sobrancelhas.
L - TECIDO CONJUNTIVO LAXO Posteriormente, fixa-se à linha nucal suprema e à
protuberância occipital externa e anteriormente divide-se.
P - PERICRÂNIO Lateralmente, os músculos auriculares anterior e superior
estão ligado a ela.
Fina e contínua ao longo da fáscia temporal, até o arco
zigomático.
➢ Músculo occipitofrontal – 4 porções quadriláteras e finas Unida à pele pela fáscia superficial fibrosa, mais
na camada de tecido aponevrótico do escalpe frouxamente ligada ao pericrânio subjacente pelo tecido
areolar, o que lhe possibilita mover-se livremente.
AÇÕES
porção frontal - movimento anterior do
escalpe, levando à formação de rugas
transversais na testa; elevação das
sobrancelhas e da pele sobre a raiz do
nariz (expressão de surpresa, horror)
porção occipital - movimento posterior
do escalpe.
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➢ Músculo prócero
É um músculo piramidal medial à porção frontal do occipitofrontal.
➢ Músculo nasal
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4- Musculatura bucolabial (o orifício da boca e a postura dos lábios são controlados por um
complexo tridimensional de fascículos musculares, responsável pelo controlo da forma da boca e
posição dos lábios)
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4.3 – Músculos modiolares
➢ Zigomático maior6
ORIGEM - anteriormente à sutura zigomático-temporal, profundo ao orbicular do olho
INSERÇÃO - modíolo
AÇÕES - movimento superior e lateral do ângulo da boca; está envolvido na gargalhada
➢ Elevador do ângulo da boca7
ORIGEM - fossa canina da maxila, inferiormente ao buraco infraorbitário
INSERÇÃO - modíolo
AÇÕES - elevação do ângulo da boca (sorrir); contribuirão para o contorno e profundidade do sulco
nasolabial
➢ Depressor do ângulo da boca8 (sup ao buraco mentoniano)
ORIGEM - longa e linear desde o tubérculo mentoniano à linha oblíqua da mandíbula, numa posição
mais lateral
INSERÇÃO - pele e modíolo
AÇÕES - movimento inferior e lateral do ângulo da boca na abertura da fissura oral; expressão de
“tristeza”
➢ Porção modiolar do platisma
➢ Risório9
ORIGEM - fáscia sobre o masséter
INSERÇÃO - modíolo
AÇÕES - movimento lateral do ângulo da boca; sorriso, gargalhada
➢ Bucinador10 (situa-se entre a maxila e a mandíbula)
Dá continuidade entre os músculos da cavidade oral e os músculos da orofaringe através da sua origem
no rafe pterigomandibular (localizado entre o gancho da lâmina medial da apófise pterigoide e a
extremidade posterior da linha milo-hioideia). É perfurado pelo canal parotídeo.
- Fibras centrais – pterigomandibulares (intersetam o modíolo)
- Fibras superiores – maxilares (passam para o lábio superior, entrecruzando-se com o orbicular da
boca)
- Fibras inferiores – mandibulares (passam para o lábio inferior)
AÇÕES - compressão das bochechas contra dentes e gengivas, complementando os movimentos da
língua durante a mastigação; importante no “sopro” e para tocar instrumentos de sopro
IMPORTÂNCIA DO MODÍOLO
O modíolo corresponde a uma estrutura fibromuscular compacta e móvel, localizada
lateralmente ao ângulo da boca, para onde convergem vários músculos, em diferentes planos.
É extremamente importante por ser responsável pela integração da atividade muscular das
bochechas, lábios e fissura oral (é uma base fixa para a ação do bucinador e do orbicular da
boca e regula a posição dos lábios e da boca. Para além disso, está envolvido em inúmeras
expressões faciais, na fala e emissão de sons.
Os principais músculos responsáveis pela manutenção da posição do modíolo são: zigomático
maior, elevador do ângulo da boca, depressor do ângulo da boca, porção modiolar do platisma.
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4.4 – Músculos esfincterianos
➢ Orbicular da boca12
ORIGEM - maxila e mandíbula, associando-se a outros músculos; forma elipses que rodeiam a cavidade
oral
INSERÇÃO - pele e membrana mucosa
AÇÕES - fecho da cavidade oral; protrusão dos lábios; envolvido no “assobio”
➢ Auricular anterior
➢ Auricular superior
➢ Auricular posterior
➢ Temporal
ORIGEM - fossa temporal inferiormente à linha temporal inferior e face profunda da fáscia temporal
INSERÇÃO - através de um tendão na apófise coronoide e bordo anterior do ramo da mandíbula
AÇÕES - elevação da mandíbula; retração da mandíbula (fibras posteriores)
➢ Pterigoideu medial
ORIGEM:
- porção superficial: apófise piramidal do osso palatino e tuberosidade da maxila;
- porção profunda: face medial da lâmina pterigoideia lateral e na face posterior da apófise piramidal
do osso palatino
INSERÇÃO - parte posteroinferior da face medial do ramo e ângulo da mandíbula
AÇÕES - elevação da mandíbula; contração bilateral com os pterigoideus laterais produz protração da
mandíbula; contração com o pterigoideu lateral do mesmo lado leva o mento a deslocar-se para o lado
oposto
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➢ Pterigodeu lateral
ORIGEM:
- porção superior: parte infratemporal da asa maior do esfenóide
- porção inferior: face lateral da lâmina pterigoideia lateral
INSERÇÃO - cápsula e disco articular da articulação temporomandibular e na face antero-medial do colo
da mandíbula (fóvea pterigoideia)
AÇÕES – participa na depressão da mandíbula ao deslocar anteriormente o côndilo da mandíbula
(protração) e o disco articular; a contração dos 4 pterigoideus leva a protração da mandíbula; a
contração dos 2 pterigoideus do mesmo lado leva a um movimento do mento para o lado oposto;
estabilização do côndilo da mandíbula em certos movimentos fazendo com que o côndilo fique em
contacto com o tubérculo articular.
PESCOÇO
Corresponde a uma estrutura que se estende desde a protuberância occipital externa, linha nucal
superior, apófise mastoide, ângulo da mandíbula e bordo inferior da mandíbula (linha pericrâniocervical)
até ao inlet torácico e bordos superiores da clavícula e omoplata.
O trapézio e o esternocleidomastoideu dividem o pescoço em 2 porções:
• Porção antero-lateral* – limite superior: sínfise mentoniana, bordo inferior da mandíbula, linha que une
o ângulo da mandíbula à apófise mastoide; limite inferior: incisura jugular do manúbrio, face superior da
clavícula; limite posterior: bordo anterior do trapézio
• Porção posterior.
*A porção antero-lateral, por sua vez, pode ser dividida em 2 triângulos pelo esternocleidomastoideu:
• Triângulo anterior - limite anterior: linha mediana anterior; limite posterior: bordo anterior do
esternocleidomastoideu; limite superior: bordo inferior da mandíbula e linha que se continua do ângulo
da mandíbula para a apófise mastoide. Engloba 4 triângulos:
Submentoniano (único triângulo muscular ímpar)
Limites laterais: ventres anteriores dos músculos digástricos direito e esquerdo; limite inferior:
corpo do osso hióide
Digástrico (ou submandibular)
Limite superior: base da mandíbula e linha que une o ângulo da mandíbula à apófise mastoide;
limite posterior e inferior: ventre posterior do digástrico e músculo estilo-hioideu; limite anterior
e inferior: ventre anterior do digástrico
Muscular
Limites: posterior e superior – ventre superior do omo-hioideu; inferior e posterior – bordo
anterior do esternocleidomastoideu; anterior – linha mediana anterior
Carotídeo
Limites anterior e inferior – ventre superior do omo-hioideu; limite superior: ventre posterior
do digástrico e estilo-hioideu; limite posterior: bordo anterior do esternocleidomastoideu; o
osso hióide forma o seu ângulo anterior
• Triângulo posterior – limite anterior: bordo posterior do esternocleidomastoideu; limite posterior: bordo
anterior do trapézio; limite inferior: terço médio da clavícula; teto: folheto superficial (de revestimento)
da fáscia cervical profunda; pavimento: folheto pré́-vertebral da fáscia cervical profunda sobre o esplénio
da cabeça, elevador da omoplata e escalenos. Divide-se pelo ventre inferior do omo-hioideu, que o cruza
aproximadamente 2,5 cm superior à clavícula, em 2 triângulos:
Triângulo occipital (superior e maior) - cruzado pelo nervo acessório (XI par craniano)
Triângulo supraclavicular (inferior e mais pequeno)
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FÁSCIA DA REGIÃO CERVIVAL
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MÚSCULOS DO PESCOÇO
Dividem-se em:
1- Músculos superficiais
➢ Esternocleidomastoideu
ORIGEM – a porção esternal na face anterior do manúbrio, a porção clavicular no
terço medial da clavícula e entre as duas porções na fossa supraclavicular
INSERÇÃO – apófise mastoide do temporal e metade lateral da linha nucal superior
AÇÕES - individualmente faz flexão lateral da cabeça para o lado ipsilateral, com
rotação da cabeça fazendo com que a face se oriente para o lado contralateral; em
conjunto, os dois músculos, fazem flexão da cabeça auxiliando o longo do pescoço.
O movimento visual que implica dirigir os globos oculares para os dois lados (com
rotação nivelada da cabeça) deve ser a mais frequente ação deste músculo
➢ Trapézio
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➢ Digástrico – possui dois ventres
- Ventre posterior (é inervado pelo nervo facial)
ORIGEM - incisura mastóidea do osso temporal, dirigindo-se anterior e inferiormente terminando num
tendão intermédio que perfura o tendão de inserção do músculo estilohioideu;
INSERÇÃO- através de uma ansa fibrosa no corpo e no corno maior do osso hióide
- Ventre anterior (inervação pela divisão mandibular do nervo trigémeo)
ORIGEM - tendão intermédio do ventre posterior e tem orientação anterior
e superior
INSERÇÃO - fossa digástrica da mandibula
AÇÕES - quando a mandíbula está fixa eleva o osso hióide; quando o hióide
está fixo faz a depressão da mandíbula (é um dos principais músculos
depressores da mandíbula)
➢ Esterno-hioideu
ORIGEM - face posterior do manúbrio esternal e articulação
esternoclavicular, dirigindo-se superomedialmente
INSERÇÃO - bordo inferior do corpo do osso hióide
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➢ Tiro-hioideu (pequeno e quadrilátero; profundo às porções
superiores do omo-hioideu e esterno-hioideu)
ORIGEM - linha oblíqua da cartilagem tiroideia
INSERÇÃO - corno maior e porção adjacente do corpo do osso hióide
AÇÕES - elevação da laringe se o osso hióide estiver fixo
EXCEÇÃO - este músculo não é inervado por ramos da ansa cervical, mas
sim por ramos do 1º nervo cervical.
3- Músculos pré-vertebrais
➢ Longo da cabeça
ORIGEM – a partir de um tendão, nos tubérculos anteriores das apófises
transversas de C3 A C6, dirigindo-se superiormente
INSERÇÃO – superfície inferior da porção basilar do occipital
AÇÕES – flexão da cabeça
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➢ Longo do pescoço (é profundo ao longo da cabeça, estendendo-se entre
o atlas e T3)
- Porção oblíqua superior: origem nos tubérculos anteriores das
apófises transversas de C3-C5 e inserção no tubérculo do arco anterior
do atlas
- Porção oblíqua inferior: origem na superfície anterior dos corpos de
T1-T3 e inserção nos tubérculos anteriores das apófises transversas de
C5-C6
- Porção vertical: origem na face anterior de C5-T3 E inserção na face
anterior dos corpos de C2-C4 entre as duas porções oblíquas;
AÇÕES - flexão anterior e lateral do pescoço, com rotação ligeira para o lado oposto
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ORIGENS E INSERÇÕES DOS MÚSCULOS DA AULA
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T5 – Anatomia geral do sistema nervoso periférico e plexos cervicais e braquial; TP4 – Plexos cervical
e braquial
NERVOS ESPINAIS
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- ramo colateral meníngeo: reentra no canal vertebral e inervam a dura máter, ligamentos, disco
intervertebral e vasos sanguíneos; existem a todos os níveis vertebrais, sendo que de C1 a C3 ascendem
pelo buraco magno e inervam a dura máter que recobre o clivus
- ramo dorsal: são normalmente mais pequenos (exceção de C1) e divide-se em ramos medial e lateral
para a faixa estreita de pele do dorso e músculos do dorso;
- ramo ventral: por comunicarem entre si, os vários ramos ventrais agrupam-se e formam plexos
C1 a C4 – Plexo Cervical
C5 a T1 – Plexo Braquial
Nervos intercostais:
T1 e T2 – distribuição à parede torácica e ao membro superior
T3 a T6 – distribuição exclusiva à parede torácica
T7 a T11 – distribuição às paredes torácica e abdominal
T12 – nervo subcostal
L1 a L4 – Plexo Lombar
L4 a S4 – Plexo Sagrado
S4 a Co1 – Plexo Coccígeo
Segmento medular – porção da medula espinhal em que se implantam as raízes anteriores e posteriores
de um nervo espinal.
Dermátomo – faixa de pele inervada pelas fibras de um dado segmento da medula espinal; é necessária
a contribuição de fibras dos dois segmentos da medula espinal imediatamente vizinhos para a inervação
de cada dermátomo.
PLEXO CERVICAL
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→ Ramos superficiais ou cutâneos – emergem do
ponto médio do bordo posterior do
esternocleidomastoideu
Ramos superficiais descendentes
Nervos supraclaviculares (C3 e C4) – emergem do bordo
posterior do esternocleidomastoideu e dividem-se em
ramos:
- mediais: inervam a pele na linha média até ao
nível da 2ª costela e a articulação esternoclavicular
- intermédios: inervam a pele sobre o peitoral
maior e deltóide até ao nível da 2ª costela
- laterais: inervam a pele da porção posterior e
superior do ombro
Ramos superficiais ascendentes
Nervo pequeno occipital (C2) – dirige-se posterior e superiormente
ao longo do bordo posterior do esternocleidomastoideu e inerva a
porção lateral do couro cabeludo posterior e a superfície cranial do
pavilhão auricular;
Nervo grande auricular (C2 e C3) – é o maior ramo ascendente do
plexo cervical e cruza superficialmente o esternocleidomastoideu,
dirigindo-se para o pavilhão auricular; divide-se em 2 ramos:
- ramo anterior inerva a pele da face sobre a glândula parótida e
tem conexão com o nervo facial
- ramo posterior inerva pele sobre a apófise mastoide e parte posterior do pavilhão auricular (exceto
parte superior)
Nervo transverso do pescoço (C2 e C3) – cruza a face lateral do esternocleidomastoideu e tem direção
perpendicular e anterior; divide-se em 2 ramos:
- ramo ascendente
- ramo descendente, que é profundo ao platisma e inerva a pele das regiões antero-laterias do
pescoço
→ Ramos profundos
- Mediais
Ramos comunicantes:
com o nervo hipoglosso (nervo craniano) – C 1 e C2
com o nervo vago – C1 e C2
com o componente simpático do sistema nervoso
autónomo – C1 a C4
Ramos musculares (unem-se na raiz inferior da ansa cervical)
para o reto lateral da cabeça – C1
para o reto anterior da cabeça – C1 e C2
para o longo da cabeça – C1, C2 e C3
para o longo do pescoço – C2, C3 e C4
Ansa Cervical ou do Hipoglosso – saem ramos que vão inervar os músculos
infra-hioideus, à exceção do tiro-hioideu
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Nervo frénico - nervo motor, que é o maior nervo do plexo cervical e que tem 2 ramos: pericárdico e
frénico-abdominal
- Laterais
Ramos comunicantes
para o nervo acessório
Nervos musculares:
para o esternocleidomastoideu – C2, C3 e C4, fibras propriocetivas
para o trapézio – C2, fibras propriocetivas
para o escaleno médio – C3 e C4
para o elevador da omoplata – C3 e C4 Nota: a inervação motora do esternocleidomastoideu e do
trapézio é dependente do nervo acessório, o XI par craniano
PLEXO BRAQUIAL
O plexo braquial é formado pelos ramos ventrais de C5 a T1 e as suas comunicações. Para ser
entendido, é importante perceber certos conceitos:
Raízes – recebem ramos comunicantes cinzentos do tronco simpático e unem-se para formar:
Troncos – são 3, um superior, um médio e um inferior, em relação à artéria subclávia; dividem-se em:
Divisões – sendo que há sempre uma anterior, que se vai relacionar com os nervos periféricos do
compartimento anterior do braço e do antebraço e uma posterior, sendo que as 3 divisões posteriores
se vão unir e relacionar-se com os nervos do compartimento posterior do braço e antebraço; as junções
das divisões origina:
Cordões – um lateral, um posterior e um medial, em relação à artéria axilar
Nervos terminais – correspondem aos nervos periféricos propriamente ditos.
PLEXO BRAQUIAL
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Os ramos do plexo cervical dividem-se em:
→ Ramos supraclaviculares:
Nota: O nervo frénico tem uma contribuição de C5, pelo que poderá ser
mencionado nesta divisão, embora seja um nervo do plexo cervical.
→ Ramos infraclaviculares:
- do cordão lateral
- Nervo peitoral lateral - é essencialmente motor, deriva de C5
a C7 (cordão lateral) e inerva o músculo peitoral maior.
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- do cordão medial
- Nervo peitoral medial - é essencialmente motor, deriva de C8 a T1 (cordão medial) e inerva
tanto o peitoral maior como o menor, localizando-se entre estes.
- Nervo cubital – é o maior ramo do cordão medial, deriva de (C7), C8 e T1 e recebe um ramo
comunicante da raiz lateral do nervo mediano com origem no cordão lateral, contendo fibras de C7; é
um nervo misto pois inerva todos os músculos intrínsecos da mão, exceto os 3 músculos tenares e os 2
lumbricais laterais e a pele da face palmar e dorsal do 5º dedo e metade medial do 4º e da palma da
mão associada; no antebraço inerva apenas o músculo flexor cubital do carpo e metade medial do flexor
profundo dos dedos (4º e 5º dedos). Próximo do punho vai relacionar-se com o bordo lateral do tendão
do flexor cubital do carpo. No antebraço, divide-se em vários ramos musculares:
- ramo palmar - surge meio do antebraço e dirige-se para a pele do lado medial da palma da mão
(eminência hipotenar)
- ramo dorsal - surge na parte distal do antebraço, inerva a pele da porção poostero-medial do dorso
da mão e a maior parte da pele da face posterior do 5º dedo e metade medial do 4º dedo.
Na mão, vai passar lateralmente ao pisiforme pelo canal cubital (Canal de Guyon), dividindo-se num
ramo superficial ou palmar (sensitivo – inerva pele da face palmar e dorsal do 5º dedo e metade
medial do 4º e também o músculo palmar curto) e profundo (motor – inerva todos os músculos
intrínsecos da mão, exceto os 3 músculos tenares e os 2 lumbricais laterais).
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- Raiz medial do nervo mediano (ver no fim)
- do cordão posterior
- Nervo subescapular superior - é essencialmente motor, deriva
de C5 e C6 e inerva o músculo subescapular.
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LESÕES DO PLEXO BRAQUIAL – exemplos
Nota: As lesões do nervo mediano são de maior gravidade no que diz respeito aos movimentos da
mão, devido à perda da oponência do polegar. A lesão do nervo cubital deixa uma mão relativamente
eficiente no que diz respeito aos movimentos – o movimento de pinça do indicador e polegar está
relativamente bem mantido, mesmo com a paralisia do músculo adutor do polegar. A sensibilidade da
parte lateral da mão está intacta na lesão do nervo cubital.
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EXEMPLO DE PERGUNTA COM CASO CLÍNICO
Um homem de 19 anos teve um acidente numa motorizada num local aonde a velocidade máxima
era de 50Km/h. A 80 Km/h embateu numa arvore atravessada na estrada, pois não conseguiu travar a
tempo. Foi projetado a 5 metros de distância e bateu violentamente no chão com o ombro direito e o
lado direito do capacete, que ficou danificado. Com numerosas escoriações, foi levado inconsciente
para o Centro Hospitalar Universitário de S. João.
A tomografia computorizada revelou um hematoma subdural, tendo sido operado pela neurocirurgia.
Esteve hospitalizado durante 3 semanas e durante o internamento verificou-se que o seu braço direito
apresentava uma rotação medial, enquanto o seu antebraço se encontrava em pronação. Todas as
seguintes afirmações estão corretas exceto:
a) Foi feito o diagnostico de lesão da parte superior do plexo braquial (paralisia de Erb-
Duchenne);
b) As raízes ventrais de C5 e C6 estão afetadas;
c) Os nervos radial e mediano sofreram um estiramento;
d) Os seguintes músculos foram afetados: supra-espinhoso, infra-espinhoso, subclávio,
bicípite braquial, grande parte do braquial, coracobraquial, deltoide e redondo menor;
e) A perda de sensibilidade no lado lateral do braço direito foi causada por lesão nos
dermátomos correspondentes a C5 e C6.
Correção da resposta errada: Os nervos que sofreram o estiramento foram o supraescapular, o ramo
para o subclávio, o musculocutâneo e o axilar.
32
T6 e TP5 – Inervação das paredes do tronco. Plexo Lombar. Plexo Sagrado.
Cada nervo intercostal vai imitir um ramo colateral e um ramo cutâneo lateral antes de atingir o
ângulo da costela, sendo que:
• o ramo colateral percorre o bordo superior da costela inferior e pode voltar a juntar-
se ao nervo principal antes deste originar o ramo cutâneo anterior;
• o ramo cutâneo lateral perfura os músculos intercostais obliquamente e com a exceção
dos de T1 e T2, dividem-se em ramos anterior e posterior e inervam a pele da região
lateral do tronco.
Para além destes, vão ainda existir ramos comunicantes com o tronco simpático, ramos
musculares e ramos sensitivos para a pleura e para o peritoneu.
33
Ramos T1
O ramo anterior do 1º nervo torácico divide-se numa parte superior, maior e que ascende através do
colo da primeira costela, que contribui para o plexo braquial e numa parte inferior, menor, que
corresponde ao 1º nervo intercostal e que termina no peito, como primeiro nervo cutâneo anterior do
tórax;
Ramos T2
O ramo cutâneo lateral do 2º nervo intercostal – nervo intercostobraquial – emerge da linha médio-
axilar, perfura o músculo serreado anterior e distribuiu-se para a pele e tecido subcutâneo da axila e
braço; une-se com o nervo cutâneo medial do braço.
Isto explica o fenómeno de ‘dor referida do enfarte do miocárdio’ (dor intensa no membro
superior esquerdo): a dor visceral provocada pelo enfarte do miocárdio é veiculada e entra
pela raiz posterior do 2º segmento medular torácico, tal como a informação veiculada pelo
2º nervo intercostal; assim, o SNC não é capaz de localizar corretamente a dor visceral,
provocando a dor visceral referida ao membro superior esquerdo.
Ramos T3 a T6
Percorrem o percurso normal dos nervos intercostais, maioritariamente entre os intercostais íntimos
e internos e, próximo do esterno, perfuram os internos e o peitoral maior, terminando como nervos
cutâneos anteriores do tórax e inervando a pele da parede anterior do tronco. Os seus ramos musculares
inervam os músculos intercostais, elevadores das costelas e os serreados póstero-superiores e póstero-
inferiores.
Ramos T7 a T11
Percorrem o percurso normal dos nervos intercostais e vão inervar os músculos da parede antero-
lateral do abdómen: reto abdominal, oblíquos interno e externo e transverso do abdómen. Como se
distribuem às paredes torácica e abdominal, podem ser chamados de nervos toraco-abdominais.
34
PLEXO LOMBAR
É formado pela união dos ramos ventrais de L1 a L4, com uma pequena contribuição de T12.
Caracteriza-se pela relação íntima com o músculo psoas maior e por se situar anteriormente às suas
inserções nas apófises transversas das vértebras lombares.
Relações dos nervos principais do plexo lombar com o músculo psoas maior:
anterior – nervo genitofemoral
medial – nervo obturados
lateral – nervos ílio-hipogástrico, ílio-inguinal, femoral e cutâneo lateral da coxa
Nervo ílio-hipogástrico
Tem origem no ramo ventral de L1 e surge da porção superior do bordo
lateral do músculo psoas maior, atravessando obliquamente o quadrado
lombar. Continua depois entre os músculos oblíquo interno e transverso
do abdómen. No seu percurso divide-se em:
- ramo cutâneo lateral, que se dirige para a zona glútea postero-
lateral
- ramo cutâneo anterior, que se dirige para a zona supra-púbica
É motor para os músculos oblíquo interno e transverso do abdómen e
sensitivo para a pele da região postero-lateral glútea e supra-púbica.
Comunica com os nervos subcostal e ílio-inguinal.
Nervo ílio-inguinal
Tem a mesma origem que o ílio-hipogástrico, mas é normalmente mais
pequeno e surge inferiormente a este. Entra no músculo transverso
abdominal no extremo da crista ilíaca, perfura o oblíquo interno e
atravessa o canal inguinal abaixo do cordão espermático (nos homens).
Emerge no anel inguinal superficial.
É motor para os músculos oblíquo interno e transverso do abdómen e
sensitivo para a pele sobre a raiz do pénis e porção superior do escroto
nos homens ou a pele que cobre a iminência púbica e os lábios maiores
na mulher.
Termina na sua junção com o nervo ílio-hipogástrico.
35
NOTA: se fizermos uma analogia entre L1 e um nervo intercostal, o nervo ílio-hipogástrico seria o nervo
principal, que emite um ramo cutâneo lateral e outro anterior, enquanto que o nervo ílio-inguinal seria
o seu ramo colateral.
Nervo genitofemoral
Tem origem nos ramos ventrais de L1 e L2, no interior do músculo psoas
maior. Emerge na sua superfície anterior, cruzando-a obliquamente e
divide-se acima do ligamento inguinal em:
- ramo genital, que entra no canal inguinal pelo anel inguinal
profundo, cruzando a porção inferior da artéria ilíaca externa e que
emerge como parte do cordão espermático, diferenciando-se assim do
nervo ílio-inguinal, pois continua até ao testículo.
É motor para o músculo cremáster no caso dos homens (está envolvido
no reflexo cremastérico) e sensitivo para a pele da porção anterior do
escroto nos homens ou da eminência púbica e lábios maiores na mulher.
- ramo femoral, que desce lateralmente à artéria ilíaca externa,
passa posteriormente ao ligamento inguinal e entra na bainha femoral
lateral
É sensitivo para a pele da porção antero-lateral superior da coxa.
Nervo femoral
É o maior ramo do plexo lombar e surge das divisões dorsais dos ramos
ventrais de L2 a L4, emergindo na porção inferior do bordo lateral do psoas
maior e passando depois profundamente à fáscia ilíaca. Passa para a coxa
profundamente ao ligamento inguinal e divide-se na base do triângulo
femoral em:
36
•
Divisão anterior do n. femoral
O nervo cutâneo femoral medial divide-se em ramos anterior e posterior e envia alguns ramos
através da fáscia lata para inervar a pele do lado medial da coxa. O seu ramo anterior desce no
sartório, perfura a fáscia lata a meio da coxa e divide-se num ramo que inerva a pele da coxa
medialmente e até ao joelho e noutro que se une ao ramo infra-rotuliano do nervo safeno. Já o
ramo posterior desce ao longo do bordo posterior do sartório para o joelho, perfura a fáscia lata
e une-se ao nervo safeno, emitindo também ramos cutâneos.
• O nervo cutâneo femoral intermédio perfura a fáscia lata 8cm distal ao ligamento inguinal e
inerva a pele da face anterior da coxa até ao joelho.
• O nervo para o sartório corresponde ao único ramo motor da divisão anterior do nervo femoral.
Divisão posterior do n. femoral
• O nervo safeno é o maior e mais longo ramo cutâneo do nervo femoral e desce lateralmente à
artéria femoral, entrando no canal adutor. Ao sair do canal adutor, já medialmente à artéria
femoral, emite um ramo infra-rotuliano e depois perfura a fáscia lata entre os tendões do
sartório e do grácilis, tornando-se subcutâneo para inervar a pele pré-rotuliana. Desce depois
ao longo do bordo medial da tíbia com a veia safena longa e divide-se distalmente num ramo
que continua o percurso até ao tornozelo e noutro que que se desvia para inervar a pele do lado
medial do pé.
• Os ramos musculares da divisão posterior do nervo femoral inervam: o quadricípite femoral, o
reto femoral, o vasto lateral, o vasto medial, o vasto intermédio, o articular do joelho e ainda as
articulações coxofemoral e do joelho.
Nervo obturador
Tem origem nas divisões ventrais dos ramos ventrais de L2 a L4 e emerge no
bordo medial do psoas maior. Desce ao longo da parede lateral da pelve, do
obturador interno e entra na coxa pelo buraco obturador, onde se divide em
ramos anterior e posterior, separados pelo obturador externo e pelo adutor
curto.
- ramo anterior: desce na face anterior do obturador externo e do
adutor curto, posteriormente ao pectíneo e ao adutor longo. No bordo inferior do
adutor longo comunica com o nervo cutâneo femoral medial e com o nervo
safeno, formando o plexo subsartorial que inerva a pele medial da coxa. Para
além disso, inerva a articulação coxofemoral (próximo do buraco obturador) e é
motor para os músculos: adutor longo, grácilis, adutor curto e pectíneo
(inervado também pelo nervo femoral);
- ramo posterior: perfura o obturador externo anteriormente, inerva-o e
passa posteriormente ao adutor curto para a face anterior do adutor magno,
inervando-os também (mas só lateralmente, pois medialmente é inervado pelo
nervo ciático). Ao chegar à fossa poplítea com a artéria femoral, imite ramos para
a articulação do joelho.
37
Aplicações clínicas – lesões do plexo lombar
→ O nervo ílio-hipogástrico pode ser lesado durante uma aproximação cirúrgica oblíqua ao
apêndice e a sua divisão acima da espinha ilíaca antero-superior pode enfraquecer a parede
posterior do canal inguinal, predispondo a formação de hérnias inguinais.
→ O nervo ílio-inguinal pode ser lesado durante cirurgias inguinais, provocando uma parestesia da
pele sobre a zona genital.
→ O nervo cutâneo lateral da coxa é suscetível a ser lesionado em 3 locais: próximo da coluna
vertebral, na cavidade abdominal ou na sua saída da pelve, profundamente ao ligamento
inguinal. A sua lesão causa perda de sensação, com dor associada e parestesia na superfície
antero-lateral da coxa.
→ A lesão do nervo femoral é rara, podendo, contudo, acontecer, por exemplo devido a um
acidente automóvel, a uma facada ou a um tiro. Provoca paralisia do quadricípite femoral,
impedindo a extensão do joelho. Contudo, a marcha continua a ser possível devido à ação dos
músculos adutores. Perde-se ainda a sensação na pele da parte anterior e medial da coxa, lado
medial da parte inferior da perna e bordo medial do pé.
→ A lesão isolada do nervo obturado é também muito rara, sendo que a existirem foram
provocadas por um trauma direto ou por deslocações da pelve. Lesão por enclausuramento do
nervo obturador são comuns em atletas com grandes músculos adutores longos, originando dor
crónica na face medial da coxa.
PLEXO SAGRADO
38
Nervo glúteo superior
Tem origem nas divisões dorsais dos ramos ventrais de L4, L5 e S1 e sai
da pelve pelo buraco isquiático maior, superiormente ao piriforme,
dividindo-se em 2 ramos que acompanham os ramos respetivos da
divisão profunda da artéria glútea superior:
- ramo superior, que inerva o glúteo médio
- ramo inferior, que inerva o glúteo médio, o glúteo mínimo e o
tensor da fáscia lata
Aplicações clínicas:
• A lesão do nervo glúteo inferior provoca paralisia do glúteo máximo, o que não
tem um efeito muito grande na marcha em terreno plano; o paciente apenas fica
impedido de correr, saltar ou subir escadas.
• Já a lesão do nervo glúteo superior, vai levar a uma alteração da marcha típica,
devido à paralisia dos glúteos médio e mínimo, que deixa de conseguir estabilizar
a pelve no plano coronal – provoca o sinal de Trendelenburg.
39
Nervo ciático
É o nervo de maior calibre do corpo humano (2cm) e tem origem nas divisões dorsais dos ramos
ventrais de L4, L5, S1 e S2 e das divisões ventrais dos ramos ventrais de L4-S3. Sai da pelve pelo buraco
isquiático maior, inferiormente ao piriforme e desce entre o trocânter maior e a tuberosidade isquiática
para a face posterior da coxa, sendo acompanhado medialmente pelo nervo cutâneo posterior da coxa.
Emite ramos para os músculos posteriores da coxa e para a articulação coxofemoral.
Proximalmente à fossa poplítea, divide-se em dois ramos terminais:
ramos cutâneos
Nervo sural
Nervo calcaneano medial
- nervo tibial ramos terminais
Nervo plantar medial
Nervo plantar lateral
40
• Nervo peronial comum
Tem cerca de metade do calibre do nervo tibial e deriva de L4-S3. Tem origem
no compartimento posterior da coxa, segue o bordo medial do tendão do
bicípite femoral até à cabeça lateral do gastrocnémio e dirige-se para o
perónio. Emite aqui dois ramos cutâneos:
- nervo comunicante sural, que comunica com o nervo sural e inerva a
pele da região postero-lateral da perna
- nervo sural lateral, que vai inervar a pele da porção superior e lateral
da perna
Vai depois continuar rodeando o colo do perónio e inferiormente ao longo
peronial entra no compartimento lateral da perna, entre as inserções do
peronial longo. Aí, vai dividir-se em 2 ramos:
- nervo peronial superficial, que desce no compartimento lateral
da perna profundamente ao peronial longo e inerva os músculos
peronial longo e peronial curto; ao entrar no pé, divide-se em ramo
medial, de maiores dimensões e ramo lateral, que vão inervar a pele
da superfície anterior do tornozelo e dorso do pé, exceto o espaço
entre o hálux e o 2º dedo, cuja inervação é feita pelo nervo peronial
profundo, e o lado lateral do 5º dedo, cuja inervação é feita pelo
ramo sural do nervo tibial
- nervo peronial profundo, que vai esta profundamente ao
extensor longo dos dedos e vai atingir a face anterior da membrana
interóssea, dividindo-se no tornozelo nos seus ramos terminais:
ramo terminal lateral, que cruza o tornozelo profundamente ao
curto extensor dos dedos, que inerva, bem como as articulações do
2º ao 4º dedos e ramo terminal medial, que corre sobre o dorso do
pé, anastomosa-se com o ramo medial do nervo peronial superficial
no 1º espaço interósseo e divide-se em 2 nervos digitais dorsais, que
inervam os lados adjacentes do 1º e 2º dedos.
Aplicações clínicas:
O nervo ciático é muito suscetível a lesões e pode ser afetado: por fatores da pelve, por cirurgia
ortopédica (p.e. próteses na anca), por hérnias discais ou até mesmo por uma injeção intramuscular
aplicada incorretamente – deve ser aplicada no quadrante suprolateral da nádega, sobre o glúteo
máximo.
A lesão do nervo peronial comum pode ocorrer devido a fraturas do colo do perónio ou pressão devido
ao gesso ou a estar sentado ou de joelhos muito tempo e provoca o chamado “pé pendente” – alguma
inversão devido a paralisias dos músculos do compartimento lateral da perna.
A “dor ciática” é uma patologia bastante frequente e caracteriza-se pela dor ao longo do território
sensitivo do nervo ciático (nádega, face posterior da coxa, faces posterior e lateral da perna e parte
lateral do pé). A causa mais comum é a hérnia discal. Para além da dor intensa, pode provocar fraqueza
muscular e afetar a marcha.
41
Nervo pudendo
Tem origem nas divisões ventrais dos ramos ventrais de S2 a S4 e sai da pelve pelo buraco isquiático
maior, inferiormente ao piriforme. Rodeia a espinha isquiática e o ligamento sacro-espinhoso, vai para
o buraco isquiático menor e dirige-se para a fossa isquiorretal (parede lateral). Inferiormente à sínfise
púbica vai passar para o dorso do pénis ou clitóris e origina:
- ramos retais inferiores
- nervos perineais
É motor para os músculos do períneos, como o esfíncter uretral externo, o esfíncter do ânus e o
elevador do ânus e é sensitivo para a maior parte da pele do períneo e do pénis ou clitóris.
PLEXO COCCÍGEO
É formado pelo pequeno ramo descendente de S4, pelo ramo ventral de S5 e pelo nervo espinhal
coccígeo. Emerge no hiato sagrado e curva-se em torno da margem lateral do sacro inferiormente ao
corno sagrado e perfura o ligamento isquiococcígeo para atingir a superfície pélvica superior.
Origina o nervo anococcígeo que vai perfurar o ligamento sacrotuberoso e vai inervar a pele da região
do cóccix.
Num dos mais problemáticos bairros sociais do Porto, um traficante de droga foi esfaqueado na coxa
direita. No serviço de urgência do Hospital de S. João verificou-se que a ponta da faca cortou o nervo
femoral, logo após o ligamento inguinal. Não apresentava lesões vasculares.
O paciente apresentava os seguintes sinais e sintomas, exceto:
a) O músculo quadricípite femoral direito não se contraiu quando foi pedido para efetuar a extensão
do joelho direito.
b) A sensibilidade cutânea dos lados medial e anterior da coxa foi perdida.
c) Não havia sensibilidade ao longo do bordo medial do hálux.
d) Não havia sensibilidade cutânea na parte inferior da perna
e) Durante a marcha era possível uma fraca extensão do joelho devido ao recurso aos músculos
adutores.
JUSTIFICAÇÃO: A pele que cobre o bordo medial do hálux é inervada pelo nervo perineal superficial.
42
T7 – Anatomia geral do sistema nervoso. Sistema ventricular. Meninges.
“The human brain is the most complex product of biological evolution”
43
→ Nervos cranianos
São 12 pares e em contraste com os espinais, apenas alguns são mistos. Esquematicamente:
I – nervo olfativo
II – nervo óptico
III – nervo oculomotor (inerva os músculos extraoculares)
IV – nervo troclear (único com origem na face posterior do
encéfalo)
V – nervo trigémeo (origina os nervos oftálmico, maxilar e
mandibular)
VI – nervo abducente
VII – nervo facial
VIII – nervo vestibulococlear (entra pelo meato acústico interno)
IX – nervo glossofaríngeo (passa na parte anterior do buraco
jugular)
X – nervo vago (passa na parte anterior do buraco jugular)
XI – nervo acessório (passa na parte anterior do buraco jugular)
XII – nervo hipoglosso (passa no canal do hipoglosso)
44
SISTEMA NERVOSO CENTRAL
→ Medula espinal
Localiza-se no canal cervical, terminando ao nível de L1/L2 numa estrutura designada
cone medular. Os nervos espinais originam-se na medula e emergem ao nível dos
buracos intervertebrais. Assim, os nervos espinais lombares, sagrados e coccígeo têm
de fazer um percurso vertical no interior do canal vertebral para emergirem ao nível do
respetivo buraco intervertebral, formando a cauda equina.
→ Encéfalo
O encéfalo é formado por 3 componentes:
45
NEURÓNIOS
A principal função dos neurónios é a transmissão de informação codificada para outros neurónios ou
tecidos não neuronais (por exemplo, músculos, glândulas).
Temos cerca de 86 biliões de neurónios, sendo que o cerebelo apresenta o maior número de neurónios
do encéfalo, apesar de corresponder apenas a 10% da sua massa.
46
CONCEITOS BÁSICOS
Organização somatotópica – a informação organiza-se de acordo com a sua localização no corpo e isto
verifica-se quer nos feixes da medula espinal, quer no córtex cerebral (homúnculos)
Fibras de associação – comuns no cortéx cerebral, associam as circunvoluções vizinhas e podem ser
arqueadas (curtas) ou longas; localizam-se no mesmo hemisfério
Fibras comissurais – fibras que ligam regiões com a mesma função dos dois hemisférios ou dos dois
lados da medula espinal (p.e. o corpo caloso)
Decussação – cruzamento das fibras comissurais (p.e. a decussação das pirâmides)
Fibras de projeção – fibras eferentes que saem de uma região e dirigem-se para outra
MENINGES
O SNC está protegido por estruturas ósseas (crânio e vértebras) e pelas meninges, membranas que
revestem o SNC e que permitem suspensão mecânica e a existência de líquido cefalorraquidiano, LCR,
que permite a absorção de choques e a redução do impacto.
Existem 3 meninges:
→ Dura mater
Corresponde à membrana mais externa e apresenta dois folhetos: folheto externo ou periosteal
(fortemente ligado à superfície interna do crânio) e folheto interno ou dura meníngeo (adere à
aracnoide). Estas duas camadas encontram-se fundidas, pelo que não existe, normalmente, nenhum
espaço. Contudo, existem espaços potenciais:
- espaço epidural: entre o crânio e a camada externa
- espaço subdural: entre a membrana interna e a aracnoide
Existem diversos locais onde a dura mater apresenta protusões designados septos durais, destacando-
se:
- foice do cérebro: septo dural longo, vertical e arqueado que contribui para a separação dos
dois hemisférios cerebrais ao nível da fissura longitudinal; ligado anteriormente à crista gali do etmoide
e posteriormente fundido com a tenda do cerebelo
- tenda do cerebelo: separa a superfície superior do cerebelo com os lobos occipital e temporal
do cérebro e define duas regiões (infratentorial e supratentorial); o bordo anterior é livre e rodeia o
mesencéfalo, enquanto que posteriormente está aderida ao occipital
- foice do cerebelo: separa parcialmente os dois hemisférios cerebelares
A dura mater apresenta ainda seios venosos, responsáveis pela drenagem cerebral, que apresentam
forma triangular em secção. Destaca-se o seio sagital superior, que drena para o seio transverso direito
e o seio occipital, que drena para o seio transverso esquerdo. Ao nível da protuberância occipital interna
há a confluência dos seios, para onde confluem os vários seios venosos e posteriormente, esta drena
para o seio sigmoide, saindo pelo buraco jugular através da veia jugular interna.
A irrigação da dura mater é feita pelas artérias meníngeas, que se encontram na membrana externa.
Já a inervação da dura mater é feita pelo nervo trigémeo, à exceção da fossa posterior, cuja inervação
é da responsabilidade do nervo vago e C2 e C3.
→ Aracnoide
Corresponde a uma membrana fina e avascular, que se encontra aderente ao folheto interno da dura
mater e segue os contornos do cérebro, embora não penetre nos sulcos existentes.
Entre a aracnoide e a pia mater existe o espaço subaracnoideu, onde circula o LCR.
Em alguns locais dos seios venosos existem pequenas evaginações da aracnoide, que formam as
vilosidades aracnoides – maior local de reabsorção do LCR para o sistema venoso.
48
→ Pia mater
Corresponde a uma membrana muito fina e vascularizada, que reveste a superfície do SNC, penetrando
os sulcos existentes e que apresenta uma relação íntima com a aracnoide divido às trabéculas
aracnoides, pelo que muitas vezes são vistas como um conjunto – leptomeninges.
Os plexos coroideus correspondem a invaginações da pia mater, ao nível dos ventrículos cerebrais,
onde ocorre a formação do LCR.
49
SISTEMA VENTRICULAR
Corresponde a um conjunto de cavidades contínuas, revestidas por células ependimárias e que contêm
LCR no seu interior. Existem 4 ventrículos:
- Ventrículo lateral esquerdo – contido no hemisfério cerebral esquerdo
- Ventrículo lateral direito – contido no hemisfério cerebral direito
- Terceiro ventrículo – no diencéfalo
- Quarto ventrículo – entre a protuberância e bolbo raquidiano e o cerebelo.
Os ventrículos laterais vão comunicar por um buraco intraventricular com o terceiro ventrículo entre
os tálamos. Este terceiro ventrículo vai depois comunicar com o quarto ventrículo através do aqueduto
cerebral ou aqueduto de Sylvius. Inferiormente, o quarto ventrículo vai continuar-se com o canal central
da medula espinhal. Vai também existir uma comunicação entre o espaço ventricular e o espaço
subaracnoideu e vão fazê-lo através de uma abertura mediana, que tem o epónimo de Magendie e duas
aberturas laterais, quem também têm o epónimo Luschka.
50
T8 – Medula espinal. Sistema nervoso autónomo.
PARTE 1 – MEDULA ESPINAL
Morfologia externa da medula espinal
A medula espinal localiza-se nos 2/3 superior do canal vertebral, desde
o bordo superior do atlas até ao disco intervertebral entre L1 e L2
(aproximadamente 45cm e 35g), num adulto. Já num recém-nascido, a
medula espinal termina ao nível de L3.
É continua superiormente com o bolbo raquidiano e caudalmente
sofre um estreitamento formando o cone medular. No vértice do cone
medular, origina-se uma estrutura com cerca de 20cm, que se designa
fio terminal (Filum Terminale) e que se divide em: fio terminal interno,
contínuo com a pia mater (engloba os 15cm superiores) e fio terminal
externo, contínuo com a dura mater (engloba os 5cm inferiores).
A partir de L2, o percurso das raízes dos nervos espinais torna-se cada vez mais comprido,
uma vez que estes mantêm o seu local de saída ao nível do respetivo buraco intervertebral.
Assim forma-se a chamada cauda equina, que se define como o conjunto divergente das
raízes ventrais e dorsais da medula espinhal, centradas no fio terminal, localizadas no fundo
do saco dural (cisterna lombar), entre a terminação da medula espinhal (L1-L2) e da dura
mater espinhal (S2).
Ao longo da sua extensão, a medula espinal sofre uma diminuição da largura transversal, existindo,
contudo, duas intumescências, que correspondem a zonas com uma quantidade acrescida de
motoneurónios e interneurónios, de modo a assegurar a inervação dos membros e, portanto,
relacionam-se com a formação dos plexos braquial e lombossagrado:
- Intumescência cervical: segmentos medulares: C3 a T2; máxima circunferência ao nível do
segmento medular C6 (38 mm)
- Intumescência lombar: segmentos medulares: L1 a S3; máxima circunferência ao nível do
bordo inferior do corpo de T12 (35 mm)
Ao nível da morfologia externa da medula espinal importa também referir as fissuras e sulcos que
permitem facilmente distinguir a sua orientação:
- fissura mediana anterior: na face ventral, com profundidade
média de 3mm; é revestida pela pia mater; tem a comissura branca
anterior
- sulco mediano posterior: menos profundo e menos visível;
continua-se internamente com o septo mediano posterior, que chega até
ao canal central
- sulco postero-lateral: 1,5 a 2,5mm lateral ao sulco mediano
posterior; corresponde ao local de entrada das raízes posteriores dos
nervos espinais
- sulco postero-intermédio: apenas presente nos segmentos cervicais e torácicos superiores
A medula espinal é, ainda, uma estrutura segmentada, na medida em que possui vários segmentos
medulares: região relacionada com a emergência das raízes de um dado nervo espinal. Mais
especificamente, possui 31 segmentos medulares: 8C, 12T, 5L, 5S e 1Co.
51
Cada um destes segmentos medulares vai inervar um dermátomo. Os dermátomos são mais aparentes
no tronco e mais complexos nos membros:
DESCRIÇÃO DO PROFESSOR: C7 vai abranger o dedo médio, C8 a parte medial da mão, C6 a parte lateral da mão e o
antebraço lateral, C5 a porção superior do braço, T1 a parte medial do antebraço e T2 a parte medial do braço mais
superiormente. Continua-se depois com T2 a nível do tronco e vai ter ao outro lado. T4 vai ser mais ou menos a
região do mamilo e T10 a região do umbigo. L3 e L4 cobrem o joelho, L5 vai incluir o hálux, S1 que vemos aqui
posteriormente vai cobrir o quinto dedo e o tornozelo. O cóccix está centrado no ânus, C0, o nervo coccígeo. Depois
de S1-S5, vamos ter anéis concêntricos em volta do ânus. S2 vai estar relacionado com a parte posteromedial do
membro inferior e S1 está relacionado com a parte posterolateral do membro inferior.
C2 cobre a parte de trás da cabeça e C1 é aquele fenómeno que já falamos: C1 é um nervo motor, cujos ramos da
sua raiz dorsal inervam apenas músculos profundos do pescoço, não possuindo distribuição cutânea.
• Substância branca
A substância branca localiza-se na periferia e divide-se em funículos (ou cordões):
- funículo posterior: localizado entre o sulco mediano posterior e o sulco postero-lateral; nos
segmentos cervicais e torácicos superiores, existe um sulco postero-intermédio que divide o funículo
posterior em funículo grácil (medial) e funículo cuneiforme (lateral)
- funículo antero-lateral: : localizado entre o sulco postero-lateral e a fissura mediana anterior; é
dividido pela emergência das raízes ventrais dos nervos espinais em funículo anterior (que inclui as
referidas raízes) e funículo lateral
• Substância cinzenta
A substância cinzenta localiza-se na região central da medula espinal, tem forma de H e divide-se em
cornos (ou colunas):
- corno posterior: associa-se a neurónios aferentes, isto é, possui as terminação das aferências
periféricas que são recebidas através das raízes posteriores dos nervos espinais; está, por isso, envolvido
na transmissão de informação exterocetiva, propriocetiva e interocetiva; separa-se da superfície da
região dorso-lateral da medula espinal pelo fascículo dorso-lateral ou fascículo de Lissauer, L (que
contém axónios não mielinizados, provenientes das raízes poteriores)
- corno anterior: associa-se a neurónios eferentes, isto é, contém as origens das fibras das raízes
anteriores dos nervos espinais; está, por isso, associado ao controlo voluntário ou involuntário dos
movimentos e das funções corporais; note-se que os neurónios mais laterais deste corno inervam
músculos dos membros e os neurónios mais mediais os músculos axiais
- corno lateral: só existe a torácico e lombar superior (T1-L3) e possui corpos celulares de
neurónios simpáticos pré-ganglionares, cujos axónios se dirigem via raiz espinal ventral e ramos
comunicantes para o tronco simpático
No centro da substância cinzenta existe, ao longo de toda a extensão da medula espinal, o canal central,
que é revestido por células ependimárias (produzem LCR; epitélio cúbico simples) e que possui LCR.
52
É de notar que a morfologia interna da medula espinal varia consoante as regiões medulares, sendo a
substância cinzenta maior nas intumescências.
Sulco postero-lateral Sulco postero-intermédio
Fascículo de Lissauers
CP
FL
CA
FA
Notar que não tem corno lateral
Lâminas I-IV – correspondem à porção dorsal do corno posterior, sendo o principal local de terminação
das fibras aferentes (lâminas sensitivas)
Lâminas I e II – presentes na zona superficial do corno posterior
Lâmina I - zona marginal; recobre a substância gelatinosa
Lâmina II – substância gelatinosa: responsável pela modulação da informação relacionada
com a dor e a temperatura
Lâmina III a VI – correspondem ao “corpo” do corno posterior (núcleo próprio ou corno dorsal profundo)
Lâminas V e VI – lâminas mistas, presentes na base do corno posterior, que recebem aferências
propriocetivas, corticoespinhais e de níveis subcorticais, estando envolvidas na regulação da
motricidade;
Lâmina VI - só presente nas intumescências cervical e lombar
Lâmina VII – forma grande parte do corno lateral (também possui lâmina IX)
Área espinhal X (lâmina X) – rodeia o canal central; constitui a comissura cinzenta anterior e comissura
cinzenta posterior e relaciona-se com a comissura branca anterior e a comissura branca posterior
53
MENINGES ESPINAIS
Na T7 já abordamos as meninges, aqui importa apenas destacar que:
- a dura mater só possui um único folheto, que se separa dos tecidos que delimitam o canal
vertebral pelo espaço epidural (contém tecido conjuntivo, tecido adiposo, plexos venosos, artérias de
pequeno calibre e vasos linfáticos)
- a dura mater fixa-se superiormente no buraco magno, ao longo do canal vertebral, fixa-se ao
ligamento longitudinal posterior e caudalmente fixa-se na superfície posterior do cóccix através do fio
terminal externo
- a aracnoide é continua com a aracnoide craniana
- a pia mater reveste a medula espinal em todas as suas reentrâncias e emite os ligamentos
denticulados, que são 21 pares, localizados entre as raízes dorsais e ventrais dos nervos espinais de C1
a L1 e que a ligam à dura mater
- existe também o espaço subaracnoideu, onde circula LCR
Feixe ou trato da medula espinal – podem ser agrupados de acordo com a sua origem, o seu destino ou
a sua função
- Feixes ascendentes longos: agrupamento de fibras que se dirigem para o tálamo, cerebelo ou
núcleos do tronco cerebral
- Feixes descendentes longos: agrupamentos de fibras com origem no córtex cerebral ou em
núcleos de nervos cranianos tendo como destino a substância cinzenta da medula espinal
- Feixes intersegmentares ou próprio-espinhais: fibras que fazem a conexão entre diferentes
segmentos da medula espinal
APLICAÇÕES CLÍNICAS
A punção lombar é um procedimento que permite a coleção de LCR e deve ser realizada entre L3 e L4,
o que permite evitar a medula espinal (que terminou ao nível de L1/L2). As estruturas perfuras são: a
pele, a fáscia toracolombar, os ligamentos interespinhosos, supraespinhosos e amarelos, a dura mater
e a aracnoide. Quando a agulha atinge o espaço subaracnoideu, a seringa capta LCR, cuja análise permite
avaliar diferentes patologias. Note-se que o LCR deve ser puro e cristalino.
A anestesia epidural permite a injeção de um anestésico no espaço epidural, não havendo necessidade
de perfurar a dura mater e a aracnoide. Realiza-se a qualquer nível medular, mas entre L3 e L5 o espaço
epidural é maior.
54
PARTE 2 – SISTEMA NERVOSO AUTÓNOMO
O sistema nervoso autónomo é um sistema motor visceral, contendo apenas fibras eferentes viscerais
gerais. Divide-se em: simpático (ou toracolombar) e parassimpático (ou crânio-sagrado) e atualmente o
sistema nervoso entérico é considerado um componente autónomo separado.
ORGANIZAÇÃO GERAL
Os componentes periféricos so sistema nervoso autónomo são:
- fibras aferentes
- fibras eferentes com neurónios pré-ganglionares e pós-ganglionares, que se dividem em:
- sistema simpático ou toracolombar
- sistema parassimpático ou crânio-sagrado
- sistema nervoso entérico, considerado um componente independente,
modelado pelo sistema nervoso autónomo, com plexos mientérico e
submucoso
- gânglios do sistema nervoso autónomo
O sistema nervoso somático vai ter na sua componente eferente um neurónio motor que se dirige para
o órgão alvo sem sinapse intermédia. As fibras aferentes são um prolongamento do neurónio unipolar
do gânglio dorsal raquidiano, que se dirige para o tálamo ou diretamente para certas regiões corticais.
O sistema nervoso autónomo é regulado pelo hipotálamo vai ter na sua componente eferente
neurónios pré-ganglionares, cujo axónio vai fazer sinapse num gânglio com um neurónio pós-ganglionar,
que se dirige para o órgão alvo. A sua componente aferente é semelhante à do sistema nervoso
somático, regulada por fibras aferentes viscerais gerais que vão entrar pelo corno posterior e depois
dirigir-se para o hipotálamo.
55
DIFERENÇAS ENTRE A COMPONENTE SIMPÁTICA E A COMPONENTE PARASSIMÁTICA
Ambos os componentes do sistema nervoso autónomo são, como vimos, regulados pelo hipotálamo,
sendo que se este for regulado na região:
- anterior, origina uma resposta parassimpática
- posterior, origina uma resposta simpática
De forma grosseira, pode-se dizer que a componente simpática regula situações de stress, preparando-
nos para a luta ou fuga, isto é, deixa-nos no estado de alerta e que, por outro lado, a componente
parassimpática atua no sentido oposto, ou seja, leva-nos ao estado de repouso.
Assim, a resposta integrada e coordenada destes dois componentes do sistema nervoso autónomo
permite manter a homeostasia.
Pré-ganglionar Pós-ganglionar
56
SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO
57
→ Nervo facial (VII)
O nervo facial e, portanto, os neurónios pré-ganglionares a ele associados têm origem no núcleo
salivar superior e são capazes de fazer sinapses em 2 gânglios:
- gânglio submandibular, cujos neurónios pós-ganglionares terão influência nas glândulas
salivares, submandibular, sublingual e dal língua, aumentando a sua secreção;
- gânglio pterigopalatino, cujos neurónios pós-ganglionares terão influência nas glândulas
lacrimais, nasais, palatinas e da nasofaringe.
Nota: o gânglio pterigopalatino é o maior gânglio parassimpático e localiza-se inferiormente ao nervo maxilar,
quando este passa pela fossa pterigopalatina.
Nota: o intestino grosso só é inervado pelo vago nos seus 2/3 superiores, ficando
o restante terço ao encargo dos nervos sagrados.
58
No tubo digestivo vão existir 2 plexos, plexo
mientérico (promove o peristaltismo) e plexo
submucoso (promove a secreção). Como o número de
neurónios aqui existentes é muito elevado (cerca de
100 000 000), alguns autores consideram que
corresponde a um sistema nervoso à parte: sistema
nervoso entérico.
NOTA IMPORTANTE:
A medula da glândula suprarrenal vai ter a mesma origem embrionária que os neurónios pós-
ganglionares (crista neural). Assim, esta medula vai receber diretamente fibras pré-ganglionares que
vão aí fazer sinapse e estimular a produção rápida de adrenalina e noradrenalina. Isto é muito
importante para a ação rápida do sistema nervoso simpático.
59
As fibras eferentes viscerais gerais simpáticas pré-ganglionares originam-se na coluna intermédio-
lateral da medula espinal, emergem pela raiz ventral do nervo espinal e enquanto constituintes do ramo
ventral do nervo espinal comunicam através de um ramo comunicante branco (mais lateral que o ramo
comunicante cinzento) com a cadeia ganglionar simpática – isto acontece ao nível de T1-L2.
Nos gânglios paravertebrais da cadeia simpática, as fibras pré-ganglionares podem ter diferentes
terminações, em função do caminho seguido:
- fazer sinapse no gânglio ao mesmo nível e seguir através do ramo comunicante cinzento para
o ramo ventral do nervo espinal
- não fazer sinapse e ascender ou descer para outro gânglio da cadeia, onde farão sinapse
- não fazer sinapse e dirigir-se para um gânglio pré-vertebral onde façam sinapse
Nota: os ramos
comunicantes brancos só existem de T1 a L2.
As fibras eferentes viscerais gerais simpáticas pós-ganglionares originam-se nos gânglios simpáticos,
após ocorrer a sinapse e podem seguir via ramo comunicante cinzento para os nervos espinais, sendo
distribuídos à pele, à fáscia superficial ou a músculos esqueléticos. Podem, ainda, seguir para plexos
perivasculares profundos, como por exemplo o Plexo Simpático Cervical, que corresponde à porção
craniana do sistema simpático.
60
Cada um destes gânglios tem um trajeto específico,
mencionado no esquema ao lado.
→ Ao nível do tórax
Ao nível do tórax, as fibras pré-ganglionares simpáticas vão formar três nervos: grande esplâncnico
(ramos do 5º ao 10º gânglios torácicos), pequeno esplâncnico (ramos do 9º e 10º ramos torácicos) e
esplâncnico mínimo (ramo do último gânglio torácico).
61
PLEXOS VISCERAIS DO SISTEMA NERVOSO AUTÓNOMO
Os plexos do sistema nervoso autónomo têm contribuição de fibras aferentes e eferentes do simpático
e do parassimpático:
As vias da medula espinal correspondem a um conjunto de feixes que conduzem informação dos
recetores periféricos até à medula espinal.
Existem várias, mas nesta aula apenas foi abordado o feixe espinhotalâmico lateral, que veicula
informação sensitiva relativa à dor (nociceção) e à temperatura. Localiza-se no funículo antero-lateral e
distingue-se do feixe espinhotalâmico anterior, que transporta o tato grosso e a pressão. Corresponde
a uma via sensitiva típica e, portanto, existem 3 sinapses:
1º neurónio – localiza-se no gânglio dorsal raquidiano e é unipolar, podendo existir fibras delta A, de
condução rápida (relacionadas com a dor aguda) ou fibras C, de condução lenta (relacionadas com a dor
mais duradoura e persistente), que transmitem os impulsos desde os recetores (terminações nervosas
livres) até ao corno posterior da medula espinal, através da divisão lateral da raiz dorsal do nervo espinal
(podem ascender ou descer no fascículo dorsolateral de Lissauer, antes de fazer sinapse)
2º neurónio – pode encontrar-se nas lâminas I a IV, mas geralmente localiza-se na lâmina II (substância
gelatinosa) e os seus axónios vão cruzar para o lado oposto da medula espinal, através da comissura
branca anterior (ocorre decussação das fibras) e vão ter inclinação rostral e oblíqua, o que significa que
podem ascender mais um ou dois segmentos medulares; depois organizam-se, então, no feixe
espinhotalâmico lateral
3º neurónio – localiza-se no núcleo ventral posterolateral do tálamo ou VPL, a partir da onde as fibras
se distribuem para o córtex;
NÃO ESQUECER DA SOMATOTOPIA (na medula, os segmentos mais caudais ocupam uma posição
postero-lateral e os segmentos rostrais uma posição antero-medial e as fibras nociceptivas estão
ligeiramente anteriores às fibras termocetivas; no córtex, as fibras chegam organizadas de acordo com
a sua proveniência – homúnculo sensitivo)
Aplicação clínica:
Em situações de dor intratável, pode ter de se
recorrer a uma cirurgia designada cordotomia, que
consiste num corte no feixe espinhotalâmico lateral,
sempre contralateralmente e alguns segmentos
medulares acima (devido à ascensão de fibras no
fasciculo dorsolateral e à inclinação rostro oblíqua
do feixe).
Contudo, a cirurgia pode não ser eficaz pois
aparecem os chamados feixes vicariantes – feixes
que assumem a função de outro quando este deixa
62
de existir.
DOR VISCERAL E DOR REFERIDA
A dor visceral é, normalmente, uma dor difusa e pouco localizada, contrariamente à dor somática, que
é intensa e localizada. Acontece que, muitas vezes, as dores viscerais são referidas a dermátomos
inervados pelos mesmos segmentos medulares que a víscera.
Um exemplo muito comum é a dor referida do enfarte agudo do miocárdio, que acontece quando as
artérias coronárias sofrem uma obstrução e o miocárdio deixa de receber o oxigénio necessário, o que
provoca dor – há imissão de impulsos dolorosos. Estes impulsos, ao chegar ao corno posterior misturam-
se com fibras eferentes de que provêm de dermátomos muito bem localizados. O cérebro não consegue,
depois, distingui a dor visceral proveniente do coração de uma dor somática e assim, muitas vezes, a
dor do enfarte agudo do miocárdio é referida ao membro superior esquerdo.
Outros exemplos: dor da vesícula biliar referida ao ombro; dor nos ureteres referida à face medial da
coxa; dor no apêndice referida à fossa ilíaca direita, etc.
63
T9 – Tronco cerebral
O tronco cerebral consiste numa estrutura constituída por 3 porções:
bolbo raquidiano, protuberância e mesencéfalo. Localiza-se na fosa
craniana posterior.
Embora possua apenas 3cm de comprimento e 2cm de diâmetro tem uma
enorme importância, pois:
1 – é responsável pela condução de feixes ascendentes e descendentes,
proporcionando a passagem de fibras entre o encéfalo e a medula espinal;
2 – possui os núcleos de nervos cranianos (III a XII);
3 – contém uma estrutura difusa ao longo de todo o seu eixo, que se denomina
formação reticular, cuja atividade é importante na manutenção da consciência,
respiração e frequência cardíaca
Assim, uma pequena lesão no tronco cerebral (que pode destruir centros essenciais à
vida ou núcleos de nervos cranianos ou vias motoras e sensórias) pode trazer
consequências de tal forma graves que coloquem o indivíduo em risco de vida. Não
havendo atividade elétrica no tronco cerebral, o indivíduo é declarado em morte
cerebral.
MORFOLOGIAS EXTERNAS
- BOLBO RAQUIDIANO
O bolbo raquidiano tem aproximadamente 3cm de comprimento e 2cm de diâmetro máximo e possui
forma cónica mais larga cranialmente. Estende-se desde o buraco magno, cranialmente à origem das
raízes do primeiro nervo cervical, até ao bordo inferior da protuberância.
O canal central da medula espinal continua cranialmente na metade inferior do bolbo (parte fechada)
mas na metade superior (parte aberta) expande-se formando a porção mais caudal do pavimento do 4º
ventrículo.
Região anterior
64
2
5 3
1
65
Fissura mediana anterior1 - contínua com fissura mediana anterior da medula espinhal, termina
cranialmente no buraco cego2
Pirâmides3 - localizadas lateralmente à fissura mediana anterior; na parte inferior são mais estreitas e
apresentam a decussação das pirâmides4 (ou decussação motora); possuem fibras corticoespinhais que
fazem parte da via motora principal, descendo do córtex e cruzando na decussação para o lado oposto
(80%)
Olivas5 – elevações ovais produzidas pelos núcleos olivares inferiores, poostero-laterais às pirâmides;
sulco pré- olivar; sulco retro-olivar; por vezes é evidente um fascículo circum-olivar (fibras externas
arqueadas que se dirigem para o pedúnculo cerebeloso inferior)
Sulco antero-lateral entre pirâmide e oliva – raízes do nervo hipoglosso (XII), alinhados com raízes
ventrais dos nervos espinhais
Sulco postero-lateral entre a oliva e o pedúnculo cerebeloso inferior – raízes dos nervos
glossofaríngeo (IX) e vago (X) e acessório (XI); em linha com as raízes posteriores dos nervos espinhais
Fibras arqueadas externas anteriores – algumas fibras emergem da fissura mediana anterior,
superiormente à decussação das pirâmides e possuem trajeto lateral dirigindo-se para o cerebelo
Região posterior
1
4
3
Porção cranial – porção inferior do pavimento do 4o ventrículo, que vai estar oculto pelo cerebelo
Pedúnculos cerebelosos inferiores2 – posterior e cranial às olivas; divergem para entrar nos
hemisférios cerebelosos (fibras ligam o lobo ao cerebelo) e são cruzados pelas estrias medulares
Tubérculo grácil3 e tubérculo cuneiforme4 – 2 tubérculos laterais ao óbex; continuam-se depois como
fascículos grácil e cuneiforme
Sulco postero-intermédio5 – encontra-se na porção caudal, continua com a medula espinal
66
- PROTUBERÂNCIA OU PONTE
Região anterior
Região posterior
3
2
1
A face posterior encontra-se oculta pelo cerebelo, tem forma triangular e forma a metade superior dopavimento
do 4º ventrículo, sendo limitada lateralmente pelos pedúnculos cerebelosos superiores1.
Véu medular superior2 – une os pedúnculos cerebelosos médios e tem superiormente a língula3 (do
cerebelo)
67
- MESENCÉFALO
O mesencéfalo corresponde ao componente mais curto do tronco cerebral e está dividido numa
metade esquerda e direita, que são os pedúnculos cerebrais1.
Região anterior
1 1
Pedúnculos cerebrais1 – dividem-se numa porção ventral (pé do pedúnculo) e numa porção dorsal
(tegmento, denominando-se teto do mesencéfalo à sua porção posterior ao aqueduto cerebral); os pés
dos pedúnculos estão separados, enquanto que as porções tegmentares estão unidas.
Fossa interpeduncular – localiza-se posteriormente aos corpos mamilares2, entre a convergência dos 2
pedúnculos cerebrais. Profundamente esta fossa vai estar perfurada, por isso, chama-se a essa região
substância perfurada inferior (serve para a penetração de ramos de várias artérias profundas desta
região - uma das quais a artéria cerebral posterior).
Espaço perfurado posterior – espaço profundo
68
Região posterior
4
2
5
1 3
É importante ver mais alguns feixes da medula espinal (só tínhamos visto na T8 o espinhotalâmico
lateral, relacionado com a dor e a temperatura) para depois conseguirmos entender a estrutura interna
do tronco cerebral. Vamos, então, ver os feixes cortico-espinhal lateral e cortico-espinhal anterior.
70
→ Fascículos grácil e cuneiforme
Estas vias são vias ascendentes típicas, pelo que possuem 3 neurónios. (VER DE BAIXO PARA CIMA)
São especializadas no tato discriminativo (muito fino), na pressão, na vibração e na proprioceção
consciente.
71
As lesões relacionadas com estas vias aferentes podem ocorrer após o cruzamento das fibras no
lemnisco medial (A, B e C) e nesse caso diz-se contralateral ou ao nível das colunas dorsais do funículo
posterior e nesse caso diz-se ipsilateral. Perde-se totalmente a proprioceção consciente e o tato
discriminativo e a pressão, embora estes últimos não se percam totalmente, pois esta informação pode
ser veiculada até ao córtex por outras vias.
Estereognosia – capacidade de reconhecer pelo tato um objeto; tem muita dependência dos cordões
posteriores, mas também está relacionada com certas regiões do córtex cerebral
Ataxia – movimento de marcha não coordenada que aumenta com fecho olhos por perda de referências
visuais, pois o doente compensa a falta de proprioceção com a visão. Assim, se se pedir a um doente
com lesão dos cordões posteriores para fechar os olhos estando na posição ereta, com os pés juntos,
pode desequilibrar-se e cair (sinal de Romberg positivo).
72
→ Vias descendentes (eferentes)
73
A somatotopia mantém-se ao nível da terminação das fibras dos feixes
corticoespinhais no corno anterior da medula:
- os neurónios que vão inervar os músculos axiais vão localizar-se mais
medialmente e os que inervam os músculos mais distais localizam-se lateralmente;
- os músculos flexores vão ser inervados por neurónios localizados dorsalmente
aos neurónios que inervam os músculos extensores.
74
MORFOLOGIAS INTERNAS
- BOLBO RAQUIDIANO
Vai haver uma transição gradual da organização
interna das substâncias branca e cinzenta da medula
até ao nível do aparecimento da oliva, devido:
- ao realinhamento dos feixes
corticoespinhais: devido ao percurso das fibras
corticoespinhais laterais na decussação das
pirâmides, há ‘decapitação’ da substância cinzenta,
que até então era contínua com o corno anterior da
medula espinal.
- à terminação das fibras provenientes do cordão posterior da medula espinal: a sinapse que
ocorre nos núcleos grácil e cuneiforme origina axónios que vão decussar para o lado oposto e formar o
lemnisco medial, que vai estar localizado cranialmente ao nível da decussação das pirâmides e
anteriormente à substância cinzenta central, provocando também a ‘decapitação’ da substância
cinzenta contínua com o corno posterior da medula espinal. As fibras do lemnisco medial dirigem-se
para o núcleo ventral postero-lateral (VPL) do tálamo.
Complexo nuclear olivar - forma crenada com hilo medial, responsável pela oliva visível externamente;
é formado pelos núcleos olivares acessórios - dorsal e medial (mais pequenos) e pelo núcleo olivar
inferior, que é o maior e que se localiza lateralmente às pirâmides e vai emitir muitas eferências (pelo
ilo) para o cerebelo, através do pedúnculo cerebeloso inferior. Para além disso, também possui fibras
aferentes (feixe espinho-olivar), relacionando-se com os movimentos musculares voluntários.
Núcleos arqueados - prováveis núcleos pônticos em posição aberrante na face anterior das pirâmides,
que enviam fibras para o cerebelo através de fibras arqueadas externas anteriores.
Fascículo longitudinal medial – posterior ao lemnisco medial e anterior ao núcleo do hipoglosso (XII), é
importante para a coordenação dos movimentos dos olhos com os movimentos do pescoço e da
cabeça e tem origem nos núcleos mais craniais localizados na transição entre o mesencéfalo e o
diencéfalo, em fibras muito mielinizadas, tendo uma relação com núcleos de nervos cranianos que
movimentam o globo ocular: o oculomotor(III), o troclear (IV) e o abducente (VI) e também com os
núcleos vestibulares e com o núcleo acessório. Localiza-se ao longo de todo o tronco cerebral.
Pedúnculo cerebeloso inferior - tem duas porções funcionalmente e estruturalmente distintas:
corpo restiforme – face dorsolateral do bolbo com grande variedade de aferentes cerebelosos
corpo justarestiforme – conexão entre núcleos vestibulares com o córtex cerebeloso e núcleo
fastígio (núcleo central do cerebelo)
Nota: No Sistema Nervoso Central, utiliza-se os termos: rostral e caudal, pois as estruturas
apresentam uma certa inclinação que vai aumentando, ao longo da ascensão rostral (no
diencéfalo, o rostral vai ficar equivalente a anterior). Esta inclinação deve-se à embriologia e à
curvatura cefálica que se observa quando se dá a formação das vesículas e depois posteriormente
as várias curvaturas que se vão dar.
Nível do corte Há um núcleo do trigémio (nervo craniano, e muitas das suas funções vão ser
equivalentes ao corno posterior da medula espinhal) chamado o núcleo espinhal do
nervo trigémio, relacionado com a dor e com a temperatura e o trato espinhal do nervo
trigémio vai ser contínuo com a substância gelatinosa e com o fascículo dorso-lateral.
Assim há continuidade entre a substância gelatinosa e o feixe dorso-lateral de Lissauer
com o núcleo espinhal do nervo trigémio e o trato espinhal do nervo trigémio.
75
Para além do lemnisco medial (relacionado
com os fascículos grácil e cuneiforme), existe
também um lemnisco lateral, um lemnisco
espinhal e um lemnisco trigeminal:
O lemnisco medial, o lemnisco espinhal e o lemnisco trigeminal vão terminar no tálamo, mas o
trigeminal termina no núcleo VPM, enquanto os outros terminam no núcleo VPL.
O lemnisco lateral vai ter a sua terminação ao nível do mesencéfalo no colículo inferior.
- PROTUBERÂNCIA OU PONTE
Internamente, a ponte divide-se em 2 porções: porção basilar ou ventral e porção tegmentar ou dorsal.
Porção basilar
Esta porção possui fibras longitudinais descendentes, algumas das quais se dirigem para as pirâmides
e para os núcleos pônticos.
Vai ter também fibras corticoespinhais e corticopônticas. Existem numerosos núcleos pônticos onde
vão terminar algumas das fibras corticopônticas que vão dar origem a fibras pôntico-transversas ou,
como se dirigem para o cerebelo, fibras pôntico-cerebelosas. Estas fibras entram no cerebelo através
dos pedúnculos cerebelosos médios (que vão ser os maiores pedúnculos). Estes pedúnculos cerebelosos
médios vão ser a principal via de conexão entre o cerebelo e córtex cerebral.
76
Porção tegmentar
Consiste numa aprente continuação do bolbo raquidiano, excluindo as pirâmides. As diferenças para
com o bolbo são:
- O lemnisco medial vai estar na porção anterior do tegmento mas vai ter um longo eixo
transversal.
- Temos o 4º ventrículo (mais caudalmente é maior e depois vai estreitando) e o fascículo
longitudinal medial vai estar perto do seu pavimento.
- Vamos ter o colículo facial que é formado por fibras do nervo facial que vão rodear o núcleo
do nervo abducente.
- O lemnisco lateral vai terminar no colículo inferior e ,também vai aparecer, a este nível, o
lemnisco trigeminal (o lemnisco trigeminal vai terminar no núcleo ventral posteromedial do tálamo).
77
Neste corte ao nível da porção motora
do nervo trigémio e do núcleo
sensorial principal, observa-se:
- O lemnisco medial, numa posição
transversa.
- Lateralmente ao lemnisco medial, o
lemnisco espinhal.
- Locus coeruleus ou núcleo cerúleo
- Pedúnculo cerebeloso superior
- Fascículo longitudinal medial
- MESENCÉFALO
Está dividido numa metade direita e numa metade esquerda, denominadas pedúnculos cerebrais.
Cada um dos pedúnculos está subdividido numa porção ventral (que é o pé do pedúnculo, ou crus
cerebri, em latim) e numa porção dorsal: o tegmento. As porções tegmentares vão estar unidas,
enquanto que os pés dos pedúnculos estão separados. Ao convergir vão formar uma fossa, a fossa
interpeduncular. Na profundidade dessa fossa interpeduncular vamos ter então o espaço perfurado
posterior.
Nesta imagem vemos um corte ao nível do colículo inferior
78
Dorsalmente à porção lateral da substância negra observam-se os lemniscos, de medial para lateral:
medial, espinal, trigeminal e lateral. Vemos as fibras do lemnisco lateral próximas do colículo inferior,
relembrando que fazem parte da via auditiva e que vão fazer sinapse aqui, ao nível do colículo inferior.
Vemos também as formações nucleares dos nervos cranianos presentes no mesencéfalo: núcleo do
nervo troclear (IV) ao nível do colículo inferior – trajeto rodeando substância cinzenta central e
decussação das fibras antes da emergência inferiormente ao colículo inferior, lateralmente ao freio do
véu medular superior.
79
O teto do mesencéfalo organiza-se, então, em 2 pares de colículos.
Os colículos superiores estão relacionados com reflexos visuais e vão apresentar uma estrutura com
várias laminas (várias camadas). Recebe informação retinotópica, ou seja, organizada de acordo com o
quadrante da retina de onde provém. Esta retinopatia mantém-se em toda a via visual.
Lâminas superficiais
Lâmina 1- Córtex visual
Lâmina 2- Retina
Lâmina 3- Nervo óptico
Lâminas Intermédias
Lâmina 4 e Lâmina 5- Aferências : córtex, medula espinhal, coliculos inferiores
Lâminas profundas
Lâmina 6 e Lâmina 7- Eferências : tecto-espinhais, tecto-pônticas, tecto-tegmentares,
tecto-reticulares
As principais aferências provêm das camadas mais superficiais, com origem no córtex visual, retina, no
nervo ótico, e também da medula espinhal, e dos colículos inferiores. As eferências provêm de camadas
mais profundas (6 e 7), sendo estas as fibras tecto-espinhais, tecto-pônticas, tecto-reticulares e tecto-
tegmentares.
Zona mais ou menos contida no tegmento do mesencéfalo que vai depois ter uma projeção caudal. Vai
ser constituída por numerosos neurónios separados por numerosas fibras com trajetos e direções
diversas. Portanto, são neurónios dispersos, não havendo núcleos propriamente ditos. Porém, há uma
continuidade morfológica no bolbo, protuberância e mesencéfalo.
80
Um neurónio típico da formação reticular é o neurónio golgi tipo 1, com um
axónio longo. Como faz um campo esférico em torno do corpo, denomina-se
neurónio isodentrítico. Esta árvore dendrítica encontra-se disposta,
geralmente, perpendicularmente ao maior eixo do tronco cerebral, e cada
uma delas pode fazer sinapse com 4 mil neurónios, portanto há uma
convergência neuronal grande e o axónio destes neurónios vai ter um trajeto
muito longo e com numerosos trajetos colaterais. Em média, cada nerónio da
formação reticular vai ter conexão com 25 mil outros neurónios.
Outra forma de organizar a formação reticular é com base em sistemas de neurotransmissores, ou seja,
vamos ter populações de neurónios com o mesmo transmissor, mas não segregados em grupos
espaciais bem delimitados.
O sistema reticular serotoninérgico, que por acaso vai ser coincidente com a coluna mediana, vai ser
constituído pelos núcleos do rafe que vão utilizar a serotonina como neurotransmissor. Vão ser muito
importantes na incepção e na regulação da consciência. Existem ao longo do bolbo da protuberância do
mesencéfalo, sendo que os mais rostais se projetam até ao telencéfalo, enquanto que os mais caudais
vão projetar-se para a medula espinhal. Destaca-se aqui um núcleo, que é o núcleo dorsal do rafe.
Depois temos os núcleos do rafe que vão projetar para a medula espinhal que é o caso do
núcleo da rafe pálido (pallidus) e o núcleo da rafe obscuro (obscuris). Portanto, a coluna mediana da
formação reticular vai ser coincidente com o sistema reticular serotoninérgico.
O sistema reticular noradrenérgico vai relacionar-se com o núcleo cerúleo, que vai utilizar a
noradrenalina como neurotransmissor e vai ter grandes eferências para o córtex cerebral e para a
medula cerebral, relacionando-se com as funções corticais e vai ser importante em funções motoras.
81
Além deste sistema, temos outros pequenos núcleos dispersos que estão localizados nas porções
laterais do segmento da ponte e do bolbo, apresentando funções vegetativas com eferências para o
núcleo dorsal do vago e para o hipotálamo, ou seja, com o sistema nervoso autónomo ou vegetativo.
O sistema reticular colinérgica existe principalmente no mesencéfalo e tem uma nomenclatura que é
a seguinte:
- Grupo Ch5 – núcleo pedunculopontico
- Grupo Ch6 – núcleo tegmentar laterodorsal, ou seja, vão ter projeções colinérgicas.
As funções da formação reticular são de tal forma importantes que sem ela não poderíamos viver.
A sua função primordial é o controlo motor através da integração de vários núcleos relacionados com
o cerebelo: o núcleo reticular lateral, o reticular tegmentar e reticular paramediano; e depois projeções
para a medula espinhal, através de 2 feixes: feixe retículo-espinhal medial, que está localizado no
funículo anterior, com origem nos núcleos reticulares caudal e oral da ponte, daí que se chame também
a este feixe retículo- espinhal pôntico; feixe retículo-espinhal lateral que tem origem no núcleo reticular
magnocelular do bolbo e está localizado no funículo lateral, podendo ser chamado de retículo-espinhal
bolbar. São vias multi-sinápticas para modulação do sistema motor e controlo de aferências nociceptivas
dos segmentos medulares, ou seja, para além da informação motora, passa também alguma informação
dolorosa.
Na formação reticular vão convergir numerosas aferências vindas de todas as partes do corpo, de
diversas modalidades sensitivas, que vão-se encontrar e ser integradas aqui. Portanto padrões
complexos de movimento vão estar relacionados com estes feixes retículo-espinhais. E estes feixes
retículo-espinhais, especialmente o lateral, pode ser um feixe vicariante do feixe cortico-espinhal lateral.
A história do Gato Mike mostra a importância do tronco cerebral e da formação reticular: o gato
sobreviveu pois os centros essenciais à vida (reguladores da inspiração e expiração, da frequência
respiratória e cardíaca e centros de tensão arterial) estão todos localizados no tronco cerebral. Também
vai ter centros motores, permitindo a manutenção das funções motoras do galo Mike.
Para além do controlo motor, a formação reticular é também responsável pelo controlo sensorial,
especialmente o controlo da nociceção e ainda pelo controlo da consciência:
82
A consciência pode definir-se como a perceção da existência do meio e do próprio, resultando numa
imagem mental do corpo no espaço e vai dar continuidade à consciência da individualidade.
NÃO existe um centro para a consciência, mas sabe-se que a integridade morfológica da formação
reticular do tronco cerebral vai ser essencial para a manutenção da consciência. Existe um conceito
fisiológico que é o sistema ativador reticular ascendente que faz com que o tálamo excite o córtex e
parece estar coincidente com a coluna longitudinal medial. Neste controlo da consciência vamos ter
então a regulação do sonho e do sono.
- Para além disso, temos o estado vegetativo em que não há interação com o meio ambiente, embora
o tronco cerebral mantenha as suas funções intactas.
- A narcolepsia é uma doença em que há muitos períodos de REM que se intrometem durante o dia,m
que pode ocorrer com cataplexia, patologia em que há uma súbita hipotonia (diminuição do tônus
muscular e da força, o que causa moleza e flacidez) e o doente pode cair eventualmente quando isso
acontece.
83
T10 – Cerebelo. 4º ventrículo
Numa visão superior vemos o vérmis, que separa os dois hemisférios cerebelosos e nestes temos a
fissura prima, que os divide em lobo anterior e lobo posterior. A fissura horizontal divide o corpo do
cerebelo em face superior e face inferior.
Numa visão inferior vemos ainda a fissura posterolateral que separa o lobo flóculo-nodular. Neste encontramos o
flóculo e o nódulo do vérmis (que é a porção mais anterior da face inferior do vérmis). Vemos ainda a amígdala (tonsil),
que corresponde ao lóbulo mais inferior do lobo posterior e que se evidencia pela fissura retroamigdalina. A sua parte
corresponde no vérmis é a úvula. Por ser a porção mais inferior do cerebelo, a amígdala vai estar adjacente ao buraco
magno, o que significa que se ocorrer herniação (devido a tumores, p.e.) há um aumento da pressão intracraniana e
provável compressão do bolbo raquidiano, podendo provocar a morte.
84
Numa visão anterior destacam-se os pedúnculos cerebelosos, que são 3 e que fazem a ligação do
cerebelo ao tronco encefálico:
Superior – maior parte das
eferências dos núcleos cerebelosos
para o núcleo rubro e tálamo;
exceção fibras espinhocerebelosas
anteriores;
Medio – aferências dos núcleos
pônticos contralaterais que
passam pelo córtex cerebral: fibras
corticoponticocerebelosas;
também parte das aferências da
formação reticular (do núcleo
reticular tegmentar)
Inferior – maior parte das aferências: fibras espinhocerebelosas posteriores, vestibulocerebelosas,
reticulocerebelosas (dos núcleos lateral e paramediano), cuneocerebelosas, trigeminocerebelosas,
olivocerebelosas (do núcleo olivar inferior, núcleo acessório olivar); corpo justarestiforme – eferências
do vestibulocerebelo ( fibras vestibulocerebelosas não cruzadas)
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Nota: Os lóbulos cerebelosos têm numeração
romana, sendo que: de I a V fazem parte do lobo
anterior, de VI a IX do posterior e X constitui o
lobo floculo-nodular.
86
FEIXE ESPINHOCEREBELOSO POSTERIOR
87
CONEXÕES CEREBELOSAS
→ Estrutura interna
Células de Purkinje – únicos cujos axónios abandonam o córtex cerebeloso, projetando-se para os
núcleos centrais do cerebelo; árvore dendrítica muito desenvolvida; achatada num plano
perpendicular ao maior eixo de cada folia (folium).
Células granulares – muito numerosas (maior parte dos neurónios do SNC)
Interneurónios – são GABAérgicos
Células estreladas – metade superficial da camada molecular; terminam nas árvores
dendríticas das células de Purkinje;
Células em cesto – na metade profunda da camada molecular, com 10 a 12 células de Purkinje
no seu trajeto; formam uma rede pericelular; são ativadas por fibras paralelas e atuam no corpo ou
segmento inicial do axónio das células de Purkinje que as acompanha;
Células de Golgi – maior interneurónios na zona superficial da camada granular, imediatamente
inferior às células de Purkinje; os seus dendritos fazem sinapse com fibras paralelas da camada
molecular e o seu axónio participa na formação de glomérulos sinápticos do cerebelo.
88
CIRCUITOS CEREBELOSOS
No que diz respeito às eferências, sabemos que saindo do circuito interno do córtex cerebeloso,
temos apenas os axónios das células de Purkinje, que vão ter uma ação inibitória sobre os núcleos
cerebelosos (neurotransmissor: GABA).
Por sua vez, a maior parte das eferências dos núcleos cerebelosos vão ser excitatórias. Classicamente
diz-se que existe um “tonic drive” excitatório no cerebelo (glutamato/aspartato), ou seja, há uma
tendência para estar sempre a emitir aferências excitatórias. As células de Purkinje vão inibir esse
“tonic drive” excitatório.
As células de Golgi vão ser o maior interneurónio localizado na zona superficial da camada granular,
imediatamente inferior às células de Purkinje, conseguindo inibir algumas delas.
Temos ainda, mais duas células inibitórias, as células cesto, que estão na metade profunda da camada
molecular e que vão ter um território de 10 a 12 células de Purkinje, formando uma rede pericelular
que atua no corpo e segmento inicial do axónio das células de Purkinje e as células estreladas que vão
estar na metade superficial da camada molecular e terminando nas árvores dendríticas das células de
Purkinje. Temos aqui, então, um grande território inibitório de controlo, enquanto que as aferências
que chegam ao cerebelo são excitatórias e os núcleos cerebelosos também vão ter eferências
excitatórias, portanto maior parte deste circuito vai servir de controlo, utilizando o GABA como
neurotransmissor.
Legenda:
cf – fibras trepadoras
mf – fibras musgosas
P – células de Purkinje
gc – células granulares
Go – células de Golgi
B – células em cesto
S – células estreladas
pf – fibras paralelas
N – núcleo profundo do cerebelo
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Principais vias aferentes – o córtex cerebral envia informação ao cerebelo através de 3 vias:
- via corticoponticocerebelosas: ocorre sinapse nos núcleos pônticos e passagem das fibras para o lado oposto
- via cérebro-olivocerebelosa: provém do núcleo olivar inferior contralateral, que emite fibras trepadoras para
o pedúnculo cerebeloso inferior
- via cérebro-reticulo-cerebelosa: envolve a formação reticular
Principais vias eferentes – a partir dos núcleos profundos do cerebelo (recebem conexões inibitórias
das células de Purkinje e emitem axónios excitatórios, com um destino característico para cada núcleo):
- Núcleo fastigial: eferências excitatórias bilaterais para os núcleos vestibulares através do corpo
justarestiforme; para a formação reticular e para os núcleos ventral anterior (VA) e ventral lateral (VL)
do tálamo
- Núcleo interposto: eferências excitatórias para a porção magnocelular do núcleo rubro e para os
núcleos VA/VL do tálamo
- Núcleo denteado - eferências excitatórias para a porção parvocelular do núcleo rubro e para os
núcleos VA/VL do tálamo
- Eferências inibitórias dos núcleos interposto e denteado para o complexo olivar inferior
contralateral
Nota: desta forma é como se encontra no PPT, mas no sumário estão organizadas em cruzadas e não cruzadas, ascendentes
e descendentes!!
O cerebelo possui uma organização celular altamente organizada e com conexões com numerosas
partes do SNC. As suas principais funções relacionam-se com:
- o equilíbrio, o controlo do tónus muscular, a postura
- o planeamento do movimento, o controlo dos movimentos voluntários, a aprendizagem e memória
motoras
- a cognição (aferências corticopônticas de zonas não motoras do córtex cerebral)
Temos aqui a resposta à pergunta porque é que o cerebelo tem tantos neurónios: para conseguir
memorizar todos os estes comportamentos inconscientes que realizamos todos os dias que se
pensarem são inúmeros.
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FUNÇÕES DO CEREBELO ORGANIZADAS SEGUNDO A SUA DIVISÃO EM ZONAS LONGITUDINAIS
O vérmis está relacionado com o pescoço, o tronco e as cinturas escapulares e pélvicas e é importante
nos ajustamentos posturais através das projeções para a formação reticular e núcleos vestibulares (do
bolbo); papel do núcleo fastigial.
O vérmis e o flóculo estão envolvidos na coordenação dos movimentos oculares com os movimentos
da cabeça. Note-se que ao nível do tronco encefálico, o fascículo longitudinal medial também tem esta
função. Vai pôr em conexão os núcleos oculomotor, troclear, abducente, acessório e núcleos
vestibulares que vão estar depois, com o cerebelo, envolvidos nessa coordenação dos movimentos
oculares e dos movimentos da cabeça. De tal maneira é importante esta relação que há alguns autores
que dizem que os núcleos vestibulares são núcleos do cerebelo fora do sítio.
As porções mediais dos hemisférios cerebelosos, com aferências espinhais e corticais, estão
envolvidas no controlo motor da parte distal dos membros, com projeções para o córtex motor através
do tálamo (núcleos VA/VL); papel do núcleo interposto.
O circuito “núcleo denteado – núcleo rubro parvocelular – núcleo olivar inferior – córtex cerebeloso
– núcleo denteado” parecer estar na base da aprendizagem motora; os movimentos aprendidos
tornam-se mais rápidos, precisos e automáticos.
IMPORTANTE: Cada hemisfério cerebeloso vai influenciar os músculos voluntários do mesmo lado do
corpo, ao contrário do que acontece com o córtex cerebral.
Uma lesão unilateral do cerebelo leva a alterações no lado ipsilateral do corpo (ao contrário das lesões
unilaterais do córtex cerebral). Pacientes com lesões cerebelosas perdem a capacidade de adaptação
motora e aprendizagem motora.
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Sabe-se, ainda que: a instabilidade corporal é devido a afetar o vestíbulo-cerebelo; a falta do controlo
motor durante a execução do movimento está relacionada com o espino-cerebelo e a perda do
sincronismo e planeamento apropriado das ações motoras está relacionado com o neocerebelo.
Portanto, cada uma daquelas partes da divisão longitudinal do cerebelo está relacionada com cada um
destes sinais o que é bastante interessante.
Síndromes clínicos relacionados com as zonas longitudinais funcionais:
Lesões da linha média – instabilidade corporal
Lesões laterais – ataxia
Lesões do flóculo – alteração dos movimentos oculares
4º VENTRÍCULO
92
93
T11 – Hipotálamo. Hipófise. Epitálamo. 3º ventrículo.
DIENCÉFALO
O diencéfalo é uma estrutura da linha média com duas
metades simétricas, estando localizada entre elas a cavidade
do 3º ventrículo. Devido à curvatura cefálica, vai ter um
ângulo de 80° em relação ao maior eixo do tronco cerebral, o
que faz com que o termo rostral se aplique às estruturas mais
anteriores.
Limite caudal
Plano que inclui a comissura posterior e os bordos caudais dos corpos mamilares
Limite cranial
Plano que passa pelo buraco interventricular até à parte posterior da comissura anterior e anteriormente ao
quiasma óptico, intersectando a lâmina terminal
→ parte dorsalis
- Tálamo
- Metatálamo: inferior à extremidade caudal do tálamo, sendo constituído pelos corpos geniculados
medial (funções auditivas) e lateral (funções visuais), que possuem os núcleos geniculados na sua
profundidade
- Epitálamo: porção caudal do teto e paredes laterais adjacentes do 3º ventrículo, incluindo os núcleos
habenulares e comissura habenular, glândula pineal e comissura posterior
→ parte ventralis
- Hipotálamo: da lâmina terminal até ao plano vertical imediatamente caudal aos corpos mamilares e
dorsoventralmente ao sulco hipotalâmico, incluindo as estruturas na parede lateral e pavimento do
3º ventrículo (corpos mamilares, tuber cinereum, infundíbulo e tecido nervoso adjacente ao quiasma óptico)
- Subtálamo (continuação rostral do tegmento do mesencéfalo): lateral ao hipotálamo, ventral ao
tálamo, fundindo- se caudalmente com o tegmento do mesencéfalo. Inclui as partes mais rostrais da
substância negra e do núcleo rubro, o núcleo subtalâmico, outros núcleos e numerosos feixes
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HIPOTÁLAMO
O hipotálamo corresponde a uma região muito pequena do diencéfalo (só tem 4cm 3), ocupando
apenas 0,3% do volume encefálico. Contudo, vai conter sistemas integrativos que através do SN
autónomo e do SN endócrino vão controlar numerosos eventos:
- o balanço de fluídos e eletrólitos
- a ingestão de alimentos e balanço energético
- a reprodução
- a regulação da temperatura corporal
- repostas imunológicas
- respostas emocionais (o hipotálamo vai ter relação com uma parte do cérebro chamada de
sistema límbico, que se relaciona com as respostas emocionais, através do fórnix)
Assim, ajuda-nos a aferir o que se passa no mundo, a forma como o interpretamos e quais as
consequências desses eventos, daí que tenha uma forte relação com o SN autónomo, SN endócrino e
sistema límbico.
→ Morfologia externa
O hipotálamo estende-se da lâmina terminal1 até ao plano
vertical imediatamente caudal aos corpos mamilares,
localizando-se dorsoventralmente ao sulco hipotalâmico.
Externamente, inclui: 1
1- pedúnculo cerebral
2- corpo mamilares
3- tuber cinereum e as suas eminências
4- nervo óptico
5 – trato olfativo
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→ Morfologia interna
O hipotálamo pode ser dividido em:
- 3 regiões numa direção antero-posterior
Região anterior ou quiasmática ou supra-óptica – localiza-se
superiormente ao quiasma óptico e relaciona-se com a área pré-óptica,
imediatamente anterior ao quiasma ótico, mas estruturalmente e
funcionalmente contínua com esta região do hipotálamo;
Região média ou tuberal ou infundíbulo-tuberal – localiza-se
superiormente ao tuber cinereum, incluindo-o;
Região posterior ou mamilar – localiza-se superiormente aos corpos
mamilares, incluindo-os
Núcleo dorsomedial
Região
tuberal Núcleo ventromedial – regula o comportamento sexual feminino e a ingestão de alimentos; é
medial
o centro da saciedade
Corpo mamilar – com o fórnix a chegar da formação do hipocampo e cujas eferências vão sair
através do fascículo mamilo-talâmico e do feixe mamilotegmentar
Região
mamilar Núcleo posterior – é continuo com a substância cinzenta central, estando mais relacionado
com respostas simpáticas
Complexo de núcleos no corpo mamilar (na região mamilar medial)
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Zona lateral – encontra-se lateralmente às colunas do fórnix, sendo a continuação rostral da formação
reticular; é atravessada pelo fascículo prosencefálico medial (coloca o hipotálamo em comunicação
com o tegmento do mesencéfalo)
Tem anteriormente continuidade com o núcleo supra-ótico
Contém parte do núcleos tuberal lateral e tubero-mamilar (o último usa a histamina como
neurotransmissor)
A zona lateral está envolvida na regulação do SN autónomo: anteriormente parassimpático e
posteriormente simpático
NOTA: Entre as zonas medial e lateral está o fórnix, o feixe mamilotalâmico e o fascículo retroflexo.
→ Conexões principais
Para ter esta miríade de funções, o
hipotálamo tem de ter informação
vinda de muitas regiões. As suas
principais aferências são:
- do mesencéfalo a partir do
fascículo longitudinal dorsal e
fascículo prosencefálico medial
- da formação do hipocampo
vem o fórnix e a estria terminal
- do córtex
- da formação reticular
- da amígdala
Em relação às eferências, estas vão seguir as mesmas vias pelas quais chegaram, com a exceção do
fórnix:
- fascículo longitudinal dorsal para o
mesencéfalo e para a formação reticular e para a
medula
- feixe mamilotalâmico para o núcleo anterior
do tálamo (eferências com origem no fórnix):
fórnix → coluna do fórnix → corpo mamilar → sinapse → feixe
mamilotalâmico → núcleo anterior do tálamo
- estria terminal
- projeções para a hipófise
- conexões diretas para regiões
corticais vizinhas
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HIPÓFISE
A hipófise corresponde a um pequeno corpo ovoide, contínuo com a haste hipofisária, que se
localiza na fossa hipofisária do osso esfenoide, recoberta por um diafragma circular dependente da
dura mater.
Tem dois lobos com funções distintas: o lobo posterior corresponde à neuro-hipófise e o lobo
anterior corresponde à adeno-hipófise. Estes têm origem embriológica diferente:
- lobo posterior deriva da vesícula diencefálica e vai estar ligado ao hipotálamo através da
haste hipofisária
- lobo anterior deriva do epitélio oro-nasal e apresenta 3 partes: pars distalis (segmentos mais
desenvolvido), pars intermedia (vai estar contra a face anterior da neuro-hipófise) e pars
tuberalis (vai envolver o tuber cinereum)
→ Conexões hipotálamo-hipófise
O hipotálamo tem conexões quer com a adeno-hipófise1, quer com a neuro-hipófise2.
(1) As células neurosecretoras localizadas na zona medial do hipotálamo vão libertar releasing-
hormones e releasing inibitory hormones, que vão ser transportadas pelos axónios para a eminência
mediana e para o infundíbulo. Aqui existem capilares fenestrados que vão captar estas hormonas e
vão para a extremidade superior do sistema porta-hipofisário (veia-capilar-veia), especializado no
transporte destas hormonas para o lobo anterior da hipófise.
(2) Por outro lado, a conexão direta com a neuro-hipófise é feita pelo feixe hipotálamo-
hipofisário, ou seja, a vasopressina e a oxitocina vão ser sintetizada no núcleo supraóptico e
paraventricular, respetivamente. Vão ser transportados nos axónios pelas proteínas transportadoras
chamadas de neurofisinas e vão ser libertados diretamente no lobo posterior da hipófise.
Portanto temos aqui 2 sistemas diferentes de libertação: anterior (1) versus posterior (2).
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A neuro-hipófise relaciona-se com o órgão subfornical e o órgão
vasculosum da lâmina terminal, que fazem parte dos órgãos
circumventriculares - locais onde a barreira hematoencefálica não
existe, para haver trocas entre o sangue e o sistema nervoso central.
Portanto, temos a eminência mediana e a neuro-hipófise com os seus
capilares fenestrados, o órgão vasculosum da lâmina terminal, o órgão
subfornical e vemos ali também a glândula pineal que é outro órgão
circumventricular. Já conhecemos, no pavimento do 4o ventrículo, a
área postrema que é o único órgão circumventricular par.
EPITÁLAMO
Vai ter duas comissuras associadas com a glândula pineal: a comissura habenular (mais superior) e a
comissura posterior (mais inferior).
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Comissura habenular (25) – é cranial à glândula pineal (1) e localiza-se
no chamado trígono habenular, que possui a habénula (24) e que vai
ter na sua profundidade os núcleos habenulares direito e esquerdo, que
comunicam através da comissura.
- As aferências chegam aos núcleos habenulares através da estria
medular do tálamo, visível na face dorsomedial do mesmo.
- As eferências dirigem-se para o núcleo interpeduncular e para a
formação reticular do mesencéfalo, através do feixe habenulo-interpeduncular ou fascículo retroflexo.
Comissura posterior – é caudal à glândula pineal e possui núcleos com neurónios que contribuem
para a origem do fascículo longitudinal medial.
Glândula pineal - glândula endócrina, ímpar, localizada na linha média, rostralmente aos colículos
superiores do bolbo. Não apresenta fotorrecetores, mas recebe informação luminosa com origem na
retina, seguindo-se uma ou várias sinapses no hipotálamo e atinge a coluna intermédio-lateral da
medula espinhal, cujos neurónios enviam axónios para o gânglio cervical superior; após sinapse, os
neurónios pós-ganglionares enviam fibras para a glândula pineal, permitindo que receba informação
luminosa. No escuro, aumenta a secreção de melatonina, estando envolvida em ciclos sazonais
(passagem das estações, dias e noites...) e ritmos circadianos (24h). A partir dos 17 anos de idade
aparecem depósitos de calcário (calcificações), visíveis nos raios X.
3º VENTRÍCULO
Comunica com o 4º ventrículo através do aqueduto cerebral e com os ventrículos laterais através dos
buracos interventriculares. O seu teto tem um folheto de epêndima com uma porção adjacente à pia
mater, onde vai ocorrer a formação do LCR, que vai circular, também com a ajuda dos plexos coroideus
do 4º ventrículo e do ventrículo lateral. Possui uma interrupção que corresponde à adesão
intertalâmica.
Os seus limites:
Teto - tela coroideia, plexo coroideu e uma parte do corpo do fórnix;
Pavimento - quiasma ótico, o infundíbulo e o tuber cinereum, os corpos mamilares, a substância
perfurada posterior e o tegmento do mesencéfalo;
Posterior - glândula pineal; 2 recessos: o recesso suprapineal (superiormente à glândula pineal) e o
recesso pineal que vai fazer uma protusão na haste da glândula pineal;
Anterior - lâmina terminal; 2 recessos: o recesso ótico (superiormente ao quiasma ótico) e um recesso
infundibular (superiormente à haste hipofisária);
Lateral - os dois tálamos e a porção superior do hipotálamo.
100
Temos agora uma visão superior em que foi retirada a tela coroideia (camada da pia máter de grande vascularização que
se invagina próxima ao quarto ventrículo para formar o plexo coroide) e vemos então o plexo coroide. Vemos o trígono da
habénula, as aferências para os núcleos habenulares que são veiculados pelas estrias medulares do tálamo, visíveis na face
dorso medial do tálamo e que têm origem no sistema límbico e no núcleo da base chamado globo pálido.
Molde do sistema ventricular
101
T12 – Tálamo. Subtálamo. Núcleos de base.
102
GRUPOS NUCLEARES DO TÁLAMO
Lâmina medular externa – camada de substância branca na face lateral do tálamo, que separa os
grupos nucleares laterais do núcleo reticular;
Lâmina medular interna (em forma de Y) – partição da substância cinzenta do tálamo em divisões
anterior, medial e lateral.
À exceção do núcleo reticular, os grupos talâmicos podem ser divididos de acordo com os seus
padrões de eferências e aferências:
- Núcleos de relé (de relay): recebem aferências específicas e projetam para áreas corticais bem
definidas
→ Núcleos: VPM, VPL, VA e VP
- Núcleos de associação: projetam para áreas corticais associativas e receberem eferências
específicas do córtex cerebral e de várias estruturas subcorticais; fazem a distribuição e seleção
da informação transmitida entre áreas corticais
→ Núcleos: MD, LP, pulvinar e geniculado medial e lateral (fazem parte do metatálamo)
- Núcleos com funções especiais: relacionam-se com os núcleos de base e sistema límbico
→ Núcleos: intralaminares e os da linha média
104
Esta imagem mostra as relações
entre os núcleos talâmicos e as áreas
corticais:
- núcleo anterior projeta para uma
parte do sistema límbico: a
circulação do cíngulo
- núcleo MD projeta para o córtex
pré-frontal
- núcleos VA e VL projeta para o
córtex motor
- núcleo VPL projeta para a porção
corresponde ao membro inferior do
córtex sensitivo
- núcleo VPM projeta para a porção
correspondente à face, cabeça e
pescoço do córtex sensitivo
- pulvinar projeta para o córtex
parietal-occipital-temporal (córtexde
Notar os núcleos geniculados lateral e medial, que projetam para o associação)
córtex visual e auditivo, respetivamente.
105
Já os núcleos intralaminares (parafasciculares e centromediano) e da linha média, têm um papel
fundamental na vigilância e projetam para os núcleos de base e regiões do sistema límbico.
Os núcleos reticulares são a exceção: são constituídos por interneurónios inibitórios que utilizam o
GABA como neurotransmissor e que vão ser o “Gatekeeper of the gatekeeper” – fazem a modulação
das projeções entre o tálamo e o córtex, ou seja, impedem que algumas aferências corticais chegam
ao tálamo e vice-versa. Assim, fazem projeções para outros núcleos talâmicos e não para o córtex
cerebral.
→ Estados fisiológicos dos neurónios de projeção (maioria dos neurónios dos núcleos talâmicos)Os
neurónios de projeção talâmicos têm dois estados fisiológicos:
Tonic mode – neurónios de projeção ligeiramente despolarizados (semelhantes a um neurónio típico);
permitem a transmissão de informação fidedigna e proporcional à magnitude da aferência
- há transferência linear de informação para o córtex
Burst mode – neurónios de projeção com canais de cálcio dependentes de voltagem especiais, sendo
muito sensíveis a pequenas despolarizações; não têm capacidade de transmitir informação sobre
aferências específicas – permitem detetar novos estímulos
SUBTÁLAMO
Corresponde a uma região do diencéfalo limitada superiormente pelo sulco hipotalâmico,
anteriormente por um plano vertical ao nível do bordo posterior dos corpos mamilares e inferior e
posteriormente por um plano desde a comissura posterior ao bordo posterior dos núcleos mamilares. É
lateral ao hipotálamo, ventral ao tálamo e funde- se caudalmente com o tegmento do mesencéfalo.
Inclui as partes mais rostrais da substância negra e do núcleo rubro, o núcleo subtalâmico, outros
núcleos (como o pré-rubral e o da ansa lenticular) e numerosos feixes.
Núcleo subtalâmico – forma de lente biconvexa; relacionado com os núcleos
da base
Zona incerta - pequena massa de substância cinzenta entre o núcleo
subtalâmico e o tálamo, que vai ter projeções diretas para o córtex cerebral e
que corresponde à continuação rostral da formação reticular; tem conexões
com núcleos da formação reticular, núcleos talâmicos intralaminares e da
linha media; a sua função relaciona-se com a modulação do movimento
106
Os principais feixes que atravessam o subtálamo são:
- Lemniscos medial, espinhal e trigeminal: em direção ao tálamo (núcleos VPL e VPM)
- Feixe dentatotalâmico do pedúnculo cerebeloso superior contralateral acompanhado pelo
feixe rubrotalâmico ipsilateral
- Fascículo retroflexo ou feixe habenulo-interpeduncular: principal via eferente do trígono
habenular, com eferências para o núcleo interpeduncular e formação reticular; é o elo da
ligação entre os núcleos da base e sistema límbico com a formação reticular
- Fascículo lenticular: projeção palidotalâmica mais importante
- Ansa lenticular: projeção palidotalâmica
- Fascículo subtalâmico: feixe que liga o globo pálido ao núcleo subtalâmico
- Fascículo talâmico: resultante da união do fascículo lenticular, ansa lenticular e projeção
dentatotalâmica do pedúnculo cerebeloso superior contralateral antes de terminar nos núcleos do
tálamo.
NÚCLEOS DA BASE
Os núcleos da base são massas de substância
cinzenta localizados na profundidade dos hemisférios
cerebrais, que se relacionam com a decisão, direção e
amplitude do movimento e ainda com a expressão
motora das emoções.
O núcleo lentiforme é então constituído pelo putamen1, maior e mais lateral e pelo globo pálido2,
mais medial (a tonalidade mais clara deve-se às fibras mielinizadas que o atravessam).
A cápsula interna3 tem um segmento anterior, que separa o núcleo lentiforme da cabeça do núcleo
caudado e um segmento posterior, que separa o putamen do tálamo.
Os bordos anterior, superior e posterior do núcleo lentiforme vão estar relacionado com a coroa
radiada. É sulcado antero-inferiormente pela comissura anterior.
107
O núcleo lentiforme tem relações:
- Laterais com a ínsula1, cápsula extrema2, claustro3 (pequena lâmina de
substância cinzenta) e cápsula externa4
- Mediais com a cápsula interna5
- Anteriormente, superiormente e
posteriormente com a coroa radiada:
2
1
108
Relacionados funcionalmente com os núcleos de base temos:
- núcleo subtalâmico – regula o ritmo das aferências para os núcleos de base
- substância negra
parte compacta (dorsal): rica em neuromelanina, neurónios muito pigmentados;
neurotransmissor: dopamina
parte reticular (ventral)- parte eferente dos núcleos da base- com menor número de
neurónios e pouco pigmentados, rica em GABA. Estende-se cranialmente, sendo
contínua com o globo pálido
As principais eferências originam-se no segmento interno do globo pálido (GPi), mas a parte reticular
da SN (SNr) também é fonte de numerosas eferências. Contudo, todas estas eferências dos núcleos de
base são inibitórias (GABAérgicas), de forma a inibir tonicamente o tálamo. Assim, vai existir uma via
direta e uma via indireta, responsáveis por modular a atividade dos núcleos de base: diminuição da
inibição do tálamo ou aumento desta inibição, respetivamente.
- O estriado (núcleo caudado e putamen) projeta fibras inibitórias para GPi, GPe e SN.
- O GPe projeta para o GPi e também para núcleo subtalâmico (através do fascículo subtalâmico).
109
- O GPi projeta fibras inibitórias para o tálamo através do fascículo lenticular, ansa lenticular e
fascículo talâmico (a ansa lenticular une-se ao fascículo lenticular e a fibras GABAérgicas da porção
reticular da SN, formando este fascículo), que se dirige para o tálamo.
- Substância negra parte reticular (SNr): estruturalmente contínua com o GPi, apresenta as mesmas
aferências e eferências que este e projeta eferências para os colículos superiores (é uma das vias pelas
quais os núcleos da base participam no controlo dos movimentos oculares).
Como já vimos, este núcleo, tal como a SN, também se relaciona funcionalmente com os núcleos da
base. Contudo, atua de forma diferente:
- As suas principais aferências provêm do GPe e do córtex cerebral (via rápida de acesso a regulação
de eferências do núcleo da base)
- Envia projeções excitatórias glutamatérgicas para o GPi (e poucas para o GPe) e para a SNr, portanto,é
o único que não é inibitório. Tem um papel importante papel na via indireta.
- As lesões deste núcleo têm como consequência o hemibalismo, afetando os músculos proximais de
um membro contralateral ou de ambos os membros.
VIA INDIRETA
VIA DIRETA
110
VIA DIRETA
VIA INDIRETA
111
PATOLOGIAS QUE ENVOLVEM OS NÚCLEOS DA BASE
112
T13 – Telencéfalo
Parte 1
O telencéfalo divide-se pela fissura longitudinal em 2 hemisférios cerebrais, divididos em vários lobos:
frontal, parietal, occipital e temporal. Alguns autores adicionam o lobo límbico. Para além disso, a
superfície do córtex cerebral é formada por circunvoluções que permitem suportar uma maior
quantidade de neurónios numa menor área. Aliás, o córtex tem uma área de aproximadamente 1800-
2200 cm3 mas só um terço da substância cinzenta é visível na superfície.
TIPOS DE SULCOS
→ Sulcos primários – surgem em resultado do crescimento exuberante do córtex em áreas vizinhas
- Sulcos limitantes: estabelecem limites entre áreas funcionais e estruturais diferentes
ex: sulco central
- Sulcos axiais: desenvolvem-se em áreas homogéneas de rápido crescimento
ex: parte posterior do sulco calcarino no centro da área estriada no lobo occipital
- Sulcos operculados: desenvolvem-se em áreas heterogéneas, mas a transição estabelece-se nas
suas paredes e não no seu pavimento
ex: sulco semilunar que separa a área estriada da periestriada no lobo occipital
→ Sulcos secundários – formam-se em resultado de outros fatores
- Sulco lateral: forma-se devido à expansão lenta do córtex da ínsula e consequente submersão
das áreas corticais adjacentes
- Sulco parieto-occipital: forma-se devido ao desenvolvimento do corpo caloso
→ Sulcos completos – qualquer sulco se pode denominar completo se for profundo e produzir
elevações nas paredes do ventrículo lateral
ex: parte anterior do sulco calcarino – responsável pelo calcar avis localizado na parede
medial do corno posterior do ventrículo lateral
sulco colateral – responsável pela eminência colateral, localizada na parede lateral do
corno inferior do ventrículo lateral
113
Os hemisférios cerebrais possuem um bordo superior (súpero-medial), um bordo inferior (infero-
lateral) e dois bordos mediais (infero-mediais): bordo medial orbitário e bordo medial occipital.
Possuem ainda 3 faces: súpero-lateral, medial e inferior.
→ Face súpero-lateral
NOTA: cada uma das porções que tapam a ínsula designa-sepor opérculos: há
um parietal, frontal, orbitário e temporal.
114
— Sulco central ou sulco de Rolando: divide a face súpero-medial em lobo frontal (anteriormente) e
lobo parietal (posteriormente); inicia-se no bordo súpero-medial e vai estar posteriormente ao ponto
médio entre os polos frontal e occipital, terminando depois perto do ramo posterior do sulco lateral.
— Lobo frontal: limite posterior é o sulco central; limite superior o bordo súpero-medial; limite inferioré
o bordo superciliar e o tronco do sulco lateral
- polo frontal
- sulco pré-central: paralelo ao sulco central
- sulco frontal superior e sulco frontal inferior: anteriores ao sulco pré-central
- circunvoluções: pré-central, frontal superior, frontal média, frontal inferior (esta última divide-
se pelos ramos anterior e ascendente do sulco lateral em 3 partes: orbital, triangular e
opercular localiza-se aqui a área motora da fala, geralmente no hemisfério esquerdo – área da
Broca
— Lobo temporal: localiza-se inferiormente ao sulco lateral e está limitado posteriormente por uma
linha arbitrária que vai unir a incisura pré-occipital ao sulco parieto-occipital
- sulco temporal superior e sulco temporal médio: dividem-no em 3 circunvoluções
- circunvoluções: temporal superior, temporal média e temporal inferior
- o sulco temporal superior relaciona-se com a circunvolução angular
- circunvoluções temporais transversas (anterior e posterior) no pavimento do sulco: são
visíveis abrindo o sulco lateral e olhando para a face superior do lobo temporal; correspondem à área
auditiva do córtex
115
— Lobo parietal: localiza-se posteriormente ao sulco central e relaciona-se superiormente com os
limites do lobo temporal
- sulco pós-central
- sulco interparietal: é perpendicular ao sulco pós-central e encontra-se com o sulco occipital
transverso
- circunvolução pós-central: localiza-se entre os sulcos central e pós-central e corresponde à
localização da área somato-sensitiva do córtex, onde vai estar o homúnculo
- divide-se em lobo parietal superior (que se continua posteriormente pelo arco parieto-
occipital) e em lobo parietal inferior, que vai possuir 2 circunvoluções:
- circunvolução supramarginal
(relacionada com o ramo posteriordo
sulco lateral)
- circunvolução angular
(relacionada com o sulco temporal
superior)
— Lobo occipital: localiza-se posteriormente à linha arbitrária que vai unir a incisura pré-occipital ao
sulco parieto-occipital
- polo occipital
- incisura pré-occipital
- sulco occipital lateral e sulco occipital transverso
- sulco semilunar: é operculado, pois vai separar a área estriada da periestriada no lobo
occipital, que se relaciona com as aferências visuais
116
→ Face medial
— Corpo caloso
- rostrum: porção anterior e inferior que se continua até à lâmina terminal
- joelho: extremidade anterior que se continua inferiormente com o rostrum
- tronco: é a porção principal que se vai arquear posteriormente
- esplénio: terminação posterior
Inferiormente ao corpo caloso localiza-se o fórnix (sistema de fibras eferentes da formação do
hipocampo). No espaço entre o corpo do fórnix e o corpo caloso está o septo pelúcido. Os dois septos
pelúcidos delimitam entre si o cavum do septo pelúcido.
117
— Região anterior
- sulco do cíngulo: localiza-se superiormente ao corpo caloso, seguindo a sua curvatura;
alinhado com o centro do tronco do corpo caloso surge deste sulco um sulco ascendente que
divide 2 regiões:
- lóbulo paracentral: vai ser contínuo com a circunvolução pré-central
- circunvolução frontal medial
- circunvolução do cíngulo: localiza-se inferiormente ao sulco do cíngulo
- área subcalosa
- circunvolução paraterminal: localiza-se anteriormente à lâmina terminal e inferiormente à
comissura anterior
— Região posterior
- istmo da circunvolução do cíngulo: permite a continuação da circunvolução do cíngulo com a
circunvolução parahipocampal
- sulco calcarino: é um sulco axial e completo, pois a sua parte anterior produz uma elevação
na parede medial do corno posterior do ventrículo lateral
- sulco parieto-occipital
- cuneus: corresponde ao local delimitado pelos sulcos calcarino e parieto-occipital
- precuneus: localiza-se anteriormente ao sulco parieto-occipital
→ Face inferior
A face inferior dos hemisférios cerebrais está dividida numa parte anterior ao tronco do sulco central,
que é a região orbitária e numa região tentorial que é posterior e maior.
— Região orbitária
- Sulco olfativo, bolbo olfativo, fita olfativa e trígono olfativo, relacionadoscom a
circunvolução reta
- Sulco orbital medial e lateral e um sulco orbital perpendicular a
estes, delimitando 4 circunvoluções: orbitária anterior, orbitária
posterior, orbitária medial e orbitária lateral
118
— Região tentorial
- Sulco colateral: inicia-se perto do polo frontal e vai ser paralelo ao sulco calcarino, delimitando
com ele a circunvolução lingual, que se continua anteriormente com a circunvolução
parahipocampal (a sua extremidade anterior designa-se uncus e relaciona-se com o sulco rinal)
- Sulco occipito-temporal: divide esta porção numa circunvolução occipito-temporal medial e
numa occipito-temporal lateral
119
A circunvolução do cíngulo, que se continua
com a circunvolução parahipocampal através
do istmo, a circunvolução parahipocampal, a
área subcalosa e a circunvolução
paraterminal vão fazer parte do chamado
lobo límbico.
Lobo límbico refere-se então a este conjunto
de estruturas morfológicas, que se vão
relacionar com o sistema límbico, que vai
envolver outras estruturas como, por
exemplo, o hipocampo. Este sistema vai
depender da formação do hipocampo e da
amígdala, como veremos mias à frente nesta
aula.
120
COMISSURAS TELENCEFÁLICAS: fibras comissurais que fazem parte da substância branca telencefálica
- Corpo caloso
Comissuras diencefálicas
- Comissura anterior - Habenular
- Comissura hipocampal - Posterior
VENTRÍCULO LATERAL
O ventrículo lateral possui um corno anterior, um corpo, um corno posterior e outro inferior. Na
extremidade anterior do corno inferior vamos encontrar a amígdala e no pavimento deste corno vamos
encontrar a formação do hipocampo.
Corno anterior ou frontal – é limitado anteriormente pela face posterior do joelho e rostro do corpo
caloso; o teto é formado pela porção anterior do corpo caloso; a cabeça do núcleo caudado forma
parede lateral e pavimento; os dois cornos estão separados anteriormente pelo septo pelúcido (parede
medial) com as colunas do fórnix no seu bordo posterior.
Corpo (porção central) – do buraco interventricular ao esplénio do corpo caloso; os dois corpos estão
separados pelo septo pelúcido, que contém o fórnix no seu bordo inferior (parede medial).
Teto – face inferior do corpo caloso; o pavimento, concavo súpero-medialmente, é constituído pelo
núcleo caudado lateralmente e pelo tálamo medialmente, encontrando-se a estria terminal e a veia
tálamo-estriada no sulco entre os dois; quando o septo pelúcido termina posteriormente, o pavimentoe
teto encontram-se na parede medial.
Buraco interventricular – vai ter como limites: anterior coluna do fórnix e posterior o tubérculo
anterior do tálamo; tem forma crescente no adulto.
Fissura coroideia – entre o fórnix e o tálamo, permite a entrada do plexo coroideu:
- Plexo coroideu – vai ser constituído por 2 porções: pia mater e epêndima, que recobre os
ventrículos; a junção das 2 vai fazer com que haja uma estrutura com pequenos vasos, capilares e fibras
nervosas que fazem a secção do LCR. O plexo coroideu vai estar em todas as porções do ventrículo
lateral, exceto no corno posterior.
Átrio ou trígono colateral – área achatada triangular que forma o pavimento do ventrículo entre os
cornos inferior e posterior; vai possuir uma grande porção de plexo coroideu que se designa glómus
coroideu.
Corno posterior ou occipital – desenvolvimento variável, muitas vezes assimétrico; éfilogeneticamente
mais recente daí não apresentar plexo coroideu; vai ter:
- Bolbo do corno occipital: na porção superior da parede medial, formado por fibras do forceps
major no seu percurso para o lobo occipital
- Calcar avis: na porção inferior da parede medial, formadas pela porção anterior do sulco
calcarino
- Tapetum do corpo caloso – forma a parede lateral do corno posterior do ventrículo lateral;
relaciona-se com a radiação óptica; posteriormente as paredes lateral e medial encontram-se.
Corno inferior ou temporal – maior divisão do ventrículo lateral; no teto encontra-se o tapete do corpo
caloso, a cauda do núcleo caudado e estria terminal (que termina na amígdala, localizada na
extremidade anterior do corno inferior); a porção inferior da fissura coroideia encontra-se entre a
fimbria e a estria terminal, no teto do corno temporal; no pavimento encontra-se medialmente o
hipocampo próprio e lateralmente a eminência colateral:
121
- Hipocampo próprio (na porção medial do pavimento; pé do hipocampo anteriormente) -
coberto por alveus, que se continua com a fimbria; a fimbria por sua vez é contínua com o pilar do
fórnix; internamente vai possuir a formação do hipocampo.
- Eminência colateral (na porção lateral do pavimento, formada pela porção média do sulco
colateral; é paralela ao hipocampo próprio) – é contínua posteriormente com o trígono colateral; é a
região onde o corneto inferior se encontra com o corneto posterior.
122
O LCR é produzido nos plexos coroideus do sistema ventricular e circula pelos espaços ventriculares.
Passa dos ventrículos laterais para o 3º ventrículo através do buraco interventricular e deste para o 4º
ventrículo através do aqueduto cerebral. Ao nível do 4º ventrículo vai penetrar no espaço
subaracnoideu, através das aberturas mediana e lateral. É depois reabsorvido ao nível do seio sagital
superior, através das granulações aracnoides.
CASOS CLÍNICOS
- Hidrocefalia obstrutiva
O LCR não circula o que faz com os ventrículos
dilatem; pode ter de se recorrer a uma
cirurgia.
- Hematoma subdural
O hematoma subdural vai comprimir o
ventrículo lateral e a sua cavidade fica
obstruída.
SISTEMA LÍMBICO
O termo “límbico” surgiu em 1878 e quem nomeou foi o Broca, um médico francês (associado à área
motora da fala localizada na circunvolução frontal inferior) que disse que havia uma parte dos
hemisférios cerebrais que estavam num “limbo, isto é, nas margens, então decidiu chamá-lo de lobo
límbico. Este lobo vai ser constituído pela circunvolução parahipocampal, pela circunvolução do
cíngulo, pela área subcalosa (que é aquela continuação anterior da circunvolução do cíngulo) e pela
circunvolução parahipocampal. Estas áreas vão estar unidas pelo feixe do cíngulo - feixe de substância
branca.
Existem 3 estruturas subcorticais relacionadas com o sistema límbico: núcleos septais (ligados aos
circuitos da recompensa, localizados no septo coincidente com a circunvolução paraterminal,
adjacente à lâmina terminal), formação do hipocampo e amígdala.
123
Na porção mais anterior da circunvolução
parahipocampal existe o córtex entorrinal (EA),
que vai receber aferências de áreas corticais de
associação, somato-sensoriais auditivas, visuais,
do gosto, da área pré-frontal e também da
formação do hipocampo, emitindo depois
eferências para a formação do hipocampo, através
da via perfurante.
Em 1937, James Papez descreveu um circuito que ficou conhecido como “circuito de Papez” e que
associou à modulação da emoção. Foi a primeira vez que se descreveu, de forma rudimentar, o atual
sistema límbico:
- iniciava-se na formação do hipocampo, que envia eferências pela fímbria, que se continua com o
pilar posterior do fórnix (que comunica com o outro pilar através da comissura hipocampal);
- as eferências seguem pelo corpo do fórnix, aproximam-se anteriormente e daí vão aparecer as
colunas do fórnix, que vão ter uma porção pré-comissural, que vai terminar na região septal e uma
pós-comissural, que vai terminar massivamente nos núcleos mamilares (que vão ter o feixe mamilo-
talâmico que vai para o núcleo anterior do tálamo);
- por sua vez, o núcleo anterior do tálamo vai ter eferências para a circunvolução do cíngulo e através
do feixe do cíngulo vai seguir um trajeto posterior até à circunvolução parahipocampal (com quem é
contínua através do istmo) e vai para a sua porção anterior, que é o córtex entorrinal;
- o córtex entorrinal emite as suas eferências para a formação do hipocampo, onde ocorrerá o
processamento; de seguida voltam a ser emitidas eferências para a fímbria, fórnix (...) e recomeça o
circuito de Papez.
córtex entorrinal - formação do hipocampo - fórnix - corpos mamilares – circunvolução do cíngulo – circunvolução parahipocampal
O hipotálamo vai ser um elemento crucial do sistema límbico, mas também o vão ser os núcleos do
tálamo (anterior e dorsomedial) e uma porção do córtex pré́-frontal (córtex pré́-frontal medial).
Também ainda a área tegmentar ventral, ligada ao circuito da recompensa (relacionado com a região
septal) e ainda regiões do mesencéfalo como partes da formação reticular e a substância cinzenta
central vão estar envolvidas no sistema límbico, que é um conceito diferente do conceito morfológico
“lobo límbico”.
124
→ Sistema límbico centrado na formação do hipocampo
Os axónios das células granulares (fibras musgosas) vão fazer sinapse com Sinapse 2
as células piramidais de CA3
125
As fibras pré-comissurais relacionam-se com o circuito de recompensa e a adição, uma vez que os
núcleos septais se relacionam com a área tegmentar ventral, onde o neurotransmissor principal é a
dopamina. Tudo o que é adição relaciona-se com os núcleos septais, com a área tegmentar ventral e
com o estriado ventral.
As fibras pós-comissurais relacionam-se com a formação de novas memórias, especialmente as de
longo prazo (dita declarativa ou explicita – para recordar eventos e saber factos).
Nota: memória inconsciente e criação de hábitos relaciona-se com o cerebelo e núcleos de base; memórias
traumática e emocional relaciona-se com a amígdala, como veremos agora.
A amígdala foi descrita no século XIX por Burdach e encontra-se na terminação da formação do
hipocampo. A designação mais correta seria complexo amigdaloide nuclear pois é constituída por
vários núcleos:
- medial ou corticomedial: relacionado com o sistema olfativo;
- central: relacionado com o hipotálamo e com o tronco cerebral; associado a respostas
emocionais;
- basolateral: faz conexões com numerosas áreas corticais, contém células piramidais e é
continuo com o córtex parahipocampal; relaciona-se com a expressão das emoções.
126
Vias aferentes da amígdala
Estria terminal (localiza-se entre o tálamo e o núcleo caudado) – vai receber aferências do hipotálamoe
dos núcleos septais que se dirigem para os núcleos mediais através da estria terminal
Via ventral amigdalofugal – recebe aferências do tálamo, hipotálamo, do córtex orbitário e cingulado
anterior através desta via
Fita olfativa lateral – recebe através desta fita aferências provenientes do bolbo olfativo e do córtex
olfativo
Diretas – recebe ainda aferências diretamente de estruturas localizadas no lobo temporal, como a
formação do hipocampo e regiões neocorticais
127
Aspetos funcionais
A amígdala está envolvida nas memórias emocionais, na expressão das emoções e ainda nas
memórias traumáticas. Para além disso, a amígdala basolateral relaciona-se com a formação do
hipocampo para permitir selecionar factos relevantes para a memória a longo prazo. Tem ainda uma
relação com a agressividade e o medo, desempenhando um papel na resposta rápida a ameaças e,
portanto, na sobrevivência.
Parte 2
ORGANIZAÇÃO LAMINAR DO CÓRTEX
Ao contrário do córtex cerebeloso, que é uniforme, o córtex cerebral é bastante heterogéneo.
A maioria do córtex cerebral corresponde ao neocórtex, que possui 6 camadas, podendo variar
conforme a região cortical:
I – cam. molecular IV – cam. granular interna
II – cam. granular externa V – cam. piramidal interna
III – cam. piramidal externa VI – cam. polimórfica
O arquicórtex, que é filogeneticamente mais antigo e que se relaciona com o sistema límbico, possui
apenas 3 camadas. O exemplo típico é a formação do hipocampo.
Já o paleocórtex, que é ainda mais primitivo e que corresponde ao córtex olfativo primário, tem um
número variável de camadas, por vezes não muito bem definidas.
Nota: já vimos que o olfato é a exceção dos sentidos, porque as fibras não passam pelo tálamo e é
maioritariamente ipsilateral.
128
- koniocortex ou granular: camadas II e IV muito desenvolvidas e III e V pouco;
normalmente corresponde a um córtex somatossensitivo; um exemplo é o córtex estriado
relacionado com a via visual, no qual se observa macroscopicamente a estria visual ou estria de
Gennari, que corresponde à banda externa de Baillarger, localizada na lâmina IV
- córtex agranular: camadas III e V muito desenvolvidas e II e IV praticamente
ausentes; é típico das regiões motoras e pré-motoras
córtex granular
córtex agranular
129
ÁREAS CORTICAIS TELENCEFÁLICAS
No início do século XX, Brodmann dividiu o neocórtex em 44 áreas, por análise com o método de Nissl.
130
→ Áreas de associação multimodais ou heteromodais (recebem múltiplas aferências de diversas
regiões corticais, podendo modular as respostas de acordo com as circunstâncias)
- Lóbulo parietal inferior, grandes porções do lobo temporal e do lobo frontal
- Córtex parietal posterior: permite uma seleção das extrações e vai integrar estímulos
somáticos e visuais; participa também na atenção e na consciência de si próprio
Nota: lesões neste córtex podem levar a agnosia tátil (incapacidade de reconhecer um
objeto através da visão) e asterognosia (incapacidade de reconhecer um objeto pelo tato) e
também ao síndrome de neglect (lesão no hemisfério não dominante faz com que deixe de
existir consciência, atenção e interpretação dos estímulos contralateralmente)
- Córtex pré-frontal: localizado anteriormente às áreas 4 e 6; medeia a ”working memory” e a
tomada de decisões; tem duas porções:
- porção dorsolateral: localiza-se na convexidade lateral do hemisfério e possui um
grande número de conexões com o córtex parietal multimodal, áreas somatossensitivas,
visuais e auditivas
- porção ventromedial: estende-se para o córtex orbitofrontal e para o córtex cingulado
anterior, fazendo conexão com estruturas límbicas como a amígdala e também com o
cerebelo e o núcleo accumbens (do estriado ventral)
Nota: lesões neste córtex levam a alterações de personalidade, pois os aspetos básicos da
personalidade, de manter a atenção, a moralidade, de resolver problemas, de ajustar o
comportamento às normas sociais, planeamento, memória de trabalho e tomada de decisões
conscientes são funções do córtex pré́-frontal, onde vamos ter vários neurotransmissores:
noradrenalina que vem do locus cerúleos; serotonina, dos núcleos da rafe da formação
reticular; acetilcolina que vem de grandes núcleos do prosencéfalo basal; dopamina, que
provém do núcleo accumbens e região tegmentar ventral. São estes neurotransmissores que
vão ser objeto de numerosos psicofármacos.
- Áreas da linguagem (localizadas à esquerda):
- área da Broca: áreas 44 e 45; localizada na circunvolução frontal inferior (porções
opercular e triangular); relaciona-se com o controlo preciso dos músculos da laringe
responsáveis pela fala e é o local associado à gramática, compreensão e produção.
- área de Wernicke: área 22; localizada na porção posterior da circunvolução temporal
superior (área perissilviana da linguagem); relaciona-se com o significado das palavras ea
intenção de falar.
Nota: podem ocorrer várias afasias (incapacidade de comunicar eficazmente): se houver
uma lesão na área da Broca vamos ter uma afasia motora em que surgem dificuldades na
sintaxe, na gramática, na repetição e na produção de palavras individuais, a pessoa saiba
exatamente o que pretendia dizer; por outro lado se houver uma lesão na área de Wernicke
teremos uma afasia de Wernicke, que é sensorial ou recetiva, em que a estrutura das palavras,
a sintaxe e gramática estão intactos, só que há́ uma dificuldade de compreensão de discurso e
aquilo que a pessoa diz não tem sentido nenhum. É diferente da disartria, em que o conteúdo
está intacto mas há problemas na articulação por exemplo, por problemas musculares.
Sabemos que um doente cerebeloso sabe perfeitamente o que quer dizer e entende tudo que
quer dizer, mas pode ter uma certa disartria
- Áreas de associação temporal: está especializada em reconhecer a linguagem, estímulos e
padrões ligados ao conhecimento e relaciona-se também com o reconhecimento facial; associa-
se à circunvolução occipito-temporal medial
Nota: lesões nesta área provocam prosopagnosia (incapacidade de reconhecer faces).
Observa-se: a área motora primária 4; a pré́-motora 6, o campo frontal ocular (que é uma parte que
vai estar relacionada com movimentos oculares da área 6); a zona somatossensitiva primária que são
as áreas 3,1,2; áreas do córtex parietal posterior de associação, as áreas 5 e 7; área visual do lobo
occipital, V1, área 17; áreas de associação, 18 e 19; área de audição no lobo, A1, área 41, e os de
associação, 42 e 22; falta uma zona que não tem um nome propriamente dito que é na ínsula,
relacionada com o gosto. Notar que as áreas 4 e 3,1, 2 vão para a parte medial do hemisfério.
Nesta imagem observam-se os homúnculos e é importante perceber que o membro inferior vai estar
na face medial do hemisfério, que é irrigada pela artéria cerebral anterior, enquanto que o membro
superior está na face supero-lateral que vai ser irrigada pela artéria cerebral média. Ambas são
ramificações terminais da carótida interna, mas este facto importa pois se o AVC afetar a artéria
cerebral anterior vai resultar uma lesão no membro inferior contralateral e vice-versa.
132
DOMINÂNCIA E ASSIMETRIA CEREBRAL
Vamos analisar o exemplo da linguagem, em que o hemisfério dominante, normalmente, é o
esquerdo. O hemisfério (não dominante) tem funções relacionadas com a prosódia, isto é, com o ritmo,o
enfâse e musicalidade que atribuímos à fala. Para além disso, vai
também adicionar conteúdo emocional e algum significado ao
discurso. No entanto, as áreas da linguagem estão mais desenvolvidas
à esquerda e de ponto de vista morfológico é aí que uma lesão gera
consequências.
Isto é uma noção importante, existe uma certa plasticidade a nível
do córtex e neste caso como estamos mais localizados à esquerda, o
plano temporal que está localizado na face superior da circunvolução
temporal superior (posteriormente ao córtex auditivo primário) vai
ser maior no hemisfério esquerdo.
133
→ Fibras comissurais: atravessam a linha média e ligam maioritariamente regiões correspondentes
dos hemisférios cerebrais:
- O corpo caloso é a maior comissura cerebral e localiza-se no pavimento da fissura inter-
hemisférica;
- A comissura anterior une a extremidade anterior dos lobos temporais;
- A comissura hipocampal liga o fórnix direito ao esquerdo e está localizada inferiormente ao
esplénio do corpo caloso.
→ Fibras de projeção: originam-se no córtex cerebral e dirigem-se na sua maioria para estruturas do
tronco cerebral e medula espinhal
- Centro semioval: ponto de onde surgem as fibras de projeção; a partir dele estas agrupam-se
e dirigem-se para a região central do hemisfério, formando a coroa radiada;
- Coroa radiada: as suas fibras continuam-se com a cápsula interna;
- Cápsula interna: localiza-se medialmente ao núcleo lentiforme e lateralmente ao núcleo
caudado e tálamo e possui um segmento anterior (localizado entre a cabeça do caudado e o
lentiforme), um joelho e um segmento posterior (localizado entre o lentiforme e o tálamo);
Nota: Possui uma porção retrolenticular (que contém fibras da radiação ótica, que saem
do corpo geniculado lateral) e uma porção sublenticular (que contém fibras da via
auditiva e dirige-se para as circunvoluções temporais transversas).
Sulco parieto-occipital
Sulco calcarino
Anterior l
134
T14 – Vias aferentes e eferentes
As vias aferentes e eferentes correspondem a conjuntos de fibras nervosas com funções semelhantes
ou com uma origem ou destino comum, anatomicamente agrupadas. As vias aferentes conduzem
informação até ao tálamo, cerebelo ou núcleos do trono cerebral. Já a via descendente conduz
informação com origem no córtex cerebral ou em núcleos de nervos cranianos, cujo destino é a
substância cinzenta da medula espinal.
Existem também feixes intersegmentares ou próprio-espinhais que fazem a conexão entre os diversos
segmentos da medula espinal.
135
FOLHA RESUMO
136
VIAS AFERENTES
As fibras aferentes chegam pela raiz dorsal dos nervos espinhais (que já sabemos serem mistos), que
ao atingir a medula espinhal se divide numa componente medial (fibras grossas e mielinizadas, que
vão para o cordão posterior) e numa componente lateral (fibras finas e pouco ou não mielinizadas, que
vão para o cordão antero-lateral).
O padrão mais comum destas vias implica 3 neurónios: o 1º localizado no gânglio dorsal raquidiano, o
2º em posição que varia consoante o feixe e o 3º com origem no núcleo ventral posterolateral (VPL)do
tálamo (ou VPM no caso do n. trigémio).
1º neurónio – corpo celular no GDR, com prolongamento periférico para recetores táteis e
propriocetores nos músculos e cujo prolongamento central se dirige para o cordão posterior da medula
espinal; as fibras ascendem sem cruzar até ao núcleo grácil ou cuneiforme;
2º neurónio – surge após sinapse no núcleo respetivo e decussa originando as fibras arqueadas
internas, que se organizam no lemnisco medial; este ascende ao longo do tronco cerebral até atingir o
núcleo VPL do tálamo;
3º neurónio – surge após sinapse no núcleo VPL do tálamo e o seu axónio dirige-se para o córtex
somatossensorial primário (áreas 3,1,2), onde se mantém a somatotopia – homúnculo sensitivo.
Lesões no cordão posterior podem ocorrer antes ou após a decussação que ocorre ao nível do 2º
neurónio, tendo obviamente diferentes implicações. Contudo, resultam em:
- Ataxia: movimento de marcha não coordenado que aumenta com o fecho dos olhos, devido à
perda da proprioceção (que o doente tenta compensar com a visão)
- Perda da estereognosia: capacidade de reconhecer um objeto pelo tato, uma vez que há perda
do tato discriminativo (embora não total, pois essa informação pode ser veiculada até ao córtex por
outras vias, como o feixe espinhotalâmico anterior)
137
→ Feixe espinhotalâmico lateral (complementar com T8)
Este feixe tem origem na divisão lateral da raiz dorsal dos nervos espinhais e, portanto, é constituído
por fibras finais e pouco mielinizadas. Relaciona-se com o a perceção da dor e da temperatura. Os
recetores para estes estímulos correspondem a terminações nervosas livres cujos impulsos são
transmitidos por fibras Aδ (pequenas e pouco mielinizadas, de condução rápida da dor aguda inicial) e
fibras do tipo C (finas e não mielinizadas, de condução lenta da dor crónica).
À medida que o feixe ascende no fascículo dorsolateral de Lissauer, fibras vão sendo adicionadas
medialmente (a divisão lateral adiciona de lateral para medial), havendo, por isso, uma organização
somatotópica: (de lateral para medial) sacral, lombar, torácico, cervical. Note-se ainda que as fibras
nociceptivas ficam ligeiramente anteriores às termocetivas.
1º neurónio – corpo celular no GDR, cujo prolongamento central se dirige para a extremidade do
corno posterior da medula espinal, onde se divide em ramos ascendentes e descendentes, podendo
ascender ou descer no fascículo dorsolateral de Lissauer antes de fazer a sinapse
2º neurónio – surge após sinapse que pode ocorrer nas lâminas I a IV e cruza para o lado oposto da
medula espinhal, através da comissura branca anterior, organizando-se depois no feixe
espinhotalâmico lateral, que se vai localizar então no funículo lateral; ao longo do tronco cerebral
ascendem no lemnisco espinhal (ou via anterolateral) até ao núcleo VPL do tálamo; durante este
percurso emite colaterais axonais para a formação reticular (feixe espinho-reticular)
3º neurónio – surge após sinapse no núcleo VPL do tálamo e o seu axónio dirige-se não só para o
córtex somatossensorial primário (áreas 3,1,2), como também para outras porções corticais como a
ínsula, por exemplo
138
2- Relacionado com a perceção dolorosa falamos também da Teoria da “Porta da Dor”: o cerne da
abertura ou fecho desta porta, para a filtração dos estímulos nociceptivos que se dirigem para o
tálamo, vai relacionar-se com os neurónios da substância gelatinosa, cujo papel é importante para
fazerem uma inibição pré-sináptica das fibras de grande ou pequeno diâmetro que chegam aos
neurónios da lâmina IV – fibras aferentes de grande diâmetro estimulam-nos (aumentam a inibição) e
fibras aferentes de pequeno diâmetro inibem-nos (diminuem a inibição). Isto explica que a pressão no
local onde nos magoamos (que é transmitida por fibras de diâmetro maior e que, portanto, aumentama
inibição dos neurónios da substância gelatinosa, fechando a porta que permite a transmissão do
estímulo doloroso) ajude a atenuar a dor aguda inicial que sentimos.
1º neurónio – tem origem no GDR (T12 a L5) e faz sinapse nas lâminas VI-VII de Rexed
2º neurónio – origina-se após a sinapse (são os chamados “spinal border cells”) e vai cruzar para o
lado oposto da medula através da comissura branca anterior e ascende, então, organizado neste feixe
espinhocerebeloso anterior; vai entrar no cerebelo via pedúnculo cerebeloso superior, onde vai
ocorrer uma nova decussação das fibras, de tal forma que estas terminem no lado ipsilateral.
→ Via espinho-reticular
Esta via inclui vários feixes, que importa apenas saber a sua existência:
- Feixe espinho-olivar: relaciona-se com a proprioceção (mas recebe também aferências de recetores
cutâneos); ocorre sinapse nos neurónios das lâminas profundas da substância cinzenta da medula
espinhal, há decussação das fibras, que depois ascendem para terminar ao nível do núcleo olivar
inferior contralateral;
- Feixe espinho-reticular – ascende juntamente com o feixe espinhotalâmico, sendo que a maioria das
fibras não decussa e termina em núcleos da formação reticular no bolbo, na ponte e no mesencéfalo; é
uma via alternativa para a perceção dolorosa;
- Feixe espinhomesencefálico- contém fibras que se dirigem para várias regiões do mesencéfalo e
relaciona-se com o mecanismo intrínseco para o controlo da dor;
- Feixe espinho-hipotalâmico- contém fibras que se dirigem para núcleos relacionados com o sistema
nervoso autónomo e está envolvido no controlo autónomo da dor.
Síndrome de Brown-Séquard –
ocorre uma hemi-secção da medula
140
VIAS EFERENTES
As vias eferentes são descendentes, isto é, originam-se no córtex cerebral e em numerosos locais no
interior do tronco cerebral. Relacionam-se com o controlo do movimento, do tónus muscular e da
postura e também com a modulação dos reflexos espinhais.
Possuem um neurónio motor superior, localizado no córtex ou no tronco cerebral e um neurónio
motor inferior, localizado no corno anterior da medula espinhal (ou em núcleos motores de nervos
cranianos), que enerva um grupo de fibras musculares formando uma unidade motora. Podem
também envolver os interneurónios da medula espinhal.
Os neurónios motores inferiores organizam-se somatotopicamente: os mais
mediais inervam os músculos axiais; os mais laterais inervam os músculos distais.
Para além disso, os que inervam flexores encontram-se posteriormente aos que
inervam músculos extensores.
Quando falamos em programas motores (ou central pattern generators) falamos
da génese de padrões geradores de movimentos rítmicos devido aos interneurónios
presentes na medula e no tronco cerebral. Assim, estes persistem sem controlo cortical e sem
aferências. Falam os da marcha, respiração, deglutição...
141
→ Sistema motor extrapiramidal (este termo não deve ser utilizado)
Os neurologistas referem-se a este termo para mencionar os feixes que também contribuem para a
motricidade, mas que não passam pelas pirâmides do bolbo raquidiano.
- Feixe rubroespinhal
Resulta de colaterais emitidos a partir do feixe corticoespinhal para o núcleo rubro e as suas fibras
decussam na decussação tegmental anterior do mesencéfalo inferior e descem lateralmente no tronco
cerebral até ao funículo lateral da medula espinhal (localizam-se anteriormente ao corticoespinhal
lateral). Termina principalmente nas lâminas V-VII, sinaptizando com interneurónios.
Facilita a ação do feixe corticoespinhal lateral, podendo atuar como feixe vicariante no caso de lesão
deste.
- Feixe reticuloespinhal
- Feixe vestibuloespinhal
Este feixe também se divide em:
- feixe vestibuloespinhal lateral: as suas fibras originam-se no núcleo vestibular lateral e
terminam ipsilateralmente na região medial do corno anterior da medula espinhal, nas lâminas VII e
VIII; os neurónios deste feixe são excitatórios para os neurónios motores dos músculos extensores do
pescoço, dorso e membros, tendo uma ação inibitória para neurónios motores dos músculos flexores
dos membros (mediada por interneurónios inibitórios).
- feixe vestibuloespinhal medial: as suas fibras originam-se no núcleo vestibular medial,
relacionam-se com o fascículo longitudinal medial e terminam ao nível dos segmentos médio-torácicos
nas lâminas VII e VIII, podendo ou não ser cruzadas (é bilateral); está envolvido na estabilização da
posição da cabeça e pescoço e na coordenação dos movimentos da cabeça com os movimentos
oculares.
- Feixe teto-espinhal
As suas fibras originam-se no colículo superior do mesencéfalo, sofrem decussação na decussação
tegmentar dorsal, dirigem-se para a porção medial do funículo anterior da medula espinhal e projetam-
se apenas para os segmentos cervicais superiores, terminando nas lâminas VI e III.
Relaciona-se com os reflexos visuais e com a coordenação dos movimentos do pescoço.
- Feixe olivoespinhal
(entre outros...)
142
O sistema motor divide-se, normalmente, em medial (a maioria dos feixes) e lateral:
143
Existem inúmeras zonas corticais relacionadas com a motricidade, mas estas organizam-se
hierárquica e paralelamente:
Organização hierárquica dos sistemas de controlo motor
Córtex de associação (pré-frontal, parietal e temporal) – decisão de haver um movimento
Córtex pré-motor, cerebelo e núcleos de base – planeamento do movimento
Córtex motor – execução do movimento (ação sobre o neurónio motor da medula ou de nervo
craniano, direta ou indiretamente)
144
T15 – Introdução ao estudo dos nervos cranianos. Nervo olfativo e via olfativa.
Os nervos cranianos são nervos periféricos, embora com algumas componentes funcionais a mais que
os restantes nervos periféricos (4 comuns + 3). Para além disso, têm uma origem aparente (visível na
imagem; corresponde ao local onde aparecem na superfície do SNC) e uma origem real (originam-se
em núcleos do tronco cerebral). São 12:
I– nervo olfativo
II – nervo óptico (escreve-se ‘óptico’ para distinguir do termo ótico relacionado com a audição!)
III – nervo oculomotor
IV – nervo troclear (único com origem na face posterior do tronco cerebral)
V – nervo trigémeo (tem 3 ramos: oftálmico, maxilar e mandibular)
VI – nervo abducente
VII – nervo facial
VIII – nervo vestibulococlear
IX – nervo glossofaríngeo (passa na parte anterior do buraco jugular)
X – nervo vago (passa na parte anterior do buraco jugular)
XI – nervo acessório (passa na parte anterior do buraco jugular)
XII – nervo hipoglosso (passa no canal do hipoglosso)
145
A embriologia e a organogénese do SNC ajudam a compreender os nervos cranianos e os seus
componentes funcionais.
- o primeiro arco faríngeo é inervado pelo nervo trigeminal
- o segundo arco faríngeo é inervado pelo nervo facial
- o terceiro arco faríngeo é inervado pelo nervo glossofaríngeo
- o quarto e sexto arcos faríngeos são inervados pelo nervo vago
Sabendo isto e sabendo que músculos derivam de cada um destes arcos, sabemos quais os músculos
inervados por cada um destes nervos.
146
COMPONENTES FUNCIONAIS DOS NERVOS CRANIANOS
Relembrando, os componentes funcionais dos nervos espinhais são:
- fibras aferentes somáticas gerais (vêm de recetores presentes na pele, músculos e
articulações; no caso dos nervos cranianos apenas provêm de recetores na cabeça e pescoço)
- fibras aferentes viscerais gerais
- fibras eferentes somáticas gerias (inervam músculos derivados dos sómitos)
- fibras eferentes viscerais gerais
Estes componentes também existem nos nervos cranianos, sendo a única diferença ao nível das fibras
eferentes viscerais gerais: no caso dos nervos espinhais vão corresponder a fibras pré-ganglionares
simpáticas, para os membros e parassimpáticas; no caso dos nervos espinhais, vão apenas
corresponder a fibras pré-ganglionares parassimpáticas, que se distribuem para as vísceras do tórax,
do abdómen e do crânio.
Para além destes, os nervos cranianos possuem mais 3 componentes funcionais:
- fibras aferentes somáticas especiais: relacionadas com a audição e o equilíbrio
- fibras aferentes viscerais especiais: relacionadas com o gosto
- fibras eferentes viscerais especiais: inervam os músculos derivados dos arcos faríngeos
O núcleos dos nervos cranianos organizam-se em colunas ao longo do tronco cerebral, de acordo com
os seus componentes funcionais:
147
Coluna eferente somática (inerva os músculos esqueléticos derivados dos miótomos) – núcleos dos
nervos oculomotor (III), troclear (IV), abducente (VI), que se dirigem para os músculos extraoculares e
Derivados da placa basal
ainda do hipoglosso (XII), que inerva a maior parte dos músculos intrínsecos e extrínsecos da língua;
Coluna eferente visceral especial (inerva os músculos derivados dos arcos faríngeos) – núcleos dos
nervos trigémio (V), facial (VII), raiz espinhal do acessório (XI) na medula espinhal cervical e ainda o
núcleo ambíguo (que tem neurónios que vão incorporar no glossofaríngeo, IX, vago, X e acessório, XI);
Coluna eferente visceral geral (núcleos com neurónios pré-ganglionares simpáticos) – parte do núcleo
dorsal do vago (X); núcleos salivares superior e inferior; núcleo oculomotor (III) acessório (de Edinger-
Westphal).
Coluna aferente visceral geral – parte do núcleo dorsal do vago (X); alguns autores consideram que a
Derivados da placa alar
maior parte destas fibras vão para o núcleo do feixe solitário, relacionado com o gosto (e vao, então,
fazer parte da coluna aferente visceral especial)
Coluna aferente visceral especial – núcleo do feixe solitário, relacionado com o gosto (facial, VII,
glossofaríngeo, IX e vago, X)
Coluna aferente somática geral – núcleos específicos do nervo trigémio (V)
Coluna aferente somática especial – núcleos do nervo vestibulococlear, VIII (equilíbrio; audição)
Voltando à embriologia, o tubo neural possui uma placa alar que está orientada dorsalmente e que
vai conter os componentes sensitivos e uma placa basal, localizada ventralmente, contendo os
componentes motores. Estas 2 placas vão estar separadas por um sulco limitante.
Com o aparecimento depois do tronco cerebral, há́ um rearranjo destas colunas. No bolbo e na
protuberância (B e C), a placa vai ficar lateral e a placa basal medial. Ao nível do mesencéfalo (A), como
estreitamento do 4º ventrículo vai aparecer o aqueduto cerebral e a placa alar vai ficar
posteriormente em relação à placa basal.
Na medula espinhal a diferenciação entre placa alar e basal é muito fácil de visualizar, mesmo no
sistema nervoso completamente desenvolvido. Vemos medialmente as 3 colunas eferentes: a
eferente somática geral para os músculos dos sómitos (ou esqueléticos), a eferente visceral especial
ou branquial para os músculos derivados dos arcos faríngeos e a eferente visceral geral para as fibras
pré-ganglionares do sistema nervoso autónomo. E lateralmente, separadas pelo sulco limitante
(corresponde à linha), vamos ter as fibras aferente visceral geral, aferente visceral especial, que vai ter
como principal componente as fibras relacionadas com o gosto, aferente somática geral e, finalmente,
aferente somática especial, com fibras relacionadas com o equilíbrio e com a audição.
Note-se que o olfato e a visão são os sentidos mais difíceis de classificar nesta explicação. Contudo,o
olfato pode ser relacionado com as fibras aferentes viscerais especiais.
148
Tronco cerebral
Medula
149
ORIGEM REAL DOS NERVOS CRANIANOS
NOTA: no final da primeira parte desta aula revemos um assunto já abordado na T8 (Sistema Nervoso
Parassimpático).
150
→ Recetores olfativos
As moléculas odoríferas são detetadas numa área específica da fossa nasal, onde
se encontram os recetores olfativos. Podem atingir essa área diretamente através
da cavidade nasal (via ortonasal) ou entrar pela cavidade oral e ascender (via retro-
olfativa).
Existem cerca de 3 milhões de recetores olfativos, que correspondem a neurónios
bipolares localizados na mucosa olfativa e estão em renovação constante. Com o
envelhecimento há perda desta capacidade de renovação, o que leva à perda do
olfato. Os prolongamentos dos recetores olfativos unem-se e formam filamentos
que atravessam a placa crivosa e dão origem ao primeiro nervo craniano, o nervo
olfativo (I). Através deste, as fibras dirigem-se para o bolbo olfativo.
Nesta imagem está ilustrado o mecanismo de transdução do sinal, que ocorre no bolbo olfativo:
- as moléculas odoríferas ligam-se aos recetores olfativos e despolarizam-nos;
- nos neurónios de segunda ordem presentes nos glomérulos do bolbo olfativo vai haver entãoa
transdução do sinal; estes neurónios olfativos podem depois fazer sinapse com 2 células olfativas:
células mitrais e células tufosas. Já as células granulares e periglomerulares são responsáveis por uma
sinapse inibitória que acentua o contraste, intensificando a transdução (ao inibir as células tufosas e
mitrais). Para além disso, as células granulares também recebem aferências corticais, conseguindo
modular o input olfativo aferente.
- por fim, os axónios das células mitrais e tufosas dirigem-se para o córtex olfativo primário.
151
→ Lobo olfativo
- Bolbo olfativo: possui 6 camadas e é o local onde ocorre a primeira sinapse da via olfativa, mais
concretamente, ao nível dos glomérulos; possui neurónios de projeção (células mitrais e células
tufosas) e interneurónios (células granulares, sem axónios e células periglomerulares);
- Fita olfativa: contém fibras aferentes e eferentes e termina ao nível do trígono olfativo; neste ponto,
divide-se em 2 estrias: estria olfativa medial e estria olfativa lateral (que se continua com a
circunvolução semilunar, formando a área periamigdaloide);
- Córtex olfativo primário: localiza-se no córtex piriforme, que é formado pela área entorrinal (EA),
pelo uncus, pela região pré-piriforme e pela área periamigdaloide
Os axónios das células mitrais dirigem-se para a fita olfactiva; ocorrem algumas sinapses com neurónios
do núcleo olfactivo anterior; algumas fibras cruzam na porção anterior da comissura anterior; quandose
aproxima da substância perfurada anterior, a fita olfactiva achata-se e forma o trígono olfactivo, do qual
surgem as estrias olfativas lateral e medial; algumas fibras terminam na substância perfurada anterior
(com tubérculo olfactivo), mas a maioria dirige-se para a estria olfactiva lateral, através da qual as fibras
aferentes chegam ao córtex, sem passar pelo tálamo. Contudo, como vimos, também são emitidas
aferências olfativas para: núcleo olfativo anterior, tubérculo olfativo, partes do córtex da ínsula e núcleo
medial da amígdala.
O bolbo olfactivo, por sua vez, também recebe muitas aferências: com origem no locus ceruleus (fibras
noradrenérgicas), nos núcleos do rafe (fibras serotoninérgicas), na banda diagonal de Broca (fibras
- O córtex olfativo primário emite aferências para o córtex olfativo secundário: localiza-se no quadrante
postero-lateral do córtex orbitofrontal; também recebe aferências do núcleo dorsomedial do tálamo; associa
aferências gustativas a olfativas; relaciona-se com a amígdala e a formação do hipocampo, estando envolvido na
formação de memorias emocionais e apreciação subjetiva de cheiros.
152
VIA GUSTATIVA
O gosto é um outro sentido químico e relaciona-se com uma via cortical ipsilateral, que se relaciona
com fibras aferentes viscerais gerais, envolvendo, por isso:
- nervo facial, VII – inerva os 2/3 anterior da língua
- nervo glossofaríngeo, IX – inerva o palato mole e o 1/3 posterior da língua
- nervo vago, x – inerva a epiglote e a orofaringe
153
FORMAÇÃO DO HIPOCAMPO E RELAÇÕES COM O CÓRTEX ENTORRINAL
O Prémio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2014 foi atribuído a John O’Keefe, May-Britt Moser e
Edvard Moser pela descoberta de células relacionadas com um sistema de localização espacial no
cérebro.
Determinação da posição e navegação espacial – com formação de mapa cognitivo: está associada à
formação do hipocampo.
154
T16 – Conteúdo orbitário. Nervos oculomotor (III), troclear (IV) e abducente (VI).
Parte 1
CAVIDADE ORBITÁRIA
Parede lateral: asa maior do esfenóide, apófise frontal do zigomático e pequena parte do osso frontal
• A parte posterior da parede lateral é apresenta a fissura orbitária superior e a fissura orbitária inferior
• Parede triangular; as paredes laterais das duas órbitas formam um ângulo aproximado de 90°
• Separa a órbita da fossa infratemporal e da fossa craniana média
MÚSCULOS EXTRAOCULARES
• Reto superior
• Reto medial
• Reto inferior
• Reto lateral
• Oblíquo superior
• Oblíquo inferior
• Elevador da pálpebra
superior
O equador é o plano que divide o olho numa
metade anterior e noutra posterior.
Os retos inserem-se anteriormente aoequador
e os oblíquos posteriormente.
Internamente ao anel tendinoso comum: as duas divisões do nervo oculomotor (III), o nervo nasociliar, o
nervo abducente (VI), o nervo ótico, e a artéria oftálmica.
Externamente ao anel tendinoso comum: o nervo troclear (IV), o nervo lacrimal e o nervo frontal (ramos
da divisão oftálmica do trigémio, V) e a veias oftálmica superior.
156
→ Músculos retos
• São 4, têm forma de faixa e todos perfuram de forma perpendicular a episclera, inserindo-se, portanto, na
porção anterior do globo ocular, ao nível da esclerótica.
• Os retos superior e inferior estão no mesmo plano vertical, enquanto que os retos lateral e medial estão
no mesmo plano horizontal.
- Reto superior: é inervado na sua face inferior pela divisão superior do nervo oculomotor; tem função
de elevação e adução do olho (para que haja um movimento puro do olho em direção superior, o reto
superior tem de atuar em conjunto com o oblíquo inferior)
- Reto inferior: é inervado na sua face superior pela divisão inferior do nervo oculomotor; tem função de
depressão e adução do olho (para que haja um movimento puro do olho em direção inferior, o reto inferior
tem de atuar em conjunto com o oblíquo superior)
Os retos superior e inferior têm ação máxima quando o olho está em semi-abdução, pois é quando os seus
eixos de ação se alinham com o eixo visual;
A contração simultânea dos retos superior e inferior permite a adução do olho.
- Reto medial: é inervado na sua face lateral pela divisão inferior do nervo oculomotor (III); tem função
adução do olho; a ação simultânea dos dois retos mediais promove a convergência visual.
- Reto lateral: é inervado na sua face medial pelo nervo abducente (VI); tem função de abdução do olho;a
ação simultânea dos dois retos laterais promove a divergência visual.
→ Músculos oblíquos
• São 2, encontram-se no mesmo plano vertical e inserem-se na porção posterior da esclerótica. Quando se
contraem em simultâneo, promovem a abdução do olho.
- Oblíquo superior: origina-se no anel tendinoso comum supero-medialmente ao canal ótico e à fixação
tendinosa do reto superior, deslocando-se anteriormente até à tróclea do frontal, descendo depois postero-
lateralmente para se fixar no quadrante posterior supero-lateral ao nível da esclerótica; é inervado na sua
face superior pelo nervo troclear (IV); a sua função é a depressão do olho, por elevação da sua porção
posterior, sendo esta otimizada quando o olho está em adução; também promove a abdução do olho e a
sua intorção.
- Oblíquo inferior: é o único que se origina no pavimento da órbita, numa depressão na face orbital da
maxila, lateralmente ao canal nasolacrimal; dirige-se postero-lateralmente, inferiormente ao reto inferior e
depois ascende entre o globo ocular e o reto lateral, para se inserir no quadrante posterior infero-lateral do
olho; é inervado na sua face orbital pela divisão inferior do nervo oculomotor; a sua função é a elevação do
olho, por depressão da sua porção posterior, sendo esta otimizada em adução; também promove a abdução
do olho e a sua intorção.
157
→ Músculo elevador da pálpebra superior
• Origina-se no anel tendinoso comum, ao nível da asa menor do
esfenóide, superiormente ao canal ótico e alarga-se gradualmente,
adquirindo forma triangular.
• Termina numa larga aponevrose na face anterior do tarso,
possuindo, contudo, fibras que perfuram o músculo orbicular do
olho e terminam na pele da pálpebra superior. É o único músculo
extraocular que não se insere no globo ocular.
• É inervado pela divisão superior do nervo oculomotor (III).
• A sua função é elevar a pálpebra, sendo antagonista da porção
palpebral do músculo orbicular dos olhos. Salienta-se a sua ligação ao reto superior através de um ligamento,
que promove a
elevação da pálpebra
aquando da elevação do
olho.
MÚSCULOS LISOS
→ Orbitário (localiza-se na região posterior da órbita, atravessa a fissura orbitária
inferior e pensa-se que funciona como barreira)
→ Tarsal inferior
→ Tarsal superior (músculo de Muller)
• Dos 3 é o mais desenvolvido e o melhor estudado.
• Tem origem na face inferior da região anterior do elevador da
pálpebra superior e o seu tendão perfura p septo orbitário, para se
inserir no bordo superior do tarso superior.
• É (tal como os outros) inervado pelo sistema nervoso simpático,
contribuindo para a abertura palpebral.
• Lesões na inervação simpática ao nível da cabeça, por exemplo no
Síndrome de Horner, comprometem a ação do músculo de Muller,
originando uma ptose ligeira da pálpebra superior.
158
FÁSCIAS
O tecido fascial da órbita é extremamente importante para a motricidade do globo ocular, uma vez que
para além de recobrir o globo ocular, recobre também os músculos.
NOTA: As fáscias musculares e intermusculares e os ligamentos intermusculares permitem que tanto o ventre
muscular como a inserção tendinosa dos vários músculos se mantenham estáveis durante os movimentos.
159
NERVOS
Quando falamos do conteúdo orbitário e da motricidade do globo ocular, é imprescindível falar dos nervos
que lá navegam. Os nervos da oculomotricidade são: nervo oculomotor (III par craniano), nervo troclear (IV
par craniano) e nervo abducente (VI par craniano). No entanto, a divisão oftálmica e maxilar do nervo
trigémio (V par craniano) também fazem parte do conteúdo orbitário.
Importa relembrar que os nervos cranianos, embora também sejam nervos periféricos, são completamente
diferentes dos nervos raquidianos, que estamos habituados a estudar como um todo. Os nervos cranianos,
diferem muito entre si e têm de ser analisados separadamente. Vamos focar-nos na sua origem real, na sua
origem aparente, nos seus componentes funcionais (que já vimos que permitem alinhá-los de forma colunar)e
no seu trajeto e relações.
Nesta aula, veremos então os nervos da oculomotricidade, que pertencem à coluna das eferências
somáticas.
III
EVG N. Edinger-We stphal Músc. Ciliar, Esfíncter
pupila
Notar a relação entre o fascículo longitudinal medial e os núcleos dos nervos relacionados com a
oculomotricidade: o fascículo longitudinal medial acaba por funcionar como um elevador ao longo do
tronco cerebral que permite pôr em comunhão os músculos extraoculares e que os olhos mexam de forma
conjugada (o direito e o esquerdo), através da interligação dos núcleos dos nervos envolvidos na
oculomotricidade.
160
NERVO OCULOMOTOR - III
• Corresponde ao terceiro par craniano.
• Origem aparente: na fossa interpeduncular, ao nível do sulco medial.
• Origem real: no núcleo oculomotor, que se localiza ao nível do bordo ventral da substância cinzenta
periaquedutal, no mesencéfalo rostral; é visível num corte em secção horizontal ao nível do colículo superior
O nervo oculomotor
inerva:
- elevador da pálpebra
superior
- reto superior
- reto medial
- reto inferior
- oblíquo inferior
Nota: o facto do oculomotor apresentar fibras cruzadas e não cruzadas tem pouco significância clínica pelo facto dos dois
núcleos oculomotores se encontrarem tão próximos, sendo por isso afetados os dois no caso de uma lesão central.
• Descrição anatómica:
Este nervo emerge ao nível do mesencéfalo, na região medial do pé do cérebro, perfura a dura mater
lateralmente à apófise clinoide posterior e desloca-se ao longo da parede lateral da dura do seio cavernoso.
161
Aí (seio cavernoso), divide-se nas suas divisões superior e inferior, que entram na órbita através da fissura
orbitária superior, ao nível do anel tendinoso comum, encontrando-se separadas pelo ramo nasociliar do
nervo oftálmico:
- a divisão superior desloca-se sobre o nervo ótico para entrar na face inferior (ocular) do reto
superior, inervando este músculo; dá também um ramo que se desloca para inervar o elevador da pálpebra
superior.
- a divisão inferior do nervo oculomotor divide-se em ramos medial, central e lateral:
- ramo medial para o reto medial: desloca-se sob o nervo ótico para entrar da face lateral
(ocular) do músculo;
- ramo cetral para o reto inferior: desloca-se inferiormente e anteriormente, para entrar na
face superior (ocular) deste músculo;
- ramo lateral para o oblíquo inferior: desloca-se anteriormente, ao nível do lado lateral do
reto inferior, para entrar na face orbital do oblíquo inferior.
• Lesões no nervo oculomotor: podem relacionar-se com lesões a nível central ou *apenas uma lesão no
parassimpático que só afeta as eferências do núcleo oculomotor secundário*:
- origina estrabismo lateral (desvio lateral de um dos olhos em relação à posição média), uma vez queo
reto lateral (inervado pelo nervo abducente) atua sem ter o antagonismo do reto medial (paralisado); em
consequência surge diplopia (visão dupla) e incapacidade de movimentação medial do olho;
- os movimentos verticais também são afetados devido à paralisia dos retos superior e inferior;
- a paralisia do elevador da pálpebra superior leva a ptose (queda da pálpebra superior) bilateral,
uma vez que só há um núcleo relacionado com essas fibras;
* - no caso da lesão do parassimpático, apenas os músculos esfíncter da pupila e ciliar deixam de
estar funcionais, o que provoca midríase ipsilateral: a pupila do lado afetado está dilatada devido à ação do
músculo dilatador da pupila não antagonizada (inervado pelo simpático);
162
NERVO TROCLEAR – IV
• Corresponde ao quarto par craniano.
• Origem aparente: destaca-se por ser o único a emergir na superfície dorsal do tronco cerebral,
inferiormente aos colículos inferiores e lateralmente ao freio do véu medular superior.
• Origem real: no núcleo troclear, que se localiza ao nível do colículo inferior; os axónios dos corpos
celulares deste núcleo têm uma particularidade – dirigem-se primeiro postero-lateralmente,
contornando a substância cinzenta periaquedutal, arqueando-se para decussar e emergir então na
superfície posterior do tronco cerebral como nervo troclear contralateral. As suas fibras vão inervar o
músculo oblíquo superior.
• Descrição anatómica:
Após emergir, o nervo troclear perfura a dura
mater posteriormente à apófise clinoide posterior,
deslocando-se depois através da parede dural
lateral do seio cavernoso. Subsequentemente, o
nervo troclear cruza o nervo oculomotor e entra na
órbita através da fissura orbitária superior.
A este nível, o nervo troclear encontra-se
superiormente ao anel tendinoso comum e ao
elevador da pálpebra superior, e medialmente aos
nervos frontal e lacrimal. Desloca-se até à face
superior (orbitária) do músculo oblíquo superior,
sendo o único nervo que perfura o músculo que
inerva pela face orbitária (todos os restantes fazem-
no por via da face ocular).
163
NERVO ABDUCENTE – VI
• Corresponde ao sexto par craniano.
• Origem aparente: entre a ponte e o bolbo raquidiano.
• Origem real: no núcleo abducente, que se localiza ao nível do colículo facial, na ponte caudal, sobre o
pavimento do quarto ventrículo; as suas fibras vão inervar o músculo reto lateral ipsilateralmente;
note-se que o colículo se chama facial devido ao trajeto das fibras com origem no núcleo facial, que se
encontra anteriormente, mas cujas fibras contornam externamente o núcleo do abducente antes de
se dirigirem anteriormente.
• Descrição anatómica:
Após emergir, o nervo abducente desloca-se através do compartimento venoso inferior da
confluência venosa petro-clival, por via do canal de Dorello.
Para entrar no seio cavernoso, este nervo tem de ascender ao longo do clivus e curvar-se
anteriormente de forma abrupta em torno do bordo superior do rochedo do temporal, lateralmente à
sela turca, para perfurar a dura mater. Passa inferiormente ao ligamento petro-esfenoidal (ligamento
de Gruber). Assim, a sua entrada no seio cavernoso é bastante afiada, o que faz com que o nervo seja
facilmente lesionado em situações de aumento da pressão intracraniana. Note-se que no seio
cavernoso, o nervo abducente se encontra lateralmente à artéria carótida interna (contrariamente aos
nervos oculomotor, troclear, oftálmico e maxilar, que apenas formam uma invaginação na parede dural
lateral do seio).
O nervo abducente entra na órbita por via da fissura orbitária superior, ao nível do anel tendinoso
comum (inicialmente desloca-se inferiormente às duas divisões do nervo oculomotor e depois passa
por entre estas), lateralmente ao nervo nasociliar. Por fim, este nervo desloca-se anteriormente para
entrar na face medial (ocular) do reto lateral, que inerva.
• Lesões no nervo abducente: relacionam-se com o estrabismo medial, pois o reto medial (inervado
pelo oculomotor) atua sem ter o antagonismo do reto lateral (paralisado); lesões no núcleo do
abducente vão relacionar-se com a incapacidade do olho ipsilateral realizar abdução e do olho
contralateral realizar a adução no movimento conjugado horizontal dos dois olhos.
164
Em movimentos horizontais puros, importa
pensar no fascículo longitudinal medial, uma vez
que é necessária a ação de um reto medial e do
reto lateral do lado oposto, músculos inervados
por nervos diferentes. Assim, as fibras de
interligação do fascículo longitudinal medial são
essenciais para coordenar a ação destes músculos.
As principais fibras de interligação partem do
núcleo abducente e estes axónios projetam-se ao
longo da linha média, juntando-se ao fasciculo
longitudinal medial contralateral (pois o objetivo é
acionar o m. reto medial contralateral). Ascendem
depois até ao núcleo oculomotor, onde fazem
sinapses excitatórias com os neurónios motores
do reto medial. A ação simultânea dos neurónios
motores abducentes e dos neurónios
internucleares do FLM resulta no olhar lateral
conjugado.
NERVO TRIGÉMIO – V
• Será estudado ao pormenor na T17, mas importa falar da sua divisão oftálmica e maxilar, que emitem
nervos que terminam no interior da órbita:
- Divisão oftálmica
Nervo lacrimal – comunica com o nervo zigomático da divisão maxilar
Nervo frontal
• Nervo supra-orbitário – divide-se em ramos medial e lateral
• Nervo supratroclear
• Nervo nasociliar – divide-se em nervo etmoidal anterior e etmoidal posterior; nervo infra
troclear; nervos ciliares longos
- Divisão maxilar
• Nervo zigomático: nervos zigomático-temporal e zigomático-facial
• Nervo infra-orbitário
165
• É um dos seios venosos da dura-máter, que correspondem a espaços revestidos por Hipotálamo
endotélio, situados entre as camadas periostal e meníngea da dura-máter; este situa-se Hipófise
Nervo ótico
bilateralmente em cada lado da sela turca, na face superior da parte oca do osso esfenoide.
• Foi muito abordado nesta aula pela sua relação com a cavidade orbitária – estende-
se pela fissura orbitária superior e recebe sangue proveniente das veias oftálmicas.
166
GÂNGLIO CILIAR
Na sua superfície anterior emergem 8-10 filamentos que se designam nervos ciliares curtos e que
perfuram a esclerótica em torno do nervo ótico.
Na sua superfície posterior tem 3 raízes:
• Raiz parassimpática (ou motora) – fibras pré-ganglionares com origem no núcleo de Edinger-
Westphal que atingem o gânglio através de um ramo que deriva do ramo do nervo oculomotor que
inerva o músculo oblíquo inferior; após sinapse, as fibras pós-ganglionares originam os nervos ciliares
curtos que inervam os músculo esfíncter da pupila e ciliar.
• Raiz simpática – fibras derivadas do plexo simpático que rodeia a artéria carótida interna, que são
pós-ganglionares com origem no gânglio cervical superior; assim, estas fibras atravessam o gânglio
ciliar sem efetuarem sinapses e dirigem-se para os vasos sanguíneos do globo ocular; pode conter
fibras para o músculo dilatador da pupila quando estas não seguem o percurso habitual pelos nervos
oftálmico, nasociliar e ciliares longos
• Raiz sensitiva – corresponde a um ramo comunicante com o nervo nasociliar, que permite que a
informação sensitiva da córnea, corpo ciliar e íris seja transportada.
- Sacadas (rápidos): são movimentos rápidos e involuntários usados quando estamos a ler ou a
explorar alguma coisa, direcionando diferentes pontos de imagem para a fóvea sucessivamente;
permitem que os músculos oculares façam variações rápidas da amplitude do olhar
• os programas motores localizam-se na protuberância e mesencéfalo:
horizontais – formação reticular paramediana da ponte
verticais – núcleo intersticial rostral do fascículo longitudinal media
167
• o controlo cortical dá-se no campo ocular frontal (frontal eye field) e nos campos oculares
parietal e suplementar
Os centros do córtex motor projetam inferiormente para uma região pontina chamada formação
reticular paramediana pôntica, que por sua vez inerva o nervo abducente, comandando os seus
disparos. O córtex esquerdo projeta para o núcleo abducente direito (que vai controlar o músculo
reto lateral). Mas para fazer abdução do olho direito tenho de fazer adução do olho esquerdo, ou
seja, contrair o reto lateral de um lado e reto medial do outro. Assim, como já vimos, o nervo
abducente projeta também interneurónios que através do fasciculo longitudinal medial
contralateral atuam no núcleo oculomotor, nomeadamente para a sua subunidade no reto
medial.
- Lentos de perseguição: são movimentos contínuos e suaves que permitem manter um ponto de
imagem em movimento focado na fóvea
• o controlo destes movimentos é mais complexo e envolve a coordenação fina entre o
cerebelo, os núcleos de base
• relacionam-se com o reflexo vestíbulo-ocular – gera movimentos oculares opostos aos
movimentos da cabeça; este reflexo envolve uma via com 3 neurónios (1º neurónio do gânglio
vestibular, 2º no núcleo vestibular e 3º em núcleos dos n. oculomotores)
168
o O tarso corresponde a uma lâmina fina e alongada de tecido fibroso denso e firme que contribui
para o suporte e forma da pálpebra. Existem um superior, maior e semioval e um inferior, mais
pequeno e mais estreito. As lâminas tarsais:
- encontram-se ligadas aos bordos da órbita pelo septo orbital e pelos ligamentos palpebrais
medial e lateral;
- possuem um bordo orbital, convexo e fixo ao septo orbital e um bordo ciliar reto e adjacente
aos folículos das pestanas.
o A conjuntiva é uma membrana mucosa transparente e fina que se estende desde os bordos
palpebrais até aos fórnices, que são os locais onde se volta sobre si mesma, de forma a cobrir a
esclerótica até à sua junção com a córnea. Assim, forma um saco que abre anteriormente através
da fissura palpebral.
- A conjuntiva é dividida convencionalmente em cinco regiões – marginal, tarsal, orbital, bulbare
límbica. As regiões marginal, tarsal e orbital são designadas coletivamente por conjuntivapalpebral.
- Em termos de funções, a conjuntiva contribui para a formação do filme lacrimal e participa na
defesa da superfície ocular contra infeções microbianas.
APARELHO LACRIMAL
O aparelho lacrimal contém as estruturas responsáveis pela produção das lágrimas (glândulas
lacrimais principal e acessórias), assim como a via de drenagem lacrimal (canalículos lacrimais, saco
lacrimal e canal nasolacrimal).
Glândula lacrimal
- É a principal estrutura de produção do componente aquoso da camada lacrimal, segregando um
fluído com conteúdo eletrolítico semelhante ao plasma e contendo várias proteínas.
- Apresenta uma porção palpebral e uma porção orbital, contínuas postero-lateralmente.
169
- A porção orbital é a maior e encontra-se alojada na fossa lacrimal do osso frontal, localizada na
sua apófise zigomática. Esta porção encontra-se sobre o elevador da pálpebra superior e, mais
lateralmente, sobre o reto lateral. A sua face inferior encontra-se ligada à bainha do elevador da
pálpebra superior, enquanto a sua face superior se encontra ligada ao periósteo orbital. Já o seu bordo
anterior contacta com o septo orbital e, por fim, o seu bordo posterior encontra-se ligado ao tecido
adiposo orbitário.
- A porção palpebral está dividida em dois ou três lóbulos e estende-se inferiormente à aponevrose
do elevador da pálpebra superior até à porção lateral da pálpebra superior. A este nível, esta porção
encontra-se ligada ao fórnix conjuntival superior.
Filme lacrimal – fluído complexo que cobre as porções expostas da superfície ocular, permitindo
atenuar as irregularidades do epitélio corneano, criando, assim, uma superfície de boa qualidade ótica;é
renovado a cada pestanejar.
Note-se que a interface ar/filme lacrimal constitui a principal substância refratária do sistema ótico
do olho. Para além disso, permite também trocas gasosas necessárias à córnea (que é avascular).
170
Parte 2
Nota: Nas partes desta aula já lecionadas em histologia apenas adaptei os tópicos do sumário, de formaa
dar destaque a esses pontos aquando do estudo teórico de histologia.
• O cristalino está suspenso pelas fibras zonulares que o ligam ao corpo ciliar; em repouso o cristalino
está ligeiramente achatado e o olho foca para objetos distantes; a contração do músculo ciliar relaxa
as fibras zonulares e a porção anterior do cristalino assume forma mais convexa, focando para objetos
próximos (acomodação).
171
VACULARIZAÇÃO DO GLOBO OCULAR – breve abordagem
Artéria central da retina - corresponde a um ramo da artéria oftálmica que se desloca inferiormente
ao nervo óptico de modo a entrar no globo ocular ao nível do disco ótico; tem como função a supressão
das necessidades sanguíneas das fibras nervosas do nervo óptico e também da porção interna da
retina. Note-se que a porção mais externa da retina (1/3 externo) é irrigada pela circulação coroideia.
Artérias ciliares – ramificam-se na ora serrata fornecendo capilares para a porção anterior da coroide.
Veias vorticosas – são formadas pelas junções dos tributários supra-coroideus e drenam para o seio
venoso esclerótico, unindo-se às veias ciliares.
Barreira hemato-retiniana – separa a retina neural da restante parte do olho e é formada por junções
apertadas (tight junctions) entre as células endoteliais dos capilares intraretinianos, funcionando
também como barreira imunológica – os macrófagos ficam impedidos de passar para a retina; para
além disso, as células pigmentares da retina também possuem tight junctions que impedem que
substâncias da esclerótica ou da coroide cheguem à retina. Assim, o transporte entre os capilares da
coroide e a porção mais externa da retina (camada dos fotorrecetores) é mediado por transporte ativo.
Nota: a estrutura da retina é visualizável na prática clínica com tomografia ótica de coerência (OCT).
172
- Fotorrecetores
173
- Transdução óptica
Isto acontece porque, tanto os cones como os bastonetes são providos nos seus discos de um
pigmento, opcina, que está associado a um cromóforo que é o 11-cis-retinal, que ao ser estimulado
por um fotão muda a sua forma para trans-retinal, separa-se deste complexo inicial e através de uma
cascata intracelular que envolve a proteína G transducina, que estimula uma enzima que converte o
cGMP em GMP.
Note-se que 1 trans-retinal pode ativar dezenas de tranducinas, sendo que, por sua vez, cada uma
delas pode hidrolisar mil moléculas de cGMP por segundo. Isto permite uma enorme amplificação do
sinal visual.
• Os bastonetes têm uma enorme sensibilidade que permite que a amplificação do sinal seja extrema.
Contudo, são mais facilmente saturáveis e, por isso, apenas respondem a baixos níveis de intensidade
luminosa. Para além disso, só possuem um tipo de pigmento e, portanto, não conseguem discriminar
cor.
• Os cones têm menores quantidades de pigmento e, por isso, são menos sensíveis, embora mais
rápidos – requerem níveis elevados de luminosidade para serem ativados. Também a menor
convergência celular nas camadas da retina associada aos cones faz com que cada célula ganglionar
receba informação de um pequeno número de cones, o que contribui para a baixa sensibilidade, mas
maior resolução. Para além disso, existem 3 variedades de cones, com diferentes pigmentos, o que
permite a distinção cromática. A natureza tricromática da visão a cores deve-se ao facto de qualquer
cor no espetro da luz visível poder ser formada por uma combinação das três cores primárias
(vermelho, verde e azul).
174
VIA ÓPTICA E CORTÉX VISUAL
Nervo óptico – II
• Corresponde ao segundo par craniano.
• Tem origem ao nível do disco óptico, local onde convergem os axónios
das células ganglionares da retina. Na imagem conseguimos ainda
visualizar a dura-mater, continua com a esclerótica e com a aracnoide
intimamente aderente à sua face interna. Vemos depois, no asterisco o espaço subaracnoideu e aindaa
pia-mater aderente ao nervo óptico. Note-se que o aumento da pressão intracraniana pode provocar
compressão do nervo óptico e um inchaço característico – papiledema.
*
• O nervo óptico dirige-se postero-medialmente para iniciar o seu trajeto,
abandonando a cavidade orbitária pelo canal óptico; os dois nervos óticos
convergem e formam o quiasma óptico, que depois continuará como fitas
ópticas direita e esquerda.
• As fibras ópticas terminam principalmente no núcleo geniculado lateral
do tálamo, mas não só: também há relação com o colículo superior através
dos núcleos pré-tectais e com o epitálamo através do núcleo
supraquiasmático.
• Por fim, são direcionadas através da radiação óptica para o córtex visual:
- córtex visual primário: córtex estriado, área 17
- córtex visual de associação: áreas 18, córtex paraestriado e 19,
córtex periestriado, juntamente com áreas relacionadas no córtex parietal
e temporal
* Note-se que o que é temporal em termos de visão se projeta na retina nasal
Ao nível do quiasma óptico... e o que é nasal em termos de visão se projeta na retina temporal.
Apenas se dá uma decussação parcial dos axónios das células ganglionares: as fibras da metade nasal
de cada retina cruzam no quiasma óptico, enquanto as fibras da metade temporal não cruzam.
Assim, cada fita óptica contém fibras da metade nasal da retina contralateral e fibras da metade
temporal da retina ipsilateral.
Desta forma, cada fita óptica transporta uma representação do campo visual contralateral.
175
Ao nível da radiação óptica...
As fibras que partem do núcleo geniculado
lateral projetam-se através das porções
sublenticular e retrolenticular da cápsula interna,
curvando-se em torno da parede lateral do
ventrículo lateral. Constituem a radiação óptica
(também designada por feixe geniculo-calcarino),
que termina no córtex visual.
Na radiação ótica mantém-se a presença de uma
organização retinotópica:
- as fibras que representam os campos
visuais inferiores e, portanto, retinianos superiores, encontram-se superiormente
- as que representam os campos visuais superiores e, portanto, retinianos inferiores, curvam-
se em torno do lobo temporal, formando a ansa de Meyer
- as fibras maculares ocupam uma região média larga
O córtex estriado estende-se, por uma curta distância, para a superfície posterior do lobo occipital,
encontrando-se rodeado pela área 18 (Córtex Paraestriado) que, por sua vez, se encontra rodeada pela
área 19 (Córtex Periestriado).
Essas duas últimas áreas, por sua vez, constituem a maior parte do resto do lobo occipital. As áreas
18 e 19, juntamente com as porções relacionadas dos lobos temporal e parietal, são normalmente
designadas por córtex de associação visual, ou por córtex extraestriado, encontrando-se altamente
interligadas com a área 17.
Note-se que a via magnocelular (mais relacionada com os bastonetes e portanto com a deteção de
movimento e de formas) é projetada para o córtex parietal posterior, sendo que a via parvocelular
(mais relacionada com os cones e portanto com a visão de detalhe e cor), que é mais ventral, é
projetada para o lóbulo temporal. São ‘trabalhadas’ no córtex extraestriado.
176
Em relação ao colículo superior...
• Fibras da fita óptica (algumas são colaterais do núcleo geniculado lateral) vão pelo braço
conjuntival superior (inferior ao núcleo geniculado medial) para o colículo superior
• Fibras do córtex visual primário também chegam ao colículo superior pelo braço conjuntival
superior, terminam no mapa retinotópico coincidente com as outras
• Recebe também o feixe espinotectal (colaterais de fibras que ascendem para o tálamo),
comunicações auditivas do colículo inferior e aferências de outras áreas do córtex
177
REFLEXO DE ACOMODAÇÃO E CONVERGÊNCIA
• Consiste na resposta à focagem de um objeto que se encontre perto, que implica
que os olhos convirjam (para a imagem bater nas fóveas) e se acomodem (para
focar a imagem); há também constrição pupilar para aumentar a densidade focal.
• O reflexo pupilar não precisa de integração cortical, mas o de acomodação sim;
assim, este reflexo envolve um mecanismo mais complexo:
- fibras do nervo ótico atingem o núcleo geniculado lateral, que projeta
para o córtex visual
- o córtex visual tem uma resposta retrógrada para o área pré-tectal, que
estimula o núcleo oculomotor acessório, permitindo a emissão de eferências para o
m. ciliar – permite a acomodação do cristalino e para o m. esfíncter da pupila –
permite miose
- o córtex visual projeta também para os 2 núcleos oculomotores principais,
que emitem eferências para os músculos reto medial – permitindoa convergência
Em clínica, o défice visual apresentado permite prever o local da lesão na via visual.
Outros conceitos importantes:
Presbiopia: dificuldade de
Miopia: o ponto de focagem de um olho está
acomodação docristalino, na qual o mais anterior do que o normal; causa dificuldadede ver ao
posicionamento de um objeto a longe
uma curta distância dos olhos Hipermetropia: condição oposta à miopia Cataratas: ganho de
impede a sua correta visualização;
surge com a idade devido à menor opacidade no cristalino
capacidade de contração dos m.
ciliares
178
T17 – Nervos Trigémio e Facial.
Estes dois pares de nervos cranianos são abordados em conjunto porque alguma informação que tem
origem ou destino nos núcleos do nervo facial vai chegar ao seu destino através de ramos do trigémio,
nomeadamente a informação secretomotora para as glândulas lacrimal e para as glândulas salivares
submandibular e sublingual e também alguma informação do paladar associada ao palato e ao 2/3
anteriores da língua.
NERVO TRIGÉMIO - V
O nervo trigémio é um dos maiores nervos cranianos e é um nervo misto, embora tenha
essencialmente a seu cargo uma inervação sensitiva – da face, de parte do couro cabeludo e das
cavidades oral, nasal e orbitária.
Assim, tem duas componentes funcionais:
• fibras aferentes somáticas gerais: relacionada com a exteroceção (tato, dor, pressão e
temperatura) e proprioceção
• fibras eferentes viscerais especiais: relacionada com a inervação dos músculos derivados do
primeiro arco faríngeo (músculos da mastigação, ventre anterior do digástrico, tensor do tímpano e
tensor do véu do paladar)
A designação deste nervo deve-se à sua divisão em três grandes ramos: oftálmico (V1), maxilar (V2) e
mandibular (V3). A área de inervação do nervo divide-se em 3 colunas que não são horizontais: curvam-
se superiormente, pois a pele da cara desloca-se superiormente aquando do desenvolvimento do
encéfalo e do crânio. Na verdade, embriologicamente cada ramo do trigémio encontra-se associado a
uma apófise facial (frontonasal, maxilar e mandibular), que originará mais tarde uma área especifica da
face adulta.
Note-se que a inervação do trigémio se entende
posteriormente até à sutura lambdoide e
inferiormente até ao bordo inferior da mandíbula.
No entanto, a área retromandibular não é inervada
por este nervo, mas sim pelo nervo grande auricular
do plexo cervical.
→ Origem aparente
Aparentemente, o nervo trigémio parte da superfície anterolateral da ponte, separando-a do
pedúnculo cerebeloso médio, sendo aí constituído por duas raízes: sensitiva (maior e inferior) e
motora.
Estas duas raízes dirigem-se anteriormente e perfuram a dura-mater, transportando consigo uma
manga de dura e aracnoide, que ao nível da impressão trigeminal da face anterior da porção petrosa
do temporal alarga para envolver o gânglio trigeminal (ou semilunar), que aí se origina. É um gânglio
achatado e semilunar, que se estende obliquamente desde a parede lateral do seio cavernoso até fossa
ténue presente na superfície anterior do rochedo do temporal.
A maior parte das fibras que atravessam este gânglio apresentam nele os seus corpos celulares,
constituindo neurónios pseudounipolares que transportam informação exterocetiva; no entanto as
fibras motoras e as fibras sensitivas com origem no núcleo sensitivo mesencefálico do trigémio, que
transportam informação propriocetiva, apresentam os seus corpos celulares no núcleo respetivo.
179
A partir do gânglio trigeminal, partem prolongamentos periféricos que dão então origem às três
divisões do nervo trigémio:
- oftálmica, que entra na cavidade orbitária pela fissura orbitária superior;
- maxilar, que entra na fossa pterigopalatina pelo buraco redondo
- mandibular, que passa pelo buraco oval
Núcleo espinhal
• Localiza-se desde a protuberância e bolbo até ao terceiro segmento cervical;
• A informação associada à dor e à temperatura é veiculada pelo feixe espinhal
do trigémio, que é um feixe descendente com origem em fibras da raiz sensitiva
do gânglio trigeminal e que termina então neste núcleo bastante longo. O feixe
espinhal vai ser continuo com o fascículo dorsolateral de Lissauer e o núcleo com
a lâmina II da medula espinhal.
• O feixe e uma parte do núcleo são visíveis no tuberculum cinereum.
• O primeiro neurónio desta via encontra-se no gânglio trigeminal; o 2º origina-
se após a sinapse no núcleo espinhal e vai decussar, ascendendo no lemnisco
espinhal, dirigindo-se para o núcleo VPM do tálamo, onde estará o 3º neurónio,
que emite fibras para a região correspondente do córtex somatossensitivo.
Note-se que no núcleo espinhal a informação está organizada somatotopicamente.
• Dado a dimensão deste núcleo, ele é dividido em 3 porções:
- Porção Oral (desde a protuberância ao N. Hipoglosso)
- Porção Interpolar
- Porção Caudal (desde o óbex até C2)
181
Núcleo mesencefálico
• Localiza-se ao nível do mesencéfalo e corresponde a uma exceção do SNC, uma vez que contém os
corpos celulares do 1º neurónio (pseudounipolar) desta via e normalmente, este primeiro neurónio
localiza-se no SNP.
• Relaciona-se com a proprioceção dos músculos da mastigação e mecanorrecetores dos dentes,
gengivas e palato duro.
• Possui então os corpos celulares de neurónios pseudounipolares (únicos no SNC), cujo
prolongamento periférico veio pelo gânglio trigeminal. Através do feixe mesencefálico trigeminal
emite prolongamentos centrais que se dirigem para o núcleo motor do trigémio, para o núcleo rubro,
para o cerebelo e para a formação reticular.
182
NERVO LACRIMAL
• Vai entrar na órbita superiormente ao anel tendinoso comum através da fissura orbitária superior.
• Passa ao longo da parede lateral da orbita lateralmente aos nervos frontal e troclear e ao nível do
bordo superior do musculo reto lateral, terminando na face profunda da glândula lacrimal.
• Veicula informação exterocetiva das estruturas periféricas do epicanto lateral do olho: pálpebras
superior e inferior, glândula lacrimal e metade lateral da conjuntiva.
• Comunica com o nervo zigomático-temporal, que transporta fibras parassimpáticas pós-
ganglionares secretomotoras (provenientes do gânglio pterigopalatino), destinadas à glândula lacrimal
(fibras eferentes viscerais gerais).
NERVO FRONTAL
• É o maior ramo da divisão oftálmica do nervo trigémio e entra na órbita superiormente ao anel
tendinoso comum através da fissura orbitária superior.
• Divide-se em nervo supraorbital e nervo supratroclear:
- Nervo supraorbital
• Corresponde ao maior ramo terminal do nervo frontal e é lateral
• Continua-se anteriormente ao longo do músculo elevador da pálpebra superior até
abandonar a órbita pelo buraco supraorbital.
• Tem um trajeto longo, no qual contorna todo o osso frontal para se estender
posteriormente até à sutura lambdoide.
• Faz a inervação sensitiva da região do couro cabeludo que é inervada pelo trigémio.
- Nervo supratroclear
• Corresponde ao ramo medial do nervo frontal.
• Passa superiormente à tróclea do músculo oblíquo superior e emerge no epicanto
medial do olho.
• Faz a inervação sensitiva das pálpebras, do lago caruncolo-lacrimal, do lago lacrimal e
da conjuntiva adjacente.
NERVO NASOCILIAR
• Dos 3 ramos do nervo oftálmico é o que se encontra mais profundamente na órbita, entrando
internamente ao anel tendinoso comum. Só é visível após remoção do músculo reto superior.
• Cruza o nervo óptico juntamente com a artéria oftálmica para se dirigir para a parede medial da
órbita, onde se continua como nervo etmoidal anterior.
• Dá origem a 3 ramos: etmoidal posterior, infra-troclear e ciliares longos.
- Nervo etmoidal anterior
• Atravessa o buraco etmoidal anterior para entrar na cavidade craniana, que abandona
deslocando-se sobre a lâmina crivosa do etmoide. Desce para a cavidade nasal, internamente
ao osso nasal.
• Na cavidade nasal origina dois ramos nasais interno: um medial e um lateral, que
inervam sensitivamente a porção anterior da mucosa do septo nasal e da parede lateral da
cavidade nasal.
• Emerge depois no bordo inferior do osso nasal, profundamente ao músculo nasal como
ramo nasal externo que inerva a pele do nariz.
183
- Nervo etmoidal posterior
• Abandona a órbita através do buraco etmoidal posterior.
• Faz a inervação sensitiva do seio esfenoidal e das células aéreas etmoidais.
- Nervo infra-troclear
• Abandona a órbita inferiormente à tróclea.
• Inerva a pele das pálpebras, a conjuntiva, o saco lacrimal, a carúncula lacrimal e o local
do nariz superior ao epicanto medial do olho.
- NERVO INFRAORBITÁRIO: pode ser entendido como um ramo terminal do nervo maxilar que se
origina aquando da sua passagem no canal orbitário inferior para abandonar a fossa pterigopalatina; à
medida que se desloca anteriormente no pavimento da órbita origina dois nervos do plexo alveolar;
quando emerge na cara, através do buraco infraorbitário, situa-se entre os músculos elevador do lábio
superior e elevador do ângulo da boca e origina 3 ramos cutâneos: palpebrais, nasais e labiais
superiores.
• Nervo alveolar superior médio
• Nervo alveolar superior anterior
• Ramos palpebrais, nasais e labiais superiores: correspondem a ramos cutâneos.
Relacionados com o gânglio pterigopalatino, importa falar de 2 outros ramos do nervo maxilar:
- NERVOS NASAIS: inervam a porção posterior da cavidade nasal, tendo particular destaque o nervo
nasopalationo
- NERVOS PALATINOS: cruzam o gânglio e recebem fibras secretomotoras pós-ganglionares
parassimpáticas destinadas às glândulas nasais e palatinas; Destaque para o nervo palatino maior que
inerva o palato duro e para o nervo palatino menor que inerva a úvula e o palato mole.
185
→ Divisão mandibular do nervo trigémio
Corresponde à maior divisão do nervo trigémio e é a única mista, ou seja, sensitiva (para os dentes,
gengivas, pele da região temporal, parte da orelha, lábio inferior porção inferior da cara, mucosa dos
2/3 anteriores da língua e pavimento da cavidade oral) e motora (para os músculos da mastigação,
ventre anterior do digástrico, tensor do tímpano e tensor do véu do paladar). As fibras motoras e
sensitivas unem-se na fossa infratemporal.
O nervo mandibular origina um ramo meníngeo e um
nervo para o pterigoide medial. De seguida, o nervo divide-
se num pequeno tronco anterior (que dá nervos para os 4
músculos principais da mastigação, assim como um nervo
bocal, sensitivo para a bochecha) e num tronco posterior
de maiores dimensões (que origina 3 ramos sensitivos e
nervos motores para o milo-hioideu e para o ventre
anterior do digástrico).
TRONCO POSTERIOR – maior parte das fibras sensitivas; inerva o ventre anterior do digástrico e o milo-
hioideu
- Nervo auriculotemporal: tem 2 raízes que rodeiam a artéria meníngea média; vai estar profundo
ao pterigoideu lateral; emite ramos auriculares anteriores, ramos para o meato acústico externo,
ramos parotídeos e ramos temporais superficiais
- Nervo alveolar inferior: vai-se dirigir para o buraco mandibular e aí divide-se num ramo
mentoniano, num ramo para o milo-hioideu e num ramo labial inferior
- Nervo lingual: vai ser sensitivo para 2/3 anteriores da língua, pavimento da boca, gengivas e
mandíbula; vai conter também informação gustativa dos 2/3 anteriores da língua e eferentes
parassimpáticos para glândulas submandibular e sublingual; recebe um ramo do nervo facial (a corda
do tímpano)
186
REFLEXO MASSETERINO
Corresponde ao reflexo de contrair bilateralmente os masséteres após estimulação da extremidade
do mento. Normalmente a amplitude do reflexo é pequena, estando aumentada aquando de uma
lesão no neurónio motor superior.
A componente sensitiva (aferente) é da responsabilidade dos neurónios trigeminais mesencefálicos
cujas projeções periféricas inervam fibras massetéricas e cujas projeções centrais sinaptizam ao nível
dos neurónios motores trigeminais. Os neurónios motores trigeminais formam a via eferente do
reflexo massetérico. Este corresponde ao único reflexo mono-sináptico supra-espinhal.
A nevralgia trigeminal é uma condição caracterizada por breves ataques de dor agonizante ao nível
da área de inervação de uma divisão do nervo trigémio. Muitas vezes leva ao suicídio.
Normalmente há uma “zona gatilho” cuja estimulação provoca um ataque.
Na maioria dos casos, a patologia surge por compressão do nervo através de um vaso sanguíneo ou
de um tumor, o que resulta na desmielinização e atividade espontânea das fibras deste nervo.
Existe tratamento farmacológico e cirúrgico (varia dependendo da causa e da área afetada, mas dois
exemplos são a colocação de material inerte a separar o vaso sanguíneo do nervo ou corte do feixe
espinhal trigeminal). Em última opção pode recorrer-se à canulação do buraco oval para atingir o
gânglio trigeminal. No entanto, esta intervenção tem grande taxa de insucesso por várias complicações
que podem ocorrer:
- Passagem pelo buraco emissário esfenoidal (de Vesalius) com punção do seio cavernoso pode
provocar hematoma no lobo temporal;
- Hemorragia por perfuração da artéria carótida interna que pode levar à morte;
- Se for mal-executada pode-se passar pelas fissuras orbitárias e provocar cegueira.
187
NERVO FACIAL – VII
O nervo facial corresponde ao sétimo par craniano e é um nervo misto, possuindo 4 componentes
funcionais:
• fibras aferentes somáticas gerais: associam-se ao feixe espinhal trigeminal e são responsáveis
pela inervação da pele do ouvido externo
• fibras aferentes viscerais especiais: associam-se ao núcleo do feixe solitário e são responsáveis
pela sensação gustativa dos 2/3 anteriores da língua e pela inervação do palato
• fibras eferentes viscerais gerais: associam-se ao núcleo salivar superior e são responsáveis
pela informação secretomotora para as glândulas lacrimais, submandibular, sublingual, nasais e
palatinas
• fibras eferentes viscerais especiais: associam-se ao núcleo motor do facial e são responsáveis
pela inervação dos músculos derivados do 2º arco braquial (músculos da mímica, ventre posterior do
digástrico, estapédio, estilo-hioideu e músculos do pavilhão auricular)
188
da glândula parótida, ramifica-se num tronco superior (temporofacial) e num tronco inferior (cervico-
facial), que se ramificam ainda mais para formar um plexo parotídeo, a partir do qual emergem da face
antero-medial da glândula cinco ramos terminais divergentes, para inervar os músculos da expressão
facial.
→ Núcleos de origem e terminação do nervo facial
• As fibras aferentes viscerais especiais, que transportam a informação gustativa dos 2/3 anteriores da
língua (das papilas gustativas) vão agrupar-se juntamente com outras associadas aos nervos
glossofaríngeo e vago, formando o feixe solitário. Este feixe termina ao nível do núcleo do trato
solitário, que se estende desde o bolbo rostral até à protuberância caudal. Após sinapse, as fibras
ascendem ipsilateralmente até ao núcleo VPM do tálamo, que depois emite projeções para o córtex
gustativo primário (na ínsula). (A via gustativa é vista com mais pormenor na T15 e T18)
• Ao nível do núcleo olivar superior, que se localiza ao nível da formação reticular, próximo do ângulo
interno do nervo facial, originam-se fibras pré-ganglionares parassimpáticas que irão depois fazer
sinapse em gânglios como o submandibular ou o pterigopalatino, originando fibras pós-ganglionares
que inervam as glândulas lacrimais, submandibular, sublingual, nasais e palatinas. (fibras eferentes
viscerais gerais)
• As fibras eferentes viscerais especiais têm origem no núcleo
motor do nervo facial, que se localiza profundamente na
formação reticular da porção caudal da protuberância e que se
divide em 2 porções:
- porção dorsal: recebe aferências corticonucleares
bilaterais e emite eferências que inervam a metade superior da
face (permite que os músculos da parte superior da face se
contraiam em simultâneo)
- porção ventral: recebe aferências corticonucleares
contralaterais e emite eferências que inervam a metade inferior Note-se as fibras do nervo facial a
contornarem o núcleo do nervo
da face (cujos músculos dos dois lados se contraem de forma
abducente, ao nível do colículo facial.
independente)
Nota: A via cortico-bulbar permite o controlo cortical dos núcleos motores dos nervos cranianos. As fibras cortico-bulbares originam-se nas
porções de representação da cabeça e cara ao nível da circunvolução pré-central e regiões adjacentes do córtex, projetando-se, geralmente,
bilateralmente para os núcleos motores branquiais e somáticos dos nervos cranianos, ou para regiões adjacentes da formação reticular. A
exceção é o núcleo motor do facial, que na sua porção ventral só recebe aferência contralaterais.
(+ nas pp 266-267 sebenta)
189
→ Ramos do nervo facial
1. Os ramos que têm origem no canal facial podem ser divididos em ramos que têm origem no
gânglio geniculado (n. petroso maior) e ramos que não têm origem no gânglio geniculado (os outros).
NERVO PARA O ESTAPÉDIO: parte do nervo facial, ao nível do canal do nervo facial, posteriormente à
eminência piramidal da parede posterior da cavidade timpânica; passa anteriormente, através de um
pequeno canal, para chegar ao músculo estapédio.
Nota: o estapédio é um pequeno músculo do ouvido, cuja função se prende com o controlo da amplitude das ondas
sonoras provenientes do meio externo (reflexo esteato-acústico). Indivíduos com este nervo lesado sofrem de hiperacusia.
2. Ao entrar na glândula parótida, o nervo facial ramifica-se num tronco superior (temporofacial) e
num tronco inferior (cervico-facial), que se ramificam ainda mais para formar o plexo parotídeo, a
partir do qual emergem da face antero-medial da glândula cinco ramos terminais divergentes, para
inervar os músculos da expressão facial.
RAMOS ZIGOMÁTICOS: também são múltiplos e atravessam o arco zigomático em direção ao epicanto
lateral dos olhos e vão suprir o orbicular dos olhos.
RAMOS BUCAIS: têm uma distribuição inferior à orbita e à volta da boca e normalmente estão
localizados inferiormente ao ducto parotídeo. Inerva: zigomático maior e menor, elevador do lábio
superior, elevador do angulo da boca, elevador do lábio superior e da asa do nariz, músculos nasais,
bucinador e orbicular da boca.
RAMO CERVICAL: está profundo ao platisma e dirige-se para a região cervical. Inerva o platisma e
comunica com o nervo cervical cutâneo transverso.
De salientar que estes ramos terminais têm muitas conexões com os nervos da vizinhança que
também inervam estas regiões (p.e. nervo auriculotemporal, nervo lingual, ramo auricular do nervo
vago) e existe uma grande variação anatómica.
191
Gânglio pterigopalatino
• É o maior gânglio parassimpático periférico.
• Localiza-se profundamente na fossa pterigopalatina, próximo do
buraco esfenopalatino e anteriormente ao canal pterigoideu e buraco
redondo.
• Tem 3 raízes:
- Raiz sensitiva
- A maioria dos seus ramos são fibras sensitivas da divisão maxilar do nervo trigémio, vindas do palato,
mucosa nasal, faringe e órbita, que passam pelo gânglio sem sinapses, entrando no nervo maxilar
através dos seus ramos ganglionares.
- Raiz motora ou parassimpática
- Nervo do canal pterigóide (origem no nervo petroso maior)
- Raiz simpática
- Corresponde a fibras pós-ganglionares com origem no gânglio cervical superior da cadeia do
simpático, que atravessam o plexo carotídeo interno e o nervo petroso profundo
- Também incorporada no Nervo do canal pterigoideu
• Ramos:
- Orbitários - Nasais
- Palatinos: - Faríngeos
- grande nervo palatino
- pequenos nervos palatinos
Gânglio submandibular
• Corresponde a um dos 4 gânglios parassimpáticos da cabeça e do pescoço.
• É pequeno e tem forma fusiforme;
• Localiza-se sobre a porção profunda da glândula submandibular, no músculo hioglosso, próximo do
bordo posterior do milohioideu;
• Está inferiormente ao nervo lingual, do qual está suspenso por filamentos anteriores e posteriores
(do posterior recebe um ramo da corda do tímpano).
• Tem 2 raízes:
- Raiz motora parassimpática
- Corresponde ao filamento posterior de conexão com o
nervo lingual
- Fibras pré-ganglionares do núcleo salivar superior >
nervo facial > corda do tímpano > nervo lingual > sinapse
gânglio > fibras secretomotoras para glândulas
submandibular e sublingual
- Raiz simpática
- Corresponde ao filamento anterior de conexão com o nervo lingual, viajando com este as fibras para as
glândulas sublingual e linguais anteriores; tem também ramos diretos para a glândula submandibular e canal
submandibular
- Fibras com origem no gânglio cervical superior, que rodeiam a artéria facial e que atravessam o gânglio
sem fazer sinapse e que são vasomotoras
192
REFLEXO CORNEANO
O Reflexo Corneano corresponde ao reflexo de “Piscar os Olhos”, sendo que consiste no fecho de
ambos os olhos aquando da estimulação da córnea. Esta estimulação provoca uma resposta direta, no
olho estimulado, e uma resposta indireta no olho contralateral. A razão evolucionária para a existência
deste reflexo prende-se com a proteção dos olhos contra corpos estranhos.
Tal como os outros arcos reflexos, o reflexo corneano possui um componente sensitivo, aferente (da
responsabilidade do nervo trigémio) e outro motor, eferente (da responsabilidade do nervo facial).
Este reflexo é mediado pelo ramo nasociliar da divisão oftálmica do trigémio, que é responsável pela
sensibilidade da córnea. Estas fibras sinaptizam em interneurónios do núcleo sensitivo do trigémio,
que conectam com o núcleo motor do facial, que via ramos temporais e zigomáticos inicia a resposta
motora.
As fibras eferentes do núcleo salivar superior adquirem um trajeto aberrante e dirigem-se para as
glândulas lacrimais, via Nervo Petroso Maior.
Os pacientes quando pensam em comida, cheiram comida ou estão a comer lacrimejam (em vez de
aumentar a secreção de saliva).
194
T18 – Nervos glossofaríngeo, vago, acessório e hipoglosso.
Os nervos glossofaríngeo, vago e acessório dirigem-se para a porção anterior do buraco jugular. Na
porção posterior, encontra-se a veia jugular. Contudo, há uma particularidade: o nervo glossofaríngeo
está separado dos restantes por uma prega de dura mater.
n. trigémio
n. abducente
n. vestibulococlear
n. facial
n. glossofaríngeo
acessório
n. vago
dura mater
raiz espinhal n. acessório
aracnoide
raiz espinhal do nervo acessório
195
NERVO GLOSSOFARÍNGEO – IX
• Tem origem aparente a partir de 3-4 radículas na porção rostral do sulco postero-lateral do bolo
raquidiano, entre a oliva e o pedúnculo cerebeloso inferior.
• É responsável pela inervação do 3º arco faríngeo.
→ Descrição anatómica
O nervo glossofaríngeo abandona o crânio por via da porção antero-medial do
buraco jugular, anteriormente aos nervos vago e acessório, mas numa bainha de
dura mater separada.
Após abandonar o buraco jugular, o nervo desloca-se anteriormente, por entre a
veia jugular interna e a artéria carótida interna para, subsequentemente, descer
anteriormente a esta última estrutura, profundamente à apófise estiloide e
músculos que nela se fixam, até atingir o bordo posterior do estilofaríngeo.
Depois, o nervo glossofaríngeo curva-se anteriormente e perfura as fibras
inferiores do constritor superior da faringe ou, em alternativa, passa entre esse
músculo e o constritor médio, para se distribuir para a amígdala, mucosa da
faringe, porção pós-sulcal da língua, papilas circunvaladas e glândulas mucosas
orais.
Apresenta 2 gânglios (sem sinapses, não fazem parte do sistema nervoso autónomo):
- gânglio superior: é intracraniano, localizando-se na porção superior do sulco profundo sobre o
qual o nervo se desloca no interior do buraco jugular; não dá ramos
- gânglio inferior: é maior, localizando-se na chanfradura do bordo inferior da porção petrosa
do temporal; apresenta neurónios pseudounipolares, cujos ramos periféricos transportam sinais
gustativos do 1/3 posterior da língua e sensibilidade geral da orofaringe e do palato mole
196
• Núcleo espinhal do trigémio – está associado às fibras aferentes somáticas gerais do glossofaríngeo
• Núcleo do feixe solitário – recebe aferentes viscerais especiais provenientes das papilas gustativas
do 1/3 posterior da língua, isto é, prolongamentos centrais dos neurónios unipolares localizados no
gânglio inferior; também recebe aferentes viscerais especiais do corpo carotídeo
• Núcleo ambíguo (núcleo motor do glossofaríngeo): localiza-se profundamente na formação
reticular, medialmente ao feixe e núcleo espinhal do V e dorsalmente ao núcleo olivar inferior; emite
fibras motoras branquiais, que inervam o músculo estilofaríngeo (relacionado com a elevação da
faringe durante a deglutição e a fala)
• Núcleo salivar inferior – emite eferentes viscerais gerais, que são fibras parassimpáticas pré-
ganglionares que fazem sinapse no gânglio ótico e inervam depois a glândula parótida. Trajeto destas
fibras: ramo timpânico IX – plexo timpânico – nervo petroso menor – sinapse no gânglio óptico – nervo auriculotemporal
– glândula parótida
GÂNGLIO ÓTICO
(localiza-se medialmente ao nervo mandibular; relaciona-se funcionalmente com o glossofaríngeo)
Raiz motora (parassimpática) – nervo petroso menor; após sinapse, origina fibras pós-
ganglionares que vão através de um ramo comunicante para o nervo auriculotemporal e daí para a
glândula parótida
Raiz simpática – plexo simpático rodeando artéria meníngea média
Raiz sensitiva – fibras derivadas do nervo auriculotemporal
- Possui ramos comunicantes com: a corda do tímpano e com o nervo do canal pterigóide
197
RAMO CAROTÍDEO: contém fibras aferentes provenientes dos quimiorrecetores do corpo carotídeo e
dos barorrecetores (associados à tensão arterial) da parede do seio carotídeo; contribui para a
formação do plexo carotídeo.
RAMOS FARÍNGEOS: unem-se com o ramo faríngeo do vago e com os ramos laringofaríngeos do tronco
simpático para formar o plexo faríngeo; constituem a via através da qual o nervo glossofaríngeo dá
fibras sensitivas (ASG) para a mucosa da faringe.
RAMOS AMIGDALINOS E LINGUAIS: transportas aferências viscerais gerais e especiais.
RAMO MUSCULAR: inerva o estilofaríngeo, que é o único músculo derivado do terceiro arco braquial.
NERVO VAGO – X
• Tem origem aparente a partir de 8-10 radículas no sulco postero-lateral do bolo raquidiano,
inferiormente ao glossofaríngeo.
• É responsável pela inervação do 4º arco faríngeo.
→ Descrição anatómica
O nervo vago abandona o crânio, por via do buraco jugular, acompanhado pelo nervo acessório, como
qual partilha uma bainha aracnoide e dural e com o glossofaríngeo. Desce verticalmente no pescoço,
envolto na bainha carotídea, por entre a veia jugular interna e a artéria carótida interna/artéria
carótida comum, até à raiz do pescoço.O seu percurso ulterior difere dos dois lados.
É o nervo craniano com curso mais longo, estendendo-se desde a cabeça até às cavidades torácica e
abdominal, onde tem uma larga dispersão (é responsável pela inervação do músculo liso das viscerais
abdominais até ao cólon transverso do intestino grosso).
Após emergir do buraco jugular, o nervo vago apresenta dois alargamentos proeminentes:
- gânglio superior (jugular) - gânglio inferior (nodoso)
➔
199
• Núcleo espinhal do trigémio – está associado às fibras aferentes somáticas gerais do nervo vago
• Núcleo do feixe solitário – recebe aferentes viscerais gerais provenientes essencialmente das
vísceras torácicas e abdominais e também aferentes viscerais especiais com informação proveniente
das papilas gustativas da epiglote
• Núcleo ambíguo: emite fibras motoras branquiais, que inervam músculos da laringe e da faringe e
também fibras parassimpáticas pré-ganglionares que inervam o músculo cardíaco
• Núcleo dorsal do vago – é o principal núcleo parassimpático do encéfalo e localiza-se no pavimento
do quarto ventrículo, lateralmente ao núcleo ambíguo do hipoglosso; emite fibras eferentes viscerais
gerais, que são fibras parassimpáticas destinadas à inervação motora das vísceras torácicas e
abdominais
200
LESÕES NOS NERVOS GLOSSOFARÍNGEO E VAGO; REFLEXO DO VÓMITO
Lesões isoladas do nervo glossofaríngeo são muito raras. Geralmente surgem associadas a lesões do
nervo vago. Nestes casos, o reflexo do vómito fica ausente ou deficiente do lado da lesão.
Este reflexo consiste na contração involuntária e bilateral dos músculos da faringe, aquando do toque
na úvula ou palato mole. A via aferente deste reflexo é representada pelo nervo glossofaríngeo,
enquanto a via eferente é quase inteiramente representada pelo nervo vago (e pelo sistema nervoso
simpático). As ligações centrais associadas a este reflexo ainda não estão totalmente esclarecidas,
podendo envolver o núcleo ambíguo, o núcleo e o feixe espinhal do trigémio; o núcleo e o feixe do
trato solitário; ou todas estas estruturas. De qualquer forma, o reflexo do vómito é útil para avaliar
estes nervos cranianos, assim como as suas ligações centrais. Para avaliar este reflexo, introduz-se uma
espátula e estimula-se o terço posterior da língua ou a epiglote.
A inervação do palato mole pode também ser testada pedindo-se ao doente para fazer “Ahaaah”,
pois o palato mole eleva-se e a úvula tem um movimento posterior na linha média. A inervação
associada a este movimento está dependente do vago.
NERVO ACESSÓRIO – XI
• A raiz espinhal tem origem aparente a partir dos segmentos medulares cervicais, ascendendo pelo
buraco magno, onde se une à raiz cervical.
• É responsável pela inervação do esternocleidomastoideu e do trapézio (que também é inervado por
C3 e C4 na sua parte inferior), músculos com origem branquial. Assim, este nervo possui fibras
eferentes viscerais especiais. Pode também incluir algumas fibras aferentes viscerais gerais, com
origem no núcleo ambíguo.
→ Descrição anatómica
O nervo acessório divide-se em duas raízes, uma craniana e uma espinhal, que estão unidas num
trajeto muito curto. Ao emergirem no buraco jugular, o qual atravessam numa bainha dural comum
com o nervo vago, mas separadas deste por uma prega de aracnoide, a sua separação é evidente:
201
A raiz craniana é a mais pequena e as suas fibras têm origem na porção caudal do núcleo ambíguo;
junção com vago superiormente ao gânglio inferior (classicamente designada por “ramo interno”).
- Após atravessar o buraco jugular, junta-se ao nervo vago superiormente ao seu gânglio inferior. As
fibras vão estar distribuídas para os ramos faríngeos do nervo vago. Algumas juntam-se ao nervo
laríngeo recorrente. Assim, inerva os músculos da laringe, exceto o músculo cricotiroideu (inervado
pelo ramo externo do nervo laríngeo superior do vago).
A raiz espinhal contém fibras com origem no núcleo espinhal do acessório, núcleo motor alongado
que se localiza na parte lateral do corno ventral da medula espinhal, entre os segmentos medulares
C1-C6.
- Passa ventralmente às radiculas dorsais dos nervos espinhais e dorsalmente ao ligamento
denticulado, localizando-se, portanto, entre estas duas estruturas. Entra depois no crânio através do
buraco magno, posteriormente à artéria vertebral.
- Inerva a totalidade do esternocleidomastoideu e a porções superior e média do trapézio. As fibras
provenientes da raiz espinhal são ipsilaterais para o esternocleidomastoideu e contralaterais para o
trapézio, o que é importante para os reflexos visuais (quando rodamos a cabeça, atua o
esternocleidomastoideu de um lado e o trapézio do lado oposto). No seu trajeto, estas fibras têm uma
direção posterior profunda ao esternocleidomastoideu, muitas vezes perfurando-o e depois passam
pelo triangulo posterior do pescoço e dirigem-se, então, para o músculo trapézio.
Nota: o fascículo longitudinal medial é importante para fazer a conexão entre as fibras dos nervos oculomotor,
troclear, abducente, de outros núcleos vestibulares e com este núcleo espinhal do nervo acessório, o que é
imprescindível para a coordenação dos movimentos do pescoço com os movimentos oculares.
202
NERVO HIPOGLOSSO – XII
• Tem origem aparente a partir de 10-15 radículas no sulco antero-lateral entre a pirâmide e a oliva.
• É responsável pela inervação motora dos músculos intrínsecos e extrínsecos da língua, à exceção do
palatoglosso (inervado pelo n. vago), pelo que apenas possui fibras eferentes somáticas gerais.
→ Descrição anatómica
O nervo hipoglosso tem origem no núcleo hipoglosso que se localiza sob o pavimento do 4º
ventrículo, onde forma uma elevação designada por trígono do hipoglosso. As suas fibras eferentes
(que tiveram origem no córtex contralateral, essencialmente) emergem do bolbo e saem da cavidade
craniana pelo canal do hipoglosso, num plano medial à veia jugular interna, artéria carótida interna e
nervos glossofaríngeo, vago e acessório.
Subsequentemente volta-se em torno do gânglio inferior do nervo vago, deslocando-se depois
verticalmente entre a artéria carótida interna e veia jugular interna e anteriormente ao nervo vago,
até ao ângulo da mandíbula. Nesta região torna-se superficial, inferiormente ao ventre posterior do
músculo digástrico, emergindo entre a artéria carótida interna e veia jugular interna. Aqui relaciona- se
com a ansa cervical. Vai depois entrar na raiz da língua acima do osso hioide e distribui os seus ramos.
Comunicações: o nervo hipoglosso possui ramos
comunicantes*; comunica com o tronco simpático,
com o nervo vago, com C1 e C2 e com o nervo
lingual. (Próximo do atlas, o nervo hipoglosso recebe ramos do
gânglio cervical superior e um filamento da ansa por entre C1 e C2,
que abandona o nervo hipoglosso através da raiz superior da ansa
cervical. Já as comunicações vagais ocorrem na proximidade do
crânio, sendo que numerosos filamentos partem por entre o nervo
hipoglosso e o gânglio inferior do vago. À medida que o nervo
hipoglosso se curva em torno da artéria occipital, este recebe o ramo
lingual do vago, proveniente do plexo faríngeo. Por fim, próximo do
bordo anterior do hioglosso, este nervo encontra-se ligado ao nervo
lingual por vários filamentos que ascendem ao nível deste músculo.)
203
→ Ramos do nervo hipoglosso
RAMOS COMUNICANTES*
RAMOS MENÍNGEOS: abandonam o nervo ao nível do canal do
hipoglosso e inervam as paredes dos seios occipital e petroso
inferior e também a parede anterior da fossa craniana posterior
RAMO DESCENDENTE OU RAÍZ SUPERIOR DA ANSA CERVICAL:
contém fibras provenientes de C1; este ramo abandona o nervo
hipoglosso, quando este último se curva em torno da artéria
occipital, e desloca-se inferiormente, ao nível da bainha carotídea;
dá um ramo para o ventre superior do omohioideu, antes de se
juntar com o descendente cervical, para formar a ansa cervical.
RAMO MUSCULAR PARA O TIROHIOIDEU: é constituído por fibras de
C1
RAMOS MUSCULARES: para os músculos intrínsecos e extrínsecos
da língua (exceção: palatoglosso)
Caso a paralisia do nervo hipoglosso seja bilateral, a língua fica imóvel, sendo que embora o gosto e a
sensibilidade táctil não se encontrem afetadas (pois são da responsabilidade dos nervos facial,
glossofaríngeo e vago), a articulação de movimentos torna-se muito lenta, e a deglutição torna-se
muito difícil.
204
SENSIBILIDADE GUSTATIVA, RECETORES GUSTATIVOS E NEURÓNIOS GUSTATIVOS PERIFÉRICOS
206
T19 – Ouvido externo, médio e interno. Vias acústica e vestibular.
OUVIDO EXTERNO
→ Canal auditivo externo (meato acústico externo)
• Tem 24 mm de comprimento e forma de S:
- 1/3 lateral cartilagíneo e possui glândulas ceruminosas e
folículos pilosos
- 2/3 mediais ósseos
• Possui várias constrições, sendo o istmo uma delas.
• Na extremidade medial encontra-se obliquamente inserida a membrana timpânica, o que implica
que o pavimento e a parede anterior do canal auditivo externo sejam maiores que o teto e a parede
posterior.
→ Pavilhão auricular
Face lateral Face medial
- Trago - Eminência da concha
- Antitrago - Eminência da fossa triangular
- Incisura intertrágica
- Lóbulo
- Hélice
Pilar
Tubérculo
auricular A conformação do
- Anti-hélice pavilhão auricular
Pilar superior e inferior permite direcionar,
- Concha concentrar e amplificar
Cimba da concha as ondas sonoras.
- Fossa triangular
- Fossa escafóide
207
OUVIDO MÉDIO
• Espaço irregular na porção petrosa do osso temporal, que comunica com a nasofaringe através da
trompa auditiva ou trompa de Eustáquio. Isto permite equalização da pressão.
Limites do ouvido médio:
- Lateral: membrana do tímpano
- Medial: parede lateral do ouvido interno, promontório
- Comunicação posterior com antro mastoideu e células de ar mastoideias
- Comunicação Anterior com a nasofaringe através da trompa auditiva
- Teto ou parede tegmentar: placa fina de osso compacto que forma a maior parte da face anterior da
porção petrosa do osso temporal
- Pavimento ou parede jugular: placa fina e convexa de osso que separa a cavidade do bolbo superior
da veia jugular interna
→ Cavidade timpânica
• Está dividida em 3 espaços:
- Epitímpano (recesso epitimpânico): superior ao nível da
membrana do tímpano; contém a cabeça do martelo e o
corpo e ramo curto da bigorna
- Mesotímpano: ao nível da membrana do tímpano
- Hipotímpano: no pavimento da cavidade timpânica,
entre o bolbo superior da veia jugular interna e o bordo
inferior da membrana do tímpano
Parede lateral
- Membrana do tímpano (orienta-se lateral, anterior e inferiormente; é inervada pelo V e X na face
lateral e pelo IX na face medial): apresenta pars flácida e pars tensa, umbigo (centro da concavidade
da face lateral) e pregas maleolares; o cabo e a apófise lateral do martelo inserem-se na sua face
medial.
- Canalículo posterior para o nervo da corda do tímpano: localiza-se no ângulo entre as paredes
posterior e lateral; leva ao canal facial
- Canalículo anterior para o nervo da corda do tímpano: abre-se na extremidade medial da fissura
petrotimpânica
Parede medial ou parede labiríntica
- Proeminência do canal semicircular
- Proeminência do nervo facial: superior à janela oval e curva para
a parede posterior
- Janela oval (do vestíbulo): ocupada pela base do estribo
- Promontório: proeminência arredondada formada pela espira
basal da cóclea; está coberta pelo plexo timpânico
- Janela redonda (da cóclea): inferior e posterior à janela oval;
fechada por membrana timpânica secundária
208
Parede posterior ou parede mastoideia
- Ádito do antro: abertura irregular que faz a
comunicação entre o recesso epitimpânico e o
antro mastoideu
- Eminência piramidal: relação com o músculo estapédio
- Fossa da bigorna: pequena depressão na porção inferior e posterior
do recesso epitimpânico; contém o ramo curto da bigorna
Parede anterior ou carotídea (estreita pela aproximação das paredes medial e lateral)
- Apresenta o canal músculo-tubário:
- canal para o músculo tensor do tímpano
- porção óssea: canal para a trompa faringotimpânica (auditiva ou de Eustáquio)
Os dois canais inclinam-se inferior e medialmente para se abrirem no ângulo entre a porção petrosa e a
porção escamosa do osso temporal, separados por fino septo ósseo
- Apófise cocleariforme
209
→ Músculos do ouvido médio
- Músculo tensor do tímpano
– Origem: parte cartilagínea da trompa, asa maior do esfenóide, canal do músculo tensor
do tímpano
– Inserção: manúbrio do martelo
– Enervação: ramo do nervo para o músculo pterigoideu medial (depende do trigémio)
- Músculo estapédio
– Origem: eminência piramidal
– Inserção: colo do estribo
– Enervação: nervo para o m. estapédio (ramo do nervo facial)
Nota: No Homem existe o reflexo acústico que vai levar à contração do músculo estapédio quando
ocorrem vibrações excessivas, de forma a proteger o ouvido interno.
OUVIDO INTERNO
• É formado pelos labirintos ósseo e
membranoso.
→ Labirinto ósseo
- Vestíbulo
- Canais semicirculares (têm um pilar comum e cristas ampolares,
fazem ângulos de 45° em relação aos planos coronal, transverso e
mediano)
- lateral (horizontal)
- anterior (forma a eminência arqueada)
- posterior
- Cóclea (localiza-se anteriormente)
- cúpula da cóclea
- modíolo
- lâmina espiral óssea
- rampa vestibular (tem perilinfa)
- rampa timpânica (tem perilinfa)
- ducto coclear ou rampa média (tem endolinfa)
- helicotrema
- hâmbulo da lâmina espiral óssea
- canal espiral do modíolo
Nota: o canal espiral da cóclea dá 2 voltas e ¾ e a sua volta
basal provoca no ouvido médio o promontório.
→ Labirinto membranoso
- Utrículo: tem máculas que detetam movimentos horizontais
- Sáculo: tem máculas que detetam movimentos verticais
- Ductos semicirculares: têm cristas ampulares que detetam
movimentos angulares
- Saco e ducto endolinfáticos
- Ducto coclear: com membrana vestibular, ligamento espiral, estria vascular e membrana basilar
→ Perilinfa e endolinfa
Relembrar produção, composição e destino (histologia e fisiologia)
210
NERVO VESTIBULOCOCLEAR – VIII
• Tem origem aparente no ângulo cerebelopôntico, no sulco entre o bolbo e a ponte, lateralmente à
origem do nervo facial.
• O nervo vestibulococlear tem duas porções distintas: vestibular e coclear, que se originam se em
diferentes núcleos. Ambos os conjuntos de fibras se combinam na ponte para formar o nervo
vestibulococlear, que emerge do crânio através do meato acústico interno do osso temporal
(inferiormente ao nervo facial). Dentro do aspeto distal do meato acústico interno, o nervo
vestibulococlear divide-se, formando, então, o nervo vestibular e o nervo coclear. O nervo vestibular
inerva o sistema vestibular, sendo responsável pela deteção do equilíbrio. O nervo coclear viaja para a
cóclea do ouvido interno, formando os gânglio espirais que servem a audição.
• Componente funcional: fibras aferentes somáticas especiais.
211
VIA VESTIBULAR
• Os prolongamentos periféricos
com origem no gânglio vestibular vão
receber as aferências vestibulares das
cristas ampulares e das máculas;
• Os prolongamentos centrais
destes neurónios bipolares projetam:
- para o cerebelo: pelo corpo
justarestiforme (porção medial do
pedúnculo cerebeloso inferior)
- para os núcleos vestibulares
• Os núcleos vestibulares, por sua
vez, emitem aferências para o
cerebelo, medula espinhal, núcleos do
oculomotor, troclear e abducente e
ainda núcleos VPL e VPM do tálamo.
• As projeções que atingem o
tálamo fazem aí sinapse e dirigem-se
para o córtex cerebral, pero da
circunvolução pós-central.
Nota: As projeções dos núcleos vestibulares para a medula ocorrem via feixes vestibuloespinhais:
- Feixe vestibuloespinhal lateral: origem no núcleo vestibular lateral; eferências excitatórias para
neurónios motores de músculos ipsilaterais em todos os níveis espinhais para compensação de
movimentos e manutenção da postura
- Feixe vestibuloespinhal medial: origem no núcleo vestibular medial; projeção bilateral para a medula
espinhal cervical através de conexões com o fascículo longitudinal medial; associa-se à estabilização da
posição da cabeça; está envolvido na coordenação de movimentos oculares e movimentos da cabeça
(reflexos vestibulo-oculares para manter a fóvea fixa num objeto, com participação do cerebelo,
flóculo, na regulação dos mesmos)
212
VIA AUDITIVA
• Os prolongamentos periféricos com origem
no gânglio coclear vão receber as aferências
vestibulares dos órgãos de Corti;
• Os prolongamentos centrais sofrem
bifurcação: uma divisão para o núcleo coclear
ventral e outra divisão para o núcleo coclear dorsal.
• Fibras de ambos os núcleos cocleares
(principalmente do dorsal) cruzam a linha média e
ascendem no lemnisco lateral (maior componente
da via auditiva no tronco cerebral). Algumas fibras
ascendem ipsilateralmente no lemnisco lateral.
Nervo Coclear - Núcleo coclear ventral e dorsal - Cruzamento na linha média - Ascendem no lemnisco
lateral - Colículo inferior (sinapse) - Corpo Geniculado Medial (sinapse) - Porção sublenticular da cápsula
interna - Córtex Auditivo Primário
Nota: cada lemnisco lateral contém informação das duas cócleas, já que os núcleos cocleares
projetam bilateralmente.
→ Localização do som
É o núcleo coclear ventral que está mais relacionado com a localização do som.
As fibras dirigem-se para o núcleo olivar superior, que possui subnúcleo medial (maior no homem) e
subnúcleo lateral. Cada núcleo olivar superior projecta através do lemnisco lateral para o colículo
inferior. Ocorre o cruzamento entre fibras de um núcleo coclear para o núcleo olivar superior
contralateral, formando-se o corpo trapezoide.
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RESUMOS EM ESQUEMAS FEITOS PELO PROFESSOR
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