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Unidade II
3 ATENÇÃO SECUNDÁRIA: CONSULTA DE ENFERMAGEM EM AMBULATÓRIO
DE ESPECIALIDADES – ASMA BRÔNQUICA
O caso, que será apresentado para realizar a SAE, é de uma jovem portadora de asma com várias crises
e problemas decorrentes dessa patologia, identificados durante a consulta de enfermagem. Para realizar
o raciocínio crítico, o julgamento diagnóstico e planejar a assistência a fim de atingir os resultados
esperados, vamos rever a fundamentação científica sobre a asma e a assistência de enfermagem.
A asma é uma doença inflamatória crônica caracterizada por hiper‑responsividade das vias aéreas
inferiores, que causa contratura da musculatura lisa dos brônquios, levando ao broncoespasmo e à
limitação do fluxo aéreo. A hiper‑responsividade é reversível espontaneamente ou com tratamento
broncodilatador e resulta de interação genética, exposição ambiental a alérgenos (que causam um
processo inflamatório nas vias aéreas inferiores com broncoespasmo) e produção excessiva de muco.
Algumas das manifestações clínicas da asma são dispneia e sibilos na ausculta pulmonar, ocasionados
pelo estreitamento das vias aéreas. Também é comum a presença de tosse produtiva, causada pelo
processo inflamatório desencadeado nos brônquios. Outro sintoma é a dor ventilatório‑dependente,
que ocorre pelo uso e consequente fadiga da musculatura acessória da respiração para ajudar na crise
de dispneia. Vários são os fatores desencadeantes, de acordo com a suscetibilidade individual, sendo os
mais comuns:
• ácaros, fungos;
• pólens e poeiras;
• alterações climáticas;
• poluentes;
• fumaça de cigarro;
• produtos químicos;
• pelos de animais;
• atividade física;
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• refluxo gastroesofágico;
• Leve: sintomas semanais, eventual uso de broncodilatador, limitação de atividades apenas nas
exacerbações (crises de brocoespasmo).
O diagnóstico funcional é realizado através da espirometria, que avalia o volume expiratório forçado
no primeiro segundo (VEF1), que estará diminuído na crise e normal fora dela. Avalia‑se também
a capacidade vital funcional (CVF), que deve estar normal. Podem ser realizados exames adicionais
específicos, como testes cutâneos, para avaliar a quais substâncias o indivíduo tem resposta alérgica.
Observação
• Controle dos fatores desencadeantes, evitando objetos que acumulem poeira, como cortina,
tapete, brinquedo de pelúcia. Utilizar para limpeza pano úmido ao invés de varrer o chão. Evitar
contato direto com animais e realizar atividade física com moderação e utilizando exercícios
respiratórios concomitantemente.
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Unidade II
• Exercícios para fortalecimento da musculatura respiratória para serem realizado entre as crises.
Saiba mais
Cláudia, de 21 anos, encaminhada pela UBS com antecedente de asma desde a infância, com várias
internações devido a crises asmáticas. Atualmente faz uso de dois tipos de bombinha, somente quando
tem crise, porém não sabe referir o nome dos medicamentos. Relata muita falta de ar durante as crises
e não sabe o que fazer nesses momentos, também tem receio de usar os medicamentos, pois apresenta
tremor e o coração dispara, além do medo de ficar viciada nos fármacos.
No exame físico apresenta‑se consciente, orientada, descorada, hidratada, dispneia com frequência
respiratória de 24 movimentos por minuto (FR24 mpm) e saturação de oxigênio 96%, apresentando tosse
com pequena expectoração clara, boa expansibilidade pulmonar simétrica com MV presentes e sibilos
difusos. Taquicardia, normotensa, BRnF em 2T s/s. Relata boa alimentação, IMC normal, abdome plano,
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flácido, RHA presentes, eliminações vesical e intestinal sem alterações. Membros superiores (MMSS) e
inferiores (MMII) com boa perfusão periférica, sem edema.
Diagnóstico de Características
Dados de enfermagem Fator relacionado/risco
enfermagem definidoras
Várias internações devido a crises Comportamento de falta
asmáticas, uso de bombinha apenas Falta de adesão Regime de tratamento
de adesão, exacerbação dos
quando tem crise, não sabe o nome complexo
sintomas
dos medicamentos
Falta de ar durante as crises e não
Enfrentamento Alto grau de ameaça,
sabe o que fazer nesses momentos, Dificuldade para organizar
ineficaz incerteza secundária de
receio de usar os medicamentos e informações e medo crise asmática
medo de se viciar
Dispneia com FR24 mpm e saturação
de oxigênio a 96%, tosse com Troca de gases Dispneia, padrão Desequilíbrio na relação
pequena expectoração clara e sibilos prejudicada respiratório anormal ventilação/perfusão
difusos
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Lembrete
diabetes melito é uma doença crônica com alta incidência na população, estimativas crescentes do
número de portadores, alta morbidade e comorbidade com prejuízo da qualidade de vida, bem como
alto custo previdenciário. É consequência de um distúrbio no metabolismo de carboidratos resultante da
deficiência ou da resistência à insulina disponível, sendo caracterizada pela hiperglicemia. A educação
em saúde visando a um melhor controle metabólico pode previnir as complicações dessa patologia.
4.1 Classificação
O diabetes melito tipo I, insulinodependente e responsável por 5% a 10% dos casos, é caracterizada
por deficiência na produção de insulina. Sua causa exata é desconhecida, podendo resultar de um
processo autoimune, possivelmente ativado por vírus, tem participação de fatores genéticos.
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O diabetes melito tipo II, não insulinodependente e responsável por 90% dos casos, é
caracterizado por defeitos na liberação e no uso da insulina, além da resistência ao hormônio.
Afeta pessoas com idade superior a 40 anos, e os fatores predisponentes incluem obesidade, vida
sedentária e suscetibilidade genética.
O diabetes gestacional ocorre durante a gravidez, caracterizando‑se por uma intolerância transitória
à insulina. É associada ao risco aumentado de desenvolver diabetes no futuro, e sua incidência é maior
em mulheres acima de 30 anos. É associada também ao elevado peso do recém‑nascido (RN), ou seja,
superior a 4 kg.
Vários são os problemas que levam ao diabetes melito não insulinodependente (tipo II). Normalmente
existe mais de um problema associado. São eles:
• Deficiência na produção de insulina pelas células beta das ilhotas de Langherans no pâncreas.
• antecedente familiar;
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• sedentarismo;
• glicemia de jejum ≥100 mg/dl, sendo o valor de referência de normalidade entre 70 mg/dl a
99 mg/dL. Em caso de glicemia ≥ 100 mg/dl, é recomendado solicitar teste oral de tolerância
à glicose (TOTG);
• teste oral de tolerância à glicose (TOTG) acima de 140 mg/dl em duas horas (com valor de referência
de normalidade entre 70 mg/dl a 140 mg/dL);
• hemoglobina glicada ≥ 6,5%, (com valor de referência de normalidade entre 4,5% a 5,6%). Esse
exame avalia a concentração de glicose no corpo (ligada à hemoglobina), em média, de 60 a
90 dias antes da coleta, sendo um bom teste para avaliar como ficou a glicemia no sangue nos
últimos meses e não somente no dia anterior à coleta do sangue.
Polidpsia (sede excessiva), polifagia (fome excessiva) e poliúria (aumento do volume urinário)
constituem os três “P” da DM. Outros sinais são o emagrecimento, a desidratação e a fraqueza, todos
relacionados ao aumento da glicemia no sangue. A seguir, trataremos de algumas complicações agudas.
Observação
Mais comum no diabetes melito não insulinodependente (tipo II), é associado ao aumento do
consumo de glicose e ao tratamento incorreto, à infecção ou utilização de glicocorticoides.
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É mais comum no diabetes melito insulinodependente (tipo I), caracterizada por hiperglicemia e
acidose grave.
4.6 Hipoglicemia
As manifestações clínicas são glicemia abaixo de 70 mg/dl, pele úmida, fria e pálida, taquicardia,
tremor, parestesias (alteração na sensibilidade), cefaleia, confusão progredindo para perda da consciência
ou convulsão.
Lembrete
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Senhor E. F. S., 50 anos, encaminhado pela UBS com diagnóstico de diabetes melito há três anos.
Desde então, faz tratamento com hipoglicemiante oral (sulfonilureias e metformina), mas os exames
laboratoriais mostram hiperglicemia persistente. Durante a consulta relata poliúria, polidpsia e polifagia,
além de cansaço e dor nos membros inferiores. Diz que está apresentando importante problema com
o filho mais velho, usuário de drogas. Sai pouco de casa e briga frequentemente com a esposa. É
trabalhador autônomo (vendedor ambulante) e tem tido dificuldades para obter a renda mensal para
sustento da família. Não faz atividade física porque não tem tempo. Apresenta IMC 30 e relata que não
consegue realizar a dieta para diabetes. Quando questionado sobre aos remédios que toma diariamente,
diz que esquece algumas vezes e não lembra a dosagem de cabeça. Faz verificação de glicemia capilar
apenas quando vai ao posto, pois não tem aparelho em casa, relatando não ter dinheiro para adquirir
um. Na consulta médica, foi introduzida insulina exógena NPH para o controle da glicemia.
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Saiba mais
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Resumo
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Exercícios
Questão 1. (CIAAR, 2009) A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas e provoca a
hiper‑responsividade dessas vias, edema de mucosa e produção de muco. Em relação à asma, assinale
a alternativa correta.
A) O exame físico do asmático geralmente é inespecífico. Os sintomas mais comuns da asma são
sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã. A
presença de sibilos é indicativa de obstrução ao fluxo aéreo, contudo, pode não ocorrer em todos
os pacientes.
C) As células como os mastócitos, neutrófilos, eosinófilos e linfócitos T não possuem papel significativo
na inflamação da asma.
A) Alternativa correta.
B) Alternativa incorreta.
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C) Alternativa incorreta.
Justificativa: pessoas com asma produzem mais imunoglobulina E (relacionada aos alérgenos
ambientais) e são mais sujeitas a processos inflamatórios. Os mastócitos produzem mais interleucina
e, no ataque ao processo inflamatório, produzem histamina (que causa edema e alergia). As células de
defesa participam do processo de imunidade e, ao entrarem em contato com o alérgeno (antígeno), irão
desencadear o processo inflamatório e induzir o corpo a produzir anticorpos.
D) Alternativa incorreta.
E) Alternativa incorreta.
Questão 2. (UFRJ, 2016) Tradicionalmente, o sistema de saúde brasileiro está organizado para
atender a saúde materno‑infantil, não considerando o envelhecimento como uma de suas prioridades. O
Brasil envelhece de forma rápida e intensa; sua população idosa é composta por 23 milhões de pessoas,
totalizando 11,8% da população total do país (IBGE, 2010). Com o envelhecimento populacional, há
o aumento da incidência das doenças crônicas e, dentre as de maior relevância para a saúde, está o
diabetes mellitus. Considerando a magnitude da incidência de diabetes na população idosa, assinale a
alternativa correta para a atual classificação de diabetes mellitus.
B) Diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, diabetes mellitus gestacional e diabetes mellitus
insulinodependente.
C) Diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, diabetes mellitus gestacional e diabetes mellitus
não insulinodependente.
D) Diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, outros tipos específicos de diabetes mellitus e
diabetes mellitus gestacional.
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Análise da questão
A classificação proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Associação Americana
de Diabetes (ADA) inclui quatro classes típicas: diabetes mellitus tipo 1, diabetes mellitus tipo 2, outros
tipos específicos de diabetes mellitus e diabetes mellitus gestacional. Há ainda duas categorias referidas
como pré-diabetes: glicemia de jejum alterada e tolerância à glicose diminuída. Essas categorias não são
entidades clínicas, mas fatores de risco para o desenvolvimento da doença.
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