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Artigo de Revisão

Review Article

André Filipe dos Santos Gonçalves1 Aderência ao tratamento da asma

Asthma treatment adherence

Recebido para publicação/received for publication: 09.06.08


Aceite para publicação/accepted for publication: 09.07.17

Resumo Abstract
A asma é uma doença crónica muito prevalente na Asthma is a very prevalent chronic disease in the ge-
população, caracterizada por obstrução reversível das neral population, characterized by reversible obstruc-
vias respiratórias. Vários estudos mostraram que há tion of respiratory airways. Multiple studies demons-
um controlo inadequado da doença, e uma das prin- trate an improper control of the disease, and one of
cipais razões para isso é a falta de aderência à terapêu- the main reasons for that is reduced adherence to
tica. A não aderência à terapêutica pode ser não in- treatment. Non-adherence can be classified as non-
tencional ou intencional, e as causas podem ser intentional or intentional, and the causes can be rela-
intrínsecas às motivações, crenças e conhecimentos ted to the motivations, beliefs and knowledge of the
dos doentes, ou inerentes ao próprio tratamento. patient or due to the therapeutic regimen.
As razões para a não aderência são: não compreensão The reasons for non-adherence are non-comprehen-
dos objectivos da terapêutica; não compreensão da sion of the treatment goals; non-comprehension of
gravidade da doença; medo relacionado com o uso disease severity; fears related to drugs; psychological
dos fármacos; factores psicológicos, como depressão; conditions such as depression; complexity of treat-
complexidade dos esquemas terapêuticos; e dificulda- ment regimen; difficulties with administration route,
des associadas às vias de administração, principal- mainly inhaler.
mente a inalatória.

1 Estudante do 6.º ano do curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/6th year medical student

Faculdade de Medicina da Universidade do Porto


Director: Prof. Doutor José Agostinho Marques Lopes
Al. Prof. Hernâni Monteiro
4200-319 Porto
Portugal
e-mail: and_go_@hotmail.com

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Reconhecendo estes factores como causa de não ade- After recognizing these issues as cause of non-
rência, há estratégias que devem ser consideradas: es- -adherence, different approaches should be conside-
tabelecer uma boa comunicação médico-doente; edu- red: set up a good physician-patient communication;
car sobre a asma; planear o seguimento médico promote asthma education; schedule regular appoint-
regular; simplificar o esquema terapêutico. ments; simplify therapeutic regimen.
A promoção da aderência ao tratamento da asma é It is important to promote adherence to achieve a
importante para conseguir um melhor controlo da good asthma control, and consequently a better qua-
doença, proporcionando uma melhor qualidade de lity of life and reduction of asthma associated costs.
vida ao doente e, simultaneamente, redução dos cus-
tos associados à doença. Rev Port Pneumol 2010; XVI (1): 117-131

Rev Port Pneumol 2010; XVI (1): 117-131 Key-words: Asthma, treatment, adherence.

Palavras-chave: Asma, tratamento, aderência.

Introdução que devem ser usados nas exacerbações para


A asma é uma doença inflamatória crónica reverter a broncoconstrição e, assim, aliviar
associada a hiperreactividade das vias aéreas, os sintomas1.
com episódios recorrentes de obstrução re- A Global Initiative For Asthma (GINA)1 de-
versível das mesmas, causando sibilância, fine 6 objectivos para um controlo adequa-
dispneia, aperto torácico e tosse1. do da asma:
A asma é uma das doenças crónicas mais
prevalentes em todo o mundo, sendo que a 1 – sintomas diários mínimos (≤2 vezes/se-
Europa Ocidental tem uma das prevalências mana);
mais altas: 13,0% entre as crianças e 8,4% 2 – ausência de limitações nas actividades
entre os adultos2,3. diárias (incluindo exercício físico);
O tratamento da asma envolve dois tipos de 3 – ausência de sintomas nocturnos ou des-
fármacos: pertar causado pela asma;
– fármacos de controlo (por exemplo, corti- 4 – necessidade mínima de recurso a ago-
costeróides inalatórios (ICS)), que devem nistas β2 (≤2 vezes/semana);
ser tomados diariamente para manter a asma 5 – PEF (peak expiratory flow) normal ou
sobre controlo, principalmente pelo seu próximo do normal;
efeito anti-inflamatório; 6 – ausência de exacerbações.
– e fármacos para alívio rápido dos sintomas
[como agonistas dos receptores β2 adrenér- Vários trabalhos4,5,6 mostraram que parte da
gicos de curta duração de acção (SABA)] população estudada tinha um nível inade-

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quado de controlo da asma, continuando a Reality in Europe)4, realizado em 1999,


ter sintomas, ficando assim aquém dos ob- verificou-se que apenas 63% dos asmáticos
jectivos propostos pela GINA1. tinham usado medicação de alívio rápido e
Uma das principais razões para o controlo 23% ICS. O estudo AIR (Asthma Insights
inadequado da asma é a deficiente aderên- and Reality)5, de 2004, mostrou que o uso
cia ao tratamento por parte dos doentes7. de ICS era de 26% na Europa Ocidental. O
Como ficou demonstrado em vários estu- estudo INSPIRE (International Asthma Pa-
dos, a não aderência à terapêutica na asma tient Insight Research)6, de 2006, mostrou
está associada a pior controlo da doença e, que 74% dos doentes usavam diariamente
consequentemente, a maior morbilidade e SABA, apesar da prescrição de medicação de
mortalidade8-14. controlo.
Este trabalho tem como objectivo abordar Na literatura, frequentemente classifica-se a
razões que permitam compreender a ade- não aderência em não intencional e inten-
rência diminuída ao tratamento da asma e, cional21. Para além do interesse de classifica-
a partir destas, expor estratégias e a sua efi- ção, esta divisão é também importante para
cácia para resolver este problema. definir as estratégias para ultrapassar a não
aderência (ver à frente).
A não aderência não intencional ocorre
Aderência ao tratamento quando o doente, apesar da sua intenção de
Aderência ao tratamento (em inglês: adhe- tomar a medicação como prescrita, é impe-
rence) é definida como a medida em que o dido de o fazer. Como exemplos temos:
comportamento do doente corresponde às
recomendações concordadas com o prescri- – não compreensão do esquema prescrito;
tor. Este termo foi implementado como al- – barreiras linguísticas;
ternativa ao vocábulo inglês compliance – uso incorrecto do inalador21.
numa tentativa de realçar a liberdade de de-
cisão do doente em aderir às recomendações A não aderência intencional ocorre quando
médicas e de que o doente não deve ser cul- o doente decide não tomar a medicação ou
pabilizado pela falha na aderência. No fun- tomá-la de forma diferente das recomenda-
do, aderência expande a definição de com- ções, isto é, o doente compreende a terapêu-
pliance por relevar a necessidade de tica, mas não a segue. Como exemplos deste
concordância entre as duas partes, e não a tipo de não aderência temos:
imposição de uma sobre a outra15.
A não aderência ao tratamento na asma está – crenças do doente (medicação desneces-
bem documentada. As taxas de aderência va- sária, ineficaz, receio de efeitos adversos);
riam de menos de 30% até 70-80%, com me- – custos da terapêutica;
nos de 50% das crianças a aderirem aos esque- – esquecimento;
mas de medicação inalatória prescritos16-20. – stress e estilo de vida ocupado;
Estes dados estão de acordo com os obtidos – esquemas terapêuticos complexos;
em grandes estudos sobre o controlo da – factores psicológicos (por exemplo, de-
asma. No estudo AIRE (Asthma Insights and pressão)21.

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De seguida serão explorados de forma mais No contexto social, é de referir que uma fa-
detalhada os factores e barreiras que levam a mília numerosa e um ambiente doméstico
uma aderência inadequada ao tratamento caótico têm um impacto negativo na ade-
da asma. Os factores associados a não ade- rência à terapêutica28. Segundo Wamboldt
rência serão agrupados em inerentes ao et al.29, níveis elevados de organização e coe-
doente e inerentes à terapêutica devido às são familiar aumentam a adesão da criança à
especificidades de cada um destes grupos. terapia, enquanto conflitos familiares e de-
saprovação estão associados a aderência pro-
blemática.
Factores associados a não Szilagyi et al.30 afirmaram, contudo, que em
aderência inerentes ao doente geral o estatuto socioeconómico não prediz
claramente as taxas de aderência. A aderên-
Género cia está apenas positivamente correlaciona-
Há evidência na literatura a sugerir que o da com o rendimento quando o doente paga
sexo feminino está associado a menor ade- pelo tratamento, e pode ser aumentada ofe-
rência ao tratamento. Por exemplo, Willia- recendo cuidados adequados grátis aos
ms et al.22,23, em dois estudos de 2007, mos- doentes com baixo rendimento familiar.
traram que o sexo feminino é factor de risco
para não aderência ao tratamento da asma.
Mas esta associação não é unânime. Por exem- Idade
plo, Naleway et al.24, num estudo de 2006, não Em crianças, vários estudos mostraram que
encontraram diferenças de género na aderência. com o aumento da idade há uma diminui-
Num estudo realizado com idosos verificou- ção da aderência. McQuaid et al.31 verifica-
-se que o género não parece influenciar a ram que a idade tinha uma associação nega-
aderência depois dos 60 anos25. tiva com aderência, numa amostra de
crianças com idades entre 8 e 17 anos. La-
brecque et al.32 encontraram um uso apro-
Raça priado mais alto da terapêutica entre as
Os doentes de raça negra têm menor aderên- crianças mais novas. Jónasson et al.33 verifi-
cia à terapêutica da asma, e isto mantém-se caram que no grupo de crianças mais velhas
verdadeiro, mesmo após controlo para nível havia menor aderência do que no grupo de
socioeconómico e outros factores22,23,26. mais novas.
Em adultos, Horne e Weinman34 constata-
ram que o aumento da idade tinha uma as-
Nível socioeconómico sociação positiva com aderência. Contudo,
Não há unanimidade sobre a relação entre o num estudo com doentes idosos mostrou-se
nível socioeconómico e a aderência ao trata- que indivíduos com mais de 60 anos têm
mento na asma. menor aderência à medicação para a
Vários estudos mostram que baixo nível só- asma25.
cio económico está associado a não aderên- Os factores supracitados são apenas correla-
cia médica na asma22,20,27. ções e não implicam necessariamente uma

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relação causal. Mas ter presentes estas corre- pação com possíveis efeitos laterais. Horne e
lações pode ajudar o clínico a identificar a Weinman45 mostraram, relativamente às taxas
não aderência como causa potencial de tera- de aderência, que havia uma variação conside-
pêutica ineficaz em alguns doentes26. rável nas crenças dos doentes sobre a necessi-
dade de ICS, e cerca de um terço tinha preo-
cupações importantes sobre os efeitos laterais
Factores psicológicos dos ICS (não necessariamente relacionadas
Depressão, sintomas depressivos e ansieda- com experiência real, mas antes com crenças
de podem aumentar a não aderência e, con- sobre a relação entre o uso regular e depen-
sequentemente, aumentar os sintomas e dência ou outros efeitos laterais). Nesse mes-
piorar a qualidade de vida36-40. mo estudo mostrou-se também que os doen-
Segundo Smith et al.37, doentes com sinto- tes com maiores dúvidas sobre a necessidade
mas depressivos tinham um risco cinco ve- de ICS, junto com a maioria das preocupa-
zes maior de usar menos de metade da me- ções, tinham taxas mais altas de não aderên-
dicação prescrita para a asma. Como razões cia; o contrário também era verdade45.
possíveis para a fraca aderência nesta popu- Apesar desta evidência, Riekert et al.46 de-
lação, apontaram: apatia, pessimismo, défi- monstram que os médicos tendem a subesti-
ce de atenção e sensibilidade aumentada a mar os medos dos doentes relativamente aos
efeitos laterais37. efeitos laterais e altas doses diárias. Face a es-
tes dados, os clínicos precisam de contrapor
as dúvidas dos doentes sobre a necessidade do
Medos relacionados com a medicação tratamento e preocupações relacionadas com
Quando se fizeram entrevistas de resposta o mesmo15, de forma a tentar melhorar a ade-
aberta em asmáticos, verificou-se que o medo rência ao tratamento (ver à frente).
dos efeitos laterais da medicação era uma ra- É de referir um estudo de 20077 que de-
zão importante para a não aderência ao tra- monstrou uma associação positiva entre o
tamento da asma41. Outras razões apontadas uso de ICS e aderência ao tratamento (indi-
para não aderência foram: medo de depen- víduos usando ICS tinham probabilidade
dência, medo de perder a identidade, medo significativamente maior de manterem a
de serem rotulados como tendo uma doença aderência). Isto mostra que os medos sobre
crónica, falta de confiança no médico pres- os efeitos laterais dos ICS podem ser ultra-
critor e nas empresas farmacêuticas41. passados, provavelmente pela percepção dos
Apesar de os ICS serem geralmente seguros benefícios de tomar os medicamentos e pela
quando usados nas doses recomendadas, a informação apropriada7.
verdade é que a preocupação dos doentes com
os efeitos laterais destes fármacos tem sido
consistentemente associada a fraca aderên- Incompreensão dos objectivos
cia34,42,43. Chambers et al.44 constataram que do tratamento
os doentes referiam como motivos para a não Há dados a sugerir que alguns doentes sim-
aderência a crença de que os ICS eram desne- plesmente não acreditam que as medicações
cessários quando assintomáticos e a preocu- de controlo na asma sejam úteis41. Isto pode

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ser compreendido tendo em vista que as crita e, consequentemente, à redução da


medicações de controlo não proporcionam aderência50.
alívio imediato dos sintomas35.
Esta falta de compreensão sobre a necessida-
de de tratamento a longo prazo leva a ade- Factores associados a não
rência diminuída47. Por exemplo, Farber et aderência inerentes à terapêutica
al.48 verificaram que 23% dos pais não com-
preenderam o papel dos ICS, acreditando Complexidade dos esquemas terapêuticos
que era para o tratamento dos sintomas após A complexidade dos esquemas terapêuticos
estes terem ocorrido, e não para a sua pre- constitui uma barreira significativa à aderên-
venção – isto está associado a diminuição da cia às medicações no tratamento da asma36.
aderência ao seu uso diário. A complexidade dos esquemas terapêuticos
na asma depende de: 1) frequência de admi-
nistração; 2) número de fármacos prescritos;
Gravidade da doença e 3) número de dispositivos inaladores51.
Como ficou demonstrado em vários estudos,
a percepção da gravidade da asma pelo donte
difere em muito da gravidade dos sintomas Frequência de administração
avaliada por critérios objectivos. Por exem- A aderência à terapêutica foi relacionada
plo, no estudo AIRE4, 50% dos doentes que com a frequência com que os fármacos têm
referiam sintomas graves persistentes consi- que ser tomados, sendo maior a aderência
deravam a sua asma completamente ou bem para menor número de tomas diárias. Cout-
controlada. Os estudos AIR5 e INSPIRE6 ts et al.52 demonstraram, com ICS, um au-
apresentaram resultados sobreponíveis. Num mento da taxa de aderência de 59 para
outro estudo49, 58% dos doentes, antes de 96,3% através da redução do número de ad-
lhes serem mostrados os objectivos das guide- ministrações diárias de 3 para 1 vez por dia.
lines GINA no tratamento da asma, referiam Mann et al.53 mostraram que com 4x/dia a
estar satisfeitos com o nível de tratamento da aderência era menor do que com 2×/dia
asma; isto caiu para 33% após verem os ob- Purucker et al.54, contudo, referem não exis-
jectivos do tratamento. tir vantagem em termos de aderência entre
Segundo Williams et al., doença menos gra- ICS administrados 1×/dia e 2×/dia, haven-
ve está associada a maior não aderência à te- do uma grande desvantagem com a mono-
rapêutica prescrita22, logo esta discrepância terapia diária, pelo que os autores desacon-
entre a percepção e a gravidade da asma co- selharam o uso desta. Outro estudo
loca uma barreira significativa à aderência36; corrobora esta ideia, afirmando que, apesar
já que os doentes que se sentem bem com a de a aderência ser menor para esquemas
sua asma, preferem tomar a medicação com mais complexos, a não aderência significati-
base nas necessidades, em vez da medicação va mantém-se mesmo quando a frequência
de controlo para prevenir os sintomas. de administração é diminuída55.
O subestimar da gravidade da doença con- É de referir que, apesar de a terapêutica ad-
duz à falta de confiança na medicação pres- ministrada 1×/dia promover a aderência, o

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controlo da asma a longo termo geralmente Dificuldades com as vias de administração


é pior do que para os doentes com 2×/dia56. A via de administração preferencial na gran-
de maioria dos doentes asmáticos assinto-
máticos é a inalatória devido a: eficácia, bai-
Tipo de fármacos xo risco de efeitos laterais e actividade local
A aderência aos ICS é geralmente pior do da medicação1. Contudo, os doentes prefe-
que aos broncodilatadores (agonistas β2 rem a administração por via oral à via inala-
adrenérgicos), como ficou bem patente tória na asma61-65.
nos estudos AIRE, AIR e INSPIRE4,5,6. Kelloway et al.61 mostraram uma melhor
Isto foi atribuído à ausência de alívio ime- aderência com administração por via oral
diato ou de efeito perceptível com os ICS, (teofilina) do que com fármacos inalatórios
em comparação com SABA57. O estudo (ICS), com número semelhante de adminis-
INSPIRE6 mostrou mesmo que, apesar de trações diárias.
a maioria dos doentes reconhecer os sinais Outros estudos63-65, comparando aderência
precoces de exacerbação, a resposta mais dos doentes à terapêutica oral versus inalató-
comum aos sinais era aumentar o uso de ria, encontraram resultados sobreponíveis.
agonista β2 de curta duração de acção Contudo, nestes estudos – ao contrário do
(apesar da terapêutica de controlo prescri- estudo de Kelloway et al.61 – havia algum
ta), com os ICS a serem usados num nível confundimento dos resultados entre a via de
muito menor e apenas quando os sintomas administração e a frequência de administra-
eram graves. ção, já que as drogas inalatórias tinham uma
Milgrom et al.10 verificaram que a medica- maior frequência de administração (o que
ção era tomada na altura certa como prescri- como já vimos está associado a menor taxa
to mais vezes com agonistas β2 adrenérgicos de aderência).
que com ICS. Bender et al.58 também en-
contraram maior aderência com agonistas
β2 adrenérgicos do que com ICS. Deve-se Dificuldade em usar medicamentos
notar que nestes estudos os agonistas β2 por via inalatória
adrenérgicos eram provavelmente SABA, Os doentes têm problemas em aderir à tera-
embora os fármacos não tenham sido iden- pêutica de controlo com dispositivos inalató-
tificadas – não está claro se seriam encontra- rios35. O treino inadequado da técnica inala-
dos resultados similares se a aderência com tória leva à diminuição da aderência47 – se os
ICS fosse comparada com LABA (agonistas doentes não dominarem a técnica inalatória,
dos receptores β2 adrenérgicos de longa du- isto é, se a técnica não for realizada correcta-
ração de acção). mente, a medicação não vai ser eficaz, e isto
leva a baixa aderência66,67. A incapacidade de
coordenar a inalação e accionamento do me-
Número de dispositivos inaladores tered dose inhaler (MDI) e a incapacidade de
A evidência sugere que a preferência por um inspirar com força suficiente o dry powder
inalador específico conduz a melhoria da inhaler (DPI) são exemplos de dificuldades
aderência à terapêutica59,60. associadas aos inaladores68.

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Apesar de o press and breath parecer simples necessário36. Isto conduz a não aderência
com o uso de MDI, muitos doentes não não intencional.
têm a coordenação necessária entre accio-
nar e começar uma inspiração lenta67. Os
DPI podem remover a necessidade de coor- Estratégias para aumentar
denação mão-respiração necessária para os a aderência
MDI, pois são accionados pela respiração. De seguida serão apresentadas estratégias
Há estudos a mostrar que o uso de DPI que se podem implementar para tentar au-
está associado a melhoria da aderência em mentar a aderência ao tratamento e as que
comparação com o MDI-padrão69, contu- oferecem melhores resultados e melhor ra-
do um estudo realizado por Melani et al.70 zão custo-benefício.
encontrou percentagens similares de uso
reduzido pelos doentes de MDI em com-
paração com DPI. Comunicação
O uso de espaçadores para os MDI conven- Uma boa comunicação com o doente parece
cionais optimiza a entrega do fármaco e dimi- ser essencial para melhorar a aderência à tera-
nui a complexidade da inalação da medica- pêutica da asma35. Com uma boa comunica-
ção71. O uso destes dispositivos melhora a ção, os profissionais de saúde podem ser ca-
aderência em adultos, mas não em crianças72. pazes de identificar melhor os problemas com
a aderência, identificar razões para a não ade-
rência, e procurar soluções apropriadas.
Necessidade de automonitorização Lewis e Fink75 defendem que os profissio-
A automonitorização é um componente ne- nais de saúde devem ser capazes de ajudar
cessário à terapia da asma, sendo recomen- o doente a compreender a doença e a in-
dado o uso de PEF em casa para monitorizar centivar o self-management. Devem ende-
o tratamento da asma1. reçar e tentar corrigir as crenças dos doen-
Ohm et al.73 mostraram que doentes com tes que podem diminuir a aderência, como
variações superiores a 20% nas suas medi- as dúvidas sobre a necessidade de medica-
ções de peak flow tinham maior probabilida- ção e preocupação sobre os efeitos adversos
de de aderirem à terapêutica. Uma razão e dependência75. Os médicos devem ques-
possível para isso é que os doentes com tionar activamente os doentes sobre as
maior variabilidade na função respiratória crenças da doença e tratamento, pois ape-
lembrar-se-iam disto quando anotassem va- sar das crenças governarem atitudes em re-
lores anormais no diário. Uma outra razão é lação à terapia, estas crenças não são funda-
que maior variabilidade é um marcador de mentadas e podem ser alteradas através da
doença mais grave, a qual está associada a educação e negociação, conduzindo a uma
aderência aumentada (ver antes). melhor compreensão da asma, que pode
Alguns doentes não têm simplesmente ca- promover comportamentos mais adequa-
pacidade de monitorizar os sintomas, tomar dos e eficazes45.
a medicação de alívio sintomático e ajustar Os doentes com pensamentos positivos so-
as doses de medicação de controlo quando bre a sua medicação aderem mais provavel-

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mente à terapêutica da asma7. Isto sugere Segundo Janson et al.80, um simples progra-
que proporcionar ao doente boa informação ma de educação para a asma pode melhorar
sobre os riscos e benefícios das medicações significativamente a aderência ao tratamen-
de controlo, como ICS, pode conduzir a to, e isto correlacionou-se com melhores re-
aderência melhorada à terapêutica. sultados clínicos. Gallefoss e Bakke81 tam-
Existe uma correlação significativa entre a bém mostraram que a aderência a ICS era
crença dos doentes que têm uma doença gra- maior entre os doentes que participaram em
ve e melhor aderência aos ICS74. Desta for- sessões de educação.
ma, Ulrik et al.74 postularam que o facto de Côté et al.82 defendem que, apesar dos pro-
os clínicos comunicarem a opinião da gravi- gramas de educação aumentarem a aderência
dade da doença aos seus doentes é uma forma ao tratamento a curto prazo, não resultaram
eficaz que pode aumentar a aderência. em alteração no que diz respeito à morbili-
A incompreensão de como tomar a medica- dade. Contudo, este estudo não nega os be-
ção de controlo constitui uma barreira à ade- nefícios dos programas de educação em al-
rência41. Por isso, uma forma particular de guns grupos. De igual forma, Bernard-Bonnin
melhorar a comunicação é incorporar um et al.83 mostram que os programas de educa-
plano de acção para a asma (um conjunto de ção para a asma geralmente não resultam em
instruções específico e detalhado que é dado alterações significativas da morbilidade.
aos doentes após revisão meticulosa) que dá A educação do doente permanece um com-
instruções sobre automonitorização, admi- ponente importante do tratamento abran-
nistração de medicação de controlo e quan- gente da asma, mas provavelmente só pro-
do usar medicação de alívio sintomático. voca alterações no grupo daqueles para o
Van der Palen et al.76 constataram que a ade- qual a falta de informação é a razão primária
rência à terapêutica melhorou após sessões da não aderência83.
de educação e guidelines escritas sobre como
ajustar o plano terapêutico.
Mas, fornecer informação clara, apesar de Alertas audiovisuais
essencial, não é suficiente para garantir a Uma das razões da não aderência é o esque-
aderência77. Brown78 sugere que alterar o cimento por parte do doente.
comportamento de doentes e médicos ao Charles et al.84 mostraram que um alarme
longo do tempo, em particular motivando sonoro e visual colocado no MDI melhora-
aqueles a envolverem-se activamente no tra- va significativamente a aderência à terapêu-
tamento da sua asma, pode ser a chave para tica com ICS. Contudo, não existem actual-
uma aderência óptima. mente inaladores com alarme sonoro ou
visual disponíveis no mercado.
Como alternativa, pode-se considerar asso-
Educação para a asma ciar o uso do inalador com a medicação de
A carga da não aderência não intencional controlo a outra actividade que seja feita
pode ser revertida com melhor educação dos aproximadamente com a mesma frequência
doentes, mas continua a ser problemático (p.e., usar o ICS logo após escovar os dentes
pôr em prática esta medida79. de manhã e à noite; isto tem ainda a vanta-

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gem de estimular a aderência à recomenda- Stoloff et al.87 corroboraram que a combina-


ção de lavar os dentes logo após usar ICS). ção de dois fármacos numa única formula-
ção para inalação leva a uma duplicação da
taxa de aderência. O mesmo foi encontrado
Agendar proactivamente as consultas por O’Connor et al.88.
médicas Usar dispositivos que combinem classes di-
Doentes que visitam regularmente o médi- ferentes de fármacos facilita a toma de todas
co têm maior probabilidade de aderirem à as medicações prescritas, aumentando deste
medicação da asma7. Isto pode dever-se a modo especialmente a aderência aos ICS,
constante encorajamento ou reforço. As re- que geralmente é inferior aos agonistas β2
comendações actuais preconizam um segui- adrenérgicos (ver antes).
mento trimestral1. Num estudo de Bosley et al.89 não se verifi-
Um estudo85 comparou três grupos de doen- cou uma maior aderência nos doentes usan-
tes que recorreram ao serviço de urgência do formulações de combinação, mas estes
por crise de asma: doentes com cuidados ha- resultados podem dever-se a terem usado
bituais; doentes com medicações e transpor- SABA, que requerem uso mais frequente
te grátis; doentes com seguimento médico por dia do que agentes de longa duração – e,
programado. O único grupo que mostrou como já se mostrou, com maior frequência
melhoria da aderência ao tratamento foi de administração é menor a aderência.
aquele com visitas médicas regulares.
Esta evidência é suportada por outro estu-
do, já referido, que aponta como únicos Conclusão
preditores de aumento da aderência ao tra- Vários estudos mostraram uma elevada fre-
tamento: consultas regulares; e pensamentos quência de não aderência à terapêutica da
positivos sobre a medicação7. asma, o que resulta em mau controlo da
O facto de ter um seguimento regular tam- doença, e, consequentemente, em aumentos
bém facilita a comunicação, melhora a da morbilidade e mortalidade.
educação do doente, ou seja, ajuda a modi- São várias as causas que permitem explicar
ficar muitos dos factores de risco para a não essa aderência reduzida ao tratamento, como:
aderência. não compreensão pelo doente da necessida-
de da medicação, medos relativamente aos
efeitos laterais, questões psicológicas, não
Terapêutica combinada percepção da gravidade da doença, dificulda-
Simplificar a prescrição usando terapêutica des com a adaptação aos esquemas terapêuti-
que combina ICS e LABA no mesmo dispo- cos complexos e aos dispositivos inaladores.
sitivo é superior em termos de aderência a A demonstração destes factores como causa
usar estes agentes separadamente – os doen- de não aderência releva a necessidade de es-
tes que usavam terapêutica combinada ti- tabelecer uma boa comunicação com o
nham uma taxa de aderência duas vezes su- doente, informando-o sobre a gravidade da
perior à dos que usavam os fármacos sua doença, a importância da medicação e a
separadamente ao fim de um ano86. importância da monitorização e seguimen-

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to. Para além de melhorarem a comunicação,


os clínicos devem ainda esforçar-se por sim-
plificarem a prescrição e por incentivarem os
doentes a serem seguidos regularmente, mar-
cando nova consulta a cada visita.

Agradecimentos
O autor agradece ao Prof. Dr. José Agosti-
nho Marques Lopes, Faculdade de Medici-
na da Universidade do Porto, pela orienta-
ção do trabalho.

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