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Mateus Castro

INTERNATO UNIFAMAZ – Saúde do Adulto I

AVE

AVE ISQUÊMICO

Instalação súbita de déficit neurológico focal, como


consequência de isquemia cerebral.

Ocorre devido oclusão aguda de artéria de Carotídeo (anterior): Iniciado na carótida interna e
médio/grande calibre. Na maioria das vezes a oclusão depois se divide em artéria cerebral média, cerebral
é do tipo embólica (trombo da circulação sistêmica anterior e coroide anterior.
caminha até impactar na artéria) ou trombótica
(trombo formado na própria artéria envolvida). Cerebral média: É a mais acometida no AVE isquêmico.
Ela se bifurca em ramos superiores e inferiores. O ramo
Tipos De AVE Isquêmico Embólico superior irriga córtex e substância subcortical de quase
1 – Cardioembólico: a fonte do trombo é o coração. todo o lobo frontal (córtex motor piramidal, pré-motor,
2 – Arterioembólico: AVE típico do hipertenso, onde a área do olhar conjugado, área de Broca), todo o lobo
fonte do trombo geralmente é placa aterosclerótica parietal e parte do lobo temporal (área de Wernicke).
instável.
Cerebral anterior: Irriga a porção anterior, medial e
O AVE trombótico de artérias de médio calibre é rara e orbitária do lobo frontal.
é suspeito na síndrome do AVE em evolução, onde o
déficit neurológico se desenvolve de forma subaguda. Coroide anterior: Irriga porção posterior da cápsula
interna.
Diante de uma oclusão de artéria cerebral, ocorre
isquemia, e nos casos prolongados ou graves, haverá Vertebrobasilar (posterior): Iniciado na artéria
necrose. É importante delimitar as áreas com lesões vertebral que se introduz nos forames laterais das
irreversíveis (área de necrose) de lesões reversíveis vertebras cervicais, até penetrar no forame magno
(área de penumbra – mantida pela circulação colateral, para vascularizar o bulbo.
dependente da pressão arterial). A delimitação pode Origina a Artéria Cerebelar Inferoposterior (PICA) que
ser feita com a TC. nutre porção dorsolateral do bulbo.
Após a ocorrência do infarto neuronal, é instalado o Na junção pontobulbar se une à vertebral do lado
edema citotóxico (aumento do volume dos neurônios) oposto formando a artéria basilar que emite ramos
+ edema vasogênico (acúmulo de líquido no que irão irrigar a ponte e posteriormente se bifurca
interstício). originando a artéria cerebral posterior, uma de cada
1 – O pico do edema é entre 3 – 4 dias. lado.
2 – Após 10 dias, resolvido o edema a área de transição
entre área infartada e área normal é nítida. Origina artéria cerebelar anterior e artéria cerebelar
3 – Entre 10 dias – 3 semanas a fagocitose local provoca posterior (principal artéria do cerebelo).
necrose de liquefação, transformando o infarto em
Quadro Clínico – Síndromes Isquêmicas
área amolecida e depois retraída.
O quadro clínico expressa o território neurológico
Principais Fatores De Risco
acometido. Na prática é difícil realizar essa divisão.
HAS, histórico familiar, DM, tabagismo,
 Síndromes Da Cerebral Média
hipercolesterolemia, idade > 60 anos, FA crônica.
De acordo com o ponto de oclusão, a clínica pode ser
Anatomia Vascular Encefálica
diferente.
O encéfalo é irrigado por 2 sistemas arteriais –
1 – Oclusão na origem da cerebral média: lobo frontal,
carotídeo e vertebrobasilar.
parietal e parte superior do temporal.
Mateus Castro
INTERNATO UNIFAMAZ – Saúde do Adulto I

Hemiparesia/plegia contralateral, com predomínio 2 – Ecocardiograma e duplex-scan (doppler) de


braquifacial e disartria (dificuldade da fala) com desvio carótidas.
da língua para a hemiplegia, desvio do olhar conjugado
Tratamento Da Fase Aguda
contrário à hemiplegia nos primeiros 3 dias, apraxia
contralateral braquial, hemi-hipo/anestesia Fase aguda: 3 primeiros dias do evento – nesse período
contralateral, astereoagnosia (capacidade de é possível impedir a progressão da área de necrose.
reconhecer objetos pela palpação).
1 – Atendimento ABCDE.
Se ocorrer em hemisfério dominante ou esquerdo 2 – Hipotensão arterial deve ser tratada
acrescenta-se afasia global (Broca + Wernicke) e agressivamente com soro fisiológico 0,9%.
síndrome de Gerstmann (dificuldade na escrita).
 Medidas De Suporte
Afasia de Broca (afasia motora): tem entendimento,
mas não consegue se expressar. 1 – Decúbito dorsal com cabeceira entre 0 – 15º (30 em
Afasia de Wernicke (afasia sensitiva): não tem casos graves) nas primeiras 24 horas.
entendimento, mas a fala está preservada. 2 – Dieta VO preferencialmente iniciada dentro das
primeiras 48 hrs.
2 – Oclusão do ramo superior: Tipo mais comum de 3 – Evitar hiper-hidratação e soro glicosado para
AVE isquêmico, afetando lobo frontal e parte anterior prevenir hiponatremia e hiperglicemia.
do parietal.
Modelo de hidratação: 1.000 – 1.500 ml/dia de ringer
Hemiparesia/plegia contralateral, com predomínio lactato com KCl.
braquiofacial e disartria com desvio da língua para a
hemiplegia, desvio do olhar conjugado contrário à 4 – Monitorar natremia (diária), glicemia capilar (6 – 6
hemiplegia nos primeiros 3 dias, apraxia (incapacidade hrs) e temperatura axilar (4 – 4 hrs).
de realizar movimentos motores) contralateral 5 – Exames inespecíficos na admissão: hemograma
braquial, hemi-hipo/anestesia contralateral, completo, glicemia plasmática, eletrólitos, ureia,
astereoagosia. creatinina, coagulograma, gasometria arterial e
marcadores de necrose miocárdica.
Se lesão for em hemisfério dominante ou esquerdo
acrescenta-se afasia de Broca (entende, mas não fala). A correção da natremia não deve variar mais de 12
mEq/L/dia.
Diagnóstico
 Pressão Arterial
TODO PACIENTE COM DEFICIT NEUROLÓGICO FOCAL
DE INÍCIO SÚBITO COM DURAÇÃO MAIOR QUE 15-20 A PA só deve ser baixada no 1° dia se:
MINUTOS DEVE SER VISTO COMO AVE (isquêmico ou 1 – PA > 220 x 120 mmHg OU
hemorrágico). 2 – Paciente com dissecção aórtica, IAM, edema agudo
de pulmão ou encefalopatia hipertensiva.
1 – TC de crânio primeiramente para afastar AVE
hemorrágico. Nos casos de PA > 220 x 120 mmHg deve-se iniciar anti-
hipertensivo venosos, com meta de reduzir 15% do
Geralmente o AVEi não é visto nas primeiras 12 – 24 valor inicial nas primeiras 24hrs.
hrs. O AVEh é visto de imediato – área hiperdensa
(branca) na TC. Anti-hipertensivo de escolha: Nitroprussiato de sódio
quando a PA diastólica for > 140 mmHg e Labetalol
Após 12 – 24hrs, o AVEi se mostra na TC como uma área venoso no restante dos casos.
hipodensa (cinza). O seu aparecimento com < 12hrs é
sinal de mau prognóstico. Trombolítico só pode ser prescrito para pacientes com
PA ≤ 185 x 110 mmHg. Após administração do
A RM é o exame mais acurado no diagnóstico, mas não trombolítico, a PA deve ser mantida abaixo de 180 x
deve ser usado na urgência. 105 mmHg nas primeiras 24h (diminui risco de
transformação hemorrágica).
Exames importantes para o diagnóstico etiológico:
1 – ECG (diagnóstico da fibrilação atrial).
Mateus Castro
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 Medidas Específicas 5 – TC de crânio mostrando evidências de hemorragia


ou edema cerebral em desenvolvimento;
Antiagregante Plaquetário
6 – PA sistólica > 185 mmHg ou PA diastólica > 110
1 – Iniciar AAS (300 mg – 3 cp) nas primeiras 48 hrs do mmHg (em 3 ocasiões, com 10 minutos de intervalo);
início do AVEi. 7 – Sintomas melhorando rapidamente;
8 – Déficits neurológicos leves, isolados, como ataxia
Heparina (Anticoagulante) isolada, perda sensitiva isolada, disartria isolada, ou
1 – Heparina não fracionada 5.000 UI a cada 8 – 12h, fraqueza mínima;
ou Heparina de baixo peso molecular (Enoxiparina 40 9 – Coma ou estupor;
mg SC 1x dia). 10 – Cirurgia de grande porte ou procedimento
invasivo dentro das últimas duas semanas;
No AVE cardioembólico (fibrilação atrial, IAM, 11 – Hemorragia geniturinária ou gastrointestinal nas
cardiopatia dilatada) ou relacionados com síndromes últimas 3 semanas;
de hipercoagulabilidade (SAAF) o início da 12 – Punção arterial não compressível ou biópsia na
anticoagulação deve ser bem avaliado → só pode-se última semana;
iniciar após o 3° dia em infartos pequenos e 7° dia para 13 – Coagulopatia com TAP, PTTa elevados, ou
infartos grandes, sendo a TC de crânio do 3° dia a plaquetas < 100.000/ mm3;
decisiva na escolha. 14 – Glicemia < 50 mg/dl ou > 400 mg/dl;
Trombolítico 15 – Crise convulsiva precedendo ou durante a
instalação do AVC;
O uso do rt-PA reduz as sequelas do AVE (mas não a 16 – Evidência de pericardite ativa, endocardite,
mortalidade) quando aplicado dentro das primeiras 3 êmbolo séptico, gravidez recente, doença inflamatória
horas do início dos sintomas, respeitando-se uma série intestinal, ou lactação;
de critérios. A indicação atual de rt-PA é para 17 – Abuso de álcool ou drogas.
pacientes com AVC isquêmico até 4,5h após o início
dos sintomas. Após infusão de trombolítico:
1 – Paciente monitorado em UTI por 24hrs.
Critérios de Inclusão: 2 – Controle da PA (< 180 x 105 nas primeiras 24hrs).
1 – AVCi em qualquer território vascular cerebral; 3 – Contraindicado uso de Heparina ou AAS nas
2 – Possibilidade de se estabelecer precisamente o primeiras 25hrs.
horário de início dos sintomas;
3 – Possibilidade de se iniciar a infusão do rt-PA dentro Complicações
de três horas do início dos sintomas (caso os sintomas As principais complicações são em decorrência da
tenham surgido ao paciente acordar, deve-se imobilização no leito.
considerar o último horário acordado como o do início
dos sintomas); A piora do estado de consciência e do déficit
4 – TC de crânio sem evidência de hemorragia ou outra neurológico pode ocorrer por: edema da própria
doença de risco; isquemia (o edema é citotóxico), transformação
5 – Idade > 18 anos; hemorrágica do AVEi, distúrbios metabólicos,
6 – Paciente ou familiar responsável capacitado a pneumonias, crises convulsivas.
assinar termo de consentimento informado. Tratamento – Fase Crônica
Critérios de Exclusão: O determinante da terapia pós-AVE é a sua patogenia,
1 – Uso de anticoagulantes orais ou TP > 15 segundos sendo o ECG, ecocardiograma, doppler de
(INR > 1,7); carótidas/vertebrais exames essenciais para
2 – Uso de heparina nas últimas 48 horas e PTTa estabelecer a etiologia do AVE.
elevado;
3 – AVC ou TCE grave nos últimos 3 meses; AVE cardioembólico
4 – História pregressa de alguma forma de hemorragia 1 – Anticoagulação plena permanente (cumarínicos
cerebral (HSA, AVCH); orais) para prevenir novos eventos.
2 – Deve-se manter INR entre 2 – 3.
Mateus Castro
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AVE arterioembólico AVE HEMORRÁGICO INTRAPARENQUIMATOSO


1 – AAS 100 – 300 mg/dia para sempre.
Tipo mais comum de AVE hemorrágico.
2 – Controle da hipertensão com anti-hipertensivos
orais. Patologia
A reabilitação (fisioterapia motora, fonoterapia, O tipo mais comum é o AVE hemorrágico hipetensivo,
terapia ocupacional) deve ser iniciada o mais precoce causado por lesão crônica de pequenas artérias, que
possível, de preferência de 24 – 48 hrs. A fisioterapia levam à fragilidade da parede vascular + formação de
motora deve ser passiva e ativa, evitando posições pequenos aneurismas (aneurismas de Cahrcot-
viciosas, e deve ser feita, no início, diariamente. Bouchard). O rompimento desses aneurismas, na
maioria das vezes durante um pico hipertensivo,
ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO
provoca o AVE hemorrágico intraparenquimatoso
Déficit neurológico focal reversível, transitório, cuja hipertensivo.
definição formal prevê uma duração máxima de 24h,
no entanto a maioria dos AIT reverte dentro dos Locais mais acometidos:
primeiros 15 – 20min. 1 – Putâmen (30-50%)
2 – Tálamo (12-20%)
Geralmente ocorre por pequenas embolias a partir das 3 – Cerebelo (10-30%)
carótidas ou vertebrais. 4 – Ponte (10-15%)
As manifestações são semelhantes às do AVE, só que
O acúmulo de sangue no parênquima cerebral eleva
transitórias. A amaurose fugaz é um subtipo de AIT no
agudamente a pressão intracraniana, já que o sangue
qual pequenos êmbolos se alojam transitoriamente na
desencadeia edema vasogênico em volta do
origem da artéria oftálmica.
hematoma.
Escore ABCD2
A Hipertensão Intracraniana (HIC) será maior quanto
A ocorrência do AIT aumenta o risco de AVE futuro, mais volumoso for o hematoma e pode ser maior ainda
esse risco pode ser avaliado pelo Escore ABCD2 – avalia se houver sangramento para o interior dos ventrículos
o risco do paciente desenvolver AVEi até 7 dias pós AIT. cerebrais (hemoventrículo), pela presença de sangue
no espaço subaracnoide (edema cerebral difuso) ou
pela hidrocefalia aguda.
Uma lesão expansiva cerebral, ao comprimir ou
deslocar o tálamo e/ou o mesencéfalo, produz
rebaixamento da consciência porque nestas duas
estruturas se encontram os neurônios do sistema
reticular ascendente, responsáveis pela manutenção
do estado de vigília.

Tem alta mortalidade, principalmente relacionada à


Tratamento hipertensão intracraniana que leva à herniação
cerebral.
Prevenção do AVE isquêmico, através de
medicamentos e/ou conduta intervencionista. Manifestações Clínicas

Estratégias terapêuticas do AIT: Quadro súbito de cefaleia intensa, déficit neurológico


1 – AIT cardioembólico: cumarínicos (warfarin) – focal e rebaixamento do nível de consciência, em geral
manter INR entre 2-3; dentro de algumas horas.
2 – AIT aterotrombótico: AAS 100-300 mg/dia;
Diagnóstico
3 – AIT aterotrombótico carotídeo: endarterectomia
carotídea (de preferência nas primeiras duas semanas 1 – TC de crânio não contrastada (primeiro a fazer).
do AIT), em caso de estenose entre 70-99% da carótida 2 – RM mais específico.
envolvida com o deficit neurológico.
Mateus Castro
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Tratamento anterior, comunicante anterior, comunicante


posterior, cerebral posterior).
Basicamente de suporte. Paciente rebaixado deve ser
intubado + ventilação mecânica e colocado cateter de O polígono de Willis se localiza à frente do
PAM invasiva + cateter de PIC. mesencéfalo, na cisterna da base, onde corre o liquor
no espaço subaracnoide. A rotura de um vaso neste
Desvio de linha média é sinal indireto de hipertensão território inunda de sangue a cisterna da base e,
intracraniana devendo-se iniciar: portanto, o espaço subaracnoide. Veja uma TC de
1 – Terapia de hiperventilação. crânio ao nível do mesencéfalo, com sangue na cisterna
2 – Manitol (1g de ataque + 0,5g/kg a cada 6hrs). da base.
3 – Coma barbitúrico, nos casos sem melhora com
manitol.
4 – Manter cabeceira elevada.
Objetivos primários:
1 – PIC < 20 cmH2O;
2 – Gradiente PAM – PIC > 60 – 70 mmHg (manter bom
fluxo cerebral).
PA deve ser tratada se ≥ 180 x 105 mmHg, utilizando-
se nitroprussiato de sódio, labetalol, metoprolol ou
enalaprilato. O objetivo é diminuir em torno de 160 x
100 mmHg. A American Heart Association recomenda
manter a PAM < 130 mmHg e a PA sistólica em torno
de 140 mmHg.
O local mais comum de rotura do aneurisma sacular é
Se o paciente estiver em uso de anticoagulante ou a artéria comunicante anterior.
antiplaquetário deve ser suspenso e feito uso de Ao atingir o espaço subaracnoide, o sangue em volta
antídotos. do cérebro causa edema cerebral e meningite química.
Indicação de neurocirurgia para drenagem de A quantidade de sangue mais uma vez irá determinar o
hematoma: prognóstico destes pacientes.
→Hematoma cerebelar > 3 cm ou entre 1-3 cm com
A partir do 4° dia, surge uma complicação denominada
repercussão neurológica;
vasoespasmo, pelo contato do sangue com as artérias
→Hematoma lobar ou putaminal volumoso, com
do polígono de Willis, como a origem da cerebral
extensão para a periferia e repercussões clínicas.
média. O vasoespasmo é o grande responsável pelo
→A instalação de uma DVE (Derivação Ventricular
déficit neurológico focal e pelas sequelas neurológicas
Externa) está indicada na presença de hidrocefalia com
que podem ocorrer na HSA.
repercussão clínica.
Quadro Clínico
Prognóstico
1 – Idade 35 – 55 anos: mais comum rotura espontânea
Depende do tamanho do hematoma (>30 cm3), da
de aneurisma sacular congênito.
presença ou não de hemoventrículo, do nível de
2 – Idade 15-30 anos: mais comum rotura de
consciência (Glasgow < 8), da idade (> 80 anos), da
malformação.
localização (infratentorial) e do uso prévio de
anticoagulante. Paciente abre quadro com cefaleia holocraniana de
início súbito e forte intensidade (a maior dor de cabeça
HEMORRAGIA SUBARACNOIDE
que a pessoa já teve), evoluindo, em metade dos casos,
A Hemorragia Subaracnoide (HSA) espontânea ocorre com síncope (perda súbita e transitória da
pela rotura de um aneurisma sacular congênito e, consciência). Ao acordar da síncope, o paciente se
menos comumente, pela rotura de uma Malformação lembra da dor. A rigidez de nuca aparece geralmente
Arteriovenosa (MAV). após o primeiro dia.

Os aneurismas saculares geralmente se localizam nas O deficit neurológico focal pode ou não ocorrer nesta
artérias do polígono de Willis (cerebral média, cerebral fase. Após o 3° dia (entre 4-14 dias do início dos
sintomas), ocorrem as complicações.
Mateus Castro
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Diagnóstico Se estiver dentro dos primeiros 3 dias do início dos


sintomas e Hunt-Hess < III, deverá ser indicada uma
TODO PACIENTE QUE ABRE QUADRO DE CEFALEIA arteriografia cerebral, para constatar e localizar o
SÚBITA DE FORTE INTENSIDADE ATÉ QUE SE PROVE O aneurisma cerebral, sendo então realizada a cirurgia de
CONTRÁRIO TEM UM AVE HEMORRÁGICO. clampeamento do aneurisma (tratamento de escolha
1 – Se tiver a tríade cefaleia + síncope + rigidez de nuca, para a maioria dos aneurismas). Esta é a medida mais
o diagnóstico provável é hemorragia subaracnoide. eficaz para prevenir o ressangramento, complicação de
maior letalidade na HSA.
2 – TC de crânio não contrastada confirma o
diagnóstico em 95% das vezes. Se o paciente tiver rebaixamento da consciência ou se
tiver passado o 3° dia, a cirurgia deve ser protelada
Complicações para após 10 – 14 dias, após o período do vasoespasmo
1 – Ressangramento (rerruptura). (a cirurgia realizada durante o vasoespasmo possui
uma alta taxa de morbimortalidade).
2 – Vasoespasmo – provoca isquemia e infarto
cerebral: deficit focal permanente ou flutuante Com o aneurisma não clampeado, o paciente deve ser
(hemiplegia, afasia) + rebaixamento da consciência. O mantido com uma PA sistólica entre 140-150 mmHg,
diagnóstico é confirmado pelo Doppler transcraniano. de preferência com um anti-hipertensivo venoso,
Pode deixar graves sequelas, sendo o grande como o nitroprussiato de sódio. Uma PA sistólica > 150
responsável pelo mau prognóstico neurológico. mmHg traz um risco elevado de ressangramento.
Por outro lado, uma PA sistólica inferior a 140 mmHg
3 – Hidrocefalia. aumenta o risco de vasoespasmo.
4 – Hiponatremia: comum nas 2 primeiras semanas. 1 – Nimodipina 60mg via enteral a cada 4hrs está
sempre indicada. É um bloqueador de cálcio neuronal:
Prognóstico
esta droga diminui a sequela neurológica do
O prognóstico da HSA depende da quantidade de vasoespasmo, uma espécie de neuroproteção. A
sangue visto na TC de crânio, com o qual se classifica o nimodipina deve ser mantida até o 14º dia.
paciente na escala de Fisher.
O vasoespasmo é reconhecido pelo surgimento de
- Fisher I: sem sangue nas cisternas. deficit focal a partir do 3° dia. A conduta é a
- Fisher II: sangue nas cisternas e/ou espaços verticais hemodiluição hipervolêmica, com pelo menos três
(fissuras inter-hemisféricas, cisterna insular, cisterna litros de soro fisiológico 0,9%. Se o aneurisma já foi
ambiente) com menos de 1 mm de espessura. clampeado, pode-se deixar a PA atingir até 200 mmHg
- Fisher III: sangue nos espaços verticais com espessura de sistólica (os “3 Hs”: hemodiluição, hipervolemia,
maior ou igual a 1 mm, ou presença de coágulos. hipertensão), mas, se o aneurisma não foi clampeado,
- Fisher IV: hemoventrículo. o limite de PA sistólica continua sendo de 150 mmHg.

Clinicamente, a escala de Hunt-Hess é a principal A hidrocefalia deve ser diagnosticada e tratada com
determinante do prognóstico: uma Derivação Ventricular Externa (DVE). Alguns
-Hunt-Hess I: assintomático ou cefaleia e rigidez de pacientes desenvolvem hidrocefalia numa fase tardia,
nuca leves, Glasgow = 15. não associada à hipertensão intracraniana: é a
-Hunt-Hess II: cefaleia e rigidez de nuca moderadas a hidrocefalia normobárica. Esta deve ser abordada com
graves, pode haver acometimento de par craniano, uma derivação ventriculoperitoneal. Os sobreviventes
Glasgow = 13-14. que não tiveram o aneurisma clampeado antes devem
-Hunt-Hess III: estado confusional ou letargia, pode ser submetidos a tal cirurgia após 10-14 dias, após
haver deficit neurológico focal leve, Glasgow = 13-14. realização de uma arteriografia carotídeo-vertebral.
-Hunt-Hess IV: torpor, pode haver hemiparesia
Anotações:
moderada a grave, Glasgow = 7-12.
-Hunt-Hess V: coma, com ou sem descerebração,
Glasgow = 3-6.
Tratamento
1 – Internação em UTI e avaliação por neurocirurgião.

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