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RGURA 88-4 • Radiografias posteroanterior e lateral do tórax em um paàente com enfisema. As anormalidades mais óbvias são as associadas com
volume pulmonar aumentado. Os pulmões aparece-m escuros em virtude do seu ar aumentado em relação ao tecido. Os diafragmas são caudais em relação à sua
posição normal e se mostram mais achatados que o normal. O coração está orientado mais verticalmente que o normal por causa do desvio caudal do diafragma,
e o diametro transverso da caixa costal esUI aumentado; como resultado, a largura do coração em relaç.âo à caixa costal na visão posteroanterior está diminufda. O
espaço entre o esterno e o coração e grandes vasos esttl aumentado na incidência lateral.
Espirometria
A c-spirometria, com medidas do VEP, e da CVF, é o padrão ouro
para o diagn.Sstico da DPOC e é de fácil realização cm nível ambu-
latorial (Cap. 85). A obstrução das vias aére-as (VEP/CVP < 0,70)
em uma pessoa com pelo menos 20 maços/anos de exposição ao
tabaco constitui diagnóstico prc.füntivo de DPOC.
Exames Radiológicos
As radiografias de tóra.~ de rotina são insensíveis para detectar
DPOC (Cap. 84). Nos ca.sos avançados, os pacientes desenvolvem
hipcrinsuflação com diafragmas retificados, espaÇ(> aéreo retrocs-
temal aumentado e um coração vcrLical, aparentemente pequeno
(Fig. 88-4). As tramas pulmonares aumcntada.s ou diminuídas e
bolhas de paredes finas podem ser visualizada.s. Sinais de hiperten-
são pulmonar, incluindo plenitude das artérias pulmonares princi-
pais, ocasionalmente são observados. O objetivo da radiografia de
tóra.~ é avaliar outras causas de obstrução da.s via.s aéreas e procu-
rar por evidências de câncer de pulmão (Cap. 201).
As tomografia.s computadori2adas (TC) são de considerável va-
lor na avaliação da presença, disL'fibuição e extensão do cnfüema.
Não há sistemas de graduação padronizados. Os c.spaços enfücma-
tosos são visualizados como "oriJkios" no pulmão (Fig. 88-5) .
Avaliação Seriada
Pacientes com suspeita de DPOC devem se submeter à prova
FIGURA 88·5 • Imagem de TC axial de alta resolução de um corte de
de função pulmonar completa pelo menos uma vez (Cap. 85). Os 1 mm do tórax de um paciente com enfisema, ao níve-1 da carina traqueal.
tcste.s devem incluir também a repetição da c.spiromeL'fia cm inter- O pulmão direito está ~ esquerda. Múltiplas bolhas - buracos negros - são
valos anuais e quando o paciente estiver agudamente enformo. Se o evidentes. Muitas áreas menores de destruição tecidual semelhantes também
VEP, estiver abaixo de 40% do valor normal previsto, a gasometria estão presentes em ambos os pulmões. O brônquio do lobo superior direito é
visto entrando no pulmão; suas paredes estão espessadas, sugerindo inflamação
arterial é aconselhável (Cap. 104). As radiografias de tórax anuais crônica. (Cortesia do Dr. Bruce Maycher.}
devem ser realizadas apenas se o paciente for candidato à cirurgia
por câncer. Finalmente, o grau de dispneia deve ser documentado
com cuidado, assim como a ingc.sta dietética, a perda de peso e a
ocorrência de exaccrbaçôcs. podem dc-scnvolver obstrução crônica das vias aéreas, que reverte
pouco com a terapia, e alguns fumantes com obstrução crônica da.s
Diagnóstico Diferencial vias aéreas podem demon.strar reversibilidade substancial com a
A doença mais dilkil de diferenciar da DPOC é a a.sma (Cap. 87), terapia. Nestas situações, a diferença entre a asma e a DPOC torna-
embora na maioria dos casos a distinção possa ser feita com base sc uma questão de semântica. Pcliunente, o tratamento da a.sma e
apenas na anamnese. Tipicamente, a asma começa cedo na vida do da DPOC são suficientemente similares, de modo que a inccrtl"la
individuo, com episódio de dispneia e sibilos de inicio rápido, que diagnóstica enL'fe essas dua.s condiçõe.s deve ter pouco impacto so-
revertem rápida e completamente. Todavia, pacientes com asma bre o tratamento do paciente.
capítulo 88 Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica $ 723
significativa com exercício. Como resultado, a oxigenoterapia pode escarro, a antibioticoterapia está associada a um beneficio mensu-
ser considerada nesses pacientes durante o sono ou exercício. O rável (Tabelas 88-1 e 88-2). O esfregaço e a cultura do escarro
sistema de administração de oxigênio varia muito em termos de geralmente não são úteis, e o tratamento empírico é a regra. Em
mobilidade e custo, e a escolha entre esses sistemas deve ser indi- pacientes de baixo risco, antibióticos de baixo custo, como a amo-
vidualizada. xicilina ou a associação sulfametoxazol-trimetoprim, podem ser
As condutas cirúrgicas para DPOC incluem transplante de pulmão usados por 1O dias, porém a resistência bacteriana a esses agentes
e cirurgia de redução do volume pulmonar (Cap. 102). O primeiro é comum. Em pacientes de alto risco, antibióticos mais recentes,
está sendo descontinuado por não estar claro se este procedimento como os macrolfdeos mais novos (p. ex., azitromicina 500 mg no
prolonga a vida útil. A cirurgia de redução de volume pulmonar dia 1, 250 mg nos dias 2 a 5) ou as fluoroquinolonas (p. ex., levoflo-
envolve a remoção de volumes substanciais de pulmão enfisema- xacina, 500 mg por dia por sete a 1O dias), podem ser aconselhá-
toso, como identificado pela TC. Em pacientes com enfisema, pre- veis. Nas exacerbações graves, a esteroidoterapia sistêmica mostrou
dominantemente nos lobos superiores, a cirurgia aumenta a promover uma recuperação relativamente rápida, D e o equivalente
toler~ncia ao exerdcio. Por outro lado, a cirurgia é perigosa para de 40 mg de prednisona por dia por 1O a 14 dias é justificável. ~
pacientes muito enfermos, definidos como aqueles com VEF, menor razoável orientar os pacientes com DPOC que sejam aderentes ao
que 20% do normal e uma capacidade de difusão inferior a 20% tratamento, um suprimento de antibióticos e esteroides de modo
do normal citados anteriormente ou distribuição homogênea do que possam autotratar suas exacerbações.
enfisema. D Nas exacerbações graves observadas no hospital ou no serviço
A vacina contra a gripe deve ser administrada anualmente a de emergência, outros diagnósticos devem ser considerados. As
todos os pacientes com DPOC para prevenir exacerbações. A vaci- exacerbações da DPOC devem ser distinguidas da pneumonia (Cap.
nação antipneumocócica também está recomendada porque a 97), do pneumotórax (Cap. 100) e da embolia pulmonar (Cap. 99).
pneumonia pneumocócica é devastadora nesses pacientes (Caps. Os dois primeiros podem ser diagnosticados usando radiografia do
16e311). tórax. Em pacientes com sinais e sintomas tlpicos de pneumonia,
especialmente febre alta ou leucocitose, o tratamento empírico
Exacerbações da DPOC para pneumonia é apropriado até que ela possa ser excluída. Pode
As exacerbações da DPOC estão associadas a diminuições tran- ser difícil diagnosticar embolia pulmonar em pacientes com DPOC,
sitórias da função pulmonar, que são responsáveis pela dispneia e a angiografia com TC helicoidal deve ser usada se houver suspeita
aumentada. O aumento da terapia broncodilatadora com agentes de doença embólica (Cap. 99).
de ação curta é racional e recomendado. Quando as exacerbações As exacerbações da DPOC podem ser diftceis de distinguir da
forem acompanhadas por aumentos no volume e/ou purulência do insuficiência cardlaca aguda (Caps. 57 e 58), e muitos fumantes
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Seção IX Pulmonologia
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TABELA 88-2 RECOMENDAÇÕES PELAS SOOEDADES PROFISSIONAIS CONCERNENTES AO TRATAMENTO DE EXACERBAÇÕES AGUDAS DA .,.
DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (Cont.)
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American College of Chest ;:;
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Physicians e American õ
College of Physlclans Global lnltlatlve for
- Amerkan Society of European Resplratory Chronk Obstructlve Lung
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Variável British Thoracic Society Internai Mediei ne Society American Thoracic Society Disease
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Antibióticos Recomendados para Duração ótima da terapia não Recomendados: tratamento de Recomendados para muco Recomendados com volume e 'i;)
exacerbaçóes moderadas está dara 7 a 14 d ias de antibiótico anormal: antibiótico purulência aumentados da ~
ou graves: via oral; barato (p. ex.. amoxicilina "simples" (p . ex .. doxiciclina expectoração: escolha deve 3
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antibiótico "comum" (p. ex., ou tetraciclina) ou amoxicilina) a não ser refletir sensibilidade local a :::>
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tetracidina, amoxicilin a) que seja exacerbação grave, Streptococcus pneumoniae,
como agente de primeira caso no qual considerar Haemophilus influenzae e
linha; cefalosporina de penicilina de espectro Moraxe//a catarrhalis
espectro mais amplo ou ampliado ou cefalosporina ~-
macrolídeo se não houver ()
resposta a,
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Corticosteroides Não recomendados para Recomendados para Recomend ados: 0,4--0,6 mglkg/ Recomendados: reavaliar o uso Recomendados: 30-40 mg de O>
pacientes ambulatoriais pacientes que não estejam dia de corticosteroides orais apõs 1-2 semanas prednisolona oral ou IV por
a menos que já estejam recebendo corticosteroides para pacien tes externos; IV dia durante 10-14 dias
recebendo, resposta orais a longo prazo: para exacerbações graves
conhecida ou falta de corticosteroides sistêmicos em pacientes h osp~alizados
resposta à dose aumentada durante até 2 semanas
de broncodilatador
Recomendados para pacientes
internados: p. ex.. 30 mg
de prednisona diariamente
durante 7-14dias
Oxigênio suplementar Recomendado: para obter Recomendado Recomendado: para elevar Recomendado: para elevar Recomendad o: Pa02 alvo>60
Pa02 ~ 50 mm Hg sem pH Pa02 ~ 60 mm Hg sem Pa02 logo acima de 60 mm mm Hg ou Sa02 <90%;
< 7,2 6; tratamento inicial elevar PaC02 > 10 mm Hg Hg fazer gasometria 30
com máscara facial a:>m Fi0 2 minu tos depois de iniciado
:S 0,28 o oxigênio
Fisioterapia torácica e remoção Não recomendada Não recomendada Recomendada: tossir até Recomendada para pacientes Percussão torácica manual
de secreções escarro claro; fisioterapia hospitalizados com ? 25 ml ou me c~ni ca e drenagem
em casa de expectoração/dia postural possivelmente
benéficas para pacientes
com atelectasia lobar ou
~ 25 ml de expectoração/
dia; facilitar remoção da
expectoração estimulando
tosse
Fi02 = concentraçao inspirada de oxigênio: VEF 1 = volume expiratório forçado em 1 segundo.
Modificado de Stoller JK: Acute exacerbations oi chronicobstructM! pulmonary disease. N Engl J Med 2002:346:988-994.
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