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CURSO DE MEDICINA
Teresina
2023
1. ETIOLOGIA
O sistema linfático é composto por uma rede de vasos, além de tecidos e órgãos
linfoides, como linfonodos, baço e timo, que atuam na defesa do organismo contra
microrganismos invasores, produzindo e armazenando células imunológicas (os linfócitos),
além de desempenhar funções importantes na manutenção do equilíbrio dos fluidos corporais.
Nesse contexto, pode haver um desenvolvimento e crescimento anormal de células linfoides,
que formam tumores e e podem se espalhar pelo corpo.
Assim sendo, existem dois tipos principais de linfoma com características clínicas
semelhantes, mas diferem em outros fatores como célula de origem, forma de apresentação,
de tratamento e nos resultados do tratamento. São eles: o linfoma de linfoma de Hodgkin
(LH) e linfoma não-Hodgkin (LNH).
2. FISIOPATOLOGIA DO LINFOMA DE HODGKIN E LINFOMA NÃO-
HODGKIN
2.1 Linfoma de Hodgkin
Existem mais de 20 tipos diferentes de linfoma não Hodgkin, sendo a maioria de células B. A
patogênese de alguns tipos de LNH está associada à infecção por determinados vírus oncogênicos,
como o vírus Epstein-Barr, HTLV-I e herpes-vírus humano 8. Outras causas relacionadas a LNH
incluem doenças autoimunes e agentes químicos e físicos. A hipogamaglobulinemia, uma diminuição
progressiva da produção de imunoglobulinas, é comum em 15% dos pacientes no momento do
diagnóstico e aumenta o risco de infecção bacteriana grave, podendo exigir imunoglobulina IV para
repor as imunoglobulinas deficientes
3. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
3.1 Linfoma de Hodgkin
A maioria dos pacientes com linfoma de Hodgkin apresenta adenopatia cervical
indolor, que pode ser acompanhada por sintomas constitucionais como perda de peso não
intencional, febre e sudorese noturna. Em contraste com os LNH, a LH origina-se sempre
num linfonodo e pode se disseminar para outras cadeias linfáticas e eventualmente pode
envolver o baço e o fígado. Raramente pode ocorrer dor nas regiões afetadas logo após a
ingestão de bebidas alcoólicas, às vezes fornecendo uma indicação precoce do diagnóstico. A
doença também pode causar prurido intenso, sintomas sistêmicos como perda ponderal não
intencional (>10% do peso corporal nos 6 meses anteriores) e esplenomegalia, além da febre
de Pel-Ebstein, que é ocasional. A compressão local por massas tumorais geralmente causa
sintomas, como icterícia secundária à obstrução do ducto biliar, edema localizado (linfedema)
e dispneia grave. A invasão epidural pode resultar em paraplegia, e a síndrome de Horner e a
paralisia da laringe podem ocorrer quando os linfonodos aumentados comprimem os nervos
simpático cervical e laríngeo recorrente.
Já os pacientes com LH apresentam linfadenopatia assintomática ou uma massa na
radiografia de tórax, e cerca de 75% dos casos acometem as cadeias cervicais e
supraclaviculares. Além disso, podem apresentar sintomas constitucionais como perda de
peso não intencional e febre, além de sudorese noturna. A LH nunca se origina em tecidos
extra-nodais, e a disseminação geralmente procede de uma única região de linfonodo para os
linfonodos contíguos. A doença pode envolver o baço e o fígado, mas a hepatomegalia é
incomum. O envolvimento de linfonodos internos, vísceras ou medula óssea é significativo
para o prognóstico e estadiamento, sendo chamados de "sintomas B". Lesões intracranianas,
gástricas e cutâneas são raras e, quando presentes, sugerem linfoma de Hodgkin associado ao
HIV não controlado. A caquexia é comum com o avanço da doença, e a dor nevrálgica pode
seguir-se à compressão da raiz nervosa.
4. TRATAMENTO E DIAGNÓSTICO
4.1 Linfoma de Hodgkin
A detecção de linfadenopatias ou adenopatias mediastinais indolores pode levar à
suspeita de linfoma de Hodgkin em pacientes. No entanto, infecções virais, como
mononucleose infecciosa (EBV), infecção por citomegalovírus (CMV), toxoplasmose,
sarcoidose, tuberculose e carcinoma pulmonar, também podem apresentar linfadenopatias
semelhantes aos casos de linfoma não Hodgkin. Para confirmar o diagnóstico, a radiografia
de tórax ou o exame físico deve ser confirmado por TC ou PET de tórax. A biópsia pode ser
realizada por toracostomia guiada por vídeo, procedimento de Chamberlain ou biópsia por
agulha guiada pela TC. A biópsia revela células de Reed-Sternberg em infiltrado
caracteristicamente celular heterogêneo. O linfoma de Hodgkin clássico tem 4 subtipos
histopatológicos. Além disso, certos antígenos nas células de Reed-Sternberg ajudam a
diferenciar o linfoma de Hodgkin do linfoma não Hodgkin, e o linfoma de Hodgkin clássico
do tipo nodular predominantemente linfocítico.
Para avaliar o linfoma de Hodgkin, geralmente é feito um hemograma completo,
contagem diferencial, velocidade de hemossedimentação, desidrogenase láctica, e testes de
função renal e hepática. O exame combinado FDG-PET/TC é um exame que ajuda a avaliar a
extensão da doença.
As opções de tratamento incluem quimioterapia, conjugados anticorpo-fármaco,
imunoterapia, radioterapia e, às vezes, transplante de células-tronco autólogas. A escolha da
modalidade de tratamento é complexa e depende do estágio preciso da doença. É importante
informar os pacientes sobre as opções de preservação da fertilidade antes do tratamento,
especialmente para mulheres, que devem conversar com seus oncologistas e especialistas em
fertilidade.
4.2. Linfoma de Não-Hodgkin
O tratamento para linfoma não Hodgkin pode envolver diferentes abordagens, como
imunoterapia, quimioterapia, radioterapia, transplante de células-tronco hematopoiéticas e
fármacos direcionados. A escolha do tratamento depende do tipo e estágio do linfoma. Para
pacientes com linfomas indolentes e sem sintomas significativos, é possível adotar a
estratégia de "vigiar e esperar". Já para doença em estágio limitado, o tratamento geralmente
envolve quimioterapia breve com ou sem radioterapia, enquanto para doença em estágio
avançado, pode-se considerar diferentes opções terapêuticas baseadas em estudos
randomizados, como o uso de DAV ou BEACOPP em combinação com anticorpo-fármaco. É
importante considerar a idade e a fragilidade do paciente na escolha do tratamento.
5. REFERÊNCIAS
Guyton, A. C., & Hall, J. E. (2018). Tratado de fisiologia médica. 13. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier.
Instituto Nacional de Câncer. (s.d.). Linfoma de Hodgkin. Recuperado em 20 de abril
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Instituto Nacional de Câncer. (s.d.). Linfoma não Hodgkin. Recuperado em 20 de
abril de 2023, de https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/linfoma-nao-hodgkin
Lecturio. (s.d.). Linfoma de Hodgkin. Recuperado em 20 de abril de 2023, de
https://www.lecturio.com/pt/concepts/linfoma-de-hodgkin/
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https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/hematologia-e-oncologia/linfomas/linfoma-
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St. Jude Children's Research Hospital. (s.d.). Linfoma não Hodgkin. Recuperado em
20 de abril de 2023, de https://together.stjude.org/pt-br/sobre-o-câncer-
pediátrico/tipos/linfoma/linfoma-não-hodgkin.html