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Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV

Linfoma
oncologia
1) Compreender a classificação das
neoplasias hematológicas conforme
OMS 2016. Neoplasias mieloides,
neoplasias linfoides, neoplasias com
diferenciação linfoide e mieloide
(subclassificar apenas as linfoides, as
mieloides vão ser classificadas em
outro problema).
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV

Neoplasias linfoides

Leucemia Linfoblástica Aguda e


Linfoma Linfoblástico
• A leucemia linfoblástica aguda (LLA) é
uma neoplasia altamente agressiva de
células hematopoiéticas de linhagem
linfoide. Acúmulos de linfoblastos T
ou B anormais podem ser
encontrados na medula óssea, no
sangue periférico e em outros locais
extramedulares. A LLA é
predominantemente um câncer
infantil, e dois terços dos novos casos
são diagnosticados em indivíduos com
menos de 15 anos.

Leucemia Linfocítica Crônica/Linfoma


Linfocítico de Pequenas Células
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• A leucemia linfocítica crônica (LLC) é • A doença de Hodgkin é uma
uma doença neoplásica, caracterizada neoplasia maligna linfoide clonal,
pelo acúmulo de linfócitos restrita principalmente aos linfonodos
monoclonais no sangue, na medula e aos órgãos linfoides. No período de
óssea e nos tecidos linfoides. Esses 1960 a 1963, a sobrevida em 5 anos
linfócitos consistem em pequenas da doença de Hodgkin era de 40%,
células B de aspecto maduro, que tendo aumentado, no período de 1989
tipicamente expressam CD19, CD5 e a 1993, para 86%.
CD23. Em geral, trata-se de uma
Linfoma Folicular
doença de pessoas idosas, e o
prognóstico varia amplamente, desde • O linfoma folicular (LF) representa 20
alguns anos a muitos anos; todavia, a a 30% de todos os linfomas não
LLC não é considerada curável fora do Hogkin (LNHs) e constitui o segundo
contexto do transplante de medula LNH mais comum na população
óssea. ocidental, depois do linfoma difuso de
grandes células B (LDGCB).
Distúrbios de Plasmócitos
• O LF responde por cerca de 80% dos
• Os distúrbios de plasmócitos formam
LNHs indolentes. O termo folicular
um grupo de doenças relacionadas
provém da tendência das células
que se originam de um progenitor
neoplásicas a formar nódulos
comum petencente à linhagem de
microscópicos. A célula de origem é
células B. Caracterizam-se pela
a célula B do centro folicular. O
expansão dos plasmócitos na medula
linfoma folicular é considerado
óssea (MO) e quase sempre estão
incurável sem transplante de células-
associados à presença de uma
tronco, com exceção da doença
imunoglobulina (Ig) monoclonal ou
localizada, que pode ser curada por
fragmento de Ig no soro e/ou na
meio de radioterapia em um
urina dos pacientes.
subgrupo de pacientes. Por
Linfoma Difuso de Grandes Células B conseguinte, o tratamento baseia-se
mais no controle da doença do que na
• Os linfomas são cânceres originados
sua cura, e a ocorrência posterior de
de células linfoides, com mais de 60
recidiva após o tratamento constitui a
variedades distintas identificadas pela
história natural habitual do LF.
Organização Mundial da Saúde
(OMS). Eles podem se originar de Linfoma de Células do Manto
células B, células T ou células
• O linfoma de células do manto é uma
natural killer (NK) e são amplamente
neoplasia derivada de células B que
classificados como linfoma de
normalmente ocupam a chamada
Hodgkin (LH) e linfomas não
zona do manto ao redor do folículo
Hodgkin (LNH).
linfoide. Os linfomas de células do
• Na categoria LNH, é possível manto correspondem a 8% dos
diferenciação ulterior com base na linfomas não Hodgkin. Eles contêm
apresentação clínica e na histologia. uma anormalidade citogenética
O linfoma difuso de grandes células característica, t(11;14)(q13;q32), que
B (LDGCB) é o subtipo de LNH mais resulta na hiperexpressão da ciclina
comum na América do Norte. D1.

Doença de Hodgkin Linfomas de Células T Periféricas


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• Os linfomas de células T periféricas medula, Ann Harbor x Lugano) de LH e
formam um grupo heterogêneo de LNH.
neoplasias linfoides que exibem,
cada uma delas, apresentação clínica Linfoma Não Hodgkin
e prognóstico distintos. O termo EPIDEMIOLOGIA
“periférico” significa que se trata de
neoplasias de células T maduras, • O LNH atualmente representa a
diferenciando-as das doenças neoplasia hematológica mais
linfoides de células precursoras, a comum e a 6ª neoplasia mais
leucemia linfoblástica aguda e o frequente, perfazendo de 4 a 5% dos
linfoma linfoblástico de células T. novos casos de câncer nos Estados
Unidos (EUA). No Brasil, assim como
Linfomas de Células B Raros em outros países, observa-se
• Há diversos linfomas de células B incidência crescente, com estimativa
raros que correspondem a uma de 9.640 novos casos em 2012, este
pequena porcentagem dos linfomas valor corresponde a um risco
não Hodgkin, mas com os quais os estimado de 5 casos novos a cada
clínicos devem estar familiarizados 100 mil homens e 4 a cada 100 mil
com base em suas características mulheres.
clínicas e patológicas peculiares, • Outro aspecto importante é a
história natural e abordagem variabilidade geográfica na
terapêutica. Essas doenças, incluem incidência de alguns subtipos de
linfoma de Burkitt, linfoma LNH. Em geral, os subtipos
plasmablástico, linfoma de efusão associados etiologicamente a
primária, granulomatose infecções virais ocorrem com maior
linfomatoide, leucemia de células frequência nas regiões endêmicas
pilosas e linfoma cutâneo de células para a infecção viral relacionada
B. como, por exemplo, os linfomas
associados ao vírus Epstein-Barr
(EBV): linfoma de Burkitt, forma
endêmica, na África Equatorial, e o
linfoma de células T/NK tipo nasal,
na China.

• Diferenças ambientais são postuladas


como fator relacionado à diferença na
incidência de alguns subtipos de LNH
como, por exemplo, do linfoma
folicular, que é menor em países em
desenvolvimento e na Ásia. Em geral,
homens e indivíduos da raça branca
têm maior incidência da maioria
2) Discutir epidemiologia, fatores de dos subtipos de LNH.
risco, quadro clínico e classificação
Fatores de risco
clínica das doenças (indolente,
agressivo e muito agressivo), exames • Apesar da associação de vários
complementares e o estadiamento fatores genéticos, ambientais e
(Tomografias, PET-TC e biópsia da infecciosos ao desenvolvimento dos
linfomas, a maioria dos casos
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permanece sem um fator etiológico demais subtipos são associados à
identificável. O risco de desenvolver infecção pelo EBV nesses pacientes;
LNH parece ser maior em pessoas
• vírus T - linfotrópico humano
com irmãos ou parentes de
(HTLV-1): foi o primeiro retrovírus
primeiro grau portadores da
associado ao desenvolvimento de
doença, embora ainda exista
neoplasia, sendo classicamente
controvérsia a esse respeito.
envolvido na etiologia da
• Várias síndromes de leucemia/linfoma de células T do
imunodeficiência têm sido adulto (LLTA). Apesar do risco de
associadas a maior risco de desenvolver a doença ser de cerca de
desenvolver LNH (até 25%) como, por 5% nos indivíduos infectados, mais de
exemplo, a imunodeficiência comum 50% dos casos de LNH em áreas
variável, hipogamaglobulinemia, endêmicas são LLTA;
síndrome de Wiskott-Aldrich e ataxia-
• herpesvírus humano tipo 8 (HHV-8):
telangiectasia. Outro grupo de
inicialmente implicado no sarcoma de
pacientes com maior risco de
Kaposi em pacientes portadores de
apresentar NH é o de portadores de
síndrome da imunodeficiência
doenças autoimunes, como artrite
adquirida (SIDA) e, também,
reumatoide, psoríase e síndrome de
associado à doença de Castleman, o
Sjogren.
HHV-8 foi recentemente reconhecido
• Existe grande associação de agentes como fator etiológico do linfoma
infecciosos com aumento do risco de primário de efusão;
desenvolver certos subtipos de LNH,
• vírus da hepatite C (HCV): em países
sendo os principais agentes
com incidência elevada de infecção
envolvidos:
crônica pelo HCV, observa-se maior
• vírus Epstein-Barr (EBV): o EBV está incidência de LNH de baixo grau
associado ao desenvolvimento de nesses indivíduos infectados quando
linfoma de Burkitt em cerca de comparados a um grupo controle,
95% dos casos endêmicos e menos provavelmente secundário à
comumente nos casos esporádicos. estimulação antigênica crônica de
Além disso, esse vírus também está células B;
associado à desordem
• Helicobacter pylori (H. pylori):
linfoproliferativa pós-transplante,
bactéria encontrada com frequência
linfoma T/NK tipo nasal e linfomas
em associação à LNH MALT gástrico.
associados à infecção pelo HIV.
Existe a hipótese de que a
Juntamente com o HHV-8 também
estimulação antigênica crônica pelo
está envolvido na etiologia do linfoma
H. pylori e gastrite poderiam levar ao
primário de efusão;
desenvolvimento de clones
• vírus da imunodeficiência adquirida neoplásicos de células B.
(HIV): pacientes infectados
• Fatores ambientais também podem
apresentam risco aumentado para
estar envolvidos na fisiopatologia dos
desenvolver LNH, sendo que os
LNH, entretanto, essa associação é
linfomas de grandes células e o LNH
difícil de ser demonstrada, sendo que
primário de SNC são considerados
a maior parte dos fatores de risco
doenças definidoras da SIDA.
ambientais apresenta associação
Virtualmente, 100% dos casos de LNH
controversa. Alguns estudos
primário de SNC e cerca de 50% dos
demonstraram aumento de risco em
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fazendeiros e agricultores, além de • linfomas indolentes: pacientes com
pessoas com a exposição a herbicidas sobrevida medida em anos.
e solventes orgânicos, entretanto, Representam cerca de 35 a 40% dos
essa associação causa-efeito ainda LNH e os subtipos mais comuns são:
permanece incerta. linfoma folicular (LF), linfoma
linfocítico/leucemia linfocítica crônica
• A associação com dieta também é
(LL/LLC), linfoma do manto (LM),
questionável, e alguns estudos
linfoma da zona marginal e linfoma
encontraram maior risco em
linfoplasmocítico;
pessoas com alta ingestão de carne
e gordura na dieta. O cigarro • linfomas agressivos: têm sobrevida
também foi descrito como fator de medida em meses se não forem
risco em alguns estudos, tratados. Cerca de 50% dos LNH são
especialmente em linfoma folicular. agressivos e os subtipos mais comuns
são: linfoma difuso de grandes células
Quadro clínico
B (LDGCB), linfoma T periférico e
• Aumento dos linfonodos (gânglios) do linfoma de grandes células
pescoço, axilas e/ou virilha; anaplásico;

• Suor noturno excessivo • linfomas altamente agressivos:


usualmente a sobrevida desses
• Febre; pacientes é medida em semanas caso
• Coceira na pele; não recebam tratamento. Esse grupo
representa cerca de 5% dos casos de
• Perda de peso maior que 10% sem LNH e é considerado espectro das
causa aparente. leucemias linfoblásticas agudas.
Classificação Exames complementares
• Em 1994 surgiu a classificação • São necessários vários tipos de
Revisa da EuropeiaAmericana das exames para o diagnóstico adequado
Neoplasias Linfoides (REAL). Nessa do linfoma não-Hodgkin. Esses
classificação, os linfomas foram exames permitem determinar o tipo
divididos em linfomas de células B, exato de linfoma e esclarecer outras
linfomas de células T e linfoma de características, cujas informações são
Hodgkin, baseado em critérios úteis para decidira forma mais eficaz
morfológicos, imunofenotípicos e de tratamento.
citogenéticos. Esse sistema foi um
importante passo no reconhecimento • Entre os exames indicados, estão a
das diferentes entidades do ponto de biópsia (retirada de pequena porção
vista fenotípico, citogenético e de tecido, em geral dos gânglios
molecular. Entretanto, havia a linfáticos, para análise em laboratório
necessidade de correlacionar tais de anatomia patológica), punção
características à evolução clínica lombar, tomografia
dos diversos subtipos de linfomas. computadorizada e ressonância
magnética.
• Dessa forma, com base nas
características clínicas dos linfomas, • Após a confirmação do diagnóstico, a
foi proposta uma subclassificação doença é classificada de acordo com
com base na história natural de o tipo de linfoma (indolente, ou seja,
evolução dos LNH: de crescimento relativamente lento;
ou agressivo, de alto grau e
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desenvolvimento rápido) e o estágio aminotransferase e albumina: esses
em que se encontra. Os linfomas exames são fundamentais na
indolentes correspondem a avaliação global do paciente, além da
aproximadamente 40%, e os avaliação de função renal e hepática,
agressivos, aos 60% restantes. que pode determinar mudanças de
doses ou mesmo contraindicar uso de
• Há vários tipos de biópsia, incluindo
medicações quimioterápicas;
os seguintes:
• cálcio, ácido úrico, eletrólitos:
• Biópsia excisional ou incisional -
importantes na avaliação de síndrome
através de uma incisão na pele, retira-
de lise tumoral (SLT), que pode estar
se o linfonodo por inteiro (excisional)
presente ao diagnóstico (SLT
ou uma pequena parte do tecido
espontânea) ou durante o tratamento
acometido (incisional). É considerada
inicial;
o padrão de qualidade para o
diagnóstico dos linfomas; • eletroforese de proteínas séricas:
componente monoclonal pode ser
• Punção aspirativa por agulha fina -
identificado em alguns subtipos de
retira-se pequena porção de tecido por
LNH, como linfoma linfoplasmocítico,
aspiração por meio de agulha;
e podem servir de marcadores de
• Biópsia e aspiração de medula resposta ao tratamento;
óssea - retira-se pequena amostra da
• desidrogenase lática (DHL) e B2
medula óssea (biópsia) ou do sangue
microglobulina (LNH indolentes):
da medula óssea (aspiração) por meio
esses marcadores têm importância
de uma agulha. Esse exame é
prognóstica no LNH, como discutido a
necessário para definir se a doença
seguir;
estende-se também à medula óssea,
informação importante para a decisão • sorologia para HIV, HBV, HCV,
do tratamento a ser empregado; HTLV: importantes para avaliação de
fator causal do LNH ou da
• Punção lombar - retira-se pequena
necessidade de tratamento da
porção do líquido cerebroespinhal
infecção viral durante o tratamento do
(líquor), que banha o cérebro e a
LNH;
medula espinhal (não confundir com
medula óssea). Esse procedimento • aspirado e biópsia de medula óssea:
determina se o sistema nervoso todos os pacientes devem ter
central foi atingido. avaliação da medula óssea ao
diagnóstico, que pode apresentar
Avaliação laboratorial envolvimento em cerca de 30 a 50%,
• Hemograma completo e esfregaço principalmente em linfomas
de sangue periférico: a avaliação do indolentes. Existe controvérsia sobre
sangue periférico pode demonstrar a necessidade de biópsia bilateral,
citopenias, que sugerem envolvimento que embora possa promover mudança
de medula óssea pelo linfoma ou de estádio em uma minoria dos
menos frequentemente pode pacientes, o seu papel é questionado
identificar células neoplásicas especialmente quando se realiza
circulantes; avaliação imunofenotípica do aspirado
medular;
• exames bioquímicos: ureia,
creatinina, fosfatase alcalina, • punção lombar para avaliação do
aspartato aminotransferase, alanina líquor: indicado para pacientes de
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alto risco de envolvimento meníngeo: ou ausência (A) de sintomas
portadores de linfomas altamente sistêmicos, conhecidos como
agressivos, linfomas associados à “sintomas B”: febre não explicada
infecção pelo HIV e linfomas acima de 38ºC, sudorese noturna e
agressivos com envolvimento epidural, emagrecimento maior que 10% do
testicular, de medula óssea, seio peso nos 6 meses anteriores ao
paranasal ou comprometimento de diagnóstico. Outros sintomas como
pelo menos 2 sítios extranodais. Deve- prurido, calafrios e fadiga não são
se solicitar avaliação citológica e por considerados sintomas “B”.
citometria de fluxo.
• Designação “E”: refere-se à extensão
Exames de imagem extranodal contígua (a partir de região
linfonodal comprometida), que pode
• Tomografia computadorizada (TC): é
ser incluída no campo de radioterapia
o exame de escolha na avaliação por
para tratamento da região linfonodal
imagem de linfonodomegalias no
primariamente envolvida. Os casos de
tórax, abdome e pelve, tanto na
envolvimento de região extranodal
avaliação inicial da extensão de
como único sítio de doença devem ser
doença quanto na avaliação de
classificados como estádio I E;
resposta ao tratamento e seguimento
do paciente. A TC de pescoço deve ser • Lesões com diâmetro acima de 10
solicitada se houver linfonodomegalia cm são consideradas bulky, e devem
cervical palpável. A avaliação por TC ser designadas pela letra “X”.
atualmente tem sido incorporada à
• Sítios ou regiões nodais: linfonodos,
tomografia por emissão de pósitrons
anel de Waldeyer, timo e baço.
(PET), exame conhecido como PET-CT,
como descrito a seguir. • Sítios ou regiões extranodais:
medula óssea, TGI, pele, osso,
• Tomografia por emissão de
sistema nervoso central, gônadas,
pósitrons (PET): tem sido
fígado, etc.
considerada a modalidade de escolha
para o estadiamento dos LNH
agressivos, por ter a capacidade de
detectar a presença de doença com
grande acurácia, tanto em sítios
nodais e extranodais (exceções são
envolvimento de medula óssea e
sistema nervoso central), superior aos
demais exames disponíveis até o
momento.

Estadiamento
• O sistema de estadiamento
anatômico, atualmente empregado e
endossado pela Associação Americana
de Câncer (American Joint Committe
on Cancer - AJCC)15, é o Sistema de Doença de Hodgkin
Estadiamento de Ann Harbor.
Epidemiologia
• Todos os pacientes devem ser
classificados quanto à presença (B)
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• Nos EUA, cerca de 7.500 novos casos mediastinal é de mais de um terço, o
são diagnosticados a cada ano maior diâmetro do tórax em
(aproximadamente 2,9 por 100 mil). radiografia de tórax posteroanterior
Os homens são acometidos com (PA), o comprometimento
frequência ligeiramente maior do mediastinal é considerado maciço.
que as mulheres (M:F de 1,4:1). A Ocorrem sintomas B em 20 a 25% dos
doença de Hodgkin responde por casos.
cerca de 11% de todos os linfomas e
• A doença tende a começar nos
é quase tão comum quanto o mieloma
linfonodos cervicais (mais
múltiplo. Possui uma distribuição
comumente do lado esquerdo que do
etária bimodal, sendo o primeiro pico
lado direito) e avança para grupos
observado no final da segunda
contíguos de linfonodos. O baço
década, e o segundo pico, numa fase
constitui, com mais frequência, o
avançada da vida.
primeiro local intra-abdominal. Como
Fatores de risco o baço carece de linfáticos aferentes, o
seu comprometimento implica uma
• A etiologia não é conhecida. disseminação hematogênica.
Agricultores e pessoas que
trabalham com madeira e com carne • O fígado nunca é afetado, a não ser
apresentam um risco ligeiramente que o baço esteja acometido. O
aumentado. comprometimento do anel de
Waldeyer ou dos linfonodos
• Um pequeno aumento no risco está epitrocleares é raro. O
associado a um desequilíbrio da comprometimento extranodal
ligação HLA. A doença genética e a também é incomum; quando
ataxia-telangiectasia podem ser presente, a medula óssea, o fígado, o
complicadas pela doença de Hodgkin, pulmão, a pleura e o pericárdio
que ocorre com frequência constituem os locais mais comumente
aumentada em pacientes com Aids. acometidos.
O gêmeo idêntico de uma pessoa
acometida tem um risco 99 vezes • Em pacientes com sintomas B, o
maior de desenvolver a doença. padrão da febre pode ser
intermitente. A febre de Pel-Ebstein
• Foram observados casos agrupados descreve um padrão em que a febre é
em algumas áreas geográficas, e os observada de modo mais ou menos
estudos moleculares implicaram o contínuo por 1 ou 2 semanas, seguida
vírus Epstein-Barr (EBV) na de períodos afebris de duração
patogenia de alguns casos, semelhante. Entretanto, a febre de
particularmente na América Central e Pel-Ebstein é incomum. Quando
na América do Sul, bem como em presente, tende a ocorrer todas as
pacientes com histologia celular noites e cai enquanto o paciente está
mista. dormindo, produzindo sudorese
Quadro clínico noturna profusa.

• Os pacientes apresentam • O prurido é comum, porém não


habitualmente adenopatia indolor constitui um sintoma B. Em certas
localizada no pescoço. O mediastino ocasiões, os pacientes apresentam
está comprometido na maioria dos dor nos linfonodos acometidos com
pacientes (~2/3), algumas vezes com o consumo de álcool. Acredita-se
grandes massas. Quando a sombra que isso se deva à desgranulação dos
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eosinófilos induzida pelo álcool. Pode- comprometimento mediastinal, do
se observar uma ampla variedade de baço ou da medula óssea é raro.
sintomas, com base nos efeitos
DIAGNÓSTICO E ESTADIAMENTO
diretos do tumor ou das síndromes
paraneoplásicas em consequência dos • O diagnóstico depende de uma
produtos tumorais. Pacientes com biópsia excisional de linfonodos. A
Aids que desenvolvem doença de aspiração com agulha é um
Hodgkin têm mais tendência a procedimento diagnóstico inadequado
apresentar uma histologia de em um paciente com linfadenopatia
celularidade mista e a ter não diagnosticada. Uma vez
comprometimento extranodal (dois estabelecido o diagnóstico, vários
terços dos casos). exames são realizados para definir a
extensão da doença e a presença ou
ausência de fatores que afetam o
prognóstico.

• Com a realização de exames, atribui-


se um estágio à doença, com base na
modificação de Cotswolds da
classificação pelo estadiamento de
Ann Arbor.
Manifestações clínicas da doença de
Hodgkin nodular com predomínio
linfocitário
• Os pacientes são
predominantemente homens, no
grupo etário dos 30 aos 50 anos e
apresentam habitualmente
adenopatia periférica localizada,
que acomete os linfonodos cervicais,
axilares ou inguinais. O
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• Devido à progressão ordenada da • Por conseguinte, a avaliação atual de
doença de Hodgkin de um local última geração para estadiamento
contendo linfonodos para o local consiste em realizar exames clínicos
contíguo contendo linfonodos, o para estadiamento e incluir o
sistema de estadiamento é um tratamento sistêmico no manejo de
sistema baseado na anatomia. todos os pacientes. Os linfonodos
Entretanto, os avanços realizados no para-aórticos constituem o local
tratamento durante os últimos 30 comum de doença mais
anos mudaram o papel do precariamente avaliado.
estadiamento no manejo dos
• A linfografia bipedal é mais sensível
pacientes.
e específica do que a tomografia
• O estágio não afeta mais o computadorizada (TC) do abdome na
prognóstico, na medida em que o detecção de comprometimento dos
tratamento primário leva à cura de linfonodos para-aórticos; entretanto a
cerca de 80% ou mais de todos os habilidade de realizar uma canulação
pacientes em todos os estágios da dos vasos linfáticos está
doença. As características clínicas desaparecendo dos departamentos de
além do estágio da doença podem radiologia, e, infelizmente, esse exame
afetar o prognóstico. não está amplamente disponível.
Todavia, o uso disseminado do
tratamento sistêmico resultou em
nenhum custo aparente em termos de
sobrevida em consequência de um
estadiamento abdominal não
acurado.

Estadiamento de Lugano dos linfomas


de Hodgkin e não Hodgkin

• A maioria dos pacientes é submetida


à quimioterapia sistêmica,
isoladamente ou como parte de um
programa de tratamento de
modalidade combinada. Por
conseguinte, a necessidade de
estadiamento patológico preciso e
de laparotomia exploradora
desapareceu. Essa mudança na
prática serviu para reduzir o risco de
morbidade e mortalidade cirúrgica
aguda da laparotomia de
estadiamento e evitar o risco 3) DESCREVER OS CRITÉRIOS PROGNÓSTICOS
aumentado de infecção associada à PARA LINFOMA DIFUSO DE GRANDES CÉLULAS B.
esplenectomia.
• O prognóstico é dado com base no
Índice de Prognóstico Internacional
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(IPI), um sistema de pontuação intermediárias entre o LDGCB-
prognóstica em cenário de padrão e o linfoma double hit. O
quimioterapia com base em esquema quimioterápico tradicional
rituximabe para sobrevida livre de R-CHOP não parece produzir
eventos, sobrevida livre de progressão resultados satisfatórios nessa
e sobrevida global em 2010. O índice população, e o padrão terapêutico de
é calculado com base em cinco cuidado não foi estabelecido.
fatores clínicos:

• Idade > 60.


• LDH sérica acima do valor normal.
• Performance clínica ECOG igual ou
superior a 2.
• Estágios III ou IV no sistema Ann
Arbor.
• Dois ou mais sítios extranodais da
doença.

• A taxa de sobrevida global dos


pacientes por 4 anos varia de 94%
para aqueles com 0 fatores de risco
até 55% nos pacientes entre 3 e 5
fatores de risco. Entre 5 e 11% dos
pacientes com linfoma difuso de
grandes células B recentemente
diagnosticado apresentam
translocações concomitantes de myc e
BCL-2.
• Esses casos são coloquialmente
conhecidos como “linfomas double
hit” com prognóstico reservado para o
tratamento-padrão. Dois trabalhos
recentemente publicados
demonstraram que 20 a 30% dos
pacientes recém-diagnosticados
apresentavam aumento na expressão
de myc e BCL-2 sem translocação.
• Esses pacientes tiveram taxa de
resposta, sobrevida livre de
progressão e sobrevida global
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Câncer de próstata
oncologia
1) Compreender anatomia, fisiologia e pela gordura retroperitoneal no
histologia da próstata. espaço retropúbico;

Anatomia • Uma face posterior relacionada com a


ampola do reto;
• A próstata (com aproximadamente 3
cm de comprimento, 4 cm de largura e • Faces inferolaterais relacionadas com
2 cm de profundidade anteroposterior o músculo levantador do ânus.
[AP]) é a maior glândula acessória do
• A descrição tradicional da próstata
sistema genital masculino.
inclui os lobos a seguir, embora não
• A próstata de consistência firme, do sejam bem distintos do ponto de vista
tamanho de uma noz, circunda a parte anatômico.
prostática da uretra. A parte
glandular representa cerca de dois
terços da próstata; o outro terço é
fibromuscular.

• A cápsula fibrosa da próstata é densa


e neurovascular, incorporando os
plexos prostáticos de veias e nervos.
Tudo isso é circundado pela fáscia
visceral da pelve, que forma uma
bainha prostática fibrosa que é fina
anteriormente, contínua
anterolateralmente com os ligamentos
puboprostáticos, e densa • O istmo da próstata situa-se
posteriormente onde se funde ao septo anteriormente à uretra. É
retovesical. A próstata tem: fibromuscular, e as fibras musculares
representam a continuação superior
• Uma base intimamente relacionada ao do músculo esfíncter externo da uretra
colo da bexiga; para o colo da bexiga, e contém pouco
• Um ápice que está em contato com a ou nenhum tecido glandular.
fáscia na face superior dos músculos • Os lobos direito e esquerdo da
esfíncter da uretra e transverso próstata, separados anteriormente
profundo do períneo; pelo istmo e posteriormente por um
• Uma face anterior muscular, cuja sulco longitudinal central e pouco
maioria das fibras musculares é profundo, podem ser subdivididos,
transversal e forma um hemiesfíncter cada um, para fins descritivos, em
vertical, semelhante a uma depressão quatro lóbulos indistintos, definidos
(rabdoesfíncter), que é parte do por sua relação com a uretra e os
músculo esfíncter da uretra. A face ductos ejaculatórios, e — embora
anterior é separada da sínfise púbica
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menos visível — pelo arranjo dos glândulas seminais, próstata e
ductos e tecido conjuntivo: glândulas bulbouretrais que constitui
o veículo no qual os espermatozoides
• (1) Um lóbulo inferoposterior situado
são transportados) e participa da
posterior à uretra e inferior aos ductos
ativação dos espermatozoides.
ejaculatórios. Esse lóbulo constitui a
face da próstata palpável ao exame
retal digital.

• (2) Um lóbulo inferolateral


diretamente lateral à uretra, que
forma a maior parte do lobo direito ou
esquerdo.

• (3) Um lóbulo superomedial, situado


profundamente ao lóbulo
inferoposterior, circundando o ducto
ejaculatório ipsilateral. • Irrigação arterial e drenagem venosa
da próstata. As artérias prostáticas
• (4) Um lóbulo anteromedial, situado são principalmente ramos da artéria
profundamente ao lóbulo inferolateral, ilíaca interna, sobretudo as artérias
diretamente lateral à parte prostática vesicais inferiores, mas também as
proximal da uretra. artérias pudenda interna e retal
• Um lobo médio (mediano) dá origem a média.
(3) e (4) anteriores. Essa região tende • As veias se unem para formar um
a sofrer hipertrofia induzida por plexo ao redor das laterais e da base da
hormônio na idade avançada, próstata. Esse plexo venoso
formando um lóbulo médio situado prostático, situado entre a cápsula
entre a uretra e os ductos ejaculatórios fibrosa da próstata e a bainha
e próximo do colo da bexiga. prostática, drena para as veias ilíacas
• Acredita-se que o aumento do lobo internas. O plexo venoso prostático é
médio seja ao menos parcialmente contínuo superiormente com o plexo
responsável pela formação da úvula venoso vesical e comunica-se
que pode se projetar para o óstio posteriormente com o plexo venoso
interno da uretra. vertebral interno.

• Alguns médicos, principalmente


urologistas e ultrassonografistas,
dividem a próstata em zonas
periférica e central (interna). A zona
central é comparável ao lobo médio.

• Os ductos prostáticos (20 a 30) se


abrem principalmente nos seios
prostáticos, situados de cada lado do
colículo seminal na parede posterior
da parte prostática da uretra. O
Fisiologia
líquido prostático, fino e leitoso,
representa aproximadamente 20% do • A próstata secreta líquido fino,
volume do sêmen (uma mistura de leitoso, que contém cálcio, íon
secreções produzidas pelos testículos, citrato, íon fosfato, uma enzima de
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
coagulação e uma pró-fibrinolisina.
Durante a emissão, a cápsula da
próstata se contrai simultaneamente
com as contrações do canal deferente,
de modo que o líquido fino e opaco da
próstata seja adicionado ao sêmen.
• Uma leve alcalinidade característica
do líquido prostático pode ser muito
importante para a fertilização bem-
sucedida do óvulo, uma vez que o • As glândulas tubuloalveolares da
líquido do canal deferente é próstata são formadas por um epitélio
relativamente ácido, possibilitando a cuboide alto ou pseudoestratificado
presença de ácido cítrico e de produtos colunar.
finais do metabolismo do
• Um estroma fibromuscular cerca as
espermatozoide e, em consequência,
glândulas. A próstata é envolvida por
auxiliando a inibir a fertilidade do
uma cápsula fibroelástica rica em
espermatozoide.
músculo liso. Septos dessa cápsula
• As secreções vaginais femininas penetram a glândula e a dividem em
também são ácidas (com um pH de 3,5 lóbulos, que não são facilmente
a 4,0). O espermatozoide não adquire a percebidos em um adulto.
mobilidade necessária até que o pH
dos líquidos que o envolvem atinja
valores de, aproximadamente, 6,0 a
6,5.
• Consequentemente, é provável que o
líquido prostático ligeiramente alcalino
ajude a neutralizar a acidez dos
outros líquidos seminais, durante a
ejaculação, e, assim, aumente a
mobilidade e fertilidade do
espermatozoide.

Histologia
• A próstata é um conjunto de 30 a 50
glândulas tubuloalveolares
ramificadas que envolvem uma porção
da uretra chamada uretra prostática.
A próstata tem três zonas distintas: a
zona central (cerca de 25% do volume
da glândula), a zona de transição e a
zona periférica (cerca de 70% da
glândula); seus ductos desembocam
na uretra prostática.
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• As glândulas produzem secreção e a Raça
armazenam para expulsála durante a
• A incidência do CaP é cerca de 70%
ejaculação. Da mesma maneira como a
maior em negros e 70% menor em
vesícula seminal, a estrutura e a
índios, quando comparada com a
função da próstata são reguladas por
frequência em brancos. Ademais, a
testosterona.
mortalidade pela doença é cerca de
• Pequenos corpos esféricos formados três vezes maior em negros,
por glicoproteínas, medindo 0,2 a 2 contribuindo para isso, não apenas
mm de diâmetro e frequentemente fatores genéticos, mas também menor
calcificados, são frequentemente acesso aos cuidados de saúde. No
observados no lúmen de glândulas da Brasil, índios da tribo Parkategê, do
próstata de adultos. Eles são Pará, apresentaram aumento
chamados concreções prostáticas ou expressivo da incidência do CaP
corpora depois de colonizados pelos brancos,
com dados sugerindo que a aquisição
• amylacea. Sua quantidade aumenta
de hábitos alimentares ocidentais
com a idade, porém seu significado não
possam ter sido responsáveis pelo
é conhecido.
fenômeno.
2) Elucidar a epidemiologia, fatores de
Dieta
risco e rastreamento/prevenção no
câncer de próstata. • A incidência do câncer da próstata é
muito alta em países escandinavos e
Epidemiologia baixa em países do Extremo Oriente.
• Nos EUA, a estimativa era de 238.590 De forma interessante, a doença é 11
homens com diagnóstico de câncer vezes mais comum em norte-
de próstata no ano de 2013, com americanos do que em japoneses que
29.720 mortes atribuíveis a esse residem no Japão. Essa frequência,
câncer. Essas estatísticas ressaltam contudo, iguala-se quando os
um paradoxo do câncer de próstata. japoneses passam a residir nos
Apesar de ser a segunda causa Estados Unidos, indicando que são
principal de morte por câncer em fatores ambientais ou dietéticos, e
homens nos EUA, apenas uma não a hereditariedade, os responsáveis
porcentagem relativamente pequena pelo fenômeno.
de homens com diagnóstico de câncer • Diferenças no consumo de gordura
de próstata morre dessa doença. animal talvez expliquem essas
• INCA: O câncer de próstata é o tipo variações geográficas, já que a ingestão
mais comum de câncer entre a de alimentos com alto teor de gordura
população masculina, representando é elevada na Escandinávia e baixa no
29% dos diagnósticos da doença no Extremo Oriente.
país. Dados do Instituto Nacional do História familiar
Câncer (INCA) apontam para 65.840
novos casos de câncer de próstata a • Indivíduos com antecedentes
cada ano, entre 2020 e 2022. Homens familiares de CaP têm maior chance
com mais de 55 anos, com excesso de de desenvolverem a doença. Os riscos
peso e obesidade, estão mais aumentam de 2,2 vezes quando um
propensos à doença. parente de 1º grau (pai ou irmão) é
acometido pelo problema, de 4,9 vezes
Fatores de risco quando dois parentes de 1º grau são
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
portadores do tumor e de 10,9 vezes rastreamento de PSA entre médicos e
quando três parentes de 1º grau têm a pacientes de 55 a 69 anos de idade.
doença. Nos casos hereditários, o
• Para homens que decidam se submeter
câncer manifesta-se mais
ao rastreamento, o PSA e o toque
precocemente, frequentemente antes
retal (TR) devem ser oferecidos a
dos 50 anos.
cada 1 a 2 anos. O rastreamento
Rastreamento/prevenção continuado é mais apropriado para
homens com expectativa de vida de
• Embora o rastreamento do PSA tenha
pelo menos 10 anos. Os fatores que
levado à detecção do câncer de
aumentam o risco de câncer de
próstata em estágios iniciais, não
próstata incluem ascendência
está bem claro se isso também levou a
africana subsaariana ou história de
melhores resultados nos homens que
câncer de próstata em um familiar
foram submetidos ao rastreamento.
de primeiro grau antes dos 65 anos
• Muitos cânceres detectados por de idade. Em homens que apresentam
rastreamento podem ser cânceres esses fatores de risco, o rastreamento
incidentais que nunca teriam deve ser iniciado aos 40 anos.
produzido sequelas clínicas durante a
TOQUE RETAL (TR)
vida do indivíduo. Tendo em vista essa
falta de evidências claras, a • Embora a maioria dos casos de câncer
Preventative Service Task Force, dos de próstata seja detectada por meio de
EUA, recomendou recentemente que o rastreamento do PSA, outros são
rastreamento de rotina do PSA não diagnosticados com base no TR
seja realizado, concluindo que anormal, na presença de níveis
“muitos homens são prejudicados em normais de PSA. Tanto o PSA quanto
consequência de um rastreamento para o TR devem ser incorporados no
câncer de próstata, enquanto poucos ou processo de rastreamento. Um
nenhum têm benefício”. nódulo palpável ou uma área
endurecida isolada no TR devem levar
• Essa recomendação deparou-se com
a uma suspeita, exigindo avaliação
forte resistência por parte das
imediata mais pormenorizada.
comunidades urológicas e oncológicas.
Esses grupos assinalam a dificuldade
de interpretar os estudos de
rastreamento do PSA, tendo em vista
os altos níveis de contaminação, e
que essa recomendação geral pode não
se aplicar a homens sadios jovens.

• Assim, a American Cancer Society e a


National Comprehensive Cancer
Network (NCCN) recomendam
atualmente uma cuidadosa discussão
entre paciente e médico antes da
realização desse rastreamento. A
American Urological Association (AUA)
liberou orientações semelhantes no
que concerne a uma decisão ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO (PSA)
compartilhada sobre a realização do
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• O PSA é uma proteína exócrina histológica, escore de Gleason e
abundante da próstata, que atua na classificação ISUP).
lise do coágulo seminal. A
determinação do PSA sérico constitui Manifestações clínicas
um biomarcador útil, embora • Até a década de 1980, a maioria dos
altamente controverso, que é pacientes com CaP apresentava-se
comumente usado como instrumento com neoplasia disseminada, mas em
de rastreamento para o câncer de decorrência dos programas de
próstata. Além do câncer de próstata, detecção precoce e orientação
as elevações do PSA podem resultar de preventiva, esse fenômeno se
uma variedade de condições não modificou e, atualmente, a maior parte
malignas, incluindo hipertrofia desses casos é identificada com
prostática benigna, inflamação ou doença localizada.
infecção do trato urinário.
• De acordo com o último levantamento
• Tradicionalmente, o limite superior de da American Cancer Society, nos
referência para o PSA sérico foi Estados Unidos da América, 88 a 92%
considerado em 4,0 ng/mL; dos novos casos evidencia neoplasia
entretanto dados recentes confinada à glândula e apenas 4 e 6%
demonstram que muitos homens com dos pacientes apresenta inicialmente
nível sérico de PSA dentro da faixa tumor metastático. Nos pacientes
normal apresentam câncer de com tumor circunscrito à próstata, a
próstata quando submetidos a doença é assintomática. Por outro
biópsia. Por outro lado, muitos lado, mais de 90% dos pacientes com
homens com níveis elevados de PSA CaP localmente avançado apresenta-se
não são portadores de câncer. Como os com manifestações de obstrução
níveis de PSA normalmente infravesical e evidência hematúria
aumentam com a idade, um macroscópica, em geral relacionada
algoritmo específico para a idade pode com infiltração do trígono vesical pelo
constituir uma abordagem de tumor.
rastreamento mais efetiva.
• O aparecimento súbito de obstrução
• Foi constatado que as faixas normais infravesical em um paciente com
de PSA específicas para a idade padrão miccional recente
ajudam a identificar a presença de satisfatório é manifestação comum
câncer de estágio inicial em homens em câncer de próstata. Em casos de
mais jovens e a evitar procedimentos hiperplasia benigna, os sintomas
desnecessários e um diagnóstico obstrutivos tendem a evoluir de forma
excessivo em homens de mais idade. mais lenta. De forma incomum,
pacientes com câncer de próstata
podem apresentar dores ósseas,
uremia, anemia, perda de peso,
adenopatia cervical ou inguinal,
linfedema, trombose venosa de
membros inferiores ou
hemospermia, como primeira
manifestação da doença.
3) Estudar manifestações clínicas,
estadiamento e fatores prognósticos Estadiamento
no câncer de próstata (Classificação
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• As variáveis independentes mais Câncer (UICC), denominado Sistema
importantes utilizadas no TNM de Classificação dos Tumores
estadiamento do câncer de próstata Malignos. Esse sistema baseia-se na
incluem PSA do paciente, achados no extensão anatômica da doença,
TR e escore de Gleason. Usando levando em conta as características
essas características clínicas, é do tumor primário (T), as
possível efetuar um julgamento características dos linfonodos das
prognóstico significativo. cadeias de drenagem linfática do órgão
em que o tumor se localiza (N), e a
• As tabelas de Partin avaliam a presença ou ausência de metástases
probabilidade do estágio patológico, a distância (M). Estes parâmetros
com base nessas variáveis clínicas. recebem graduações, geralmente de T0
São muito úteis no aconselhamento de a T4, de N0 a N3 e de M0 a M1,
pacientes sobre as opções apropriadas respectivamente.
de tratamento.
• Além das graduações numéricas, as
• A avaliação das metástases inclui categorias T e N podem ser
tomografia computadorizada (TC) do subclassificadas em graduações
abdome e da pelve à procura de alfabéticas (a, b, c). Tanto as
linfadenopatia pélvica e graduações numéricas como as
retroperitoneal. A cintilografia óssea alfabéticas expressam o nível de
pode detectar a presença de evolução do tumor e dos linfonodos
metástases ósseas. Devido à comprometidos. O símbolo "X" é
probabilidade extremamente pequena utilizado quando uma categoria não
de achados positivos, esses exames pode ser devidamente avaliada.
raramente são úteis no estágio
inicial da doença. • Quando as categorias T, N e M são
agrupadas em combinações pré-
• Em geral, esses exames estão estabelecidas, ficam distribuídas em
indicados apenas para pacientes estádios que, geralmente, variam de I
portadores de câncer com escore de a IV. Estes estádios podem ser
Gleason 4 + 3 ou mais alto, nível de subclassificados em A e B, para
PSA acima de 10 ou tumor expressar o nível de evolução da
localizado de estágio clínico alto doença.
(T2b ou mais alto).

• A ressonância magnética (RM)


endorretal foi extensamente estudada
em relação a seu papel no
estadiamento local do câncer de
próstata. Embora a sua sensibilidade
para a detecção de extensão
extracapsular sutil seja mais alta que
a da ultrassonografia, as implicações
clínicas desses achados ainda não
estão bem estabelecidas.

TNM • O estadiamento pode ser clínico e


patológico. O estadiamento clínico é
• O sistema de estadiamento mais estabelecido a partir dos dados do
utilizado é o preconizado pela União exame físico e dos exames
Internacional para o Controle do complementares pertinentes ao caso.
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
O estadiamento patológico baseia-se • A graduação histopatológica dos
nos achados cirúrgicos e no exame tumores baseia-se no grau de
anatomopatológico da peça diferenciação das células tumorais e
operatória. É estabelecido após no número de mitoses. O primeiro
tratamento cirúrgico e determina a refere-se a maior ou menor
extensão da doença com maior semelhança das células tumorais com
precisão. O estadiamento patológico as do tecido normal que se supõe ter-
pode ou não coincidir com o lhe dado origem. Para tanto, há quatro
estadiamento clínico e não é aplicável graus descritivos de diferenciação:
a todos os tumores. bem diferenciado (G1), moderadamente
diferenciado (G2), pouco diferenciado
(G3) e anaplásico (G4).
• Ao contrário do que se supõe uma
neoplasia maligna não é uma
entidade homogênea; ela tem, numa
mesma área, células com graus
diferentes de diferenciação. Por
outro lado, alguns tumores podem
modificar este grau à medida que
evoluem, tornando-se pouco
diferenciados, o que traduz uma
maior rapidez de crescimento e maior
agressividade.

• Outro dado importante é o número de


mitoses, que expressa a atividade
celular. Quanto maior a proliferação de
um tecido, maior será o número de
mitoses verificadas, conforme já
assinalado anteriormente.

ESCORE DE GLEASON
• A graduação histológica do câncer de
próstata é descrita com o uso do
Fatores prognósticos sistema de graduação de Gleason.
Esse sistema atribui dois escores
• A oitava edição (2017) do manual da numéricos ao carcinoma. Em virtude
American Joint Committee on Cancer da heterogeneidade frequente
(AJCC), combina informações sobre a observada no câncer, o primeiro escore
extensão do tumor (T), número de descreve o padrão dominante, e o
linfonodos acometidos (N), presença segundo, o padrão secundário. Por
de metástases à distância (M), com exemplo, uma pontuação de Gleason 3
nível sérico do PSA e o grupo + 4 indica que o padrão primário é 3.
histológico do tumor primário para Um escore de Gleason 4 + 3 indica
classificação desses pacientes em predomínio do maior grau. Isso é
grupos prognósticos de acordo com o clinicamente importante, visto que o
risco de recorrência. prognóstico está relacionado
significativamente com o escore de
Graduação Histopatológica
Gleason primário.
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• Na discussão do estadiamento do • Gleason de 2 a 4: existe cerca de 25%
câncer de próstata, a soma do escore de chance de o câncer disseminar-se
de Gleason, isto é, a soma das para fora da próstata em 10 anos, com
pontuações individuais, é comumente dano em outros órgãos, afetando a
fornecida com referência. Embora a sobrevida.
soma de Gleason seja uma das
• Gleason de 5 a 7: existe cerca de 50%
características prognósticas mais
de chance de o câncer disseminar-se
importantes, os escores primário e
para fora da próstata em 10 anos, com
secundário também devem ser
dano em outros órgãos, afetando a
relatados, visto que podem refinar o
sobrevida.
prognóstico do paciente. Por exemplo,
a soma de Gleason de 3 + 4 e 4 + 3 são • Gleason de 8 a 10: existe cerca de
ambas 7; porém, o câncer com a 75% de chance de o câncer
última soma tem prognóstico menos disseminar-se para fora da próstata
favorável. em 10 anos, com dano em outros
órgãos, afetando a sobrevida.
• Na ausência de câncer de próstata,
existem outros achados histológicos
comuns que justificam uma
consideração. A proliferação atípica
de pequenos ácinos (ASAP)
representa, com frequência, um
carcinoma com coleta
inadequadamente realizada, que
escapa de um diagnóstico definitivo.
Indica-se biópsia repetida.
• A neoplasia intraepitelial prostática
(NIP) de alto grau é comumente
encontrada em biópsia de próstata. O
significado desse achado é Classificação ISUP
controverso. A prática-padrão exige
monitoramento rigoroso e contínuo • A partir do Escore de Gleason, a
e nova biópsia desses pacientes. Sociedade Internacional de
Patologia Urológica (ISUP)
• A invasão perineural (IPN) é um enquadrou os indivíduos em cinco
achado frequentemente relatado em grupos de risco (Grau ISUP), de acordo
homens que apresentam câncer de com o padrão primário e secundário,
próstata. Alguns pesquisadores o que irá determinar se corresponde a
acreditam que isso esteja associado a um baixo, intermediário ou alto risco,
um maior risco de disseminação de acordo com outras informações de
extraprostática do tumor; porém, estadiamento.
tem sido um achado inconsistente.
• ISUP 1 = Escore de Gleason (3 + 3)
• ISUP 2 = Escore de Gleason (3 + 4)

• ISUP 3 = Escore de Gleason (4 + 3)


• ISUP 4 = Escore de Gleason (4 + 4), (3
+ 5) ou (5 + 3)
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• ISUP 5 = Escore de Gleason (4 + 5), (5 rastreamento, esse estudo pode não
+ 4) ou (5 + 5) representar totalmente a população
com câncer de próstata nos EUA.
• Um estudo mais recente de pacientes
com cânceres detectados por meio de
rastreamento com PSA não mostrou
4) Cite os tratamentos no Câncer de qualquer benefício da
Próstata, e possíveis complicações prostatectomia, exceto para
(prostatectomia, radioterapia, pacientes com alto grau de Gleason
ou nível de PSA superior a 10
agonista ou antagonista de LHRH).
ng/mL. A vigilância ativa, um conceito
Tratamento diferente de observação, depende do
acompanhamento dos níveis
• O tratamento local definitivo consiste
seriados de PSA e de biópsias
primariamente em uma estratégia
repetidas, possibilitando a detecção
curativa em pacientes com doença
de cânceres significativos no início do
localizada; todavia, em certas
acompanhamento.
ocasiões, é utilizado para prevenir
sintomas de doença localmente • Os pacientes com cânceres
avançada, mesmo em homens com significativos recebem tratamento no
evidências de metástases a distância. momento oportuno, enquanto
pacientes com câncer de próstata
SEGUIMENTO/VIGILÂNCIA ATIVA
indolente não são submetidos a
• O câncer de próstata comporta-se tratamento radical e não
frequentemente de modo indolente. O apresentam as sequelas associadas.
seguimento ou a vigilância ativa Foi relatada sobrevida de 10 anos
constituem uma estratégia específica para câncer de próstata de
interessante para homens com 97%, e até 70% dos homens podem
expectativa de vida de menos de 10 evitar o tratamento.
anos ou com doença de baixo
• Foi constatado que os cuidados
volume com escore de Gleason 3 + 3.
multidisciplinares aumentam as
Os estudos baseados em populações
taxas de uso de vigilância ativa em
sugerem que apenas pequena minoria
pacientes de baixo risco.
de homens portadores de carcinoma
com escore de Gleason 3 + 3
desenvolverá doença metastática ou
potencialmente fatal dentro de 10 anos
sem tratamento.

• Apesar disso, um ensaio clínico


randomizado conduzido na Europa
demonstrou que a prostatectomia
PROSTATECTOMIA RADICAL
radical reduziu o risco de morte, a
disseminação metastática e a • A prostatectomia radical constitui um
progressão local, em oposição ao procedimento cirúrgico de referência,
seguimento em homens com câncer de que consiste na remoção completa da
próstata no estágio inicial. Como esses próstata e das glândulas seminais.
homens, em sua maioria, não tinham Esse procedimento é realizado com
cânceres detectados por meio de várias abordagens diferentes. A
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
prostatectomia retropúbica radical necessitar de absorventes para a
envolve uma incisão na linha média, ocorrência ocasional de vazamento
do umbigo até a sínfise púbica. A urinário. As taxas de disfunção erétil
prostatectomia perineal radical é variam amplamente de acordo com a
realizada através de uma incisão na função sexual pré-operatória do
linha média, entre o escroto e o ânus. paciente, a escolha da abordagem
cirúrgica (preservação ou não
• Na atualidade, as abordagens
preservação de nervos) e a idade do
cirúrgicas minimamente invasivas são
paciente.
amplamente usadas. Uma abordagem
laparoscópica através da parte • Na doença de estágio inicial, a cirurgia
inferior do abdome pode ser usada pela com preservação bilateral de nervos
técnica laparoscópica padrão ou com o pode resultar em preservação da
auxílio de um robô cirúrgico. Em mãos função erétil em até 80% dos homens
experientes, as taxas de mortalidade e mais jovens com função sexual pré-
de morbidade com qualquer um desses operatória normal. A ressecção
procedimentos são extremamente cirúrgica mais agressiva, que inclui
baixas. As principais complicações um dos pares de feixes
potenciais da remoção cirúrgica da neurovasculares, que seguem um
próstata consistem em incontinência trajeto posterolateral à próstata,
urinária, disfunção erétil, resulta em recuperação da função
hemorragia significativa e erétil espontânea em menos de 50%
contratura do colo da bexiga. dos pacientes.

• Se ambos os feixes nervosos forem


sacrificados, não há probabilidade de
recuperação da função erétil
espontânea. Ocorre contratura do
colo da bexiga quando o tecido
cicatricial denso causa obstrução no
ponto de anastomose da uretra e
bexiga. Isso pode resultar em retenção
urinária aguda no período pós-
operatório imediato.

• Podem ser necessários procedimentos


urológicos repetidos para restaurar a
função urinária adequada. Pode
ocorrer hemorragia significativa
durante a prostatectomia radical. Os
cirurgiões tinham como prática
comum armazenar sangue autólogo
antes da prostatectomia radical. A
• Em pacientes adequadamente
perda de sangue é muito reduzida
selecionados, ocorre incontinência
com as abordagens perineal e
grave em menos de 1% dos casos.
robótica para prostatectomia radical.
Em menos de 10% dos pacientes
tratados em centros com alto volume • São obtidas amostras dos linfonodos
de pacientes, observa-se a presença de pélvicos regionais durante a
leve incontinência urinária de prostatectomia retropúbica radical e
estresse, em que o paciente pode prostatectomia radical
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
laparoscópica. Não é possível obter radioterapia com feixe de prótons.
amostras de linfonodos pélvicos por Na atualidade, esse tratamento é
meio da abordagem perineal. tipicamente administrado durante 8 a
9 semanas; todavia, existem vários
OPÇÕES DE RADIOTERAPIA ensaios clínicos em andamento para
Radioterapia com feixe externo estudar a eficácia de ciclos mais curtos
(i.e., hipofracionados).
• A radioterapia de feixe externo tem
registro histórico bem estabelecido no • A toxicidade potencial da radioterapia
tratamento do câncer de próstata de feixe externo consiste em
localizado e localmente avançado. alterações agudas dos hábitos
Trata-se de uma forma não invasiva intestinais (p. ex., evacuação de fezes
de tratamento, administrada em moles) e polaciúria/urgência
frações diárias no decorrer de várias miccional, bem como proctite por
semanas. Ensaios clínicos modernos radiação, cistite e uretrite, embora
demonstraram que as doses mais as taxas de complicações tardias
altas, da ordem de 79 Gy, são mais significativas sejam inferiores a 10%. À
eficazes para o controle do câncer semelhança da cirurgia, a disfunção
quando a irradiação externa é usada erétil constitui um efeito colateral
como monoterapia, podendo ser comum do tratamento, embora se
administrada sem redução da manifeste tipicamente mais tarde.
qualidade de vida relatada pelo
paciente.

• A radioterapia conformal utilizando


planejamento pela TC ou RM é
necessária para a liberação segura da
dose de radiação suficiente nesse
contexto. Os exames de imagem
diários da próstata (i.e., tratamento
guiado por imagem), utilizando a
ultrassonografia transabdominal, a
visualização radiográfica de
marcadores fiduciais implantados,
transponders eletromagnéticos ou TC
de feixe cônico, possibilitam um
direcionamento mais acurado para a Braquiterapia da próstata
próstata. Isso facilita a liberação de
altas doses de radiação na próstata, • A braquiterapia da próstata é outra
enquanto minimiza a dose para tecidos modalidade de tratamento comum
não alvos, como a bexiga e o reto, que para o câncer de próstata no estágio
constitui a principal causa de inicial. A braquiterapia da próstata
morbidade tardia. como monoterapia pode ser menos
efetiva em pacientes portadores de
• Várias técnicas de radioterapia com câncer palpável com escore de
feixe externo constituem formas Gleason de 7 ou mais ou nível de PSA
aceitáveis de tratamento, incluindo superior a 10. Para pacientes
radioterapia conformal 3D de adequadamente selecionados, a
múltiplos campos, radioterapia de braquiterapia pode ser mais
intensidade modulada (RTIM) e interessante do que um ciclo
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
prolongado de radioterapia de feixe sequelas tardias incluem uretrite,
externo. A braquiterapia moderna da cistite e proctite por radiação, que
próstata é tipicamente guiada por podem resultar em sintomas
ultrassonografia transretal, prolongados ou sangramento. A
utilizando abordagem transperineal. disfunção erétil é outro efeito
colateral comum, com taxas
• Esse procedimento é comumente
comparáveis àquelas observadas com
realizado em um centro cirúrgico, sob
a radioterapia de feixe externo.
anestesia geral ou epidural. Uma
sonda de ultrassom é introduzida no
reto, e agulhas contendo sementes
radioativas são orientadas em direção
a próstata utilizando um modelo ou
grade transperineal. Tipicamente,
essas sementes contêm iodo-125 ou
paládio-103, cujas meias-vidas são,
respectivamente, de 60 e 17 dias.
Permanecem na próstata de modo
permanente e liberam toda a dose de
radiação no decorrer de vários
meses.
Papel da terapia de privação
• Esse procedimento é denominado
androgênica
braquiterapia da próstata
permanente transperineal de baixa • O benefício da adição da terapia de
taxa de dose (BTD). Difere da privação androgênica (TPA) à
braquiterapia de alta taxa de dose radioterapia externa para pacientes
(ATD), em que cateteres temporários com risco intermediário ou com câncer
são introduzidos na próstata de próstata mais avançado foi
utilizando uma técnica semelhante. demonstrado em vários estudos
randomizados de grande porte. A
maioria dos estudos conduzidos
demonstrou benefício quanto à
sobrevida global, enquanto todos
mostraram um benefício em termos de
controle bioquímico e local,
diminuição das metástases a
distância e sobrevida específica para
o câncer de próstata.

• Para pacientes com risco mais alto de


• Os efeitos colaterais agudos mais recidiva (escore de Gleason de ≥ 8 ou
incômodos da braquiterapia consistem extensão extraprostática), esses
em sintomas urinários obstrutivos, ensaios clínicos sugerem benefício
incluindo urgência miccional e obtido com ciclo prolongado de TPA
polaciúria. Os pacientes antes, no decorrer e depois da
inadequadamente selecionados com radioterapia (2 a 3 anos no total). Um
próstatas mais volumosas ou com ciclo curto de TPA antes da
sintomas obstrutivos preexistentes radioterapia e prosseguindo até o final
correm risco de retenção urinária. As do tratamento com radioterapia (4 a 6
meses no total) é considerado
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
apropriado para pacientes com doença Ultrassonografia focada de alta
de risco intermediário. intensidade
• Os pacientes que participaram em • A ultrassonografia focada de alta
todos esses estudos foram tratados intensidade é uma tecnologia
com doses de radiação mais baixas investigacional, que emprega uma
do que aquelas comumente usadas sonda transretal para liberar pulsos
na prática atual. Existem estudos focados muito intensos de energia
comparativos em andamento de ultrassônica na próstata através da
escalonamento das doses, com ou sem parede retal. Vários centros
TPA. Não há evidências de que a TPA exploraram o seu uso; todavia
tenha qualquer benefício para continua sendo uma técnica
pacientes de baixo risco. Os efeitos investigacional. Em séries
colaterais da terapia de privação preliminares, foram relatadas
androgênica consistem em disfunção complicações graves de retenção
erétil, perda da libido, ondas de urinária ou fístula retrouretral. Sua
calor, fadiga, ganho de peso (ganho eficácia como procedimento oncológico
da massa de tecido adiposo, perda da ainda não está comprovada.
massa muscular), elevação dos níveis
de triglicerídeos, sensibilidade
diminuída à insulina e perda
acelerada da densidade mineral
óssea.

OUTRAS OPÇÕES

Crioterapia
• O nitrogênio líquido, aplicado através
de sondas no períneo guiadas por
ultrassonografia transretal, foi usado
no tratamento do câncer de próstata
localizado. Esse procedimento foi
aprovado pela Food and Drug
Administration (FDA) e está sendo
utilizado nos EUA. Sua eficácia e
segurança estão bem menos definidas
do que as técnicas de cirurgia ou
radioterapia já mencionadas, tendo em
vista a falta de dados suficientes de
acompanhamento em longo prazo.
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV

Câncer de cólon
oncologia
1) Compreender epidemiologia, fatores esporádica e não familiar. Os estudos
de risco (inclusive a sequência epidemiológicos realizados
adenoma-adenocarcinoma e síndromes demonstram risco aumentado de
genéticas), rastreamento e prevenção câncer colorretal nas seguintes
do câncer de colón. condições/características:

Epidemiologia • A história familiar de câncer


colorretal está associada a risco
• Nos EUA, foi estimada a ocorrência de aumentado de desenvolvimento de
102.480 novos casos de câncer de câncer colorretal. Se um parente de
colo em 2013 (homens: 50.090; primeiro grau teve câncer colorretal, o
mulheres: 52.390), e 40.340 novos risco aumenta em 1,7 vez.
casos de câncer de reto no mesmo
ano (homens: 23.590; mulheres: • Sociedades ocidentais/urbanizadas.
16.750). • Dieta rica em carne vermelha ou
• O câncer colorretal constitui a processada.
segunda causa principal de morte • Aumento da flora anaeróbia
por câncer nos EUA, com 50.830 intestinal.
mortes anualmente. A idade constitui
um importante fator de risco no • Diabetes melito/resistência à
desenvolvimento do câncer de colo. insulina: o risco de câncer de colo
pode ser 30% maior em indivíduos
• O risco de desenvolvimento de câncer diabéticos, em comparação com não
colorretal no transcorrer da vida é de diabéticos.
aproximadamente 5%, e a grande
maioria desses cânceres ocorre depois • Doença inflamatória intestinal:
dos 50 anos. A incidência global Observa-se uma incidência
diminuiu, talvez em consequência do aumentada na doença de Crohn e na
rastreamento. colite ulcerativa, associada à
gravidade, extensão e duração da
INCA doença que acomete o colo. O risco de
• Estimativa de novos casos: 40.990, câncer de colo na colite ulcerativa é de
sendo 20.520 homens e 20.470 aproximadamente 10% com duração
mulheres (2020 - INCA). de 10 anos, de 20% com de 20 anos
e > 35% com duração de 30 anos. A
• Número de mortes: 20.245, sendo colectomia total elimina o risco de
9.889 homens e 10.356 mulheres câncer de colo.
(2020 - Atlas de Mortalidade por
Câncer - SIM). • Tabagismo.

Fatores de risco • Consumo de álcool.

• A grande maioria dos cânceres • Ureterossigmoidostomia.


colorretais é de ocorrência
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• Bacteremia por Streptococcus bovis. são herdadas de modo autossômico
dominante. O gene APC é um gene
• Irradiação pélvica anterior. supressor tumoral, cujo produto
interage com genes de proliferação
celular de importância crítica, em
parte pela sua interação com o fator de
transcrição, a beta-catenina.

• A PAF está associada a centenas de


milhares de pólipos por todo o colo.
Uma forma atenuada de PAF é
caracterizada por um menor número
de pólipos e início mais tardio do
câncer colorretal. O uso de
inibidores da COX-2 pode resultar na
regressão de alguns pólipos. Em torno
dos 10 anos de idade, 15% dos
portadores terão adenomas; aos 20
anos, 75% irão apresentar adenomas;
e, aos 30 anos, mais de 90% terão
adenomas.
• O rastreamento dos familiares de
primeiro grau deve ser realizado em
torno dos 10 anos. O tratamento
consiste em proctocolectomia total.
A PAF é responsável por < 1% dos
cânceres de colo e está associada à
hipertrofia congênita do pigmento
retiniano, a tumores desmoides
(síndrome de Gardner) e a tumores
cerebrais (síndrome de Turcot).

Síndromes hereditárias
• Menos de 10% dos cânceres de colo
estão associados a predisposição
herdada reconhecida a esse câncer. As
síndromes hereditárias mais comuns
são a polipose adenomatosa familiar
(PAF) e o câncer de colo sem
polipose hereditária (CCSPH). As
mutações do gene MYH também
estão associadas a uma predisposição
hereditária ao câncer de colo.

Polipose adenomatosa familiar (PAF)


• A maioria dos casos de PAF deve-se a Câncer de colo sem polipose
mutações no gene APC no hereditária (CCSPH)
cromossomo 5q21. Essas mutações
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• O CCSPH deve-se a uma mutação em
genes de reparo de combinação
imprópria (p. ex., MLH1, MSH2),
levando a uma instabilidade de
microssatélites e erros na replicação
do DNA. O CCSPH, de herança
autossômica dominante, pode
responder por até 6% de todos os
cânceres de colo. A idade mediana
para o desenvolvimento do câncer de
colo é de menos de 50 anos.

• Os tumores no lado direito são muito


mais comuns do que os tumores
localizados do lado esquerdo. O
CCSPH está associado ao câncer
endometrial, câncer de ovário, cânceres
do trato gastrintestinal superior e
cânceres de células de transição da
pelve renal/ureter.
• Um indivíduo tem probabilidade de MYH
pertencer a uma família com CCSPH e • O gene MYH é um gene de reparo de
exige a realização de teste genético excisão de bases, localizado no braço
quando: (1) três ou mais parentes curto do cromossomo 1. Mutações
tiveram câncer de colo (ou outro homozigóticas do gene MYH foram
câncer associado ao CCSPH, como associadas a uma síndrome que se
câncer de útero, do intestino delgado, manifesta na forma de múltiplos
uretral ou pélvico renal) e pelo menos pólipos colônicos e câncer
um deles é um parente de primeiro colorretal. Essa síndrome é herdada
grau, (2) duas ou mais gerações da de modo autossômico recessivo.
família apresentam câncer de colo, ou Acredita-se que as mutações MYH
(3) um ou mais parentes foram sejam responsáveis por menos de 1%
diagnosticados com câncer de colo dos cânceres colorretais.
antes dos 50 anos de idade. O
rastreamento deve ser iniciado em Sequência adenoma-carcinoma
torno dos 21 anos em pacientes
• Essa via corresponde a 80% dos CCR
acometidos e, posteriormente, deve ser
esporádicos. Nós temos duas cópias
realizado pelo menos a cada 5 anos.
do gene supressor de tumor Polipose
• Esses critérios para a identificação do adenomatosa coli (APC) que é um
CCSPH são designados como critérios regulador negativo de uma proteina
de Amsterdam II. Os critérios de multifuncional, componente da via de
Bethesda modificam os critérios de sinalização, chamado b-catenina.
Amsterdam II para incluir, na
• Algumas pessoas já nascem com uma
avaliação, os pacientes que tiveram
cópia do gene APC mutada ou
familiares com pólipos
inativada. No entanto, os adenomas
adenomatosos colônicos, além do
só se desenvolvem quando há a
câncer de colo.
mutação ou ativação das duas cópias
do gene. A fisiopatologia do CCR se
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
inicia quando ocorre uma mutação da pólipos displásicos e, por fim, câncer
APC, fazendo com ele perca a sua ocorre no decurso de um período de
função. Normalmente esse gene pelo menos 10 anos. Os adenomas
promove a degradação da b-catenina, vilosos têm maior taxa de progressão
entretanto, como o APC está inativo, para o câncer de colo do que os pólipos
ocorre acúmulo da b-catenina. tubulares ou hiperplásicos.
• Esse componente da via de • Essa progressão deve-se a uma série
sinalização, em grande quantidade se de mutações adquiridas, conforme
transloca para o núcleo celular e ativa delineado no trabalho de Bert
a transcrição de genes, como os que Vogelstein. Em geral, acredita-se que
codificam Myc e Ciclina, responsáveis apenas 1% dos pólipos irá progredir
pela proliferação celular. Esse através dessa sequência até o
processo pode ser acompanhado por desenvolvimento de um câncer. Essa
mutações adicionais, como progressão deve-se a uma série de
mutações de ativação do gene KRAS, mutações adquiridas e, com
que também promovem o crescimento frequência, é designada como modelo
celular e evita a sua apoptose; de Vogelgram, em homenagem a Bert
mutações que codificam os genes Vogelstein, que inicialmente descreveu
SMAD2 e SMAD4, efetores da esses eventos.
sinalização do fator TGF-ẞ que está
• O propósito do rastreamento é
envolvido na inibição do ciclo celular e
detectar pólipos antes que eles se
em outros genes como DCC e caderina-
transformem em câncer. As
E. Mutações de TP53 também
diretrizes para rastreamento levam em
ocorrem em fases tardias da
consideração a eficiência, a
progressão do tumor, ele é um gene
sensibilidade, a especificidade, o custo
supressor de tumor que está mutado
e a morbidade do teste.
em 70-80% dos cânceres do cólon.

• Em suma, fatores que levam a


mutação em genes que regulam a
proliferação celular estão alterados,
fazendo surgir os adenomas com
displasias celulares.

• Cerca de 3 a 6% dos norte-americanos


submetidos ao rastreamento por
colonoscopia em torno dos 50 anos
apresentam câncer de colo, pólipos
displásicos ou adenoma viloso. Nesses
últimos 20 anos, houve uma tendência
a evitar o enema baritado como
Rastreamento instrumento de rastreamento de
• Os cânceres colorretais originam-se, escolha, preferindo-se o rastreamento
em sua maioria, de pólipos endoscópico. O método preferido (i.e.,
adenomatosos. A progressão de sigmoidoscopia flexível vs.
pequenos pólipos para pólipos colonoscopia) é controvertido; porém, é
adenomatosos, pólipos maiores, evidente que a colonospia é um meio
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
mais efetivo de detectar qualquer Prevenção
pólipo no colo.
• Os anti-inflamatórios não esteroides
• Qualquer diagnóstico de pólipo na (AINEs), o cálcio, o folato e os
sigmoidoscopia deve levar a um exame estrogênios impedem o
completo por colonoscopia. Para desenvolvimento de pólipos, mas não
pacientes sem história familiar de existe nenhuma prevenção bem
câncer de colo, a Multisociety Task definida para o câncer. Seu papel não
Force dos EUA recomenda o é conhecido no paciente submetido a
rastreamento de pacientes a partir rastreamento adequado.
dos 50 anos de idade, com exame
anual de fezes para sangue oculto, • Os antioxidantes não impedem o
bem como sigmoidoscopia a cada 5 desenvolvimento de câncer de colo e
anos. existem dados divergentes sobre a
capacidade preventiva do cálcio, da
• De modo alternativo, a força-tarefa vitamina D e das estatinas. As dietas
recomendou o rastreamento com ricas em fibras não proporcionam
colonoscopia a partir dos 50 anos, prevenção para o câncer de colo e as
devendo o exame ser repetido a cada dietas ricas em carne
10 anos nos pacientes sem patologia vermelha/processada e pobres em
colônica. peixe têm sido associadas a um risco
aumentado desse câncer. Todavia, a
• Para pacientes com dois ou mais
atividade física pode ter um efeito
parentes de primeiro grau afetados ou
protetor.
com qualquer parente de primeiro grau
portador de câncer de colo com menos 2) Discutir os sinais/sintomas do câncer
de 60 anos de idade, o rastreamento de cólon direito e esquerdo, papel dos
deve ser iniciado aos 40 anos ou marcadores tumorais, estadiamento e
pelo menos 10 anos mais cedo do vias de disseminação.
que a idade em que foi diagnosticado o
câncer no familiar acometido. SINAIS E SINTOMAS

• Alguns especialistas recomendam a • Aproximadamente 50% dos cânceres


colonoscopia, em lugar da pesquisa de de colo estão localizados no lado
sangue oculto nas fezes e da direito do colo o que difere daquilo
sigmoidoscopia, com base nos observado há 50 anos, quando a
seguintes fatos: (1) a associação da maioria dos tumores era encontrada
pesquisa de sangue oculto nas fezes do lado esquerdo. A razão dessa
com sigmoidoscopia tem uma mudança não é conhecida. Os
sensibilidade de 75%, isto é, irá omitir sintomas de apresentação dependem
25% das lesões, (2) aproximadamente da localização do tumor.
2% dos adultos assintomáticos aos 50
• A ocorrência de obstrução, perfuração,
anos de idade terão uma lesão pré- alterações no aspecto das fezes e
cancerosa ou uma lesão colônica
hematoquesia é mais comum nos
proximal cancerosa, com
tumores do lado esquerdo. A anemia
sigmoidoscopia totalmente normal. ferropriva é mais comum com
Todavia, estudos recentes sugerem
tumores do lado direito.
que a colonoscopia pode não ser tão
protetora contra a morte por câncer de • A maior parte dos indivíduos com CCR
colo do lado direito em comparação são assintomáticos no início da
com o câncer de colo do lado esquerdo. doença, retardando o diagnóstico para
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
fases mais avançadas quando surgem
os primeiros sintomas. Existe uma
correlação entre a localização do tumor
e as manifestações clínicas
apresentadas. Isso ocorre devido a
características anatômicas do
intestino grosso e reto.

• O cólon direito tem maior diâmetro


maior que o esquerdo, por isso, em
tumores à direita (cólon ascendente),
há a tendência do câncer evoluir como
lesão exofítica, ou seja, para dentro
da luz intestinal. No cólon esquerdo a
lesão geralmente invade a parede do
órgão e como o diâmetro do cólon
desse lado é menor, ocorre maior
incidência de estenose e obstrução,
essas lesões são anulares e produzem
constrições conhecidas como “anel de
guardanapo”.
• Por conta dessa diferença de
apresentação clínica, temos
manifestações clínicas distintas,
geralmente os cânceres de ceco e
cólon direito cursam com anemia
ferropriva que pode se manifestar
como fadiga, fraqueza ou palidez de
mucosa. Com isso, sempre devemos
investigar anemias em indivíduos mais
velhos. Além disso, desse lado às vezes • Além disso, o CCR pode se manifestar
o tumor pode ser palpável e o com sintomas referentes aos órgãos
sangramento pode se exteriorizar como para onde sofreu metástase. Desse
melena (sangramento escuro devido modo, o paciente pode apresentar dor
ao sangue já digerido). em hipocôndrio direito, associada a
plenitude prandial e saciedade precoce
• Já os canceres do lado esquerdo do quando ocorre metástase hepática.
cólon, sigmoide e reto, podem se Nos casos de metástase peritoneal, o
manifestar com sangramento oculto, indivíduo pode se apresentar com
mudanças nos hábitos intestinais, ascite, distensão e dor abdominal.
distensão abdominal, sangramento
vivo ou desconforto em fossa ilíaca • Também é possível a presença de
esquerda. linfonomegalias inguinais,
periumbilicais ou supraclaviculares
nos casos de metástase linfonodal ou
até derrame pleural, dores ósseas e
fraturas patológicas no caso de
metástase pulmonar e óssea
respectivamente.
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
prognósticos e destaque no
seguimento dos pacientes após
tratamento cirúrgico pretensamente
curativo, promovendo por vezes
detecção precoce de recidiva
tumoral.
• Sua sensibilidade nas etapas de
diagnóstico da lesão situa-se entre
20% e 40%; no entanto, sua
sensibilidade no seguimento pós-
operatório dos pacientes, para
detecção de recidivas locorregionais ou
hepáticas, pode ultrapassar 90%.

b) CA 242, CA 19-9, CA72-4


Marcadores tumorais
• Tais marcadores são diagnosticados
• Houve certa alteração no conceito de por anticorpos monoclonais
marcador tumoral. Anteriormente, específicos. Apesar de sua origem
considerava-se como "marcador" posterior ao CEA e conceito
qualquer substância capaz de ser aperfeiçoado não proporcionaram
detectada em soro periférico de melhores resultados. Sua
determinado paciente possuidor de sensibilidade no diagnóstico do câncer
neoplasia. Atualmente, componentes colorretal oscila em taxas de 30%,
teciduais, inclusive genéticos, são inferiores às do antígeno
marcadores capazes de definir carcinoembrionário que apresenta
diferentes prognósticos e distintas sensibilidade em torno de 40%. Têm
condutas terapêuticas para cada caso. utilização em amostras séricas
• Perceba-se que marcadores teciduais associados ao CEA; nesta condição
não têm a capacidade que os atingem sensibilidade de
aproximadamente 50% a 60%, com
plasmáticos possuem de determinar
diagnóstico ou de indicar recidiva certo valor na determinação de índices
do processo tumoral. Limitam-se a prognósticos e detecção de recidivas
tumorais.
determinar estadiamento,
prognóstico e possível resposta c) Citoqueratinas
terapêutica para determinada lesão.
• São constituintes da arquitetura
Marcadores no Câncer Colorretal estrutural da membrana celular,
estando aumentadas em soro
a) CEA
periférico na vigência de processos
• Descoberto na década de 1960, neoplásicos e sendo passíveis de
determinado em amostras de soro detecção por anticorpos
periférico, constitui o marcador mais monoclonais. O TPA (tissue
utilizado na prática clínica nas polypeptide antigen) constituiu a
neoplasias colorretais. Pouco efetivo citoqueratina de identificação inicial,
no diagnóstico do câncer colorretal, em 1978. Um reagente mais específico
por sua baixa sensibilidade em (TPS tissue polypeptide-specific
lesões iniciais, tem utilidade no antigen) foi desenvolvido em 1992,
estabelecimento de índices identificando o epítopo M3 da
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
molécula TPA; um reagente atual, • O marcador, apesar de promissor,
TPM (ou TPA-M tissue polypeptide apresenta deficiências conceituais e
monoclonal antigen), descrito em decorrentes de variantes biológicas
1994, dirige-se a três epítopos imprevisíveis. Há neoplasias
distintos das células neoplásicas, colorretais provocadas por alterações
obtendo especificidade ainda maior. do gene p53; porém, há tumores
motivados por outras anormalidades
• Sua sensibilidade geral oscila entre
(gen c-Myc, k-ras p.ex.), que não
60% e 70% no diagnóstico do
seriam, portanto, detectados por
adenocarcinoma colorretal. Tem
análises de tal marcador. Além disso, a
razoável especificidade para processos
formação de anticorpos contra a
neoplásicos; no entanto, positiva-se
proteína alterada p53 é inconstante; a
em tumores de outros sítios, tais
dosagem de tais anticorpos em soro
como ovário, pulmão, próstata e
periférico em estudos atuais é variável
mama. Estudos sobre citoqueratinas
e obteve sensibilidade inferior a 30%.
como marcadores encontram-se em
fase de desenvolvimento inicial. e) VEGF
d) p53 • Ou "fator de crescimento vascular
endotelial" (vascular endothelial
• Na existência de defeitos genéticos
growth factor). As neoplasias, em seu
celulares, o gene p53 pode promover
processo de crescimento, secretam
o retardo da divisão celular para
substâncias estimulantes do
permitir o reparo dos genes ou pode
crescimento vascular que, por sua
induzir a ocorrência de apoptose
vez, originam vasos sangüíneos
(morte celular programada), na
responsáveis pela nutrição dos tecidos
vigência de defeitos não passíveis de
tumorais. Tais substâncias são
correção. Alteração no gene p53
passíveis de detecção em soro
possibilita a divisão de células com
periférico. Não serão, no entanto,
imperfeições genéticas e o
específicas para tumores de cólon e de
surgimento de neoplasias colorretais.
reto, pelo fato de a produção do VEGF
• O gene p53 origina, em condições ocorrer em diversos processos
normais, uma proteína p53 de neoplásicos; encontra-se, em
duração efêmera tecidual. O gene p53 investigação inicial, com sensibilidade
alterado produz uma proteína p53 na etapa de diagnóstico por volta de
alterada, de duração permanente. 50%.
Esta duração permanente possibilita a
f) Outros marcadores
formação de anticorpos anti-p53.
• São diversas as pesquisas atuais em
• O gene p53 alterado pode ser
torno de substâncias que poderão
identificado, portanto, por três
constituir eficientes marcadores
MÉTODOS: reações de PCR,
tumorais no câncer colorretal
determinando diretamente a alteração
(telomerase44-50; CD4451;
genética; reação imuno-
metaloproteinases52; c-erbB-253, E-
histoquímica, demonstrando na
caderina54, Bcl-255), dosados no
análise histológica a presença da
soro periférico ou nos tecidos do
proteína p53 alterada; e dosagem em
paciente. Estudos clínicos não
amostras de sangue periférico,
demonstraram até o momento
identificando anticorpos contra a
marcador perfeitamente eficaz; no
proteína alterada p53.
entanto, é possível que o marcador
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
ideal se encontre entre as substâncias
em estudo.

• Encontram-se disponíveis conjuntos


para dosagem em soro periférico de
CEA, CA 242, CA 19-9 e CA 72-4. Por
imuno-histoquímica podem ser
determinados no tecido: proteína p53,
angiogênese, c-erbB-2, E-caderina,
DCC e Bcl-2, relevantes como
marcadores tumorais. Estudos
genéticos são possíveis para
determinação de alterações, em casos
de HNPCC (câncer colorretal
hereditário não polipóide), por
exemplo, mas de custo elevado e de
disponibilidade reduzida atualmente.

ESTADIAMENTO
• O processo de estadiamento do câncer
de colo baseia-se no sistema TNM do
American Joint Committee on Cancer
(AJCC) e substitui os sistemas
anteriores de Duke e de Astler-Collier.

Vias de disseminação
• A disseminação tumoral é um processo
complexo e não de todo esclarecido,
que pode ser dividido em cinco etapas:
1) invasão e infiltração de tecidos
subjacentes por células tumorais,
dada a permeação de pequenos vasos
linfáticos e sangüíneos; 2) liberação
na circulação de células neoplásicas,
tanto isoladas como na forma de
pequenos êmbolos; 3) sobrevivência
dessas células na circulação; 4) sua
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
retenção nos leitos capilares de invade inicialmente os linfonodos
órgãos distantes; 5) seu mediastinais e, em seqüência, os
extravasamento dos vasos linfáticos supraclaviculares e cervicais. O
ou sangüíneos, seguido do mesmo se verifica com o câncer de
crescimento das células tumorais mama, que invade inicialmente os
disseminadas. linfonodos axilares homolaterais, só
posteriormente estendendo-se aos de
outras cadeias linfáticas
supraclaviculares, infraclaviculares,
cervicais, mediastinais e axilar
contralateral.

• Por um tempo não determinado, é


possível que os linfonodos consigam
impedir a disseminação das células
tumorais, pois, chegando aos
linfonodos, elas entram em contato
com células do sistema imunológico e,
então, podem ser destruídas. De outra
forma, se resistirem e encontrarem
condições vitais favoráveis, poderão
multiplicar-se.

• Disseminação sangüínea - As
• As vias pelas quais o tumor dissemina metástases por via hematogênica têm
são: transcavitária, linfática e seu início quando células tumorais
sangüínea. invadem os vasos sangüíneos. As
veias e vênulas, por possuírem paredes
• Disseminação transcavitária - As mais frágeis, são mais facilmente
metástases transcavitárias (ou penetradas do que artérias e
transcelômicas) ocorrem quando arteríolas. As metástases por via
células de um tumor maligno arterial podem ocorrer, por exemplo,
penetram alguma cavidade corporal quando células metastáticas cruzam o
e aí crescem e disseminam-se. Na leito capilar pulmonar, quando
prática, as cavidades mais afetadas atravessam comunicações
são a peritoneal e a pleural, porém a arteriovenosas ou quando as próprias
pericárdica, subaracnóidea e articular metástases pulmonares funcionam
podem também ser atingidas. como foco de novas células tumorais
• Disseminação linfática - As capazes de metastatizar.
metástases linfáticas são geralmente o • Em todo o organismo, os órgãos que
padrão inicial de disseminação das mais são comprometidos por esse tipo
neoplasias de origem epitelial, de disseminação são, obviamente, os
podendo ser utilizada por outros tipos mais vascularizados: pulmão e fígado,
de tumor. Elas seguem a drenagem em parte por receberem,
linfática normal da área do tumor respectivamente, grande volume de
primário, ocupando os linfonodos sangue procedente das circulações
mais próximos e que recebem maior cava e porta, ossos e cérebro.
número de vasos linfáticos aferentes.
Exemplo disto é a disseminação • Os locais mais comuns de metástases
linfática do câncer de pulmão, que do CaCR são as cadeias linfáticas das
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
artérias mesentérica superior e mobilidade e comprimento que
mesentérica inferior. Fígado, facilitem sua exteriorização pela
pulmões, ossos e SNC são os sítios parede abdominal (ROCHA, 2011).
mais comuns de metástases por via
hematogênica. O tumor também pode
disseminar-se por contiguidade,
invadindo o peritônio parietal
(carcinomatose peritoneal), a bexiga, a
vagina e outros órgãos vizinhos.

3) A cirurgia de intestino grosso pode


ter vários nomes conforme o local do
cólon que vai ser retirado. O que é
colostomia?

Estomia intestinal
• As estomias intestinais, dependendo
• As estomias intestinais são as mais da localização, podem apresentar
conhecidas entre as de eliminação, as características peculiares ao segmento
quais podem ser temporárias ou do intestino em que foi realizada,
permanentes/definitivas. São podendo ser classificadas conforme
temporárias quando o problema que apresentado no Quadro 3.
levou à sua confecção é sanado e
possibilita a reconstrução do
trânsito intestinal ou a reversão do
trato digestório cirurgicamente. Por
sua vez, as permanentes/ definitivas
são as que apresentam o segmento
distal do intestino grosso, na porção do
colo ascendente e sigmoide e o reto,
impedindo o restabelecimento do
trânsito intestinal (NASCIMENTO et
al., 2011).

• Outra classificação é conforme o


segmento do intestino utilizado
e/ou da técnica cirúrgica realizada.
Tanto a localização anatômica da
estomia como a técnica cirúrgica • Em alguns casos é possível realizar a
empregada terão impacto nos reversão da estomia intestinal. Essa
domínios biopsicossociais e espirituais reversão é um procedimento cirúrgico
e influenciarão as características e o para reconstrução do trânsito
volume de drenagem e, intestinal, no tempo oportuno. A
consequentemente, o estilo e a celeridade na realização da reversão
qualidade de vida do indivíduo. apresenta benefícios tanto ao sistema
de saúde quanto às pessoas, visto que
• As estomias realizadas no segmento reduz o custo do tratamento e melhora
distal do intestino delgado (íleo) são a qualidade de vida e a funcionalidade.
denominados ileostomias, já as do
intestino grosso são as colostomias.
As intestinais são feitas em alças com
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• As complicações da estomia saliência total ou parcial na base da
intestinal mais comuns são (SANTOS; estomia. Indica-se cirurgia corretiva
CESARETTI, 2015): apenas quando a hérnia está causando
muitos transtornos às atividades de
• Abscesso: pode surgir na estomia ou vida diária.
no orifício de exteriorização da alça
intestinal e é geralmente provocado • Necrose: pode ocorrer por isquemia
por fungos ou germes anaeróbicos. arterial (insuficiência na chegada de
sangue), ou por isquemia venosa
• Edema: ocorre pela infiltração de (drenagem venosa do segmento
líquido nos tecidos próximos ao exteriorizado).
estoma e/ou pela mobilização da alça
intestinal para sua exteriorização. Sua • Prolapso: exteriorização inesperada
evolução deve ser acompanhada, uma total ou parcial do segmento da alça
vez que pode provocar necrose, por intestinal pela estomia de forma
diminuição da irrigação sanguínea. gradativa ou súbita. Esta complicação
não é letal, mas causa problemas de
• Estenose: surge geralmente no pele e grande dificuldade no cuidado
terceiro mês de pós-operatório, quando com a estomia.
ocorre estreitamento da luz da
estomia, ocorrendo dificuldade • Retração: ocorre devido à má fixação
crescente para eliminar o conteúdo ou à insuficiente exteriorização da alça
intestinal. A correção poderá intestinal, levando ao deslocamento
necessitar de tratamento cirúrgico. da estomia para a cavidade
abdominal.
• Foliculite: causada pela remoção
traumática dos pelos da região • Lesão da pele periestomial: pode
periestomia ou pela remoção decorrer do contato com efluente ou
inadequada da bolsa, provocando produtos utilizados na pele
lesão/inflamação na epiderme ao redor periestomial. Esses agentes causam
do folículo piloso. distúrbios nos mecanismos de defesa
da pele, permitindo a penetração de
• Varizes periestomias: ocorrem com a substâncias nocivas e desenvolvendo
dilatação das veias cutâneas ao redor processo inflamatório. As causas
da estomia de cor roxo-azulado. mais comuns de dermatite por trauma
• Hemorragia: pode ocorrer nas mecânico incluem técnicas de limpeza
primeiras horas após a confecção da ou retirada traumática do dispositivo,
estomia, geralmente em decorrência da fricção ou pressão contínua de
hemostasia inadequada durante a dispositivos mal-adaptados, ou troca
construção da estomia. Ressalta-se frequente de bolsa coletora.
que um pequeno sangramento inicial
pode acontecer, mas, se for contínuo e
abundante, um atendimento
hospitalar deve ser procurado
imediatamente.

• Hérnia periestomia: surge quando


existe um espaço entre o segmento
intestinal que forma a estomia e o
tecido circundante, configurando um
defeito, sendo o resultado de uma
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV

Câncer de mama
oncologia
1) Debater sobre fatores de risco, câncer de mama. A exposição
rastreamento/prevenção de câncer de prolongada a estrogênios está
mama. (BRCA1 e BRCA2, recomendações associada a aumento do risco de
de prevenção baseadas no status câncer de mama. A exposição a
genético, discutir BIRADS da estrogênios é maior com menarca
mamografia). precoce, menopausa tardia e
nuliparidade ou primeira gestação
Fatores de risco após os 30 anos. O aleitamento
materno tem efeito protetor sobre o
• Aproximadamente metade das
risco de câncer de mama.
mulheres diagnosticadas com câncer
de mama apresentam fatores de risco • Nas pacientes pós-menopáusicas, a
identificáveis além de faixa etária e principal fonte de estrogênios é a
sexo. Há fatores hormonais e desidroepiandrosterona (DHEA),
reprodutivos específicos que produzida nas suprarrenais e
aumentam o risco de câncer de mama. subsequentemente metabolizada a
Além disso, alguns fatores ligados a estradiol e estrona. Nas mulheres
modo de vida, dieta e ambiente pós-menopáusicas, níveis mais altos
também são capazes de aumentar o de estrogênios mantêm correlação com
risco de câncer de mama. risco aumentado de câncer de mama.
• Antecedentes pessoais ou familiares • Maior densidade mineral óssea e
de câncer de mama, assim como maior densidade da mama à
história de doença benigna da mama mamografia, talvez representantes de
também aumentam o risco de evolução maior exposição a estrogênios em
para câncer de mama. longo prazo, também foram associados
a maior risco de câncer de mama.

Exposição exógena aos estrogênios


• A participação dos estrogênios
exógenos no risco de câncer de mama
é complexa e tem sido extensamente
estudada. Em geral, aceita-se que o
uso de contraceptivos orais (COs) no
passado não resulte em aumento
significativo no risco de câncer de
mama em mulheres com mais de 40
anos de idade. Os dados sobre o uso de
Exposição a estrogênios CO em mulheres com história
familiar de câncer de mama são
endógenos/fatores reprodutivos
conflitantes.
• Sabe-se que fatores hormonais e
reprodutivos influenciam o risco de
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• Em um estudo, sugeriu-se que as • Em pré-menopáusicas, os estudos
mulheres que fizeram uso de CO antes sugerem uma associação inversa
de 1975 (formulações com doses entre obesidade e câncer de mama.
maiores) e que, além disso, tinham um A obesidade é frequentemente
parente de primeiro grau com câncer associada a ciclos menstruais mais
de mama, teriam maior risco. Em longos e a ciclos anovulatórios,
outro estudo, uma avaliação realizada resultando em menor exposição total a
pela Women’s Health Initiative (WHI) estrogênios e menor risco de câncer de
da terapia de reposição de mama. A relação entre exercício e
estrogênio (TRE) em pós- risco de câncer de mama permanece
menopáusicas, concluiu-se ter havido obscura. Há dados sugerindo que
aumento discreto no risco de câncer níveis maiores de atividade física em
de mama entre as mulheres tratadas pós-menopáusicas reduziriam o risco
com uma combinação de estrogênio e de câncer de mama. Essa redução
progestina. talvez possa estar relacionada com a
redução do IMC ou com a redução
• O risco parece aumentar com a
nos níveis séricos de estrogênios
duração do uso. Contudo, o uso de
relacionados com o exercício.
TRE em curto prazo (menos de 4 a 5
anos) não foi definitivamente Dieta
associado a aumento no risco de
• Há evidências epidemiológicas
câncer de mama. Por outro lado, dados
robustas indicando que o risco de
recentes do estudo patrocinado pela
câncer de mama é maior entre
WHI demonstraram que, o uso apenas
mulheres com consumo moderado a
de estrogênio por pós-menopáusicas
alto de bebidas alcoólicas (≥ 3 doses
com histerectomia prévia, de fato,
diárias) em comparação com mulheres
reduz o risco de câncer de mama.
abstêmias. Em um grande ensaio
• No momento, os diferentes efeitos prospectivo, o Nurse’s Health Study,
produzidos pela combinação de até mesmo o consumo baixo de álcool
estrogênio e progestina em (equivalente a 3 a 6 copos de vinho por
comparação com estrogênio usado semana) esteve associado a aumento
isoladamente não estão totalmente discreto, porém significativo, no
compreendidos. risco de câncer de mama, com risco
relativo de 1,15 (IC de 95%, 1,06-1,24;
Estilo de vida
333 casos/100.000 pessoas-ano).
• Peso e índice de massa corporal
• Os dados também sugerem que o risco
(IMC) são considerados fatores de risco
de câncer de mama aumenta
de câncer de mama, embora possam
linearmente com o consumo
ter influências opostas sobre o risco
cumulativo de álcool ao longo da
de câncer de mama antes e após a
vida, o que, por sua vez, está
menopausa. Nas pacientes pós-
associado a aumento nos níveis de
menopáusicas, nas quais a principal
estrogênios endógenos. Os estudos
fonte de estrogênios é o metabolismo
que examinaram o consumo de
dos androgênios suprarrenais a
gorduras em relação ao risco de câncer
estrogênios no tecido adiposo, a
de mama produziram resultados
obesidade está associada a aumento
ambíguos, com vários estudos de caso-
nas concentrações séricas de
controle e de coorte sugerindo no
estrogênios biodisponíveis e maior
máximo aumento discreto no risco
risco de câncer de mama.
para maior consumo de gorduras.
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
Fatores ambientais complexos, resultam em um pequeno
aumento no risco relativo, estimado
• O fator de risco ambiental mais entre 1,5 e 2,0. As lesões
contundente para câncer de mama é a proliferativas com atipia (hiperplasia
radiação ionizante. Doses moderadas ductal atípica, hiperplasia lobular
a altas de radiação ionizante no tórax atípica, atipia epitelial plana e
na juventude, como nos casos de carcinoma lobular in situ) estão
tratamento de doença de Hodgkin, associadas a aumento no risco de
implicam risco significativo de câncer câncer de mama invasivo.
de mama mais tarde na vida. O risco é
máximo nas pacientes expostas na Fatores de risco para câncer de mama
fase pré-puberal ou na puberdade. no sexo masculino
• Entre os fatores de risco para câncer
de mama no sexo masculino estão
antecedentes familiares, mutações
em BRCA2, síndrome de Klinefelter,
doença hepática crônica e quadros
testiculares, como orquite,
criptorquidia e lesão testicular.
Supõe-se que o aumento no risco de
câncer de mama no sexo masculino
seja secundário a um desequilíbrio
entre efeitos estrogênicos e
androgênicos.

Rastreamento
• A maioria dos especialistas norte-
americanos recomenda rastreamento
de câncer de mama, com mamografia
com ou sem exame clínico da mama
anualmente para mulheres com
mais de 50 anos de idade, e a cada 1
a 2 anos para aquelas com idade entre
40 e 49 anos.

• Em 2009, a U.S. Preventive Services


Task Force (USPSTF) revisou suas
diretrizes para rastreamento de câncer
de mama e fez recomendação
Doença benigna da mama contrária à mamografia para
rastreamento de rotina em mulheres
• As doenças benignas da mama são com idade entre 40 e 49 anos. Após
classificadas como lesões muitos debates, a USPSTF revisou
proliferativas e não proliferativas. essa recomendação e passou a
As não proliferativas não estão considerar que a decisão de iniciar o
associadas a maior risco de câncer de rastreamento regular com
mama. As lesões proliferativas sem mamografia antes dos 50 anos deve
atipia, tais como hiperplasia, adenose ser tomada individualmente para
esclerosante, papilomatose difusa, cada paciente.
cicatriz radial e fibroadenomas
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
• Diversos grupos de especialistas não mamografia em mulheres com
afirmam explicitamente em que idade menos de 50 anos (recomendação
deve-se interromper o rastreamento de contrária forte: os possíveis danos
câncer de mama. A USPSTF claramente superam os possíveis
recomenda rastreamento com benefícios). Por isso, também as
mamografia até 74 anos de idade; principais diretrizes e programas de
outros grupos recomendam que as rastreamento do mundo não
mulheres com mais de 75 anos recomendam o rastreamento de
devem consultar seu médico acerca mulheres abaixo desta idade.
do papel do rastreamento.

• Embora o exame clínico da mama


(ECM), geralmente, seja recomendado,
sua participação independente é difícil
de determinar, uma vez que a maioria
dos estudos inclui, tanto mamografia
quanto ECM. Há poucos ensaios
clínicos randomizados para orientar as
recomendações acerca do ECM. Dados
limitados sugerem que o ECM ajuda a
diagnosticar cânceres de mama em
estágio inicial quando os tumores
são mais acessíveis a tratamento
local conservador.

• A técnica correta de realização do ECM


parece ser um fator importante.
Embora se acredite que as mulheres
com parentes de primeiro grau com
história de câncer de mama, Prevenção
particularmente de câncer de mama • A prevenção primária do câncer de
antes da menopausa, devam ser mama está relacionada ao controle
submetidas a rastreamento mais dos fatores de risco conhecidos e à
precocemente, não existem dados de promoção de práticas e
mortalidade que corroborem essa comportamentos considerados
recomendação. As portadoras de protetores.
mutação em BRCA1 e BRCA2 devem
ser orientadas a realizar rastreamento • Os fatores hereditários e os associados
intensivo, conforme detalhado ao ciclo reprodutivo da mulher não
anteriormente. são, em sua maioria, modificáveis;
porém fatores como excesso de peso
• INCA: A mamografia de rastreamento corporal, inatividade física,
– exame de rotina em mulheres sem consumo de álcool e terapia de
sinais e sintomas de câncer de mama reposição hormonal, são, em
– é recomendada na faixa etária de 50 princípio, passíveis de mudança.
a 69 anos, a cada dois anos. Fora
dessa faixa etária e dessa • Por meio da alimentação, nutrição,
periodicidade, os riscos aumentam e atividade física e gordura corporal
existe maior incerteza sobre benefícios. adequados é possível reduzir o risco de
O Ministério da Saúde recomenda a mulher desenvolver câncer de mama.
contra o rastreamento com Como medidas que podem contribuir
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
para a prevenção primária da doença, Observou-se frequência notavelmente
estimula-se, portanto, praticar mais alta de cerca de 1 em 40 (2,5%)
atividade física, manter o peso entre indivíduos com ancestrais
corporal adequado, adotar uma judeus asquenazi, em comparação
alimentação mais saudável e evitar com a prevalência de 1% na população
ou reduzir o consumo de bebidas geral.
alcóolicas. Amamentar é também um
• As mutações em BRCA1 ou BRCA2
fator protetor.
herdadas predispõem as portadoras
BRCA1 e BRCA2 do sexo feminino a câncer de ovário
e de mama. Os portadores masculinos
• Embora 20 a 30% das mulheres com
de mutações em BRCA2 têm risco
câncer de mama tenham pelo menos
aumentado de desenvolver câncer de
um parente com história de câncer
mama ou de próstata. Cânceres de
de mama, apenas 5 a 10% das
pâncreas, estômago e melanoma
pacientes com câncer de mama
também são encontrados em
apresentam predisposição
portadores de mutações em BRCA1 e
hereditária identificável. A maioria
BRCA2.
dos cânceres de mama hereditários
são causados por mutações nos • Em geral, estima-se que o risco em
genes BRCA1 e BRCA2, que também toda a vida de desenvolver câncer de
predispõem ao câncer de ovário. mama varie entre 50% e 80% entre as
Mutações raras em outros genes, mulheres portadoras de mutação em
incluindo PTEN, p53, CDH1, e STK BRCA1 ou BRCA2, e entre 5% e 10%
11, também foram associadas a para portadores masculinos de
aumento no risco de câncer de mama. mutação. O risco de desenvolver
câncer de ovário durante toda a vida
entre portadoras femininas de
mutação em BRCA1 foi estimado entre
30% e 45%, enquanto o das portadoras
femininas de mutação em BRCA2 varia
entre 10% e 20%.
• Os cânceres de mama associados a
BRCA1, geralmente, são tumores de
alto grau negativos para receptores
• Os genes BRCA1 e BRCA2 foram de estrogênio e progesterona, sem
clonados, respectivamente, em 1994 e hiperexpressão de HER2/neu. Os
1995. Os genes BRCA1 e BRCA2 são cânceres de mama associados a
autossômicos dominantes, que se BRCA2 apresentam espectro de
supõe, atuarem como genes características patológicas e
supressores tumorais. Eles têm moleculares semelhantes às de
participação na resposta celular a cânceres esporádicos de mama.
danos no DNA e estão envolvidos no
reparo do DNA de dupla fita. TESTES GENÉTICOS PARA MUTAÇÕES EM BRCA1
E BRCA2
• O BRCA1 foi mapeado no cromossomo
17q21, enquanto o BRCA2 foi • A decisão de indicar testes genéticos
mapeado no cromossomo 11. A para mutação em BRCA1 ou BRCA2 é
prevalência de mutações em BRCA1 e complexa, considerando que o
BRCA2 varia entre os grupos étnicos. resultado positivo tem implicações
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
para o indivíduo e para sua família. teste genético. Outros critérios são
O consenso geral é que se deve indicar diagnóstico de câncer de mama com ≤
a realização dos testes às pacientes 50 anos e parente próximo com
cujo risco de ter uma mutação câncer de mama com ≤ 50 anos,
deletéria seja no mínimo de 10%. O história de câncer de ovário em
BRCAPRO é um algoritmo preditivo qualquer idade, ou com dois cânceres
frequentemente usado em situações primários em que o primeiro tenha
clínicas de alto risco. sido diagnosticado antes dos 50 anos
de idade.
• Embora não existam critérios
padronizados, consideram-se • O NCCN também recomenda que, os
sugestivas da presença de mutações indivíduos diagnosticados com câncer
em BRCA1 ou BRCA2 as histórias de mama triplamente negativo com
familiares que incluam dois ou mais idade < 60 anos devam ser
parentes com câncer de mama, considerados para teste genético. Os
geralmente, com predomínio de casos pacientes do sexo masculino com
de instalação precoce (menos de 50 câncer de mama devem ser
anos de idade), câncer de ovário, encaminhados para teste, assim como
câncer de mama no sexo masculino as mulheres com história pessoal de
e evidência de transmissão em duas câncer epitelial de ovário/tuba
ou mais gerações ou por parentes uterina/peritoneal primário. Antes
masculinos. de serem submetidos aos testes
genéticos, os indivíduos devem receber
• Uma história pessoal de câncer de
orientações acerca das possíveis
mama diagnosticado antes dos 40
implicações clínicas, psicológicas e
anos de idade, câncer de ovário
legais associadas a esses testes.
invasivo, câncer de mama bilateral
ou câncer de mama e de ovário • As implicações dos resultados
também são característicos de positivos e negativos devem ser
portadoras de mutações em BRCA1 ou cuidadosamente revisadas. Os
BRCA2. familiares em risco com base na
genealogia familiar devem ser
• Além disso, indivíduos com ancestrais
identificados, e os indivíduos com teste
judeus asquenazi com câncer de
positivo devem ser estimulados a
mama e parentes de quem é
compartilhar essa informação com
sabidamente portador de mutação,
seus parentes.
têm risco aumentado de mutação em
BRCA1 ou BRCA2 e a possibilidade de
teste deve ser considerada.

• O National Comprehensive Cancer


Network (NCCN) estabeleceu critérios
sobre que pacientes devem ser
encaminhados para teste genético
de BRCA1/BRCA2. A NCCN
recomenda considerar a possibilidade
de teste em indivíduos de famílias
sabidamente com mutação deletéria
em BRCA1/BRCA2. Indivíduos com
diagnóstico de câncer de mama ≤ 45
anos devem ser encaminhados para
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
rastreamento de câncer de mama
recomendam exame de RM anual
associada à mamografia em
pacientes portadoras de mutação
em BRCA.

• As diretrizes clínicas sugerem iniciar


CONDUÇÃO EM CASO DE PORTADORES DE
com os exames de RM aos 25 anos de
MUTAÇÃO EM BRCA
idade. Para as pacientes que optem
• Há várias estratégias para redução do por não realizar SOB profilática,
risco entre portadores de mutação em recomenda-se rastreamento para
BRCA. A mastectomia bilateral câncer de ovário duas vezes ao ano
profilática, o método mais efetivo para com ultrassonografia transvaginal e
reduzir o risco de câncer de mama dosagem de CA-125. Contudo, é
entre portadoras, deve ser oferecida a necessário advertir que essas medidas
todas as mulheres com mutação em não têm eficácia comprovada.
BRCA1 ou BRCA2. O risco residual de
BIRADS
câncer de mama após a cirurgia é <
10%.

• A salpingo-oforectomia bilateral
(SOB) profilática também deve ser
oferecida às mulheres com mutação
em BRCA1 ou BRCA2. Além da
redução no risco de câncer de ovário
em 90%, demonstrou-se que a SOB
reduz o risco de câncer de mama em
aproximadamente 50% em
portadoras pré-menopáusicas de
mutação que não tenham sido
submetidas à cirurgia profilática.
• As pacientes que optem por não
realizar mastectomias profiláticas
devem ser acompanhadas de perto
com rastreamento para câncer de
mama. Em geral, as diretrizes para
portadoras de mutação sugerem
mamografias anuais com início
entre 25 e 30 anos de idade, exames
clínicos da mama duas vezes ao ano e
autoexame das mamas uma vez por
mês.

• A ressonância magnética (RM) da


mama é mais sensível que a
mamografia para detecção de câncer 2) Compreender manifestações clínicas,
de mama em pacientes de alto risco, diagnóstico, classificação (grau e
ao custo de maior taxa de resultados
imunohistoquímica), estadiamento e
falso-positivos. As diretrizes da
American Cancer Society para
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
fatores prognósticos de tumor de investigação de massa mamária
mama. palpável, em qualquer mulher com
idade igual ou superior a 30 anos, a
Manifestações clínicas fim de avaliar seu tamanho e outras
• O câncer de mama pode ser percebido características radiológicas, assim
em fases iniciais, na maioria dos casos, como para detectar outras lesões
por meio dos seguintes sinais e clinicamente ocultas em ambas as
sintomas: mamas.

• Nódulo (caroço), fixo e geralmente Massa mamária palpável


indolor: é a principal manifestação da • A maioria dos especialistas concorda
doença, estando presente em cerca de que, em mulheres com idade igual ou
90% dos casos quando o câncer é superior a 30 anos, qualquer massa
percebido pela própria mulher. dominante deve ser investigada por
• Pele da mama avermelhada, retraída exame físico, mamografia e
ou parecida com casca de laranja. ultrassonografia. Pode-se indicar
biópsia por agulha grossa (core
• Alterações no bico do peito (mamilo). biópsia) guiada por imagem, quando
a lesão for suspeita e visível em exame
• Pequenos nódulos nas axilas ou no
de imagem. Se a lesão não for
pescoço.
facilmente acessível, a paciente deve
• Saída espontânea de líquido anormal ser encaminhada a um cirurgião para
pelos mamilos. biópsia cirúrgica definitiva. É
importante observar que uma
Diagnóstico mamografia negativa não exclui o
• O câncer de mama, na maioria das diagnóstico de câncer.
vezes, é diagnosticado por biópsia de
• Para mulheres com menos de 30
massa palpável ou por biópsia de
anos, a avaliação inicial deve ser feita
alteração identificada à mamografia.
com exame físico e ultrassonografia
A investigação diagnóstica definitiva
seguidas por biópsia guiada por
deve ser iniciada imediatamente em
ultrassonografia ou encaminhamento
qualquer caso de anormalidade na
a cirurgião para diagnóstico definitivo.
mama e prosseguir até a resolução. As
Embora se tenha quem defenda a
lesões em homens devem ser
possibilidade de diferenciar massas
avaliadas de forma semelhante àquela
sólidas malignas com
preconizada para as mulheres.
ultrassonografia, a maioria considera
• Além disso, uma massa mamária que a avaliação deva ser feita com
dominante em gestante ou lactante biópsia por agulha ou excisional.
não deve ser automaticamente
• Lesões palpáveis podem ser aspiradas
atribuída a alterações hormonais; há
sob direcionamento clínico, e a
indicação de investigação diagnóstica.
resolução da massa com a aspiração
Na presença de nódulo mamário
de líquido é evidência de que se trata
persistente, o exame físico
de cisto simples. Se a
isoladamente ou uma mamografia
ultrassonografia revelar um cisto
normal não são capazes de excluir a
simples, não há necessidade de outras
possibilidade de malignidade. A
intervenções. Os cistos sintomáticos
recomendação geral é incluir a
podem ser aspirados para alívio dos
mamografia como parte da
sintomas, embora, frequentemente,
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
exista recidiva. Os cistos complexos • Em geral, menor grau (1) indica um
que parecem conter tecido sólido além câncer de crescimento mais lento e é
de líquido devem ser submetidos a menos provável que se dissemine,
biópsia excisional após localização enquanto um grau mais alto (3) indica
com agulha com o objetivo de avaliar um câncer de crescimento mais
todo o cisto. rápido, mais provável de se
disseminar.
• Alternativamente, pode-se considerar
a possibilidade de biópsia guiada por Classificação histológica
ultrassonografia. Contudo, se for essa
a opção, deve-se posicionar um clipe • São examinadas três características
para que, caso exista necessidade de histológicas e a cada uma se atribui
avaliação adicional, tenha um uma pontuação para determinar a
marcador para orientar futuras classificação histológica. As
intervenções, considerando que a pontuações são somadas. A soma
biópsia pode dificultar a visualização entre 3 e 9 é utilizada para obter um
da lesão. Nos casos em que o exame grau entre 1, 2 e 3 e que pode
físico e a imagem da mama sejam aparecer no seu laudo de patologia. Às
consistentes com tecido vezes, os termos bem diferenciado,
fibrocístico, deve-se considerar moderadamente diferenciado e
realizar biópsia por agulha fina. pouco diferenciado são usados para
Independentemente da biópsia ser descrever o grau em vez dos números:
realizada, essas pacientes devem ser • Grau 1 ou bem diferenciado
acompanhadas com exame em 2 (Pontuação 3, 4 ou 5). As células
meses a fim de confirmar que não há estão crescendo mais lentamente e se
progressão. parecem mais com o tecido normal da
mama.
Mamografia anormal
• As pacientes que apresentam • Grau 2 ou moderadamente
mamografia de rastreamento diferenciado (Pontuação 6 ou 7). Têm
anormal sem nódulo mamário características entre os tipos 1 e 3.
palpável também têm indicação de • Grau 3 ou pouco diferenciado
investigação imediata. A rotina irá (Pontuação 8 ou 9). As células não
depender das recomendações do tem características normais e tendem
radiologista responsável pela a crescer e se disseminar de forma
interpretação da imagem. O grau de mais agressiva.
anormalidade é classificado utilizando
o sistema BI-RADS (Breast Imaging Imunohistoquímica
and Reporting Data System). • O exame de imunohistoquímica para
Classificação tumores mamários utiliza um painel
específico de anticorpos que indicam
Grau o prognóstico do câncer de mama e
• O patologista atribui uma nota para o auxiliam na determinação do
câncer, que é baseada em quão a tratamento.
amostra de biópsia se parece com o • A expressão do receptor de estrógeno
tecido mamário normal e à rapidez (RE), receptor de progesterona (RP)
com que as células cancerígenas se e as proteínas HER2 são
dividem. O grau pode prever o convencionalmente medidas pela
prognóstico de uma paciente. imunohistoquímica. Por meio deste
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
exame, é possível definir o perfil hormonais e para superexpressão de
molecular tumoral, ou seja, HER2, além da baixa expressão de
determinar o tipo de mutação genética BRCA1. Na imuno-histoquímica
e as proteínas expressas, possuem um padrão triplo negativo
possibilitando assim uma conduta pois há ausência na imunomarcação
terapêutica personalizada. para RE, RP e HER2, porém podem
apresentar positividade para
• Classificação molecular dos tumores
citoqueratina 5 ou 5/6 e para receptor
de mama:
de fator de crescimento epidérmico
• Luminal A: representa cerca de 60% (EGFR).
dos carcinomas de mama e têm um
Estadiamento
melhor prognóstico. Na
imunohistoquímica apresentam • O estadiamento de câncer de mama
positividade para RE e/ou RP e normalmente é feito de acordo com o
negatividade para HER2, sendo o sistema TNM. O sistema de
índice de Ki-67 (marcador de estadiamento publicado pelo American
multiplicação celular) menor que Joint Committee on Cancer (AJCC) foi
14%. Em sua maioria, trata-se de modificado em 2010. A sobrevida em 5
tumores de baixo grau histológico e anos, mantém forte relação com o
são responsivos a terapias-alvo à base estágio do tumor, variando entre 99%
de tamoxifeno e inibidores de para as mulheres com doença em
aromatase. estágio 0, e 14% para aquelas com
doença no estágio IV.
• Luminal B: em sua maioria possuem
receptores hormonais em baixos Avaliação para o estadiamento
níveis, expressam genes associados ao
• A avaliação inicial de qualquer
HER2 e maior número de genes de
paciente com câncer de mama recém-
proliferação celular, como o Ki-67,
diagnosticado deve incluir história e
levando a um pior prognóstico. A
exame físico meticulosos. O exame
expressão de HER2 e Ki-67, é
físico deve se concentrar na palpação
diagnóstico diferencial para esse
de mamas, cadeias de linfonodos e
subtipo. Os tumores são mais
abdome, além de avaliação da pele
responsivos a antiestrogênicos do
para possível envolvimento da doença.
que os do tipo luminal A.
• A conduta adicional inclui
• Superexpressão de HER2: tumores
mamografia e exames de sangue de
desse subtipo superexpressam HER2
rotina, com hemograma completo e
e são negativos para receptores
testes de função hepática. Valores
hormonais, possuem o segundo pior
anormais nos exames laboratoriais ou
prognóstico em relação aos demais. Há
sinais ou sintomas de doença
uma elevada taxa de recorrência, mas
metastática indicam avaliação
a terapia-alvo com trastuzumabe
complementar com radiografia de
melhora o prognóstico.
tórax, tomografia computadorizada
• Triplo negativo/Basaloide: tem como (TC) de tórax, abdome e pelve; e
característica o surgimento de vários cintilografia óssea.
genes expressos em células basais, são
• Para as pacientes assintomáticas com
de alto grau histológico e possuem
câncer de mama em estágio inicial
alto índice mitótico. Apresentam
(estágios I e II), os exames
negatividade para receptores
radiográficos, como radiografia de
Yanina Sobolow – 4P Tutoria IV
tórax, TC de tórax, abdome e pelve e
cintilografia óssea, têm baixo valor
diagnóstico e geralmente não são
recomendados. Por outro lado, todas
as pacientes com doença em estágio
III devem ser submetidas a exames de
TC de tórax, abdome e pelve e à
cintilografia óssea.

• Embora a tomografia por emissão de


pósitrons (PET) seja capaz de
identificar sítios de metástase de
câncer de mama, não há
recomendação de realizar esse exame
para estadiamento de câncer de mama
localizado.

Fatores prognósticos
• Envolvimento de linfonodos – O
tecido mamário, normalmente, drena
para os linfonodos localizados na axila,
e o envolvimento canceroso desses
linfonodos é uma indicação de
probabilidade de disseminação do
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câncer e de sua presença em órgãos ovarianas, mas até o momento não há
distantes. As pacientes com linfonodos evidências de eficácia obtidas em
positivos geralmente são tratadas com ensaios clínicos randomizados. A
quimioterapia, hormonoterapia ou hormonoterapia não é benéfica em
ambas, após tratamento local, mesmo pacientes com tumores negativos
quando o tumor tenha sido para receptores hormonais.
completamente removido. O tipo de
• Situação de HER2/neu – Ensaios
tratamento sistêmico a ser
para HER2/neu são realizados
recomendado depende de o tumor
rotineiramente no material tumoral. As
expressar receptores hormonais
pacientes com tumores invasivos e
e/ou a proteína HER2/neu.
hiperexpressão de HER2/neu são
• Tamanho e extensão do tumor – beneficiadas com o tratamento pós-
Além da situação dos linfonodos, o operatório com trastuzumabe, um
prognóstico de pacientes com câncer anticorpo monoclonal anti-HER2/neu.
de mama depende do tamanho do
• Idade e/ou estado menstrual – As
tumor, uma vez que os tumores
pacientes com menos de 50 anos de
maiores (< 2 cm) recidivam com mais
idade ou pré-menopáusicas por
frequência. Em alguns casos, a
ocasião do diagnóstico de câncer de
quimioterapia pode ser administrada
mama são mais beneficiadas com
antes da cirurgia para reduzir o
quimioterapia sistêmica adjuvante
tamanho de um tumor volumoso (> 5
do que as pós-menopáusicas. As pós-
cm) ou que tenha se estendido para a
menopáusicas têm menos benefício
parede torácica.
absoluto na redução do risco de
• Histologia – Há diversos tipos recorrência em comparação com as
histológicos de câncer de mama. pré-menopáusicas, mas ainda podem
Contudo, desde o ponto de vista do obter algum benefício com a
tratamento, a distinção mais quimioterapia adjuvante.
importante é entre tumores invasivos
e não invasivos (in situ). O
tratamento cirúrgico dos cânceres in
situ é semelhante ao dos invasivos,
mas em geral não se recomenda
dissecção de linfonodos axilares.
• Situação de receptores hormonais –
Os ensaios para detecção de
receptores de estrogênio (RE) e de
progesterona (RP) são rotineiramente
realizados por patologistas no material
tumoral. As pacientes com tumores
positivos para receptor hormonal serão
beneficiadas com tratamento
endócrino pós-operatório (p. ex., com
tamoxifeno) ou, nas pós-
menopáusicas, com inibidor da
aromatase (anastrozol, letrozol ou
exemestano). Para as pacientes pré-
menopáusicas, podem ser
consideradas ablação ou supressão
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3) Discutir hormonioterapia no câncer anual de recorrência do câncer de
de mama com efeitos colaterais. mama em cerca de 40% e o risco anual
de morte em 35% nas pacientes com
• A terapia hormonal tem como objetivo câncer de mama localizado RE-
reduzir o estrogênio e, positivo.
consequentemente, bloquear o
crescimento das células cancerosas • O tamoxifeno adjuvante seguido por
que requerem esse hormônio para sua inibidor da aromatase é uma das
proliferação. O câncer de mama opções padronizadas para pacientes
positivo para receptor (RE e/ou RP) pós-menopáusicas com câncer de
requer estrogênio para crescer, mama localizado RE-positivo e, é a
enquanto aqueles negativos para única opção aceita para as pacientes
receptor não dependem do hormônio pré-menopáusicas com câncer de
para crescer. Portanto, a terapia mama localizado RE-positivo.
hormonal só é efetiva nos casos de
• Inibidores da aromatase em
câncer positivo para receptor
pacientes pós-menopáusicas –
hormonal. Na terapia hormonal são
Diversos ensaios clínicos
utilizados:
randomizados com pacientes pós-
• Tamoxifeno – modulador seletivo do menopáusicas com câncer de mama
receptor de estrogênio (MSRE) localizado positivo para receptor
utilizado por via oral. hormonal demonstraram que o uso de
inibidores da aromatase como terapia
• Inibidores da aromatase (letrozol, adjuvante antes ou após uso do
anastrozol, exemestano) – usados tamoxifeno foi superior ao uso isolado
apenas em pós-menopáusicas. Nas do tamoxifeno e ao placebo em
pacientes pré-menopáusicas, esses termos de sobrevida livre da doença
medicamentos não são efetivos, uma e taxa de câncer na outra mama.
vez que a inibição da aromatase Assim, o uso de um inibidor da
resulta em feedback estrogênico aromatase está indicado como parte da
negativo ao nível de hipotálamo e terapia hormonal adjuvante em todas
hipófise, levando a aumento na as pacientes pós-menopáusicas com
secreção de gonadotrofina e aumento câncer de mama positivo para
na produção de estrogênios pelos receptor hormonal.
ovários.
• Efeitos colaterais da terapia
• Fulvestranto – Antiestrogênio puro hormonal – Entre os efeitos colaterais
injetável. estão queixas vasomotoras e
• Supressão da função ou ablação leucorreia e/ou atrofia vaginal.
ovariana – por meio de remoção Embora raramente, o tamoxifeno foi
cirúrgica dos ovários, irradiação dos associado a aumento do risco de
ovários ou administração de análogos câncer uterino, episódios
do hormônio liberador de hormônio tromboembólicos e acidentes
luteinizante (p. ex., goserelina ou vasculares encefálicos. Os inibidores
leuprolida). da aromatase também foram
associados à redução da densidade
• Benefícios da terapia hormonal – mineral óssea, aumento no risco de
Dados do Early Breast Cancer Trialists fraturas, dores musculoesqueléticas e
Collaborative Group (EBCTCG) aumento discreto do colesterol.
demonstraram que a administração de
tamoxifeno por 5 anos reduz o risco

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