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Série branca

Leucócitos:
 Os leucócitos constituem um grupo de diferentes células com diversas funções no sistema imune. Alguns leucócitos atacam
diretamente o invasor, outros produzem anticorpos, outros apenas fazem a identificação, etc.
 O valor normal dos leucócitos varia entre 4.000 e 11.000 células por mm³ (valor varia de acordo com o laboratório).
 São células incolores e as únicas nucleadas do sangue dos mamíferos.
 São elementos mielóides, ou seja, se desenvolvem na medula óssea, com excessão dos Linfócitos que são formados em
tecidos linfoides.

 LEUCOCITOSE: aumento do número total de leucócitos, acima de 10.000/mm³.


Possíveis causas: infecções (principalmente as bacterianas), respostas inflamatórias intensas, leucemias e linfomas, dentre outras.

 LEUCOPENIA: redução do número total de leucócitos, abaixo de 4.000/mm³.


Possíveis causas: infecções virais, drogas imunossupressoras, SIDA, dentre outras.
Tipos de leucócitos

 A) Neutrófilo
 B) Eosinófilo
 C) Basófilo
 D)Linfócito
 E) Monócito
 F) Macrófago
Neutrófilos
 Constituem o tipo de leucócito mais numeroso (45 a 75% do total).
 São especializados em combate às bactérias. Portanto, quando há aumento do número de leucócitos totais, causado basicamente pela elevação dos
neutrófilos, estaremos provavelmente diante de um quadro infeccioso bacteriano.
 Seus precursores incluem: mielócitos, metamielócitos, bastões ou segmentados.

As células jovens podem estar aumentadas em processos infecciosos agudos os quais a medula óssea acabe por lançar na corrente sanguínea células
não-maduras na tentativa de combater a infecção.
Alterações quantitativas dos Neutrófilos
 O aumento do número absoluto de neutrófilos é chamado NEUTROFILIA
(valores maiores que 7.000 cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Infecções piogênicas (septicemias, abscessos, empiemas, apendicites, otites, osteomielite aguda, etc.
- Raras infecções viróticas, principalmente as neurotrópicas (encefalite, poliomielite, raiva)
- Casos de destruição tecidual: queimaduras extensas, infarto do miocárdio, hemólise, perda sanguínea.
- Período pós operatório e choque.
- Neoplasias (necrose tecidual, leucemia mielóide, metaplasia mielóide)
- Intoxicações endógenas (uremia, acidose, eclâmpsia) ou exógenas.
- Leucocitoses transitórias por estresse, glicocorticoides ou exercícios físicos.
Alterações quantitativas dos Neutrófilos
 A diminuição do número absoluto de neutrófilos é chamado NEUTROPENIA (valores menores que 2.250 cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Drogas (ex: ciclofosfamida, alguns ATBs tais como sulfas e penicilinas, anticonvulsivantes, antipsicóticos, diuréticos,
AINEs, etc)
- Anemias
- Casos em que ocorre inibição da medula óssea (aplasia de medula, cirrose hepática, irradiação por raios x, uremia, leucemias)
- Infecções (tuberculose, sarampo, mononucleose infecciosa, malária, hepatites virais, SIDA, dentre outras)
- Doenças auto-imunes (lúpus, artrite reumatoide).
Alterações Morfológicas dos Neutrófilos
 Granulações tóxicas grandes, grosseiras nos neutrófilos: indicam processo tóxico ou infeccioso
grave, supurativo ou não.

 Granulações tóxicas róseas, pequenas, uniformes: indicam supuração.

 Vacúolos citoplasmáticos e nucleares: degeneração neutrofílica, indicando processo supurativo


grave. Podem aparecer em casos como septicemia, febre tifoide, meningites.
Bastonetes ou Bastões
 São células com núcleo em bastão e constituem uma forma jovem de neutrófilos.
 Acontecem, assim como outras formas jovens,  em resposta positiva do organismo à uma
inflamação e infecção, mas se ocorrem em um número maior que o de neutrófilos, é
indicativo que a medula não tem condições de enviar à circulação quantidade suficiente de
células maduras e acaba liberando as jovens.
Desvio à Esquerda

- Consiste no aparecimento de elementos situados à esquerda dos bastões (ou bastonetes): formas imaturas
como os próprios bastões, metamielócitos e mielócitos.

-Aparece principalmente nos processos infecciosos agudos, indicando geralmente início do processo.
-Pode ocorrer também em alguns tipos de leucemias.
Linfócitos
 Segundo tipo mais comum de glóbulos brancos (15 a 45% dos leucócitos no sangue).
 Principais linhas de defesa contra infecções por vírus, contra surgimento de tumores e
reconhecimento de tecidos estranhos.
 Responsáveis pela produção dos anticorpos.
 Divididos em Linfócitos B (imunidade humoral – 35%) e Linfócitos T( imunidade celular – 65%).
Alterações quantitativas dos Linfócitos
 O aumento do número absoluto de linfócitos é chamado LINFOCITOSE
(valores maiores que 3.000 cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Infecções virais (coqueluche, mononucleose infecciosa, citomegalovirose, etc).
- Convalescença de infecções agudas (linfocitose pós infecciosa)
- Infecções crônicas: tuberculose, sífilis.
- Fisiológica: crianças até 05 anos.
- Leucemia linfocítica.
Alterações quantitativas dos Linfócitos
 O aumento do número absoluto de linfócitos é chamado LINFOPENIA
(valores menores que 1.000 cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Estados de imunodeficiência (aplasias, SIDA, etc)
- Cirrose hepática
- Desnutrição e caquexia
- Processos infecciosos graves bacterianos ou virais
- Linfomas
- Fase inicial de neoplasias

 LINFÓCITOS ATÍPICOS: podem surgir nos quadros de infecções por vírus, como mononucleose, gripe, dengue, catapora, etc.,
ou por certas drogas e doenças auto-imunes, como lúpus, artrite reumatoide e síndrome de Guillain-Barré.
Monócitos
 Representam 3 a 10 % dos leucócitos circulantes.
 Tem capacidade de migrar através da parede dos vasos e dar origem aos
macrófagos.
 Os monócitos tipicamente se elevam nos casos de infecções, principalmente as
crônicas, como a tuberculose.
Alterações quantitativas dos Monócitos
 O aumento do número absoluto de monócitos é chamado MONOCITOSE
(valores maiores que 1.000 cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Infecções bacterianas (tuberculose, endocardite bacteriana, brucelose, febre tifoide)
- Fase defensiva das infecções agudas
- Infecções por protozoários
- Doença de Hodking
- Leucemia Monocítica
Alterações quantitativas dos Monócitos

 A diminuição do número absoluto de monócitos é chamado MONOCITOPENIA


(valores menores que 90 cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Fases agudas de processos infecciosos
- Caquexia, desnutrição.
Eosinófilos

 Representam apenas 1 a 5% dos leucócitos circulantes.


 Os eosinófilos são os leucócitos responsáveis pelo combate a parasitas e pelo mecanismo da
alergia.
Alterações quantitativas dos Eosinófilos
 O aumento do número absoluto de eosinófilos é chamado EOSINOFILIA
(valores maiores que 500 cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Infecções parasitárias, principalmente por helmintos que invadem tecidos (esquistossoma, ascaridíase, filariose, etc)
- Doenças alérgicas
- Dermatoses (pênfigos, dermatites, eritemas)
- Alguns tumores (carcinoma brônquico, tumores de ovário, sarcomas do sistema linfático)
- Fase de cura de processos infecciosos agudos.
Alterações quantitativas dos Eosinófilos
 A diminuição do número absoluto de eosinófilos é chamado EOSINOPENIA
(valores iguais a zero cels/mm³).
 Possíveis causas:
- Fase inicial de processos infecciosos agudos ou reagudização de processos crônicos (eosinófilos em
leucograma infecciosos sugere infecção benigna ou em vias de cura).
- Estados tóxicos: coma diabético, uremia, hemólise aguda.
- Choque, queimaduras, anóxia.
- Esforço físico extenuante.
- Uso de corticosteroides ou adrenalina.
Basófilos

 Os basófilos são o tipo menos comum de leucócitos no sangue. Representam de 0 a 2% dos


glóbulos brancos.
 Relacionam-se a processos alérgicos e estados de inflamação crônica.
Alterações quantitativas dos Basófilos
 O aumento do número absoluto de basófilos é chamado BASOFILIA
(valores maiores que 100 cels/mm³).

 Possíveis causas:
- Leucemia mielóide crônica
- Varíola
- Varicela
- Doença de Hodking
- Anemias hemolíticas crônicas
- Após esplenectomia
Quadros específicos
 INFECÇÕES POR BACTÉRIAS PIOGÊNICAS:
FASES DE SCHILLING:
a) Luta ou Neutrófila: leucocitose + neutrofilia +
desvio à esquerda + aneosinofilia + linfocitopenia relativa

b) Defensiva ou Monocitária: leucocitose menos acentuada


+ diminuição da neutrofilia + diminuição do desvio
+ reaparecimento de eosinófilos + monocitose + linfocitopenia

c) Cura ou Linfocitária: leucócitos normais ou ligeiramente


aumentados + neutropenia + desaparecimento do desvio +
linfocitose + eosinofilia + monócitos normais ou aumentados.
Quadros específicos
 LEUCEMIA MIELÓIDE CRÔNICA
Leucócitos podem atingir 100.000 a 500.000/mm³. Observa-se formas maduras em todos os graus, anemia e trombocitose.

 LEUCEMIA LINFÓIDE CRÔNICA


Leucócitos raramente ultrapassam 250.000/mm³. Noventa por cento dos linfócitos são maduros sendo o restante formas
jovens.

 LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA e LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA


Leucócitos por volta de 50.000/mm³. Presença de blastos (células muito jovens), neutropenia e anemia.

 REAÇÃO LEUCEMÓIDE
Elevação acentuada de leucócitos (mais de 30.000/mm³). Pode mostrar formas jovens porém nunca paramieloblastos e
paralinfoblastos. Pode ser consequência de infecções, doenças malignas como mielomas e metástases ósseas e outras
afecções (eclampsia, queimaduras, acidose diabética, hemorragias, pós-hemólise).
Quadros específicos
 LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA e LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA
Leucócitos por volta de 50.000/mm³. Presença de blastos (células muito jovens), neutropenia e
anemia.

 REAÇÃO LEUCEMÓIDE
Elevação acentuada de leucócitos (mais de 30.000/mm³). Pode mostrar formas jovens porém
nunca paramieloblastos e paralinfoblastos. Pode ser consequência de infecções, doenças
malignas como mielomas e metástases ósseas e outras afecções (eclampsia, queimaduras,
acidose diabética, hemorragias, pós-hemólise).
Plaquetograma
 Estuda a contagem de plaquetas e sua morfologia.
 VR: 150.000 a 400.000 /mm³

 Causas de TROMBOCITOPENIA:
- Infecções virais (ex: dengue, rubéola)
- Redução na produção medular (aplasias, quimioterápicos, etc)
- Doenças ou situações que aumentam sua destruição (púrpura trombocitopênica, coagulação
intravascular disseminada)
- Fármacos (heparina, alguns antibióticos e diuréticos)

 Causas de TROMBOCITOSE:
- Doenças medulares mieloproliferativas
- Estados inflamatórios
- Hipoesplenismo
- Deficiência de Ferro
Velocidade de Hemossedimentação (VHS)
 Determina a velocidade de sedimentação dos eritrócitos durante período específico de tempo.
 A alteração desta velocidade ocorre, na maior parte das vezes, por alterações nas proteínas
plasmáticas (principalmente fibrinogênio).
 Teste muito inespecífico!!!
(Valor de referência: 0 a 15 mm/h )

 APLICAÇÕES CLÍNICAS:
- Detectar distúrbios inflamatórios
- Acompanhar a evolução de doenças inflamatórias
Situações que podem aumentar a VHS
 Doenças reumatológicas
 Infecções
 Doenças inflamatórias intestinais
 Neoplasias
 Destruição tecidual
 Endocardites
 Processos alérgicos ativos
 IAM (não aumenta na dor anginosa)
 Úlceras pépticas
 Insuficiência renal
 Condições musculo-esqueléticas
CASO CLÍNICO 1:
Juliana, 12 anos, deu entrada do serviço de saúde com quadro de diarreia aquosa há 02 dias, vômitos
persistentes e cefaleia. Ao exame: hipocorada, desidratada (++/4+), taquicardica (105 bpm), eupneica,
hipotensa (90x50 mm Hg), afebril, abdômen doloroso à palpação profunda, sem sinais de irritação peritoneal,
peristalse aumentada. Foi solicitado hemograma completo. Segue a série branca:

LEUCOGRAMA RESULTADO V.R.:


LEUCÓCITOS 9.000/mm³ 4.500 a 10.500/mm³ Hipótese diagnóstica: Quadro viral
Basófilos 00% 0 a 1% – rotavírus ou outros vírus.
Eosinófilos 4% 1 a 5%
Exames complementares: Pesquisa
Mielócitos 0% 0% de antígenos para rotavírus nas
Metamielócitos 0% 0 a 1% fezes (ELISA), analisar hematócrito
Bastão 5% 1 a 5% para avaliar desidratação e solicitar
eletrólitos séricos
Segmentados 21% 50 a 68%
Linfócitos 62% 22 a 40%
Monócitos 8% 2 a 10%
CASO CLÍNICO 2:
Roberto, 30 anos, deu entrada no serviço de saúde apresentando queixa de dor abdominal em baixo ventre que
piora ao movimento (andar, tossir) há 24 horas. Ao exame: hidratado, taquicardico (109 bpm), taquipneico (25
irpm), hidratado, normotenso, febril (tax=38,1 graus), persitalse presente, sinal de Bloomberg positivo. Nega
vômitos ou diarreia. Segue seu leucograma:

LEUCOGRAMA RESULTADO V.R.:


LEUCÓCITOS 17.000/mm³ 4.500 a 10.500/mm³
Basófilos 00% 0 a 1%
Hipótese diagnóstica: Infecção
Eosinófilos 1% 1 a 5% bacteriana com processo
Mielócitos 0% 0% supurativo. Apendicite aguda?
Metamielócitos 0% 0 a 1%
Exames complementares: TC de
Bastão 12% 1 a 5% abdômen (preferível) ou raio x
Segmentados 70% 50 a 68% abdômen.
Linfócitos 14% 22 a 40%
Monócitos 3% 2 a 10%

Hematoscopia: alguns neutrófilos com granulações grosseiras.


CASO CLÍNICO 3:
ERITROGRAMA RESULTADO V.R.:
Hemáceas 4,8 milhões 4,7 a 6,1 milhões/mm³ Luiz, 22 anos, morador da Zona
Hemoglobina 13,5 g/ dl 13,5 a 17,0 g/dl Oeste do Rio de Janeiro, atendido na
Hematócrito 52% 40,0 a 52,0% emergência da UPA com queixa de
VGM 92 fl 80,0 a 96,0 fl dores no corpo, cefaleia, dor retro-
HGM 31 pg 27,0 a 32,0 pg orbitária e febre há 02 dias.
CHGM 33 g/dl 32,0 a 36,0 %
RDW 12,1% 10,0 a 15,0 %
Plaquetas 90.000 mm³ 150.000 a 450.000 mm³
LEUCOGRAMA RESULTADO V.R.:
Hipótese diagnóstica: febre
LEUCÓCITOS 4.000/mm³ 4.500 a 10.500/mm³
hemorrágica da dengue
Basófilos 00% 0 a 1%
Eosinófilos 1% 1 a 5% Exames complementares: teste
Mielócitos 0% 0% rápido para dengue (NS1 Antígeno)
Metamielócitos 0% 0 a 1% e acompanhamento do hematócrito
Bastão 0% 1 a 5% e plaquetometria.
Segmentados 56% 50 a 68%
Linfócitos 62% 22 a 40%
Monócitos 2% 2 a 10%
CASO CLÍNICO 4:
ERITROGRAMA RESULTADO V.R.: AJM, 08 anos, sexo masculino,
Hemáceas 3,9 milhões 4,7 a 6,1 milhões/mm³ admitido na emergência pois a mãe
Hemoglobina 11,1 g/ dl 13,5 a 17,0 g/dl
refere que há alguns dias a criança
Hematócrito 31% 40,0 a 52,0%
vem apresentando dor abdominal,
VGM 73 fl 80,0 a 96,0 fl
fraqueza e apatia. Procedente de
HGM 25 pg 27,0 a 32,0 pg
zona rural. Ao exame, detectado
CHGM 28 g/dl 32,0 a 36,0 %
icterícia, desnutrição leve e
RDW 12,3% 10,0 a 15,0 %
crescimento incompatível com a
Plaquetas 170.000 mm³ 150.000 a 450.000 mm³
idade.
LEUCOGRAMA RESULTADO V.R.:
LEUCÓCITOS 17.000/mm³ 4.500 a 10.500/mm³
Basófilos 1% 0 a 1% Hipótese diagnóstica: Anemia ferropriva
Eosinófilos 20% 1 a 5% relacionada à verminose?
Mielócitos 0% 0% (Ancilostomíase ou amarelão - icterícia)
Metamielócitos 1% 0 a 1%
Exames complementares:
Bastão 8% 1 a 5%
parasitológico de fezes, função hepática,
Segmentados 58% 50 a 68%
ferro e ferretina.
Linfócitos 10% 22 a 40%
Monócitos 2% 2 a 10%

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