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O câncer ou neoplasia maligna é definido como uma doença multicausal crônica, em que
ocorre o crescimento descontrolado e disseminado de diferentes tipos de células que invadem
tecidos e órgãos e, de forma agressiva, podem atingir vários locais do organismo. A etiologia do
câncer infantil é desconhecida na grande maioria dos casos e nas demais situações algumas
causas são identificadas, podendo ser determinadas por fatores internos ou externos
(INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2011).
O câncer pediátrico é a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes
de um a 19 anos no Brasil e no mundo. Segundo o INCA, estima-se que existam cerca de 12.500
novos casos de câncer pediátrico por ano no Brasil (INCA, 2017). Dentre as neoplasias malignas
mais comuns entre as crianças estão as leucemias, os tumores de sistema nervoso central e os
linfomas. Outros tipos frequentes de câncer são os neuroblastomas, retinoblastomas, tumores de
células germinativas, osteossarcomas e sarcomas (INCA, 2017).
Embora o prognóstico tenha relação com o tipo de neoplasia, a sobrevida geral para o
câncer infantil tem melhorado progressivamente e, atualmente, os percentuais de cura são
superiores aos 70% nos países desenvolvidos. Múltiplos fatores podem explicar as diferenças na
sobrevida entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, incluindo o diagnóstico tardio, o
sub-diagnóstico e a indisponibilidade de tratamentos avançados (STEFAN, 2010).
LEUCEMIAS:
Os tumores cerebrais na infância apresentam uma grande variedade histológica, tem maior
probabilidade de serem disseminados ao diagnóstico e são mais embrionários que aqueles que
acometem os adultos. Consistem em um grupo heterogêneo de doenças que coletivamente estão
entre 15 a 20% de todos os cânceres, representando a segunda neoplasia mais frequente na
infância e adolescência.
A tríade clássica relacionada com o aumento da pressão intracraniana que acarreta a
cefaleia matutina, as náuseas e os vômitos podem ocorrer, mas as cefaleias não específicas são
mais comuns entre os sinais e sintomas. Dependendo da localização, os tumores de SNC podem
se apresentar ainda com alterações visuais, hormonais, paralisias, parestesias e alterações de
marcha e na fala.
A cirurgia com ressecção completa, se possível, é a base do tratamento, que vem
melhorando cada vez mais, devido às inovações em neurocirurgia e na radioterapia.
A mortalidade nesse grupo de pacientes se aproxima de 45%, além disso, esses pacientes
apresentam a maior morbidade, primariamente neurológica, dentre todas as neoplasias da
Apostila do Curso Avançado: Nutrição em Oncologia
Ensino a Distância
infância. São um grupo de pacientes que pode ter seu estado nutricional bastante comprometido,
seja devido às alterações hormonais e/ou neurológicas, seja devido à cirurgia, muitas vezes
necessitando de terapia nutricional enteral. A indicação desta terapia nutricional enteral pode ser
realizada logo após o ato cirúrgico, devido à baixa ingestão alimentar ou ao aumento do risco de
aspiração pulmonar decorrente de alterações neurológicas. A fonoaudiologia tem papel
fundamental dentro da equipe multidisciplinar para manejo das vias de alimentação e reabilitação
deste grupo de pacientes.
LINFOMAS:
Linfomas são neoplasias oriundas de células do sistema imunológico que circulam por todo
o organismo. São neoplasias de linfócitos ou seus precursores, consequência de uma aberração
genética que altera sua proliferação, diferenciação e capacidade de sofrer apoptose (morte
celular). Assim sendo, os linfomas são doenças sistêmicas, cujas manifestações primárias
poderão ser localizadas, extremamente variadas e em praticamente qualquer localização do
corpo humano.
É o terceiro tumor mais frequente em crianças e adolescentes. Dados internacionais
mostram que os linfomas constituem 10 a 15% de todos os cânceres da infância e são duas
vezes mais frequentes em meninos do que em meninas, sendo a grande maioria de alto grau e
de comportamento clínico agressivo.
A manifestação clínica inicial mais comum é a presença de linfadenomegalia (aumento
dos linfonodos) indolor, firme, cervical ou supraclavicular. Os sintomas sistêmicos considerados
importantes são presença de febre inexplicável, perda de peso e/ou sudorese profusa, noturna.
O tratamento dos linfomas é basicamente a quimioterapia. O papel da cirurgia se limita, na
maioria das vezes, ao diagnóstico e ao tratamento de eventuais complicações. Mais
recentemente, as drogas monoclonais, chamadas de terapia-alvo, vem ocupando seu lugar em
situações específicas, assim como a radioterapia, em situações de recidiva da doença.
A maioria dos programas terapêuticos resulta em taxas de sobrevida livre da doença
superiores a 60%, com taxas globais de cura superiores a 90% nos pacientes portadores de
doença nos estágios iniciais e acima de 70% nos casos mais avançados.
RETINOBLASTOMA:
Intolerância à glicose
Aumento de β-oxidação
Hipoalbunemia
- Obesidade e sobrepeso
Existem diversos métodos para determinação das necessidades energéticas para crianças
e adolescentes. Em oncologia pediátrica sugerimos três métodos onde o nutricionista decidirá
qual melhor se aplica ao paciente. São eles:
Necessidades energéticas:
1) DRI 2006:
- De 0 a 3 meses: (89 x peso (kg) -100) + 175
- De 4 a 6 meses: (89 x peso (kg) -100) + 56
- De 7 a 12 meses: (89 x peso (kg) -100) + 22
- De 13 a 35 meses: (89 x peso (kg) -100) + 20
Meninos:
- De 3 a 8 anos: 88,5 - 61,9 x idade + fator atividade x (26,7 x peso + 903 x altura) + 20
- De 9 a 18 anos: 88,5 - 61,9 x idade + fator atividade x (26,7 x peso + 903 x altura) + 25
Meninas:
- De 3 a 8 anos: 135,3 - 30,8 x idade + fator atividade x (10 x peso + 934 x altura) + 20
- De 9 a 18 anos: 135,3 - 30,8 x idade + fator atividade x (10 x peso + 934 x altura) + 25
Fator atividade:
- 1 = atividades do dia a dia
- Meninas = 1,16; Meninos = 1,13 correspondente a 30 a 60 min de atividade moderada
- Meninas = 1,31; Meninos = 1,26 correspondente a + 60 min de atividade moderada
Crianças de 0 a 5 anos:
- Com baixo peso: utilizar o peso do P/E do percentil 50 ou do escore Z= 0,00;
- Eutróficas: utilizar peso atual;
- Com sobrepeso ou obesas: utilizar P/E no percentil 95 ou o escore Z= +2,00.
Crianças acima de 5 anos e adolescentes até 19 anos:
- Com baixo peso: utilizar o peso do IMC/I do percentil 50 ou do escore Z= 0,00;
- Eutróficos: utilizar peso atual.
- Com sobrepeso ou obesas: utilizar o peso do IMC/I no percentil 95 ou o escore Z= +2,00;
Esses ajustes em relação ao peso atual não devem ultrapassar 20%.
3) Aspen (2002):
Idade (anos) Kcal por kg de peso
0a1 90 a 120
1a7 75 a 90
7 a 12 60 a 75
12 a 18 30 a 60
18 a 25 25 a 30
Idade g/kg
CÂNCER
1) Não fumar: previne o câncer, principalmente de pulmão, cavidade oral, laringe, faringe e
esôfago. Ao fumar, são liberadas no ambiente mais de 4.700 substâncias tóxicas e
cancerígenas que são inaladas por fumantes e não fumantes. Parar de fumar também é
fundamental para não poluir o ambiente
2) Alimentação saudável: uma ingestão rica em alimentos de origem vegetal como frutas,
legumes, verduras, cereais integrais, feijões e outras leguminosas, e pobre em alimentos
ultraprocessados, como aqueles prontos para consumo ou prontos para aquecer e bebidas
adoçadas, pode prevenir o câncer.
3) Manter o peso corporal adequado por meio de uma boa alimentação e de atividade física:
estar acima do peso aumenta as chances de desenvolver câncer, principalmente de
esôfago, pâncreas, fígado, coloretal e mama.
6) Mulheres entre 25 e 64 anos devem fazer o exame preventivo do câncer do colo do útero a
cada três anos: As alterações das células do colo do útero são descobertas facilmente no
exame preventivo (conhecido também como Papanicolaou), e são curáveis na quase
totalidade dos casos. Tão importante quanto fazer o exame é saber o resultado, seguir as
orientações médicas e o tratamento indicado.
8) Vacinação contra a hepatite B: O câncer de fígado está relacionado à infecção pelo vírus
causador da hepatite B e a vacina é um importante meio de prevenção deste câncer.
10) Evite comer carne processada: carnes processadas como presunto, salsicha, linguiça,
bacon, salame, mortadela, peito de peru e blanquet de peru podem aumentar a chance de
desenvolver câncer. Os conservantes (como os nitritos e nitratos) podem provocar o
surgimento de câncer de intestino (cólon e reto) e o sal provocar o de estômago.
- ASG-PPP _ 2 e ASG = B ou C
que 5 dias
- Diagnóstico de fragilidade
Fonte: * Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, INCA 2015 2ª edição revista, ampliada e
atualizada e **Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, INCA 2016 – Volume II - 2ª edição
revista, ampliada e atualizada
Necessidades energéticas:
Pacientes Adultos:
- Obesos 20 a 25 kcal/kg/dia
Pacientes Idosos:
- Sem estresse (manutenção) 25 a 30 kcal/kg/dia
e desnutrição grave
- Sepse 25 a 30 kcal/kg/dia
- Obesos 21 a 25 kcal/kg/dia
Fonte: * Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, INCA 2015 2ª edição revista, ampliada e
atualizada e **Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, INCA 2016 – Volume II - 2ª edição
revista, ampliada e atualizada
Necessidades Proteicas:
repleção proteica
Pacientes Idosos:
- Sem estresse (manutenção) de 1,0 a 1,2 g/kg/dia
e desnutrição grave
Fonte: * Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, INCA 2015 2ª edição revista, ampliada e
atualizada e **Consenso Nacional de Nutrição Oncológica, INCA 2016 – Volume II - 2ª edição
revista, ampliada e atualizada
- Evitar preparações e alimentos muito doces, devido ao limiar para doces estar
aumentado.
- Utilizar goma de mascar ou balas sem açúcar com sabor cítrico para estimular
a produção de saliva e sentir mais sede.
flavorizantes cítricos.
- Evitar refeições preparadas fora de casa, mas se não for possível, escolher
prato “a la carte” produzidos em estabelecimentos que tenham cuidados com
segurança alimentar.
- Instituto Nacional de Câncer. ABC do câncer: abordagens básicas para o controle do câncer.
Rio de Janeiro: Inca, 2011. 128 p.
- Instituto Nacional de Câncer. Diagnóstico precoce do câncer na criança e no adolescente.
Instituto Ronald McDonald. 2. ed. Rio de Janeiro: INCA, 2014. 146p. A
- World Health Organization. Children's environmental health. Children and cancer 2009.
Disponível em: < www.who.int/ceh/capacity/cancer.pdf> Acesso em: 13 fevereiro 2019
- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN na assistência à saúde.
Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 61 p. (Série B. Textos Básicos de Saúde)
- INCA. Instituto Nacional do Câncer. Tipos de câncer infantil, 2018. Disponível em:
<http://www.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/infantil>. Acesso em 13
fevereiro 2019.
- Estimativa 2018: incidência de câncer no Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar
Gomes da Silva. Coordenação de Prevenção e Vigilância. – Rio de Janeiro: INCA, 2017. 128 p
- Stefan DC. Epidemiology of childhood cancer and the SACCSG tumour registry. CME 2010;
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- Nelson, tratado de pediatria/[editora de] Richard E. Behrman, Robert M. Kliegman, Hal B.
Jenson: [tradução de Vilma Ribeiro de Souza Varga, Nelson Gomes, Eleonora Silva Lins et al].-
Rio de Janeiro: Elsevier, 2005-2ª tiragem 2v. Tradução de: Nelson, textbook of pediatrics,17th ed.
- Oncologia pediátrica: diagnóstico e tratamento)/editores Renato Melaragno, Beatriz de
Camargo,--São Paulo: Editora Atheneu,2013
- Alcoser PW, Rodgers C. Treatment Strategies in Childhood Cancer. Journal of Pediatric Nursing.
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- Tartari RF, Busnello FM, Nunes CHA. Perfil Nutricional de Pacientes em Tratamento
Quimioterápico em um Ambulatório Especializado em Quimioterapia. Revista Brasileira de
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- Camargo B, Kurashima AY. Cuidados Paliativos em Oncologia Pediátrica – O cuidar além do
curar. São Paulo: Editora Lemar, 2007;