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AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA II – ENTREVISTAS E QUESTIONÁRIOS

CASO CLÍNICO PARA ESTUDO DE CASO – 2º BIMESTRE


Tema: Entrevista Infantil

QUEIXA: “ELA TEM UM ATRASO DE TRÊS ANOS E É MUITO IMATURA

Descrição da demanda:
Ana, 8 anos, cursando o 2º ano do ensino fundamental em uma escala pública. A
menina foi encaminhada pela neurologista que a atendia para avaliação das funções
cognitivas. As principais queixas trazidas pela família se referiam a dificuldades de
aprendizagem escolar, de fluência da fala e do desenvolvimento da motricidade. Sua
mãe teve problemas psiquiátricos durante e após a gravidez, e, por isso, os avós
maternos assumiram os cuidados de Ana. As informações sobre história de vida da
menina foram fornecidas pelos avós.
História clínica: Ana é a única filha de Maria. A gestação da menina não foi planejada,
mas desejada pela família da mãe. Ela nasceu de parto normal, com 37 semanas de
gestação, um de seus índices Apgar foi 10, e não apresentou problemas após o parto.
Segundo relato dos avós, a mãe de Ana namorava o pai da menina quando
engravidou, mas ele a abandonou no terceiro mês de gestação. Após o ocorrido, Maria
teve depressão até o final da gestação, no período pós-parto e, também, depois do
nascimento da menina. Assim, os avós maternos, Iolanda e Antônio, assumiram os
cuidados de Ana desde seu nascimento. A mãe rejeitou a recém-nascida, não quis
pegá-la no colo e nem queria vê-la. No retorno do hospital para cada, Maria teve um
episódio psicótico breve e foi internada em uma clínica psiquiátrica por uma semana.
Maria também passou por outras internações psiquiátricas para tratamento da
depressão, sendo que a última havia ocorrido quatro anos antes do momento da
anamnese (a família não soube precisar o número total de internações). Além disso, a
neurologista tinha estimado que Maria tinha um “atraso de cinco anos” no
desenvolvimento intelectual, segundo relatado por Iolanda. No momento da avaliação,
Ana morava com os avós e com a mãe, que também dependia de cuidados da família.
A avó da menina relatou que, passados seis meses de seu nascimento, Maria
melhorou parcialmente do quadro depressivo e passou a ajudar nos cuidados da filha,
embora necessitando de supervisão. Segundo Iolanda, Ana “foi uma criança muito
rápida”, que começou a caminhar com 9 meses e a falar as primeiras palavras aos 8
meses. A avó referiu que a menina “já falava tudo” aos 2 anos, embora fosse difícil
compreendê-la em alguns momentos. Ana apresentou dificuldades no controle
esfincteriano, e só houve a retirada completa das fraldas aos 4 anos. No momento da
avaliação, ainda necessitava de ajuda para ir ao banheiro, apresentando dificuldades
para limpar-se e vestir-se, segundo a avó. Além disso, não conseguia vestir a roupa
sozinha, amarrar cadarços ou tomar banho sem supervisão. Aos 4 anos de idade, Ana
sofreu uma queda na varanda de casa, foi hospitalizada e fez exames, mas não houve
traumas ou outras consequências. Quando tinha 6 anos, teve uma crise convulsiva. O
neurologista diagnosticou epilepsia e receitou ácido valpróico, medicamento que usava
desde então. Iolanda também relatou que Ana teve um “surto psicótico” aos 7 anos,
pois ela relatava ver cobras em todo lugar. A paciente foi levada à emergência
psiquiátrica, ficando internada por oito dias. Desde então, realizava acompanhamento
psiquiátrico e fazia uso de risperidona. No momento da anamnese, além do
acompanhamento neurológico, Ana estava fazendo tratamento 2 com uma
fonoaudióloga havia dois meses, uma vez por semana, devido às dificuldades na
articulação das palavras. Apesar de ter começado a falar cedo, por vezes era
incompreensível, principalmente em outros contextos que não o familiar. Essas
dificuldades de fala haviam surgido já nas fases iniciais do desenvolvimento. Ana
entrou na creche com 2 meses de idade. Aos 7 anos, começou a frequentar a escola
e, no turno inverso, o Serviço de Apoio Socioeducativo (SASE) oferecido pela
Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC) de Porto Alegre (RS). O SASE é
direcionado ao atendimento de crianças em situação de vulnerabilidade econômica e
social, oferecendo alimentação, apoio psicossocial e pedagógico. Segundo Iolanda, a
adaptação da menina na escola não foi fácil, havendo dificuldades na interação social
com os novos colegas, que roubavam sua merenda e faziam bullying contra ela. Após
alguns meses, o problema diminuiu, e Ana se adaptou melhor ao ambiente escolar.
Entretanto, no que diz respeito ao aprendizado, ela sempre apresentou muitas
dificuldades e não conseguia ler, escrever, juntar sílabas ou acompanhar as atividades
da aula. Por esse motivo, começou a fazer aulas de reforço na escola uma vez por
semana. Segundo a avó, nas primeiras consultas com a neurologista, a profissional
referiu que a menina apresentava um “atraso de três anos”, sendo “regressiva e
imatura”. No momento da avaliação, Ana dormia junto com a mãe, embora tivesse a
própria cama no mesmo quarto. Segundo os avós, a menina sempre preferiu dormir
com Maria, que não insistia para que Ana mudasse de cama. Iolanda relatou que Ana
era muito apegada a todos da casa e, especialmente, a uma tia que era também sua
madrinha e ajudava em seus cuidados.

Como e que preciso desenvolver para estudar este caso?


A partir dos dados obtidos na anamnese elabore suas hipóteses de
investigação. Quais âmbitos serão importantes de serem aprofundados. A partir destas
hipóteses de investigação elabore perguntas que possam responder a estas hipóteses
de investigações. Estas perguntas devem contemplar entrevistas a serem realizadas.
Elabore então, uma entrevista com Ana (recursos e perguntas você utilizará) uma
entrevista com a escola (professora regente, coordenação... outros) e uma entrevista
com a Avó. Segue abaixo então as etapas do trabalho:
1) Elaborar hipóteses de investigação.
2) Elaborar perguntas que possam responder estas hipóteses de investigação
(objetivo de comprovar ou refutar hipóteses).
2) Elaborar entrevista com a Ana – utilizando as perguntas das hipóteses de
investigação. Quais recursos e atividades podem ser utilizados?
3) Entrevista com a escola – utilizando as perguntas das hipóteses de investigação.
4) Entrevista com a Avó – utilizando as perguntas das hipóteses de investigação.

Leituras que auxiliarão na elaboração do estudo de caso:


KRUG. Jefferson Silva, BANDEIRA, Denise Ruschel, Denise Ruschel; TRENTINI.
Entrevista Lúdica Diagnóstica. In: HUTZ, Claudio Simon; BANDEIRA, Denise
Ruschel; TRENTINI, Clarissa Marceli; KRUG. Jefferson Silva. Psicodiagnóstico. Porto
Alegre, Artmed, 2016.

MAZER, Sheila Maria; BELLO, Alessandra Cristina Dal  e  BAZON, Marina
Rezende. Dificuldades de aprendizagem: revisão de literatura sobre os fatores de risco
associados. Psicol. educ. [online]. 2009, n.28 [citado  2020-05-07], pp. 7-21 .
Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S14149752009000100002&lng=pt&nrm=iso>. ISSN 1414-
6975.

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