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Apostila 15 – Os Jinns (Djinns)

Houngan Alexandhros (Tjati Sobeknefer, Grau 4.0 na Zozo)

!‫خِــنِـهِقـــــــادراتِمــــــكــصـرِعــــالم‬

JINNE QODRAT MAKSUR ALAM!

“Que me Julgue o meu Bom Gênio!”


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Índice

Apresentação – 04

Djabs, Bakas, Jinns, Daímons, Eguns E Ghedes – 05

Os Jinns – 07

Ataque de Jinns – 21

Defumador para Atrair os JInns – 26

Defumador para Afastar os Jinns – 27

Banho para se Proteger ou Afastar os Jinns – 28

Oferendas aos Jinns – 29

Salvar uma Pessoa de um Ataque de um Jinn – 30

Pó para Atrair Jinns Sobre um Desafeto – 35

Jinns para o Amor – 36

Jinns para o Dinheiro – 37


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Talismã com os nomes dos Anjos e Potências tradicionalmente (na prática sincrética)
usado para se defender dos Jinns.
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APRESENTAÇÃO

Antes de qualquer coisa, é importante entendermos como tais seres entraram para um
contexto, aparentemente, tão oposto, que é o Vodu. Diferentes etnias de diferentes
religiões ajudaram a formas as Américas e o Vodu, nascido na América central e sul
norte americano, regiões que são focos dessa multiplicidade étnica, acabou sendo
influenciado por crenças diversas. Assim, todo tipo de ser religiosamente étnico
acabou sendo adotado nos diversos meios Vodu, da mesma forma que adotaram anjos
e santos europeus.

Se está fora do que chamamos de panteão oficial do Vodu, então temos um Djab ou
Baka, um ser que desejamos longe de nós, são perigosos. Mas o que pode ser visto
como “indesejado” no Vodu padrão, pode ser visto como uma opção, uma última
cartada no Vodu SS. Digo, última cartada porque você não vai se valer de um “Djab”
somente porque sua conta do cartão atrasou! Todas vez que trabalhamos com esses
espíritos, também nos colocamos na linha de tiro. Quando damos espaços entre os
trabalhos, nos recuperamos. Mas se fizermos dia após dia, não poderemos nos
recuperar e isso será cobrado em algum momento.

Jinns e Daímons são seres viventes como nós. Eles podem se casar, ter filhotes, seguir
religiões, tomar decisões sozinhos pois têm livre arbítrio e podem nos prejudicar
muito, pois são superiores a nós. Também são passíveis de morrer, apanhar, se ferir e
etc. Eles não vivem em uma fronteira imaginária dentro de países árabes, da pérsia e
outros semitas. Da mesma forma, Daímons não vivem somente na Grécia e nem
Gênios na Itália. São seres que vivem em todas as partes do mundo e recebem
diferentes nomes de acordo com a cultura.

Como tais seres podem seguir a religião que desejarem (alguns não seguem a nada!),
diferentes grupos religiosos tem tais seres que vivem juntos deles. Assim, um grupo de
Islâmico pode ser um grupo de Jinn que segue o Islã; um grupo de Católicos pode ter
Jinns que cultuam junto deles. Da mesma forma, pessoas podem carregar um ou mais
desses espíritos, servindo como um bom impulso ou uma desgraça por toda a vida. A
partir deste raciocínio, os Jinns e Daimons podem simplesmente seguir ao caminho do
Vodu, ou porque gostam, ou porque podem consumir energia dos devotos ou porque
querem curtir mesmo.
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DJABS, BAKAS, JINNS, DAÍMONS, EGUNS E GHEDES

Uma pessoa que desencarna por qualquer motivo mas ainda fica presa à sua vida
material, sem seguir o curso natural da energia, pode ser vista como um Djab que
perturba. Neste mesmo raciocínio, um criminoso que se recusa a seguir o fluxo natural
(não quer evoluir para ser emlhor e nem seguir a escolta de Bawon Kriminel), pode
continuar aqui e como criminoso, cometendo crimes ou facilitando eles, e teremos
ainda um Djab. Um prisioneiro que morreu na cela pode não se dar conta de sua morte
e ficar preso no local por uma “cadeia” emocional, ele será um Djab também.
Qualquer condição de pós morte que cause perturbação energética em um ser
desencarnado ou ambiente e que os mantenha cativo aqui na terra, o tornará um
Djab. Livrar-se desta condição é possível, mas depende de centenas de fatores. O
termo Djab se aplica a qualquer forma humana ou que se pareça humana de algum
jeito, que não pertença ao panteão Vodu e que seja ou possa ser de caráter
perturbador aos vivos. Divindades de forma humana que estão fora do panteão
comum também podem ser considerados Djabs.

Quando tal espírito é disforme ou híbrido com animais ou se apresente como


definitivamente como animal, então o chamamos de Baka, um termo que significa
Monstro. Seguindo essa lógica, um Baka pode ser qualquer divindade estrangeira com
formas híbridas e que não fazem parte do Vodu tradicional. Formas pensamento
podem surgir disformes e são formas de Bakas. Espíritos Jinns amam tomar formas
híbridas ou se manifestar em animais ou na forma de animais, e por isso são em sua
maioria vistos como Bakas. A energia de um Baka ou Djab em nada difere, são iguais
em peso e podem ser muito destrutivas, muito mais ao magista do que ao alvo, pois
estão em contato direto com o primeiro.

Um Jinn pode ser um Djab ou Baka em sentido mais amplo, apenas por convenção.
Mas um Jinn jamais teve um corpo humano. São feitos de fogo e ar ou de ar e fogo.
São extremamente perigosos, mesmo os Marid, vistos como “bondosos”, o que não é
verdade. Marids são um pouco mais tolerantes, só isso. Daímons gregos são
exatamente a mesma ideia dos Jinns, mas são mais humanizados no sentido de forma
e por isso vistos como Djabs em sua maioria. Daímons são feitos de outros tipos de
matéria que pode variar de acordo com sua natureza, ao cotrário dos Jinns que só
podem ser fogo-ar (mais agressivos) ou ar-fogo (menos agressivos).

Um Ghede, por sua vez, não pode entrar no Hall dos Djabs. Ele seguiu a natureza com
sua morte, pode ter havido quem chorou sua partida ou não, mas seguiram o fluxo
natural. Em certo momento, se uniram a grupos Ghedes de mesma vibração, alguns
construindo a escolta de Kriminel, outros de Brigitte, outros de Samedi e assim por
diante. Ghedes geralmente já foram esquecidos, não há mais vivos diretamente
ligados a eles que possam chorar sua morte, então são seres livres e seguem seu
destino.
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O Egun, por fim, é também um morto como no caso do Ghede. Mas ele fez coisas
grandes em sua vida ou teve um peso real em uma comunidade e então morre e passa
a ser cultuado como ancestral divinizado, quase um sub-deus. Geralmente, não são
esquecidos e são cultuados por séculos e séculos, como no caso de Sòngó, que chega a
se misturar aos Òrìsà. Mesmo que um dia chegue a deixar de ser cultuado, o Egun
geralmente é cultuado por muitos e muitos anos, tempo suficiente para lhe dar forças
e o categorizar como ancestral divinizado. No caso dos Ghedes, que também são
cultuados, eles tiveram um período no qual foram esquecidos ou pouco lembrados,
eles decidiram se unir a escolta Ghede e geralmente eram pessoas comuns, que se
fizeram falta, foi para um grupo muito pequeno e específico. Ao contrário dos Eguns,
que marcaram sua geração ou comunidade, foram cultuados no exato momento de
sua morte e o culto continuou por séculos e séculos. Acho que a diferença entre Egun
e Ghede está muito clara, mas de fato devo lembrar que a linha é tênue e pode causar
algumas confusões.

Djabs, Bakas, Jinns, Daímons, Eguns e Ghedes são espíritos distintos, funcionam
diferentes uns os outros, existem dentro de suas próprias realidades e podem ser
igualmente perigosos. Todos têm o mesmo poder, mas agem de diferentes formas.
Cultuar um ao invés de outro é geralmente uma questão de afinidade ou de momento,
quando você precisa lançar mão de uma abordagem mais pesada e intuitivamente
sente que o caminho é X. Sem percebermos, entramos muitas vezes em contato ou em
vibração com um deles, e quando vamos usar algo mais pesado para resolver algum
problema, nossa intuição nos leva ao que está perto de nós naquele momento, por
pura afinidade.
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OS JINNS

Explicado aqui sob a ótica original pagã, sem as mudanças aplicadas por Maomé. Antes
é importante falar um pouco sobre pré-islâmico, ou seja, a Arábia antes de Maomé,
uma Arábia pagã da qual pouco se fala, pouco se sabe e, provavelmente, pelas
próprias regras do Islã, pouco esforço arqueológico é feito para se descobrir mais
sobre eles. Muito do que sabemos são escritos de antigos Egípcios, Gregos, Persas e
Romanos. O Islã, segunda maior religião do mundo, surgiu no século VI E.C. a partir da
união de várias tribos ou clãs originalmente politeístas e pagãos, que aceitaram a
revelação que Maomé recebeu do Anjo Gabriel e o deus pagão El se tornaria uma
amálgama de divindades solidificadas em uma só que passaria a se chamar Allah.
Antes da revelação de Maomé, a Arábia era pagã.

Os povos árabes provém de diversas regiões, sendo a mais antiga os Acádios, reino de
Sargão, em 2300 a.E.C. esses povos dos quais surgiriam os Árabes foram Arameus,
Cananeus, Amorita, Moabitas, Sumérios, Babilônios e muitas outras, incluindo reinos,
povos nômades e até estrangeiros de toda sorte. Daí, constantes migrações e comércio
foram dando formas ao povo que seria visto como Árabes atualmente. Essa
multiplicidade de povos e seus panteões pagãos jamais poderia ser imaginado que
tudo seria compactado e reinterpretado por Maomé, tornando-se o monoteístico Islã.
Os primeiros resquícios arábicos arcaicos que se conhece são datados de 900 a.E.C. (o
alfabeto arábico meridional), mas possivelmente são um pouco anteriores a isso.

Definição

De acordo com o antigo Kitabe Ruz (Livro da Luz, Omar Kadani, 1423, Persia), a
definição é como se segue. Al Jaan é o pai dos Jinn, e o plural de Jinn é Jeenaan. Muitas
expressões idiomáticas nasceram do termo Jinn, como por exemplo Jannahu Al Layl (A
escuridão da noite o cobre). Tudo o que está escondido de você é chamado de Junna
'Anka (escondido de você). Jinn Al Layl significa "A Escuridão da Noite". Como se
observa, as diferentes formas de se escrever Jinn são usadas para expressões que
apontam escuridão ou algo escondido, num sentido de ameaça mesmo. Um local onde
se tem muitos e muitos Jinns vivendo é chamado de Al Mijannah. Na literatura
também encontramos Al Jaan (Os Jinns) como o plural de Al Jinn (O Jinn). Em algumas
literaturas Árabes encontramos a palavra Janana, um verbo que significa esconder,
encobrir ou cobrir. Essas palavras vêm do termo Jinn (Janana, Jannahu, Jaan, Jeenaa,
Jeen, etc). Os Jinns são assim chamados como escondidos ou encobertos por que eles
não podem ser vistos se não quiserem, são invisíveis. A palavra Jinn significa "Aquele
que não pode ser visto". Até uma expressão é usada para os fetos, Al Janeen (O
escondido), pois ele está obviamente escondido no útero de sua mãe.

Há muitas categorias de Jinns:


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1 – No sentido geral, são chamados de Jinni, mas usamos mais frequentemente o


termo Jinn.

2 – Se o Jinn vive nas casas com as pessoas, perturbando ou não, são então chamados
de 'Aamir (Morador), 'Ummaar (Moradores).

3 – Se é o tipo de Jinn que interage com crianças, fazendo amizade ou sendo uma
ameaça à vida dela, são chamados de Arwaah (Espíritos).

4 – Se o Jinn é perverso ou sádico, ele é um Shaytaan (Diabo) ou Suhus (Sem luz).

5 – Se ele é ainda pior que o anterior, é chamado de Maarid (Demônio). O mesmo para
os Silah.

6 – Se é ainda pior que o anterior e mais forte, será um Ifreet, sendo o plural 'Afaareet.
O mesmo para os Gul.

A crença nos Jinns varia muito de pessoa para pessoa. Para alguns, eles simplesmente
não existem, mas gostam das lendas que geram. Outros os veem como sendo o
próprio Shayaateen (Satã), mas isso não é bem aceito no Islamismo, pois os Jinns são
diferentes disso. O teólogo Ibn Taymiyyah (1263 - 1328) disse:

"Todas as nações acreditam nos Jinns e essas pessoas tem muitas estórias que
levariam muito tempo para ser cntadas. Ninguém nega a existência dos Jinns exceto
aqueles pequenos grupos de filósofos ignorantes e doutores e sua laia. Entre a classe
mais rica, entretanto, temos aqueles que creem plenamente e qaqueles que preferem
se calar e não dar suas opiniões, para não chamar a atenção dos Jinns... Majmoo' Al
Fataawa, Ibn Taymiyyah"

O doutor Ibraaheem Kamaal Adham fala em seu livro Al Sihr Wa'l Sahrah:

"Falar sobre os Jinns é um dos assuntos mais difíceis, principalmente por que não
podemos vê-los e vivem em um mundo invisível para nós, de forma que não pode ser
medido fisicamente e nem explicado em termos empíricos. As pessoas têm muitas
ideias em suas cabeças sobre o que é um Jinn, as quais variam de acordo com sua
cultura, natureza individual e nível de educação. Há muitas estórias que são contadas
sobre os Jinns nos vilarejos e desertos, onde a bruxaria pode ser encontrada por todas
as partes."

O Doutor Ibraaheem Kamaal continua:

"Todas as pessoas, idosas ou jovens, educadas ou não, homens e mulheres, podem


dizer acertadamente qualquer coisa sobre os Jinns e seu mundo invisível. Não há
pessoa neste mundo, de qualquer etnia, que possa dar iformações sólidas e coerentes
sobre os Jinns. Isso porque eles não podem ser vistos em sua forma verdadeira e seu
mundo não pode ser alcançado pelos olhos humanos. As crenças das pessoas sobre os
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Jinns vem de muitas fontes. As principais vêm das crenças pagãs que viam os Jinns
como forças da natureza, o que não é de um todo errado. Alguns Jinns também
refletem os pensamentos e desejos secretos humanos. Alguns são mitos e fábulas
criados por pagãos de todo o tipo na tentativa de explicar os Jinns. Para alguns mais
recentes, Jinns são espiões de Satã. Algumas definições vêm direto do Islã, ideias
distorcidas por Maomé. De todas as pesquisas e informações que consegui durante
meus estudos, apenas uma está em concordância entre todas as pessoas, educadas ou
não, de todas as classes. Esta ideia é a de que os Jinns de fato existem! Muitos relatam
sua opinião sob a luz do que o Islã diz. Mas outros vão mais longe, falam do mundo dos
Jinns em detalhes surpreendentes, dizem que Allah não tem qualquer poder ou
controle sobre eles e seu mundo. Eles afirmam que viram o mundo dos Jinns tão claro
como o dia. A maioria das pessoas com as quais eu conversei acredita em Jinns,
acreditam também na possibilidade de vê-los em suas várias formas e afirmam que as
formas mais comuns que os Jinns aparecem aos humanos são na forma de uma grossa
serpente, um gato preto, um cachorro preto ou até uma ovelha. Mas não raramente,
os Jinn surgem em formas humanas, embora seus pés sejam os de bodes.

É de consenso geral que os Jinn tenham medo de lobos e jamais podem se manifestar
nesta forma. Para os antigos, os lobos têm grande poder sobre os Jinns e caso um Jinn
se manifeste fisicamente diante de um lobo, este devorará Jinn. Os Jinns fogem ao
sentir o cheiro de lobos! Muitas pessoas que conheci usam amuletos e talismãs de
lobos ou em forma de lobos para afastar os Jinns. Entre esses utensílios mágicos
encontramos pelo de lobo, dentes, ossos e pedaços de pele.

Entre muitas pessoas há também um grande medo dos Jinns e chegam a evitar
pronunciar o nome em voz alta. Atualmente, quando chegam a falar dos Jinns, antes
mencionam "Bismillaah", ou seja, em nome de Allah. Se, por acaso, alguém desenvolve
uma dor nas costas sem nenhuma explicação física ou clínica, logo pensam que se trata
de um Jinn o castigando ou perseguindo. Geralmente, na crença popular, a pessoa
pode ter machucado ou chateado um Jinn sem perceber e ele veio atrás da pessoa
para se vingar.

Entre as pessoas que interagem com os Jinns, os Sihir (feiticeiros/as) é dito que eles
vivem muito e muito tempo. Ao se chegar em suas tendas de consulta, e sabido haver
Jinns que cuidam dos quatro pontos cardeais do local e símbolos e/ou oferendas
podem ser vistas nestes pontos. Entretanto, em todos os paises Árabes e no Irã a
prática do Sihir é criminosa, fortemente combatida pelo Islã e precisam ser muito
discretos e praticar um culto sólido aos Jinns para que os proteja.

Os Sihir e as pessoas crentes nos Jinns afirmam que é possível subjugá-los e manipulá-
los de forma a fazerem o que o magista deseja, podendo ser guardiões marcados por
talismãs, feitiços, queima de incensos e desenhos mágicos. Também classificam os
Jinns dividindo-os em categorias sincréticas que vão do "inferior" ao "superior", ou
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seja, os ligados a Shaytaan e os ligados à Allah. Cada categoria tem seu próprio tipo de
talismã e incenso e podem servir a diferentes propósitos, sendo úteis no amor e
harmonia entre as pessoas ou serem mortais e crueis. Tal como podem ser divididos
em superiores e inferiores, também são classificados por cores. Há os Jinns vermelhos,
Jinns pretos e Jinns verdes, há os Jinns que voam, os que vivem debaixo d'agua, os que
vivem nos desertos, oásis, florestas e toda sorte de bioma no planeta.

O Doutor Ibraaheem Kamaal disse: "Ainda me lembro de muitas histórias que


costumávamos ouvir quando éramos crianças, nas noites quentes no vilarejo no qual
cresci, em Al-Fuqaa'i, no Egito. Estas histórias falavam sobre os Jinns e como eles
poderiam aparecer para as pessoas e tomar as mais diferentes formas, até mesmo de
animais de todos os tipos, muitas vezes como coelhos, pequenas crianças ou mulas.
Havia uma história muitíssimo conhecida sobre um homem que estava trabalhando no
seu campo uma noite, quando alguém chegou e lhe ofereceu ajuda. O homem,
cansado, aceitou a oferta, mas pouco tempo depois o fazendeiro olhou para os pés do
homem que lhe oferecera ajuda e percebeu que eram pés de macaco. Pasmo de
medo, ele começou a correr e só parou ao chegar no vilarejo mais próximo. Ali ele
encontrou outro homem que lhe perguntou o que estava acontecendo, então o
fazendeiro explicou a história que acabara de vivenciar na sua fazenda, dizendo que
era um Jinn na forma de um homem e com pés de macaco. Então o homem lhe
perguntou: "Pés de macaco assim como os meus?" e ele olhou e viu os pés de macaco
deste homem... o fazendeiro morreu ali mesmo, de susto!

Na crença mais popular, lembrando as mesmas ideias de alguns Djabs que temos,
conta-se que se um homem for assassinado por vingança, nas áreas do Alto Egito, que
é uma área "abandonada" por Allah, então um Jinn Ifrit ('Ifreet) aparece no lugar onde
o homem morreu, e então poderá atormentar quem se aproximar dali. Não é, no
entanto, como se o próprio homem morto se tornasse um Jinn, mas a carcaça
energética que ele deixa ali e usada por um Jinn "brincalhão". Isso pode ocorrer em
muitas outras situações de crime de morte odiosa, e na crença pré islâmica pode
ocorrer em qualquer ponto geográfico do mundo, não somente no Alto Egito.

Na verdade, as histórias e crenças comuns sobre os Jinns estão por todos os lados e
independem da opinião do Islã. Da mesma forma que todos os espíritos fora do
panteão comum do Vodu podem ser um Djab ou Baka, assim como qualquer espírito
ruim fora do panteão comum dos Candomblés pode ser um Egun ou Kiumba, qualquer
espírito fora do Islã será um Jinn de alguma natureza, por vezes os criados
originalmente nos primórdios da criação ou que vieram depois, caídos com Shaytaan.
Desta forma, nossas Loas podem ser vistas como Jinns pelos Islâmicos, tal como
podemos enxergar o Allah deles como um Djab.

Em uma visão pré-islâmica, ainda pensamos sobre os Jinns como inferiores/pesados ou


superiores/leves. Mas para os pagãos não existe a ideia de um Shaytaan e tampouco
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de um Allah, assim entendemos que os Jinns são criações dos antigos deuses, que os
fizeram antes de nós, e são de muitas naturezas, alguns mais pesados e negativos e
outros mais leves e positivos, não necessariamente bem e mal, mas todos com ambas
as possibilidades. Por que é desta forma que as coisas funcionam no paganismo, tudo
tem dois lados, só assim a criação e perfeita. O imperfeito está no desequilíbrio de
qualquer um desses lados, isto é, ser bom demais ou cruel demais.

É muito difícil falarmos de Jinns sem mencionar a visão do Alcorão. Fazer esta
comparação entre as crenças pré-islâmicas (pagã) e islâmicas (monoteística) deixa o
conhecimento sobre os Jinns mais completo, uma vez que raramente alguém tera
acesso aos Jinns na visão pré-islâmica, assunto que é um tabu nos meios arábicos.
Grande maioria dos muçulmanos crê na existência dos Jinns e do mundo deles.
Entretanto, para muitos sacerdotes islâmicos, as pessoas que ousam crer na existência
de um Jinn é na verdade um Kaafir, ou seja, um descrente, infiel, contra-allah. Isso
pode ser contraditório, uma vez que os Jinns são mencionados em mais de 40 versos
do Alcorão, em cerca de 10 Suras (Surat = Capítulos) e até em Suras dedicadas aos
Jinns e que levam seu nome, como a Suratul-Jinn (Capítulo aos Jinns). Assim, como o
muçulmano não pode acreditar nos Jinns se o Alcorão os destaca claramente?

Os muçulmanos creem sim, fortemente e sem sombras de duvidas na existência dos


Jinns, sem serem de fato um Kaafir (Infiel). As histórias sobre os Jinns são tão reais
quando o dia a dia que o povo muçulmano vive e eles usam o Alcorão como defesa
contra os ataques de tais seres. Mas, segundo esta crença, para todos os que estão e
dia com as palavras de Maomé e de Allah, os Jinns não poderão causar nenhum mal,
não se aproximarão dos fieis e nada poderão fazer contra eles, já que os Jinns estão
sob o comando de Allah.

O muçulmano comum é obrigado a crer em tudo o que diz respeito aos Jinns, e há
evidências islâmicas para seus crentes se apoiar, vindas tanto do Alcorão (livro
sagrado) quanto da Suna (sabedoria, costumes e práticas). Para eles [muçulmanos] as
evidências da existência dos Jinns vem das próprias palavras de Allah.

Evidências mencionadas no Alcorão:

"E lembre-se de quando enviamos para você, Maomé, um grupo de três à dez pessoas
dentre os Jinns, quietamente ouvindo o Alcorão." (Al-Ahqaaf 46:29)

"Diga, oh Maomé, me foi revelado que um grupo entre três e dez Jinns ouviram o
Alcorão. Os Jinns disseram: Na verdade, ouvimos uma linda recitação deste Alcorão!"
(Al-Jinn 72:1)

Evidências encontradas na Suna (Sunnah):


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Ibn Mas'ood (Masud, “companheiro” de Maomé) disse: Estávamos na companhia do


mensageiro de Allah certa noite, quando então notamos que ele desaparecera.
Procuramos por ele nos vales e montanhas, sem sucesso. Logo pensamos que ele
poderia ter sido raptado por um Jinn ou, pior, até ter sido assassinado. Passamos a pior
noite que qualquer pessoa poderia passar em sua vida. Mas, pela manhã, o avistamos
vindo da direção de Hira. Dissemos: O mensageiro de Allah, sentimos tua falta e
buscamos por você, mas sem te encontrar, passamos a pior noite que qualquer pessoa
poderia passar. Então ele nos disse:

"Um peticionário dos Jinns veio até mim e eu fui com ele e recitei as palavras do
Alcorão para todos eles."

Então ele foi conosco e nos mostrou suas pegadas de fogo e seus traços ígneos. Assim,
os Jinns perguntaram sobre suas provisões (comidas) e ele disse:

"É de vocês cada osso sobre os quais o nome de Allah foi mencionado, os quais cairão
em suas mãos cobertos de carne, e cada pedaço de estrume será a comida de seus
animais. Assim, ó povos, cada osso e cada pedaço de estrume é provisão entre seus
irmãos, os Jinns."

‫اني اراك تحب الغنم والباديه فاذا كنت في غنمك وباديتك فاذنت‬
‫بالصاله فارفع صوتك بالنداء فانه ال يسمع مجدي صوت المؤذن حن‬
‫وال انس وال شي اال شهد له يوم القيامة‬
“Vejo que você gosta de ovelhas e do deserto. Quando você está com suas ovelhas no
deserto e você receber o Adhaan (chamada) para a reza, erga tua voz quando fizer
chamado, para que nenhum Jinn, Humano ou qualquer outra coisa não ouça a voz do
Muadhdhin (sacerdote que canta as surat no minarete) tão longe quanto ela possa ir,
de forma que todos os viventes (inclusive os Jinns) possam se preparar para
testemunhar o dia da ressurreição."

Nestes quatro exemplos, de mais de 40 possíveis, tirados do Alcorão e da Sunnah,


percebemos que os Jinns e seu mundo são reais. Os Jinns existem e estão vivos; eles
têm poderes sobre humanos e são passíveis de compreender as permissões, comandos
e proibições (de Allah). Então, o fiel que crê no Tawhid (Monoteísmo) precisa também
crer na existência dos Jinns.

Algumas menções do Alcorão e da Sunnah a respeito dos Jinns:

"E de fato, o homem foi criado da argila feito lama. E os Jinns foram criados da chama
do fogo sem fumaça." (Al-Hijr 15:26-27)
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"Eles comem, se casam e produzem descendência." E como narrado por Ibn Mas'ood,
o mensageiro de Allah disse:

"Não valorizem o esterco (que sai do ânus) ou usem ossos (para raspar) para a Istinja
(ato sagrado e obrigatório entre os muçulmanos de se lavar o ânus e a uretra antes das
atividades sacras), pois eles são o alimento de seus irmãos entre os Jinns." (ossos,
fezes de toda sorte e urina são alguns alimentos aos Jinns)

E disse Allah:

"Lembrem-se do que foi dito aos Anjos: Prostre-se diante de Adão (o primeiro). Então
todos se prostraram exceto Iblis (Chefe dos Jinns, ou Satã). Ele era um dos Jinns, ele
desobedeceu as ordens do seu senhor. Então por que ousam vocês considerarem Iblis
e sua descendência como protetores e auxiliadores mais importantes do que eu (Allah)
enquanto eles são os inimigos verdadeiros? Que péssima troca feita pelos Zaalimoon
(Politeístas)." (Al-Kahf 18:50)

Na passagem anterior vemos que o chefe dos Jinns, Iblis, se recusou a se protrar-se
diante de Adão, o suposto primeiro homem feito, pois Iblis e os Jinns não
concordavam com a criação do homem. Então, Allah questiona o motivo de as pessoas
pagãs cultuarem aos Jinns, que são contra a humanidade, o que inclui o pagão, ao
invés de cultuarem Allah, o "verdadeiro" criador da humanidade. A questão faz
sentido, para quem crê em Allah. Mas não faz sentido para um Zaalimoon (Politeísta).

Nesta passagem, tal como nas anteriores, Allah nos diz que os Jinns podem ter
descendências e que podem acontecer somente se eles se casarem entre si. Ele diz
também que não podemos ver os Jinns, embora eles possam nos observar o tempo
todo. E disse Allah:

"De fato, eles e Qabiluhu, soldados das tribos dos Jinns, te veem de onde você não
pode vê-los. Na verdade, foram criados os Shayaateen Awliyaa (demônios protetores e
auxiliadores) para servir àqueles que não creem (em mim)." (Al-A'raaf 7:27)

Mas os humanos podem sim ver os Jinns quando estes tomam outras formas. Os Jinns
são seres racionais e que são responsáveis por si mesmos (livre arbítrio). E disse Allah:

"Eu, Allah, não criaria os Jinns e nem a raça humana se não fosse para que (somente)
eles me adorassem em culto." (Al-Dhaariyaat 51:56)

"E chegará o dia em que Allah questionará: Ó assembleia de Jinns e da Humanidade!


Não vieram a vós mensageiros dentre vós, recitando-vos os meus versos e avisando-
vos do encontro deste vosso dia? Eles dirão: Damos testemunho contra nós mesmos.
Foi a vida deste mundo que os enganou, E eles darão testemunho contra si mesmos de
que eram descrentes." (Al-An’aam 6:130)
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Ainda, segundo o Alcorão:

"E dentre os Jinns há aqueles que são muçulmanos, que ouviram e aceitaram as
palavras de Allah. Mas há também aqueles que são Al-Qaasitoon, os descrentes, que
desviaram do bom caminho. Àqueles que aceitaram a palavra de Allah seguirão pelo
bom caminho e alcançarão a salvação eterna. Mas aqueles descrentes, desviados serão
então lançados no fogo do inferno." (Al-Jinn 72:14-15)

Mas os Jinns também falam sobre si mesmos:

"Há entre nós aqueles que são ricos, mas também os que são pobres. Há tda sorte de
religião, tal como os humanos e há toda sorte de caráter." (Al-Jinn 72:11)

É dito que Allah deu aos Jinns muitas habilidades mágicas, de forma que possam tomar
qualquer forma que desejarem (menos a de lobo). Podem se mover para qualquer
canto do mundo imediatamente, podem mergulhar no fundo do oceano, construir
qualquer coisa por sua pura vontade e até voar tão alto quanto os planetas. Nenhuma
força física os impede!

Allah abençoou um de seus profetas, Salomão (Suleiman), com o poder de controlar os


Jinns, em nome do "grandioso" Allah. Desta forma, Salomão não podia ser ferido pelos
Jinns. Observe o aluno que o Alcorão está considerando as divindades pagãs como
Jinns. Na verdade, conta o Islã, Salomão costumava colocar aqueles que se desviavam
e iriam contra seu comando em cadeias, como Allah disse:

"E também outros amarrados em grilhões." (a mesma ideia tola da Goetia de se


aprisionar e subjugar os Daemons que não obedecerem ao magista.)

Allah menciona sobre as habilidades dos Jinns de construírem para Salomão:

"Os Jinns trabalharam para Salomão como ele deseja, fazendo grandes quartos,
imagens, reservatórios de água, piscinas e cozinham para ele em caldeirões." (Saba'
34:13)

Sobre a velocidade que um Jinn pode viajar no espaço, Allah diz:

"Um Ifrit forte entre os Jinns disse: vou trazer a você algo distante antes que se levante
de sua cadeira. E na verdade, o trabalho foi feito antes que pudesse piscar os olhos."

Os Jinns têm muitos poderes sobre os homens, tais como tacar fogo em suas casas,
arremessar os móveis contra as pessoas, manifestam na saúde causando paralisias,
aperto no peito, depressão, pânico, medos, uma dor de cabeça que não passa,
doenças de todos os tipos para as quais nenhuma intervenção médica pode curar,
causam insanidade ou surgirem em forma de humanos para invadir as casas e causar
danos nos moradores. O pior ataque dos Jinns é aquele que focam a causar danos em
nosso cérebro, tanto fisicamente quanto emocionalmente.
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Antigamente, a loucura e a epilepsia eram creditadas aos Jinns, principalmente aos


Jinns mais perigosos como os Ifrits. De fato, quando a loucura não tem causa física ou
emocional, bem como a epilepsia, então temos um ataque de Jinn. Conta-se o caso de
uma jovem mulher egípcia que buscava os conselhos de um feiticeiro que lançava os
astrágalos e fazia pequenos rituais destinados para ela manter seu noivo preso na
relação, já que ele dava sinais de que estava se afastando. Apesar das magias estarem
dando certo cada vez mais, a moça passou a ter ataques epiléticos mais e mais fortes e
frequentes. Ao buscar um médico, nada foi constatado e passou a desconfiar de que
tratava da ação de um Jinn sobre ela. De fato, ela estava sendo atacada por um Jinn
Ifrit. Certamente não podemos garantir que não haverá efeitos colaterais ao se
trabalhar com Jinns, lembrando de que são nossos inimigos naturais. Em alguns casos,
embora exista algumas receitas para se livrar dos Jinns, o mal físico causado por eles é
permanente e é o preço que se paga pelos desejos alcançados.

Os Jinns possuem corpos leves como o ar, embora seja de um tipo de fogo sem
fumaça. Mesmo os Jinns mais densos são ainda mais leves do que os corpos dos
homens. Leves como o ar, podem entrar nos corpos das pessoas e possuir sua
consciência. Enquanto o Alcorão afirma que somente as pessoas que se desviaram do
caminho de Allah ou que estavam fracas espiritualmente podem ser acometidas pela
incorporação dos Jinns, os escritos mais antigos falam que qualquer pessoa está sujeita
a sua ação a partir do momento que começam a evocar estes seres.

As incorporações com os Jinns são mais comuns e frequentes do que se imagina.


Normalmente, as pessoas perdem total controle de seus corpos, ficam violentas a
ponto de lançarem objetos e móveis contra outras pessoas, atacarem com grande
força física ou até armas brancas. Falam contra o Islã, revelam segredos podres das
pessoas a sua volta, xingam, gritam, choram, rosnam, se agitam, se ferem, babam feito
animais selvagens. Entretanto, havia – ou talvez ainda haja – feiticeiros e feiticeiras
capazes de receber Jinns em seus corpos e eles poderem agir com total controle sobre
os humanos possuídos por eles, falando claramente, caminhando, se alimentando e
realizando magias diversas, tal como vemos os espíritos fazendo dentro do Vodu.

É importante dizer neste ponto que estamos falando de Jinns propriamente ditos,
aqueles que foram criados antes dos homens e que se rivalizaram com nossa raça
quando viemos a substituí-los. Explico isso porque na crença Islâmica os Jinns são
qualquer deus antigo, pagão, de qualquer etnia do mundo. Então, como estamos em
um contexto pagão, vamos considerar os Jinns como apenas Jinns mesmo, os mesmos
chamados de Daímons pelos gregos. Em relação ao Mítico Salomão, encontramos
tanto Jinns de fato quanto divindades pagãs de todo tipo. Para o Alcorão, todos são
vistos como Jinns. Para os pagãos, as divindades são DIVINDADES e os Jinns são JINNS.

Poucas pessoas sabem que as antigas divindades também possuíam os corpos de seus
servos e assim transmitiam seus desejos e recados. TODAS as divindades dos mais
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diferentes panteões faziam isso. A incorporação na religião é chamada de animismo.


Entretanto e por alguma razão que não sei explicar, tendemos a pensar que somente
religiões africanas são animistas. Da mesma forma que há a abertura para a posse de
divindades, estamos também abertos a posse de outros espíritos, alguns positivos e
outros nem tanto, como no caso de Eguns, Kiumbas, Djabs, Bakas, Daímons e, claro,
Jinns.

Tal como o Alcorão afirma, os Jinns podem seguir toda sorte de religião que se pode
imaginar pelo mundo. Os Daímons também são assim, alguns eram devotos de Atenas,
outros de Dionísios, ou de qualquer outra divindade grega. Isso me faz lembrar dos
meus encontros no Vodu com Djabs e também Ghedes que eram ateus, cristãos (em
sentido livre), voduístas, católicos, protestantes, judeus, maçons e etc. Embora
possamos comparar alguns Djabs aos Jinns, jamais podemos comparar um Ghede, usei
apenas como “um pensamento escrito que acaba de me ocorrer”. Mas, não é somente
o Alcorão que nos fala sobre a liberdade religiosa dos Jinns. Os escritos antigos
também nos falam sobre isso.

É interessante observar que entre os pagãos as ideias que encontramos sobre os Jinns
são praticamente – quase – as mesmas do Alcorão. Maomé mudou bastante a situação
dos Jinns, mas jamais negou sua existência. Na visão pré-islâmica os Jinns eram
divindades ou semideuses, mas Maomé os reinterpretou como simples espíritos
danosos, comparando-os aos demônios da mitologia cristã. Conforme o Islã foi
“devorando” as culturas africana, turca, persa e indiana, as divindades locais foram se
tornando Jinns em sua visão. É importante que o aluno entenda que o Islã chegou ao
Egito no século VII, no mesmo século os egípcios islâmicos (na verdade invasores
árabes) invadiram o reino cristão da Núbia, Islamizando os sobreviventes e dali foi
lentamente se espalhando pelo centro, oeste e sul do continente.

A Islamização da África Ocidental (onde também se localizava o Reino do Daomé,


Nigéria e Reino do Congo, importantes reinos para o Vodu nas Américas) ocorreu no
século IX quando os árabes comercializavam escravos negros para o norte da África e
Europa Mediterrânica. Muito tempo depois, no século XVIII, muitos escravos que
chegavam ao novo mundo eram “Islâmicos”, mas eram considerados pelo Islã como
sendo impuros, uma vez que eles misturavam suas crenças locais com o Islamismo.
Assim, a ideia de Jinns na prática Vodu, que mais tarde se chamaria de Djabs, não deve
ser esquisita ao aluno. Hoje, a religião dominante na África é o Islã (45% de todo o
continente), seguido pelo cristianismo (40%) e 15% apenas dividido entre ateus e
religiões pagãs (os dados são para todo o continente, não apenas um país!).

Embora estejamos falando de Jinns, na verdade podemos perfeitamente pensar em


seres criados antes do homem e que disputa com este o espaço na terra,
independente de seu nome ser Jinn, Daímon, Djab, Baka, Igigi ou qualquer outro. A
ideia do invasor Islâmico sobre tais criaturas (Jinns) se casou perfeitamente bem com
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as mesmas ideias sobre seres diversos de da mesma categoria dos Africanos. Nos
fragmentos escritos sobre os Jinns, principalmente em persa, os colocam como seres
que podem ser até bondosos e outros muito cruéis, uma ideia semelhante a adotada
pelos gregos e seus Daímons. E, de fato, são como os humanos, podendo ter ambos os
potenciais construtivo e destrutivo. Daí, com a mesma visão, o africano politeísta e
islamizado levou consigo esta mesma ideia ao novo mundo, a de que poderia trabalhar
com Jinns, ou seja lá qual o nome preferiam chamar de acordo com sua etnia. Não
únicos, mas fortemente animistas (crença e prática na incorporação), as posses dessas
divindades menores eram comuns, uma vez que ao se trabalhar com Jinns estamos
passíveis de emprestar nossos corpos a eles, muitas vezes sem a nossa explícita
permissão.

Não demorou muito para que o escravo “pagão-islamizado” começasse a elevar tais
seres, que originalmente na criação eram já semideuses, ao status de divindades, que
mais tarde poderiam ser chamadas de “Leis”, ou melhor, Lwa. No entanto, são poucas
as quais, por motivos pessoais, prefiro não mencionar. Mas os seres que podemos
chamar de Jinns continuam figurando nas práticas Vodu e até mesmo nos Candomblés
e Umbandas brasileiros (assunto que eu também não quero falar sobre, pois a ideia é
ensinar Vodu e não criar polêmicas!). Claro que a influência Islâmica não se limitou
apenas aos Jinns ou qualquer outro nome que os queiram chamar, mas teve influencia
no culto também, influências sutis atualmente e que não incomoda, uma vez que as
bases do Islamismo, tal como no Cristianismo, são do culto Solar e Lunar dos pagãos.

Como já falamos, os Jinns comem preferencialmente esterco bovino, ovino ou equino,


comem também ossos e carnes apodrecidas. É de crença pagã e também Islâmica que
se “machucarmos” um Jinn, este se virá contra nós e poderá causar sérios danos aos
humanos, podendo levar da loucura à morte. Por isso, ainda hoje pode ser comum ver
um seguidor mais velho do Islã pedir destur (permita-me) antes de jogar água fora,
derramar água quente no chão, pisar em meio à folhas e etc, tudo para que, caso
machuquem ou matem um Jinn, possam afirmar sua inocência e explicar que pediram
permissão antes, mas o Jinn não saiu do caminho. Em um trecho de uma reza que
usamos em uma ocasião específica lemos “Djab-la di m ap manje mwen paske mwen
fè l mal!” (O Diabo disse que vai me devorar porque eu o machuquei!) e então uma
oferenda com carne apodrecida e que tenha ossos é aconselhada ser levada em um
local ermo, para que o mal se afaste da pessoa. Oras se não é uma forte influência dos
Jinns!

Um Houngan que não vou dar crédito porque não é merecedor chegou a comparar os
Jinns, ou pelo menos alguns deles, da classe Marid, aos Simbis, que originalmente
eram muitos e foram resumidos em três principais e alguns coadjuvantes específicos
em algumas Fanmi Vodu. Segundo os textos Islâmicos mais antigos, certamente muito
influenciados pelos textos pré-islâmicos, falam que os Jinns trabalham com a magia,
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são eles os verdadeiros responsáveis quando fazemos uma magia qualquer e


desejamos que esta atinja o nosso alvo. Se são os Jinns os detentores da magia que os
Magos e Bruxas usam, então estão muito ligados ou são muito semelhantes aos
Simbis, que possuem exatamente a mesma função. Chegar a compará-los como sendo
a mesma energia, divindade, não sei se é possível ou se isso é de fato relevante para o
culto e prefiro deixar a lacuna para o pensamento.

Para a visão pagã pré-islâmica, pessoas podem carregar um Jinn bom ou cruel. Este
Jinn não nasce com elas, como na crença dos Gênios Romanos, mas sim eles se
aproximam ao longo da vida da pessoa atraídos por sua essência e/ou pensamentos
viciosos, aqueles que nos perseguem feito uma obsessão. Bons Jinns, assim como os
Eudaímons, levam os homens (no sentido de humanidade) à riqueza, poder, saúde,
amor, todo tipo de sorte. Quanto aos Jinns cruéis, levam os homens a miséria, loucura,
doenças, raiva, brigas e mortes, tal como com os Kakodaímons. Estar sob a influência
de um bom Jinn é muito desejado, embora seja difícil de alcançar e dependa muito de
nossa própria energia e, principalmente, da qualidade de nossos pensamentos
(“quando pensamos, criamos algo!”).

Entretanto, ao contrário do que se ode imaginar, ter um “bom” Jinn por perto não é
algo que conscientemente devemos buscar, uma vez que para se ter alguma segurança
nisso devemos atraí-lo naturalmente, sem forçar um ritual que iria parecer muito mais
um “sequestro de Jinn” do que um acordo legal com ele. Usar rituais para se atrair um
Jinn fará com que seus familiares Jinns venham em busca dele e os problemas serão
gigantescos. O melhor é atrair esse ser pela amizade mesmo. Como tudo no universo e
em todos os mundos criados pelos antigos deuses é feito de energia, é de se supor
com toda a certeza de que Jinns mais positivos vivam em locais limpos, bonitos,
cuidados, com boa energia. Em lixões, lugares feios ou sujos, onde ocorreu tragédias
ou tem a prática frequente da magia negra só poderemos encontrar Jinns negativos.
Em qualquer um desses locais, ao se levar ossos ou esterco como oferenda, uma vez
na semana, vamos atrair Jinns ligados àquele local. Vamos falar mais sobre as
oferendas mais adiante.

Nem todas as pessoas podem ter um Jinn positivo e algumas sequer pode ter um Jinn
por perto. Não há como saber quem pode ter e porque ela pode ter. Não temos
muitos fragmentos de texto sobre o assunto e nem todos os que temos foram
traduzidos. Também, nem todas as pessoas de fato querem ter um Jinn por perto, pois
sabem dos riscos que isso implica. Jinns positivos andam juntos de Jinns negativos, eles
não precisam ser necessariamente inimigos. O Islã coloca os Jinns como se fossem
empregados dos humanos, construindo palácios e muralhas aos seus senhores
humanos, como se fossem seres burros e inferiores a nós. Eis uma grande ofensa à
eles e um grande perigo aos humanos. Essa ideia de que Jinns podem ser escravos dos
humanos, infelizmente, influenciou a Goetia. A experiência pagã mostra exatamente o
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contrário, vemos que a imperícia ao se lidar com Jinns é que termina com o humano
“inteligente” sendo o escravo.

Podemos encontrar muitos mitos sobre as origens dos Jinns, cada uma de acordo com
a religião ou etnia que vai contar. Os mitos mais antigos, vindos dos Árabes pré-
islâmicos, estão incompletos, fragmentados em escritas antigas, geralmente em
Arábico Meridional, mas também em cuneiforme, e que nem todas foram decifradas
ainda. Geralmente começam mais ou menos da mesma forma, quando os Deuses
antigos iniciaram sua obra, criaram os mundos. Em cada um desses mundos, criaram
muitos reinos (vegetal, mineral, o fogo, a água, o ar, a terra, o animal, o divino, etc). Os
primeiros seres inteligentes a ser criados foram os que não se pode ver (Jinn), feitos de
fogo sem fumaça. Com considerável poder, eram rebeldes diante dos antigos deuses.
Sem estar presos nas leis da física comum, eram entidades perturbadoras dos diversos
reinos e não davam paz ou respeito às divindades. Eram imortais, podiam se
reproduzir, mas não se extinguir, viajando entre os diferentes mundos criados
(podemos entender como diferentes planetas, galáxias, etc).

Os Jinns competiam em força e arrogância com as antigas divindades. Eles se


recusavam a obedecer ou se curvar diante dos deuses, pois viam a si mesmos como
também deuses. Eram perfeitos, não estavam presos à física como a conhecemos,
podiam ter acesso a qualquer outro mundo com a mesma velocidade da luz, eram
passíveis de mudar sua forma. Para que se curvar diante dos deuses se eles tinham
todo esse poder? Mas os antigos deuses se incomodavam, exigiam cultos, queriam
reconhecimento para esta obra que teve como finalidade seres que gerariam energia
através de seus ritos e alimentariam as divindades, trabalho que fora recusado pelos
Jinns.

Decepcionados com a primeira criação, decidiram realizar uma segunda. Mas desta vez
seria feito de Água (emoções) e Terra (invólucro carnal), seres inferiores aos deuses,
presos na física e realmente dependentes do culto, para que pudessem acessar as
divindades e ajuda-los em sua caminhada. Os Jinns, no entanto, não viam essa nova
criação com bons olhos, sentiram-se em segundo plano, achavam que deveriam
receber cultos também, antes das divindades maiores. Uma guerra eterna estava para
ser criada, pois os Jinns odiaram essa nova criação. Como os Jinns foram criados para
ser eternos, mesmo que seus corpos fossem destruídos, eles poderiam se
rematerializar em sua essência e voltar, então os antigos deuses tiveram que manter
os Jinns e a nova criação, os homens.

A humanidade é também eterna, feito os Jinns. Mas o corpo físico feito da terra é
perecível, se estraga e nós assamos a viver fora dele quando isso acontece. Os Jinns
não foram feitos com um corpo de Terra, mas sim de fogo e ar, ou seja, são o que
podemos entender grosseiramente e erroneamente como “espíritos”. Também,
enquanto “espíritos” somos nós feitos de fogo e ar, e não estamos presos na física
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limitada dos corpos sólidos. Mas estamos presos em corpos densos enquanto estamos
vivos no sentido biológico, e isso nos trás grande desvantagem se comparado aos
Jinns.

Originalmente, há duas versões mesopotâmicas sobre o nascimento dos Jinns. Na


primeira, foram realmente criados antes dos homens com a intenção clara de que
pudesse entrar em equilíbrio com a criação e um sustentar o outro energeticamente.
Mas, diante de tamanha arrogância e rebeldia, os humanos foram criados depois e
preferidos, ficando os Jinns em segundo plano. Em outra versão, os Jinns nasceram da
fúria de Tiamat durante a guerra dos deuses, mas uma vez imortais, acabaram tendo
que conviver com os humanos que seriam criados mais tarde, mas em conflito com
estes uma vez que os humanos tinham vantagens diante dos deuses.
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ATAQUE DE JINNS

A maioria dos ataques dos Jinns é imperceptível nos primeiros meses e quando nos
damos conta deles estamos mais encrencados do que imaginávamos. Podem atacar de
incontáveis formas, tanto nosso corpo físico, nosso mental, nossa casa e ambiente de
trabalho. Sabemos que se trata de um Jinn quando não há uma causa real ou quando
os médicos não encontram o problema em exames clínicos (com exceções!).
Conhecemos nosso corpo e nossa vida, então sabemos quando algo simplesmente
começa a mudar. Sabemos também por onde andamos e com o que mexemos, isso
também nos ajuda a descobrir um ataque desta natureza. Como os ataques são os
mais diversos e de diferentes intensidades, vou me limitar a alguns exemplos que
podem ser aplicados para outras ocorrências.

Devemos nos lembrar de que os Jinns estão em todas as partes, TODAS MESMO! Se
contarmos mil ambiente diferentes teremos mil tipos de energias e mil tipos de grupos
de Jinns. Quantificar e explicar cada um é desnecessário e humanamente impossível.
Neste exato momento, você tem Jinns à sua volta, pois eles moram com você, sentem
seus pensamentos, sabem do que está lendo e quais as tuas intenções. Jinns são como
ervas daninhas que simplesmente brotam. Quando a pessoa é naturalmente médium,
ela tende a atrair esses seres com grande facilidade e acabam sob ataque deles,
servindo até como alimento. Se, por outro lado, estamos mais fortes e temos uma
prática ritual sólida ou não estamos focados neles nem buscando por eles, é bem
menos comum ou frequente um ataque.

Quando realizamos um ritual, há todo o tipo de espíritos e outros seres no local. No


caso dos Jinns e Daímons, geralmente ficam os que são simpáticos ao culto que está
sendo realizado, cultuam juntos dos humanos. Mas nem por isso todos ali são energias
boas, aliás, a minoria é. Alguns estão no local para perturbar a ordem das coisas. Jinns
sempre vão atacar, em menor ou maior grau, mas sempre vão atacar. Não há pessoa
no mundo que não tenha sofrido qualquer ataque vindo de um Jinns, uma vez que a
crença em seres criados antes do homem é universal, não sendo uma “propriedade”
dos semitas. Em contexto Vodu são chamados de Djabs, muitas vezes sem serem
compreendidos em sua essência.

Jinns podem causar doenças físicas e muitas vezes gravíssimas para além das
mencionadas aqui. Toda doença precisa ter uma – ou preferencialmente mais de uma
– opinião médica que traga uma causa, um tratamento e/ou uma cura. Sem a opinião
clínica descartando qualquer causa física, não podemos considerar obra de magia ou
de Jinns ou qualquer outro ser. Com exceção das doenças explicadas abaixo, as outras
que não forem mencionadas e quando já instaladas pouco ou nada poderá ser feito
para ajudar. Muitas vezes, iniciações ou Maryaj Lwa podem ser utilizadas com relativo
sucesso.
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Muitas pessoas atacadas por Jinns Ifrit apresentam sintomas parecidos com a
bipolaridade. Elas ficam oscilando absurdamente entre a euforia e a depressão.
Cientificamente falando não é sabido as causas exatas da bipolaridade enquanto
doença, podendo levar muitos anos para se ter um diagnóstico efetivo. O pouco que
sabemos é que há alterações no cérebro e desequilíbrio em neurotransmissores como
a serotonina e a noradrenalina. Se todos os testes e exames no que diz respeito à
bipolaridade forem negativos descartado uma possível doença física, então temos um
quadro espiritual que pode variar muito entre divindades enfurecidas e até ataques de
Djabs e Jinns. De todos os ataques feitos por eles, este é o mais complexo de se
descobrir e se lidar e geralmente ocorre por um único Jinn Ifrit.

A epilepsia é outra condição complexa, mas que pode rapidamente ser identificada por
médicos mostrando uma causa física para a alteração cerebral e os ataques. Um
ataque epiléptico de causa física ocorre em qualquer lugar, qualquer hora. Se, por
outro lado, há ataques epilépticos sem qualquer causa clínica e que ocorrem em
momentos muito específicos como na presença de certas pessoas, em certas ocasiões,
em certos horários, em certos dias da semana, diante de certos rituais ou incensos,
então temos algo espiritual. Embora qualquer Jinn possa se valer de ataques
epilépticos, normalmente vemos os Marid nesta condição. O uso do Estoraque a cada
quinze dias pela pessoa atingida pode diminuir ou cessar os ataques.

Uma dor nas costas, que pode ser centrada na nuca e ombros ou irradiar para a
lombar e coxas pode ter uma centena de causas clínicas. Neste caso a pessoa deve
fazer exames de todos os tipos e descartar qualquer causa física. Até uma má postura
ou dormir de jeito ruim pode causar essas dores. Se estiver descartada a causa física e,
em muitos casos, nenhum remédio é capaz de fazer a dor cessar, então podemos ter
um Jinn, qualquer tipo, principalmente um Silah. Há um ritual que só pode ser
realizado por um Sihir ou sacerdote feiticeiro que tenha a reza dos Silahs. Mas um
banho como o ensinado aqui a cada 15 dias pode ajudar a resolver o caso. Silahs
raramente matam, preferem torturar.

Úlceras (não as estomacais!), ou popularmente feridas, podem ocorrer de diversas


causas e normalmente de causas naturais. Devem ser tratadas. Entretanto, quando
uma úlcera teve sua causa diagnosticada e o tratamento tem corrido certinho e não há
melhoras, o ferimento só aumenta e piora, e não existe razão física para tal, então
podemos ter um ataque de um Jinn Gul, embora todos possam se valer de úlceras para
castigar alguém. Neste caso, o Magista deve fazer um buraco de oferendas e
posicionar o doente no meio dele. Defumar a pessoa com o defumador para afastar os
Jinns. Depois, a pessoa sai e leva com ela a farinha do buraco de oferendas, que deve
ser deixada em uma encruzilhada. Deve ser repetido a cada 15 dias por tempo de dois
meses. A úlcera vai diminuindo a partir do primeiro ritual.
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As úlceras internas, inclusive as estomacais, são as mais graves e carecem de opinião


clínica com rapidez. Todos os exames precisam ser feitos, de acordo com cada
problema, e todas as causas físicas precisam ser descartadas, para que de fato possa se
julgar a arte de um Jinn Marid ou Ifrit, embora todos possam se valer das úlceras.
Infelizmente, não há o que se fazer neste caso e somente um sacerdote poderá ajudar
com rituais e banhos específicos para este caso.

A esquizofrenia é outro grande problema. A pessoa precisa fazer uma entrevista


clínica, exame físico e exames laboratoriais para se chegar a um resultado. A
esquizofrenia é geralmente hereditária e entre suas causas está o desequilíbrio
químico cerebral e outras alterações. Os sintomas são muitos como ouvir vozes,
delírios, acesso de grande raiva alternados com grande depressão e medos, paranoia,
alucinação, falta de emoções. O tratamento é feito com terapia e antipsicóticos. Se
não há, clinicamente falando, uma causa real e física para tais sintomas e nenhum
efeito dos remédios, podemos estar diante de um ataque espiritual de todo tipo. Se
problemas com divindades maiores também forem descartadas, então temos um
problema com Jinns. Os Ifrit são os que mais fazem isso contra os humanos, levando-os
ao suicídio. Quando chegam pessoas nestas condições, geralmente já trilharam muito
tempo buscando causas clínicas e curas por meios tradicionais, que é o certo já que
podemos estar diante de um caso de esquizofrenia. Mas não há muitas chances para a
pessoa quando se descobre se tratar de outros tipos de ataques. Ou a pessoa pode ser
iniciada ou realizar um Maryaj Lwa.

Dores de cabeça persistentes podem ter inúmeras causas e precisam ser investigadas
por meios clínicos. Remédios geralmente melhoram as dores quando a causa é física.
Mas as dores de cabeça, quando descartado qualquer influência física por médicos,
então podemos estar diante de um ataque de Jinns ou outras causas espirituais. Uma
dor de cabeça pode parecer para muitos como sendo algo bobo, mas quando é
persistente pode levar as pessoas à loucura e ao suicídio. Todos os Jinns se valem
deste tipo de ataque. Deve ser feito uma vez por semana a defumação para se afastar
o Jinn, por quatro semanas.

Há Jinns que atacam os genitais da pessoa e também atingem sua saúde sexual de
várias formas. Ter uma dst ou outros problemas ainda mais graves de ordem sexual é
muito comum num mundo onde o sexo é moeda de troca para qualquer bem, até
mesmo uma voltinha de carro. Assim, qualquer problema de ordem sexual, físico ou
emocional, precisa ser averiguado por um especialista clínico, um médico. Para se
considerar qualquer causa energética, é fundamental que o médico descarte qualquer
razão física. O mesmo se aplica em casos de frigidez e disfunção erétil. Muitos Jinns e
outros equivalentes gostam de se alimentar da energia sexual das pessoas, seja em um
ato sexual entre dois ou mais parceiros ou mesmo na masturbação. Entretanto, é
raríssimo que este tipo de ataque venha simplesmente per se, sem nenhuma razão. A
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maioria deles vem a partir de pactos feitos com esse tipo de Jinn ou em rituais sexuais
mal elaborados. São facilmente afastados com o banho ensinado nesta apostila uma
única vez.

Determinar um ataque de Jinn ou equivalente é muitíssimo complicado. Não tomamos


qualquer atitude a menos que a pessoa realmente tenha buscado ajuda clínica e esta
não tenha encontrado qualquer causa física para a enfermidade. Mexer com esses
seres sem que eles de fato estejam por perto só vai atrair mais deles e vamos causar
um problema que na verdade não tinha. Quando trabalhamos muito com Jinns fica
quase automática a identificação de casos de ataques, pois acabamos nos
acostumando e podemos sentir aquilo perto da pessoa. Mas quando não estamos tão
habituados, temos muito mais problemas na identificação. Uma coisa recorrente é que
o alvo que está sob os ataques de Jinns sonhe bastante com gatos, cães, coelhos e/ou
serpentes pretas, pelo menos várias vezes em uma semana. A energia da pessoa é
pesada, incômoda, muitas vezes causa náuseas nos presentes. Mesmo com tudo isso, a
confirmação clínica precisa ser feita. Se a pessoa chegar jurando que está com o Jinn,
se ela te mostrar o Jinn na tua frente, ainda exija a avaliação clínica!

Para além dos ataques da saúde física e mental, os Jinns são capazes de nos atacar
colocando-nos em situações de perigo. Eles podem facilmente nos fazer encontrar
animais peçonhentos que poderão nos ferir seriamente, seja com seu veneno ou com
ataques maiores, como o de cães ou outros animais selvagens. Normalmente usam
animais para tal fim quando invadimos territórios que eles consideram deles ou
quando um Jinn vê tal oportunidade como sendo a melhor naquele momento. Eles
podem usar outras pessoas também, que ao cruzar por nosso caminho nos atacará
causando muito estrago, e muitas vezes essa situação é “divertida” para eles. Por isso,
cair em ciladas criadas por Jinns é algo muito fácil.

Jinns se manifestam muito nos ambientes. Eles gostam de ficar na natureza e em


ruínas e locais abandonados, justamente para não serem incomodados por humanos.
Entretanto, os Jinns também ficam em nossas casas e podem se manifestar como
assombrações ou poltergeists (que agem sobre objetos, causam movimentos e
barulhos no ambiente). Este tipo de manifestação de Jinn é extremamente frequente
quando agem de forma sutil, desaparecendo com coisas, brincando discretamente
com o ambiente de forma que quase não percebemos. Mas tem aqueles que agem de
forma mais agressiva, quebrando tudo, enlouquecendo os moradores e ateando fogo
no local. Também são capazes de matar animais e crianças da casa.

Quanto mais perto da natureza, mais chances de um ambiente estar cheio de Jinns.
Mas apartamentos e casas em grandes centros urbanos também estão cheios. A
diferença aqui é que no primeiro caso é certeza absoluta da presença deles, enquanto
no segundo caso é uma probabilidade bastante grande de pelo menos um deles e bem
poderoso esteja no local. Entretanto, apesar de nossa insistência sobre os perigos dos
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Jinns, tê-los em um ambiente nem sempre é sinal de problemas. Muitos ficam quietos
e não agem de forma alguma, alguns são mais agressivos e querem perturbar a paz e
outros podem ser mais benéficos por algum motivo pessoal e ajudar os membros do
local.

Jinns andam em bandos na maioria das vezes. Isso significa que se um local está cheio
de Jinns bons, terá também os Jinns cruéis à espreita de uma chance para foder com
tudo. Da mesma forma, se um local tem Jinns cruéis, há também Jinns positivos que
podem até ajudar em algum momento. Por isso trabalhar com Jinns sempre é um risco
a se correr e nunca saberemos quais resultados esperar. Jinns não obedecem a
ninguém e por este motivo consideramos um absurdo a ideia da Goetia e do Islã de
subjugar os Jinns a nossa própria vontade. Seria infinitamente mil vezes melhor
pularmos de uma ponte!

Em alguns casos, somos de fato atacados por um único Jinn. Eles são muito fortes,
infinitamente mais que qualquer ser humano e basta apenas um deles para desgraçar
toda uma vida. Há casos em que uma pequena família de Jinns ataca, isto é, o macho,
a fêmea e suas crias. E há os extremos casos nos quais as pessoas podem ser atacam
por centenas deles, por chefes, soldados e até classes superiores na hierarquia dos
Jinns. Há quem passará a vida toda sendo atacada por Jinns e, quando morrem, os
Jinns passarão a atacar sua prole. Há também quem jamais será atacado por um deles
ou sofrerá um pequeno ataque (um chute no cu!) sem necessidade da intervenção de
um Magista.
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DEFUMADOR PARA ATRAIR OS JINNS

Atrair Jinns pode ser uma faca de dois gumes e as pessoas raramente possuem algum
controle sobre eles. Assim como no que diz respeito aos Djabs e Bakas, a melhor
forma de se usar os Jinns é quando não temos absolutamente nada a perder. Mesmo
que um Jinn trabalhe maravilhosamente bem para você, tenha certeza de que ele vai
te prejudicar de alguma forma e em algum momento. O motivo é simples, eles não
gostam de nós e jamais vamos lhes parecer superiores. Há os Magistas que gostam de
atrair os Jinns para seus locais e então trabalhar com eles, ou pelo menos com aqueles
que aceitam trabalhar com um humano. Não é muito inteligente da parte do Magista a
menos que ele não tenha nada a perder. Mas também podemos usar a defumação aos
Jinns para atrair esses seres para dentro da casa, comércio ou empresa. Muitos
Magistas fingem ser amigos de seus inimigos e oferecem uma defumação com a falsa
intenção de ajudar e então enche o ambiente do desafeto de Jinns. Outra tática é
preparar a defumação e deixar no quintal ou portão do alvo. Como é dito no Alcorão e
também nos escritos pagãos, os Jinns apreciam o esterco e os ossos. Mas não é só
desses elementos que eles são atraídos, como é dito nos antigos textos. Duas receitas
muito úteis são:

1 – Em um recipiente qualquer com carvão aceso, colocar sobre ele esterco bovino ou
equino, pedaços de osso de qualquer animal, teia de aranha e resina de estoraque.
Servirá para atrair todos os Jinns, principalmente os Gul e Ifrit.

2 – Em um recipiente dourado ou preto e de qualquer material resistente ao fogo,


acender carvão. Sobre o carvão colocar dois punhados de esterco bovino ou equino,
uma colher de chá de olíbano, pétalas secas de rosa vermelha, penas de frango e um
pedaço pequeno de carne de porco fresca.
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DEFUMADOR PARA AFASTAR OS JINNS

Se você acha que pode trabalhar com um Jinn e assim que alcançar os resultados
afastá-lo de você e tudo correrá na plena paz, está muito enganado. Jinns costumam
agir silenciosamente, passam meses ou anos drenando a pessoa sem que ela perceba
e, quando menos se imagina, a pessoa já está complicada em todos os sentidos, com
graves problemas de saúde e mental. Este defumador é geralmente usado para afastar
Jinns que surgiram sozinhos ou que conseguimos perceber a tempo. Ele pode até
ajudar em casos nos quais a pessoa mexeu com eles e agora precisa de auxílio, mas
isso é um pouco complicado de se obter sucesso.

Um dos meios mais simples e mais usado desde a antiguidade é o uso da resina de
Estoraque ou, pelo menos, incenso de Estoraque. O Estoraque é uma das melhores
cartadas do Magista, podendo ser usado tanto para limpar, banir quanto trazer,
evocar. Ele é um pouco caro, mas com alguma pesquisa encontramos preços regulares
e não precisa usar muito, pode dosar a resina.

Na falta do estoraque, podemos usar uma segunda opção também incrível, o olíbano.
Mas este não funciona se usado sozinho. A melhor forma de usar é na seguinte
mistura: sobre carvão aceso em um recipiente a prova de fogo, queimar uma colher de
sopa de resina de Olíbano, casca seca de uma maçã vermelha, casca seca de uma
laranja, uma pitada de pimenta síria e, opcionalmente, flores de jasmim frescas ou
secas.
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BANHO PARA SE PROTEGER OU AFASTAR DOS JINNS

Este banho é na verdade uma meia proteção, isto é, ela não protege totalmente e
serve mais como um auxílio do que de fato uma proteção. Usamos ele quando vamos
em locais naturalmente carregados com a intenção de limpar o ambiente, quando
somos contratados para tal. Entre este banho e o defumador para afastar, escolha o
defumador para afastar, que tem um efeito muito mais interessante. Como dito, este
banho é ideal quando vamos trabalhar ou ir num local potencialmente ruim. Este
banho pode ser usado em clientes que reclamem de frequentes golpes de azar e
condições ruins de saúde que nunca melhoram. Mas ele não pode ser usado para este
fim por quem o faz. Ou seja, se este banho for usado para “curar” males mágicos, ele
deve ser feito por mãos diferentes de quem vai toma-lo.

Este banho é tomado da cabeça aos pés, deve ser coado e seus restos jogados no lixo
comum. 24 horas de resguardo antes do banho e 24 horas de resguardo depois do
banho. O efeito dura 90 dias exatos, então pode ser repetido se quiser ou precisar.

01 litro de água mineral, temperatura ambiente, jamais se pode ferver ou aquecer um


banho de Jinn.

200 ml de rum.

200 ml de leite de Cabra.

100 ml de água de flor de laranjeira.

Manjericão pilado.

Alecrim pilado.

Pétalas de uma rosa branca pilada.

Um pedacinho de fumo de corda pilado.


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OFERENDAS AOS JINNS

Os Jinns recebiam oferendas pelos antigos pagãos, em alguns momentos para acalmá-
los e em outros para alegrá-los e trazê-los para mais perto dos feiticeiros e feiticeiras
ou mais perto de uma comunidade como um todo. Sabemos de seus gostos através de
antigos escritos, trechos do Alcorão, comentários de Mas’udi e através deles mesmos
quando se manifestam nas pessoas e falam sobre suas preferências. Mas os Jinns são
também autossuficientes, caçam por si mesmos, vivem uma vida muito semelhante a
nossa. Grande parte das oferendas que lhes oferecemos é mais na tentativa – nem
sempre de sucesso – de compactuar com suas energias do que de fato seja uma
necessidade deles, já que vivem no mesmo mundo que nós e como seres autônomos.
Oferendas estes seres em um altar pode não ser muito interessante para quem não
tem de fato uma segurança em se trabalhar com eles. Antes de leva-los para um altar,
é sempre bom cuidar deles na natureza e ir se acostumando com sua energia.
Oferendas deles podem ser descartadas em qualquer lugar. Jinns COMEM QUALQUER
COISA, mas há algumas poucas que lhe são muito apreciadas, como vemos a seguir:

Tâmaras.

Ossos.

Carnes de todo tipo, apodrecidas quando queremos algo mais agressivo e carnes boas
quando queremos uma energia mais tranquila. Carnes com ossos são as preferidas!

Figos.

Romãs.

Esterco de equinos, bovinos, caprinos ou ovinos. Servido sempre seco, sendo também
um dos “incensos” mais apreciados por Jinns.

Fogo.

Estoraque.

Água.

Cristais de todos os tipos.

Leite.

Vinho tinto.

Urina em caso de Ifrits ou Marid.

Sêmen ou menstruação em caso de Gul ou Silah.

Velas de mel. Também servem velas coloridas. A cor vai definir o desejo ou intenção.
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SALVAR UMA PESSOA DE UM ATAQUE DE UM JINN

Antes de qualquer coisa, é importante dizer que nenhum sacrifício animal pode ser
feito aos Jinns propriamente ditos. O mesmo vale para os Gênios romanos e Daímons
gregos. A ordem natural da vida é que sacrificamos aos deuses e os Jinns limpam a
sujeira depois. Derramar sangue para os Jinns é se lançar na fogueira por livre vontade,
pois você estará dando a eles algo muito ofensivo, já que preferem os animais do que
os humanos. Sem mencionar que os Jinns só podem se alimentar de animais
sacrificados aos deuses ou que morreram naturalmente na natureza. O ato de
matarmos para um Jinn é um desperdício para eles, o que os enfurece sobremaneira.

“Se conhece a palavra dos Jinns e crê na sua existência, então poderá tentar intervir
em sua palavra” dizia um antigo ditado Afegão. Qualquer pessoa que esteja com seu
lado espiritual fortalecido e em dia poderá ajudar quem esteja sob ataque dos Jinns
sem correr muito risco. Definir quando é Jinn ou outros seres é muito difícil e exige um
olhar apurado e uma intuição afiadíssima. Errar no julgamento é comum e deve
considerar o risco de realizar o ritual e perder todo o tempo nele no caso de não ser
um ataque deste tipo.

Garrafa para aprisionar o Jinn:

Este é o primeiro procedimento a se realizar para ajudar a pessoa que esteja sob
ataque. Em um domingo e em horário diurno do Sol a pessoa deve desenhar em um
pedaço de couro bovino ou caprino, usando algo em brasa, o selo do chefe dos Jinns,
que está escrito em AAM (Antigo Arábico Meridional):

Esfregue canela em pó em todo o selo. Enrole o selo feito canudo e o amarre com
cordão branco dando nove nós. Coloque o selo dentro de uma garrafa âmbar (de
cerveja, por exemplo) limpa e que possa ser fechada mais tarde com uma rolha bem
firme. Depois de colocar o selo, coloque também uma pedra da lua, um pedaço de
osso animal que tenha encontrado em algum lugar, um pequeno carvão vegetal, uma
pena de qualquer tipo ou cor, um pouco de resina de estoraque ou uma vareta de
incenso de estoraque, um pouco de mel e um pedacinho de esterco bovino, equino ou
caprino/ovino. Em volta da garrafa prenda firmemente com um cordão preto uma
colher, um garfo, sete pregos grandes, um pequeno espelho e uma faca de ponta.
Nestes objetos coloque sete ímãs. Reserve a garrafa!
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Selo que deve ficar dentro da garrafa. Ele está escrito em Arábico Meridional, uma
escrita que veio antes do Árabe atual e depois do Cuneiforme ou línguas proto-
semíticas. Nosso conhecimento sobre esse idioma é muito pequeno, mas o que
sabemos é que temos o símbolo antigo de Marte no topo, o de Vênus abaixo, os dois
nomes pequenos mencionam Iblis (Rei dos Jinns) e Ethugal (Juiz dos Jinns).

Ritual para transferir o Jinn da pessoa para a garrafa:

A pessoa alvo: precisa estar 24 horas de resguardo absoluto e ir no local onde o ritual
vai acontecer em total silêncio, sem conversar com ninguém.

O ritual deve ser pontual, começar na segunda-feira às 19:00. A pessoa deve tomar um
banho da cabeça aos pés, sozinha mesmo, de uma mistura de folhas de manjericão
piladas, alecrim e rosas brancas em um litro de água e 200 ml de leite fresco. Se
enxugar em toalha branca e limpa e se vestir de preto, toda de preto.

O local do ritual deve estar muito limpo fisicamente e energeticamente. Deve ser
defumado com olíbano que é deixado queimar sozinho na porta de saída, ao lado de
uma vela de mel.
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No meio do local é feito um círculo com uma mistura de porções iguais de farinha de
milho, farinha de trigo, pó de carvão e areia de praia. A pessoa entra no círculo e fica
de pé olhando sempre para o Leste e então quatro velas de mel (vela palito) são acesas
nos pontos cardeais.

O Magista fica de costas para a pessoa, isto é, olhando para o Oeste. Deve agitar o
chocalho com sua mão esquerda e incensar com a mão direita com resina de
estoraque, enquanto recita o encantamento (pode ter a ajuda de um assistente, mas
se for sacerdote só poderá ter a ajuda de outro homem e se for sacerdotisa só poderá
ter a ajuda de outra mulher, jamais um casal!):

Ekri, Ekri di bolan, Ekri Jinnana eolam kard! Bak tul Ethugal seti eper shodam Mashraq
be Raraq be neminastam kobe. Bodarem Jinanna salat mi rordi nesham, egar doshman
karden kotam. Man beshodam nemistam tar kord konam, egar be dorden nemistam
gul golem Jinanna be bad nekomid roram. Ethugal to ek panam qoduti, u midorad yek
on yek qodum be Iluhiát ijot konand emruz. Man be shomo dusture mi doham ke
aknum barvid (nome completo da pessoa a ser limpada) ki jon nekrat Raraq yek, Oh
Lilitu pessaresh! Man qodrat mi nedoram sheper to-o Jinnana. Egar man qodrat ki
rordam be Nessur Illuhiát harf konam! Man be shor kordani kark ast! To Raraq yem
botri lak be Jon Kordam!

Te evoco, te evoco ser oposto a mim, evoco todos os Jinns! Eu os lanço do Leste para
desaparecer ao Oeste, para que jamais voltem, fiquem presos nas mãos danosas de
Ethugal. Ouçam Jinns, somos irmãos diante da criação, mas inimigos em natureza. Não
sou eu quem o lança na danação, mas tuas próprias escolhas mal feitas. Será tu
julgado por Ethugal, ele saberá do merecimento de cada um e fará justiça diante dos
deuses criadores de outrora. Ordeno que saia de (nome completo da pessoa a ser
limpada) e que desapareça no Oeste, Oh filho de Lilith! Eu mesmo não tenho poderes
sobre vocês, Jinns. Mas sim, eu tenho o poder de ter minhas palavras ouvidas pelos
antigos deuses! Sou a criação que eles preferem! Te expulso para o Oeste ou ficara
preso em uma garrafa!

Agora, caminhando em direção Sul, ou seja, caminhando para sua esquerda, circunde a
pessoa enquanto agita o chocalho, até voltar para o Oeste novamente e recite o
seguinte encantamento, sem precisar do estoraque, mas ainda agitando o chocalho:

Nemidrak Raraq, shod Ethugal, man nemid Malik Raraq! Binanye shod harf golam be
Nessu Illuhiát! Bekorad pesser Jinn qodrat menishodani!

Estou de volta ao Oeste, ouça-me Ethugal, eu te chamo rei do Oeste! Olhe para mim e
ouça minhas palavras que envio aos antigos deuses! Recebe teu filho Jinn e julgue seu
merecimento!
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Neste momento, o Magista pega um cesto – ou qualquer outro recipiente – cheio com
folhas de mamona picadas com uma faca, galhos de arruda picados com uma faca,
galhos de capim limão picados com uma faca, folhas de limoeiro e pedaços de esterco
de cavalo ou de boi secos, bem secos. Jogue tudo isso sobre a cabeça da pessoa,
devagar, enquanto repete o primeiro encantamento. Agora faça um fumê (ato de
“soprar” a bebida) com rum nas costas da pessoa.

Peça para que a pessoa recolha as quatro velas do círculo e as coloque juntas perto de
si, sentada numa cadeira ali no local. O Magista deve varrer o pó do círculo junto com
todas as ervas e esterco caídos, colocar tudo dentro de um pano vermelho de cetim,
amarrar muito bem e reservar. Arruará ali uma acomodação para que a pessoa durma
no local. Pode ser esteira ou colchão, mas faça de forma que seja confortável. Arrume
isso no mesmo local onde estava o círculo.

Alimente a pessoa com coisas doces. Qualquer tipo de doce, mas lhe dê doces. Se a
pessoa tem algum problema em consumir açúcar, lhe alimente com alguma fruta que
ela possa consumir ou lhe dê alimento sem açúcar e nem sal, de qualquer tipo que não
seja de origem animal. Dê a ela o que beber, de sua preferência, que seja doce ou
somente água pura. É importante que debaixo do colchão que a pessoa vai repousar
até o dia seguinte tenha um papel de grossa gramatura no qual se tenha desenhado o
símbolo a seguir, aberto e com o ome da pessoa assinado atrás, por ela mesma.

Este texto, em Arábico Meridional, é um contrato-reza no qual conseguimos traduzir


pouquíssimos textos. Ele é escrito e lido da direita para a esquerda. Algumas palavras
soltas falam NASCIDO AO LESTE [...] NO OESTE DESCANSA [...] PEDRA AZUL E PEDRA
[...] SIM EM DUAS [...] E QUE EU DITO [...] MEU [...] JINN [...] CASA [...] VELOCIDADE
DOS PASSOS DE [...] PALAVRAS E MEL [...] ESTERCO [...] ETHUGAL FOI [...] OESTE É [...]
JINN [...] TUA FALA [...] ETHUGAL {...} PONDERO DIANTE [...] REI [...].
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Dê para a pessoa a garrafa e a instrua para que ela durma com essa garrafa, segurando
ela. Não tem problema se ela soltar a garrafa enquanto dorme, mas oriente para que
segure até pegar no sono e caso acorde pela noite, para ir ao banheiro ou só acordar
mesmo, que pegue a garrafa e não a solte durante qualquer estado de vigília. A garrafa
tem que estar com todos os ingredientes dentro e bem tampada com a rolha. O Jinn
entra nela de qualquer forma, mas os símbolos e encantamento impedem que ele
escape.

Faça novamente a primeira reza antes de deixar a pessoa descansando. Deixe acesso a
água fresca para que a pessoa se hidrate bem caso queira. No dia seguinte, acorde a
pessoa por volta das 07:00 da manhã. A primeira coisa que a pessoa deve beber é um
copo de chá de hortelã, adoçado ou não, podendo ser quente ou frio. O Magista deve
colocar algumas folhas de manjericão na boca e repetir a primeira reza dos Jinns,
citada neste ritual. Peça para que a pessoa vá tomar um banho de higiene e enquanto
isso o Magista destampa a garrafa, bafora bastante fumaça de um charuto forte
dentro dela e a tampe novamente.

É importante que o Magista prenda uma corrente não muito grossa e que dê três
voltas na garrafa, prendendo-a firme com um pequeno cadeado. Coloque a garrafa no
chão e acenda uma vela de mel perto da garrafa. Nesta vela, queime o papel com o
selo e assinatura que ficou debaixo do colchão da pessoa. Quando a pessoa sair do
banho, lhe dê um café da manhã bem reforçado, de qualquer coisa que a pessoa goste
de comer e beber. Pergunte se houve algum sonho ou sinal que ela consiga explicar e
anote tudo. Quando a pessoa terminar de se alimentar, poderá ir embora e deverá
manter uma semana de resguardo absoluto.

O Jinn ficará por um ano sob a tutela do Magista, que poderá colocar nomes e links de
inimigos dentro da garrafa, por um ano. O ato de se abrir a garrafa não libertará o Jinn.
Mas a garrafa não pode ficar aberta mais de três minutos, ou terá problemas sérios. É
importante que o Magista lembre-se de que ele deverá descartar esta garrafa em água
corrente ou no mar até no máximo um dia antes de completar um ano de ritual, para
que o Jinn vá para Ethugal ao Oeste. Ethugal é o juiz entre os Jinns e ele costuma ser
quase sempre ético. Mas este Jinn não voltará a atacar se todo o ritual for feito
certinho como explicado. O cliente sentirá melhoras imediatas após este ritual!
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PÓ PARA ATRAIR JINNS SOBRE UM DESAFETO

Não brinque com isso! Apesar da simplicidade da receita, ele pode trazer grandes
problemas sobre o inimigo. Tenha também um motivo bom para fazê-lo, não saia
brincando com Jinns à toa. Este pó deve ser jogado no desafeto, podendo ser na frente
dele mesmo, sem a mínima cerimônia ou poderá ser discreto espalhando o pó nas
roupas e outros pertences sem ser percebido.

Acenda uma vela azul escura e a ofereça aos Jinns dizendo JINNE QODRAT MAKSUR
ALAM! Ao lado da vela, queime uma vareta de incenso de estoraque, mas só serve em
vareta. Na chama da vela azul, queime um pedaço de esterco bovino ou equino, até as
cinzas. Misture as cinzas do esterco, cinzas do incenso de estoraque e um talco neutro,
sem cheiro. Misture tudo muito bem e deixe ao lado da vela até que esta termine de
queimar. Guarde o pó para ser usado.

Uma segunda opção, bem mais adaptada ao Vodu, seria usar uma garrafa limpa e
âmbar, dentro da qual se coloca o mesmo selo da garrafa do ritual. Atrás, o Magista
escreve com tinta mágica ou com objeto incandescente o nome do alvo. Enche metade
da garrafa com esterco equino, completa com rum e a tampa bem com uma rolha de
cortiça. Deve-se amarrar no gargalo desta garrafa quatorze fitas colorias, de várias
cores, podendo repetir as cores. A garrafa é deixada na porta da casa do alvo, com
uma vela marrom acesa ao lado. É dito que o Jinn ficará ali, esperando o alvo surgir e
então possuir sua vida atrapalhando-o por completo.

Uma magia mais “arábica” nos ensina a misturar os seguintes ingredientes secos em
porções iguais: esterco bovino, colmeia de marimbondos, vespas ou abelhas,
estoraque (pode colocar menos, dado o preço elevado da resina, ou até usar uma
vareta de incenso de estoraque desfeita) e pelos do rabo de um cavalo. Acender
carvão em um recipiente que seja de barro e que tenha sido escrito no fundo dele o
nome do nosso alvo, então jogamos a mistura encima e deixamos queimar na frente
da casa do alvo. A tradição aconselha a estarmos vestidos todo de preto, para que
“sejamos invisíveis na noite feito os Jinns”.

Uma opção com influências tanto das Américas quanto dos Sihir nos ensina a usar uma
garrafa âmbar e muito limpa, dentro da qual colocamos exatamente nesta ordem: selo
do Jinn ensinado anteriormente, atrás dele o nome do alvo, carne moída crua até
metade da garrafa, um pouco de esterco bovino, sete alfinetes, sete azougues (Jinns
são fortemente mercuriais), muita pimenta ardida e um pedaço de osso animal no qual
se tenha escrito o nome do alvo. Deixamos esta garrafa no quintal, sem tampar com a
rolha. Apenas enfiamos no gargalo dela uma vela amarela e a deixamos queimar até o
fim. Enquanto queima a vela, recitamos a reza do Jinn ensinada aqui. Assim que a vela
terminar, tampamos a garrafa com uma rolha e depois de sete dias descartamos a
garrafa na frente da casa do alvo.
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JINNS PARA O AMOR

Esta “wanga” é feita quando já se tem um alvo em mente. É necessário escrever a


evocação em um papel branco sem pauta usando a tinta mágica. Coloque este papel
dentro de um saquinho de tecido amarelo. Dentro do mesmo saquinho coloque links
do alvo e teus, um galhinho de Manjericão e um ímã. Feche o saquinho com um
cordão ou linha vermelha, dando sete nós. Coloque este saquinho dentro de um pote
qualquer, que seja de vidro, que tenha mel verdadeiro. Se tiver um pedaço de favo,
ainda melhor. Tampe muito bem este pote e acenda sobre a tampa uma vela amarela
e saúde os Jinns “JINNE QODRAT MAKSUR ALAM!”. Acenda uma vela azul por semana,
por quatro semanas, saudando os Jinns. Depois guarde o pote. Só o descarte quando a
pessoa se aproximar de você. Neste caso, é importante que você facilite a aproximação
da pessoa, de nada adianta lançar o Jinn sobre o alvo e você ficar dando uma de difícil.

Quando, por outro lado, queremos que os Jinns em geral abram nossas vidas para o
amor, nos traga alguém legal, realizamos o seguinte feitiço. Tomamos um banho de
pétalas de rosas vermelhas frescas piladas, sumo da casca de um limão, uma pitada de
canela e folhas de capim limão piladas, tudo dentro de um litro de água, da cabeça aos
pés. Depois, acendemos uma vela de mel ou vela azul clara e fazemos a reza dos Jinns
ensinada nesta apostila, no mesmo ritual para limpar a pessoa dos Jinns. A ideia de
usar esta reza é a de afastar qualquer Jinn que esteja prejudicando os caminhos e
atrair Jinns melhores. Deixe a vela terminar totalmente e repita o encantamento por
três sextas seguidas, contando esta primeira como uma delas. Assim que alcançar o
pedido, faça oferendas aos Jinns em uma mata.

Outra magia, mais “arábica”, nos ensina seguinte. Arrume uma pequena mesinha,
sobre a qual possa colocar uma toalha roxa ou vermelha. Coloque um espelho
qualquer no meio, deitado com seu lado reflexivo para cima. Se tiver um alvo para o
amor, escreva seu nome atrás do espelho, se não tiver, o deixe em branco. Acenda
uma vela de mel no meio do espelho (pode ser vela palito ou de sete dias, pode ser
direto no espelho ou em um suporte). Do lado esquerdo da vela (lado direito de quem
a olha) deixe um potinho tampado com várias tâmaras. Do Lado direito da vela (lado
esquerdo de quem a olha) deixe um pratinho cheio de ossos de animais. Em um dos
ossos e bem escondido debaixo dos outros, deixe escrito o nome do alvo, caso exista
um alvo. Se não houver um alvo, pule esta parte. Queime estoraque, em resina ou em
varetas e faça o encantamento aos Jinns Marid:

Jinnana Maridum, qodrat jon yek alam Maridum, moane moksul Maridum, le Alem!

Aos meus Jinns Marid, Aos meus Marid que cuidam dos quatro cantos, aos meus
poderosos Marids, trabalhem!

Repita toda sexta, no mesmo horário da primeira. Ao alcançar o intento, descarte as


oferendas em uma encruzilhada.
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JINNS PARA O DINHEIRO

É muito comum os Sihir aconselhar as pessoas a pendurarem na entrada de suas lojas


uma mecha de pelos do rabo de um cavalo e preso a esta um saquinho de tecido
vermelho, amarrado com cordão preto. Dentro deste saquinho é colocado estrume
equino, três moedas de igual valor, mas untadas em azeite virgem, um pequeno galho
de tomilho, uma pitada de canela em pó e o seguinte selo desenhado em papel sem
pauta com caneta ou tinta preta.

Selo para ser usado dentro do saquinho vermelho.

Outra receita comum e que pode ser usada individualmente ou em comércios, feita
toda primeira semana do mês, é colocar no local de trabalho ou em casa um tigela
branca com vinte e uma moedas de vários valores, todas untadas com azeite virgem.
No meio destas moedas acedemos uma vela branca, amarela ou vela de mel (podendo
ser palito ou de sete dias), e polvilhados sobre tudo um pouco de esterco bovino seco
e tomilho também seco. Depois de pronto e aceso, recitar a evocação:

“QORAT JINNANA REQET PANZUR TE KONID”

Uma terceira opção seria uma lamparina para Jinns. O uso de lamparinas é muito
popular em várias linhagens de bruxaria e paganismo e não algo que só é usado dentro
do Vodu. A lamparina dos Jinns para dinheiro pode ser feito em casa ou no comércio.
Use um recipiente de metal, de qualquer tipo. Coloque sete moedas de igual valor,
uma bijuteria (que pode ser reutilizada depois) e uma turmalina negra. Preencha o
recipiente com azeite virgem de oliva. Misture ao óleo esterco equino seco, tomilho
seco, um osso no qual se tenha escrito somente as iniciais de quem se quer ajudar e
sementes de romã. Acenda o Ti-mesh ou pavio flutuante no meio e faça a evocação
seguinte:

“BE SHODEM JINNANA MARDOM EKRAT SOPER AK SARUN AN ALAM”


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Outra magia muito comum envolvendo Jinns e ganhos financeiros é fazer o desenho
que segue em uma superfície qualquer, madeira, azulejo, papel, tecido branco, etc.
Use qualquer tinta preta para isso. Cinco velas verdes são colocadas nas pontas e mais
uma de mel no centro. No quadrado da esquerda (do ponto de vista de quem olha
para o desenho) colocamos uma colher de chá de canela. No quadrado da direita (do
ponto de vista de quem olha para o desenho) colocamos uma colher de chá de
estrume equino. Então fazemos a seguinte evocação:

“JINNANA NAGA, EKRAT AK SOLEM JINNANA MAKSUR, JINNANA BOTEY, FELUS


JINNANA ALAM EKOM BERTAKA NAGA EY ANSUR.”

Quando as velas terminarem, sobre o pó de canela e o estrume na porta de casa ou do


comércio. Pode repetir este feitiço uma vez ao mês. Na falta das velas mencionadas,
este é o único feitiço que permite a substituição das velas por todas brancas.

Selo em Escrita Arábica Meridional


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Outro feitiço muito conhecido para a ajuda financeira a partir os Jinns é feito dentro de
uma garrafa âmbar e limpa. Coloque dentro da garrafa o selo dos Jinns a seguir (aqui
em baixo) e por cima dele vá colocando os seguintes materiais: uma colher de sopa de
carvão em pó; uma colher de sopa de pó de uma colmeia de vespas, marimbondo ou
abelhas; uma colher de sopa de esterco equino e uma colher de sopa de arruda seca.
Tampe bem a garrafa com uma rolha, agite e então acenda ao lado dela uma vela de
mel ou vela branca comum, no chão. Quando a vela terminar de queimar, esconda a
garrafa no comercio ou em casa. Ela vai atrair um Jinn para dentro dela em poucos
dias. A vela precisa ser acesa todo início de mês.

Em mais um feitiço para atrair sorte financeira, emprego e clientes vemos o uso de
uma pedra encontrada na beira de um rio. Ela precisa ter o tamanho da palma da mão
da pessoa que faz o trabalho. Deve ser untada com banha de porco e então levada em
uma encruzilhada de terra. Nesta encruzilhada, abra um buraco que seja mais ou
menos do tamanho da pedra. Dentro do buraco deve oferecer três moedas de igual
valor untadas com azeite virgem, um pedaço de esterco equino, um pedaço de carvão,
uma colher de sopa de tomilho seco e uma colher de sopa de mel. Tampar bem o
buraco com a terra, colocar a pedra sobre o local e acender uma vela amarela sobre a
pedra. Assim que perceber o resultado da magia, volte no mesmo local e deixe ali 4
oferendas, duas sólidas e duas líquidas, mais duas velas amarelas.
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2020

Nossa Sociedade Secreta Agradece sua Presença e deseja boa sorte na caminhada.

Que os antigos deuses o guiem, que sua cabeça esteja em nossos ensinamentos e não
em nossas oferendas.

Tjati Sobeknefer

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