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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE


NÚCLEO DE CIÊNCIAS DA VIDA
CURSO DE MEDICINA

MÓDULO: Problemas mentais e do comportamento

Situação-problema: semana 4

Aline, 25 anos, foi trazida para UPA pela polícia após ser encontrada em via
pública. Inicialmente não falou seu nome, parecia desconfiada e hostil. Depois de algum
tempo forneceu contato de familiares. Mãe refere que paciente sempre foi um pouco
diferente, “mais na dela”. Entretanto, após termino de relacionamento há 7 meses
familiares percebem que o comportamento mudou muito. Inicialmente, ela parou de
sair de casa, não queria comer, ficava “parada no tempo”. Nesse período ficou sem
tomar banho e escovar os dentes vários dias. Seu pai chegou a marcar psicólogo mas
paciente não aceitou sair de casa, chegando a ficar agressiva com a sugestão.
Uma vizinha comentou que paciente poderia estar envolvida com drogas,
porque paciente estava muito magra e sem apetite. Os pais não acreditam ser possível
pois paciente não sai de casa há vários dias. Após tentativa dos pais de tirar paciente de
casa, Aline começou a trancar as portas e janelas e obstruir a fechadura com papel
higiênico. Além disso, jogou fora várias de suas roupas e quebrou seu celular. Não
responde questionamento dos pais e está há dias com prejuízo de higiene. Em alguns
momentos, mãe afirma tê-la ouvido dar risadas e murmurar algumas frases que não
conseguiu compreender. Diante dessa situação, pais chamaram ACS mas ao recebê-la
em casa, a paciente fugiu de casa.
Além disso, o paciente pediu para que seus pais saíssem da sala para que
“contasse a verdade”. Refere que seus pais estão pegando no seu pé e que na verdade
nunca gostaram dela. Afirma ainda que descobriu traição de seu namorado e que agora
o namorado é uma pessoa “muito perigosa” e que ele estava usando seus pais para
monitorá-la. Refere que é famosa e que muitas pessoas têm “inveja de sua carreira
como pastora”. Afirma ter “proximidade com Deus e com todos os santos”. Em um dado
momento, paciente oferece uma benção ao médico, desde que ele não conte a
ninguém. Durante o atendimento na UPA, Aline se encontra com higiene precária,
emagrecida e desidratada. Paciente refere que tem medo de sua comida estar sendo
envenenada e por isso está sem comer. Refere que tem medo de dormir e de sair de seu
quarto. Refere ainda que precisou destruir seu celular porque ele “estava sendo
rastreado”. Mesmo assim não conseguiu ficar tranquila pois “agora o rastreio é pelo
wifi”.
Durante a consulta, a paciente fala pouco, apresenta higiene prejudicada e
parece desconfiada. Não está sonolenta ou desorientada. Fala de forma acelerada e a
história “se perde” e o avaliador não consegue compreender a narrativa. Há sinais de
alucinação, pois apresenta solilóquios e mussitação. Parece muito irritada mas não tem
agitação psicomotora no momento. Além disso, apresenta delírios de cunho
persecutório e místico religioso, prejuízo do autocuidado e não tem insight de
adoecimento.
Paciente não apresenta doenças clínicas conhecidas mas tem épocas onde ganha
peso e dorme muito. Nega uso de substâncias psicoativas ilícitas, mas confessa que em
outros momentos já fumou cigarro escondido. Nunca apresentou nenhum episódio
parecido antes ou outros adoecimentos psiquiátricos. Na sua família há história de
transtorno bipolar.
Por fim, a médica plantonista da UPA identificou que estava diante de um
paciente com um primeiro episódio psicótico. Porém, ainda não sabe qual etiologia do
quadro. Diante disso, optou por iniciar olanzapina e solicitar exames além de outras
condutas clínicas.

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