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Estágio Obrigatório na Ênfase de Processos Clínicos

e Psicoterapêuticos II da Ulbra – Campus Canoas.

ALUNO(A): JOICE LINHARES DIMER


SUPERVISOR(A) ACADÊMICA: ALINE GROFF VIVIAN
Trata-se de um estudo de caso, cujo objetivo é
investigar o impacto da psicoterapia para crianças
e/ou adolescentes em situação de violência realizada
em estágio profissional em psicologia.
O presente estudo surge da necessidade de obtenção
de maiores estudos sobre a temática que aparece de
forma recorrente nos atendimentos realizados no
Centro Atenção Integral à Saúde Mental (CAIS
MENTAL)
CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE
MENTAL (CAIS MENTAL)

O CAIS MENTAL é o ambulatório de saúde mental,


que recebe pessoas com transtornos mentais
moderados no município de Alvorada.

 Os encaminhamentos são recebidos das UBS, altas


dos CAPS (caps AD, caps II, e caps IJ) também são
recebidos encaminhamentos do MP e do conselho
tutelar (casos de violência sexual contra crianças e
adolescentes).
A Equipe

A equipe é formada por:


3 psiquiatras;
2 psicólogas;
2 assistentes sociais ;
2 assistentes administrativos;
2 estagiárias extracurriculares;
1 auxiliar serviços gerais;
1 estagiária curricular:
E a psicóloga que coordena o CAIS, e também diretora
de saúde mental do município.
Os atendimentos acontecem nas modalidades de
acolhida, psicoterapia, oficinas terapêuticas (com
crianças e adolescentes), que visam trabalhar os
conflitos e as emoções a luz da abordagem teórica
humanista de Carl Rogers.

E para os responsáveis é trabalhado a psicoeducação,


com orientação sobre situações de violência sexual,
colocação de limites e rotinas diárias dessas crianças
e adolescentes.
A abordagem centrada na pessoa foi desenvolvida por
Carl Rogers, ela é não diretiva, e tem como preceitos a
tendência atualizante, aceitação incondicional e a
compreensão empática.
Não-diretividade diz respeito a relação terapêutica, na
qual baseia-se que o cliente é o único capaz de guiar e ter a
certeza de que os padrões de conduta que são
suficientemente importantes.
Tendência atualizante e a tendência que “todo
organismo é movido por uma tendência inerente para
desenvolver todas as suas potencialidades e para
desenvolvê-las de maneira a favorecer sua conservação e
seu enriquecimento,
A aceitação é o não julgamento, o acolhimento por
parte do terapeuta de modo que o cliente sinta-se
livre de qualquer juízo de valor, aceito todos tipos de
atitudes e sentimentos (Rogers e Kinget, 1975).
Compreensão empática é a percepção correta do
ponto de referência de outra pessoa e as nuances
subjetivas e valores pessoais inerentes a ela. Perceber
com empatia é perceber o mundo subjetivo do outro,
"como se" fôssemos essa pessoa (Rogers e Kinget,
1975).
Intervenções

A intervenção característica da abordagem


Rogeriana é conhecida como resposta reflexo,
cuja finalidade é fazer com que o cliente compreenda
que a percepção é sua por meio da percepção do
terapeuta, que nada mais é do que como o cliente se
percebe através de uma forma mais convincente do
que uma simples afirmação intelectual sem parecer
ser repetitiva, cujo objetivo é esclarecer o cliente sem
instruí-lo, bem como estimular seu o pensamento
sem deturpá-lo (Rogers e Kinget, 1975).
A reiteração ou reflexo simples, consiste em
resumir a fala assinalar um elemento relevante da
fala ou reproduzir as últimas palavras de modo de
facilitar a continuidade da narrativa, prepara o
terreno para a tomada de consciência e tende a
estabelecer um clima de confiança facilitando a
sensação de se sentir compreendido e respeitado
favorecendo a diminuição de barreiras defensivas do
“EU’” (Rogers e Kinget, 1975).
O reflexo de sentimentos caracteriza-se como a
resposta reflexo propriamente dita, o objetivo é
descobrir o sentimento e a intenção ou atitude que se
encontram implícito nas palavras sem haver
imposição.
A elucidação é a resposta reflexo mais próxima da
interpretação, consiste em captar e cristalizar certos
elementos que não fazem parte do campo perceptual,
mas os impregnam implicitamente, e torna evidente
sentimentos e atitudes que não decorrem diretamente
das palavras da pessoa.
O serviço utiliza as oficinas terapêuticas como
instrumento estratégico para reintegrar o cliente à
sociedade de forma produtiva e participativa em
ambientes sociais e culturais, onde se desenvolverá a
vida cotidiana e familiar.
Os participantes são crianças e adolescentes com
idades entre 4 e 17 anos para as oficinas de contos de
fadas e as oficinas de emoções
As consultas são quinzenais com duração média de
45 minutos.
A iniciação em acompanhamento em saúde mental
terapêuticas juntamente com o responsável legal
com o termo de compromisso assinado.
Após consultas ocorrem discussão dos casos em
supervisão local.
Com intuito de oferecer modalidades alternativas de
atendimento em psicologia para uma melhora de
sintomas e mudanças de comportamento em um
menor espaço de tempo fortalecendo o estado
emocional de cada usuário.
Caso Clínico

IDENTIFICAÇÃO:

A cliente Ana, tem 15 anos, reside num município da


região metropolitana de Poa, com a mãe, a irmã e o
cunhado. E mantém contato com o pai e 2 irmãos
(adultos) paternos.
Estuda o primeiro ano do ensino médio no mesmo
município.
Frequenta a igreja adventista do sétimo dia.
ENCAMINHAMENTO:
Ana passou psicoterapia breve Capsi, sem necessidade de
tratamento medicamentoso na época, apresentando melhora
significativa dos sintomas, recebeu alta em junho de 2019.

Ana, foi encaminhada em 2021 para atendimento no Cais


Mental, pelo Capsi, devido a sintomatologia por suspeita de
violência sexual praticada pelo cunhado (marido da tia da
menina). A identificação com a situação de abuso sexual
ocorreu pela menor em sonhos, o qual relatou a irmã, que
reportou a mãe.
ATENDIMENTO:
Ela passou por acolhida e foi verificado que
apresentava sintomas depressivos, ansiosos e sinas
de conflito emocional com a possível situação de
abuso sexual, cometido quando tinha 9 anos de idade
e relatado pela menina aos 12.
Então a cliente foi encaminhada para realizar
acompanhamento em psicologia, na modalidade de
atendimento de psicoterapia na abordagem
humanista Rogeriana.
A cliente realizou 4 atendimentos psicoterápicos em 2021, com
outra estagiária.
Em março de 2022, retomou o acompanhamento psicoterápico.
A cliente inicialmente não apresentou queixa, no 2° atendimento
relata: “Não queria vir hoje, conversei com minha irmã e ela me
convenceu” SIC.
É essencial na Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) que o cliente
durante as sessões se sinta confortável de modo que consiga
diminuir suas resistências e opte por agir sem elas, a fim de expor
de modo autêntico o que tem vivenciado (ROCHA, 2022;
FARINHA, 2022).
Após o vínculo terapêutico ser estabelecido, trouxe suas demandas
espontaneamente, durante os atendimentos que se seguiram .
A cliente apresentou durante os atendimentos
sentimentos de tristeza e culpa.
Enfrentou o afastamento e isolamento dos demais
familiares.
A cliente possui um núcleo familiar que promove
cuidado e proteção, e apoio para desenvolvimento das
potencialidades da menor.
É importante manifestações de apoio principalmente
por parte materna, para que o impacto negativo gerado
pelo abuso sexual seja amortecido para vítima
(MARAFON, 2017; SCORTEGAGNA, 2017)
A perspectiva rogeriana atua na noção de centralidade,
compreende o cliente como um ser único, autônomo, capaz
de conduzir sua própria história e, portanto, não prioriza
avaliações e diagnósticos. Entende o processo terapêutico
como um movimento em busca de desenvolvimento e
crescimento (ZAPELLO, 2019; PIASON, 2019).
Neste sentido, a exposição do caso não visa diagnosticar a
cliente, e sim refletir sobre o papel da psicoterapia no
processo de autoconhecimento dela, levando-a a escolhas
que favoreçam o seu modo de lida com as situações que lhe
aconteceram.
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO

Transtorno de estresse pós-traumático


Nota: Os critérios a seguir aplicam-se a adultos,
adolescentes e crianças acima de 6 anos de idade.
A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte,
lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das
seguintes formas:
1. Vivenciar diretamente o evento traumático.
4. Ser exposto de forma repetida ou extrema a detalhes
aversivos do evento traumático (p. ex., socorristas que
recolhem restos de corpos humanos; policiais
repetidamente expostos a detalhes de abuso infantil).
B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas
intrusivos associados ao evento traumático,
começando depois de sua ocorrência:
1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e
involuntárias do evento traumático.
2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o
conteúdo e/ou o sentimento do sonho estão
relacionados ao evento traumático.
Nota: Em crianças, pode haver pesadelos sem
conteúdo identificável.
D. Alterações negativas em cognições e no humor
associadas ao evento traumático começando ou
piorando depois da ocorrência de tal evento,
conforme evidenciado por dois (ou mais) dos
seguintes aspectos:
 3. Cognições distorcidas persistentes a respeito da causa ou
das consequências do evento traumático que levam o
indivíduo a culpar a si mesmo ou os outros. 4. Estado
emocional negativo persistente (p. ex., medo, pavor, raiva,
culpa ou vergonha).
 5. Interesse ou participação bastante diminuída em
atividades significativas.
 6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação
aos outros.
 E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade
associadas ao evento traumático, começando ou piorando
após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos
seguintes aspectos:
 1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva (com pouca
ou nenhuma provocação) geralmente expressos sob a forma
de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos.
5. Problemas de concentração.
 6. Perturbação do sono (p. ex., dificuldade para iniciar ou
manter o sono, ou sono agitado).
F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de
um mês.
G. A perturbação causa sofrimento clinicamente
significativo e prejuízo social, profissional ou em
outras áreas importantes da vida do indivíduo.
H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos
de uma substância (p. ex., medicamento, álcool) ou a
outra condição médica
OBRIGADA!
REFERENCIAS

 
EIZERIK, Claúdio Laks; KAPCZINSKI, Flávio; BASSOLS, Ana Margarete Siqueira; O
ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. ed. Artimed, 2007. 200 p. 
IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeção da população do Brasil e
das Unidades da Federação. Disponível em:
https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/index.html. Acesso: 25 de outubro de
2021.
KOLLER, Sílvia H. Couto, Maria Clara P. de Paula. Hohendorff. Jean Von. Manual de
produção científica Organizadores. Porto Alegre : Penso. 2014.
Minayo, M. C. S., Deslandes, F. S., Neto, O. C. & Gomes, R. (2002). Pesquisa Social:
teoria, método e criatividade (21ª ed.). Rio de Janeiro: Vozes.
PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally Wendkos; FELDMAN, Ruth Duskin. Desenvolvimento
humano. Porto Alegre: Artmed, 2006. 
PETERSEN, Circe Salcides; WAINER, Ricardo & COLS; Terapias cognitivo-
comportamentais para crianças e adolescentes. Porto Alegre : Artmed, 2011.
ROGERS, Carl R.; KINGET, G. Marian. Psicoterapia & Relações Humanas. Minas Gerais:
Interlivros, 1975.

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