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PSICOTERAPIA BREVE

REVISÃO

Profa. Juliana Leonel


HISTÓRICO DA
PSICOTERAPIA BREVE

AULA 1

Profa. Juliana Leonel


PSICOTERAPIA BREVE
 Psicoterapia Breve Psicodinâmica – intervenções
derivadas da psicanálise – desenvolver insights sobre
os motivos inconscientes de seus sintomas;
 Alternativa para situações onde a Psicanálise não
podia ser aplicada – ambiente institucional, tempo,etc;
 Conflitos específicos; foco da terapia;
 Maior atividade do terapeuta;
 Curta duração;
 Critérios de inclusão e exclusão;
 Diversas técnicas.
Profa. Juliana Leonel
MODELO ESTRUTURAL-
PULSIONAL

 Segundo Freud os comportamentos advinham da


pulsão sexual e da agressividade;
 Fonte → objetivo → força pulsional → objeto
 Princípio de prazer → redução da tensão →
gratificação pulsional → diminuição do desprazer
 Sintoma = expressão do conflito → desejo
inaceitável → ansiedade → mecanismo de defesa
→ sintoma → satisfação deslocada →
transferência
Profa. Juliana Leonel
MODELO ESTRUTURAL-
PULSIONAL

 DESEJO ANSIEDADE

DEFESA
SENTIMENTO ENCOBERTO

Profa. Juliana Leonel


MODELO ESTRUTURAL-
PULSIONAL

PESSOA / OUTRO TRANFERÊNCIA


PASSADO/ATUAL TERAPEUTA

PAIS/PASSADO DISTANTE

Profa. Juliana Leonel


MODELO RELACIONAL

 Maior rigor metodológico;


 Manual de ferramentas;
 Homogeneidade;
 Resultado depende das qualidades pessoais do
terapeuta e de sua capacidade de estabelecer uma
boa aliança terapêutica;
 Visa o relacionamento humano e não descarga
impulso;
 Mesmo procedimento técnico para processo longos
e curtos porém com objetivos diferentes;
 Breve → foco específico;
 Longas → focos sucessivos.
Profa. Juliana Leonel
MODELO INTEGRATIVO

 Outros enfoques teóricos;


 Ecletismo teórico; Integrar abordagens
diferentes;
 Psicodinâmica Cíclica: psicodinâmica+
comportamental+ sistêmica;
 Psicoterapia Breve Restruturação:
defensivo/cognitivo/afetivo; o que você faz
agora ? O que você está pensando? Como você
está se sentindo?
Profa. Juliana Leonel
MODELO INTEGRATIVO
 Psicoterapia de Tempo Limitado: integrativa
psicanalítica; integra o modelo relacional com o
estrutural/pulsional;
 Ecletismo Técnico: técnicas adequadas à população
atendida; não importa a técnica e sim o resultado;
suporte afetivo, aliança terapêutica, criatividade
- Terapia Multimodal;
- Psicoterapia eclética;
- Psicoterapia de emergência e Breve = 5
sessões

Profa. Juliana Leonel


EXPERIÊNCIA EMOCIONAL
CORRETIVA – ALEXANDER & FRENCH

 Reações do paciente deveriam ser


planejadas; modificar o padrão de
resposta disfuncional ou desadaptativo;
 Ênfase nos conflitos atuais e
interpessoais;
 Visa melhorar a autoestima e a
maneira de se relacionar.
Profa. Juliana Leonel
REFERÊNCIAS
 YOSHIDA, E. M. P. Evolução das
psicoterapias breves psicodinâmicas. In:
YOSHIDA, E. M. P.; ENÉAS, M. L. E.
Psicoterapias Psicodinâmicas Breves:
propostas atuais. Campinas: Alínea, 2004.
Cap. 1, p. 13-36;
 Aula expositiva sobre Psicoterapia Breve do
Prof. Alexandre Pereira de Mattos;
 Anotações pessoais.
Profa. Juliana Leonel
FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA
TERAPIA DINÂMICA EM PB
INTRODUÇÃO

 As dificuldades de uma pessoa podem ser trabalhadas,


num processo psicoterápico breve, por meio da
identificação do que chamamos de Padrão Mal
Adaptativo Cíclico (PMAC): uma estrutura narrativa
que é usada para explicar como as dificuldades da vida
do paciente são perpetuadas. Por isso, prestamos uma
atenção particular ao que ocorre nos relacionamentos
do paciente, passado e presente (incluindo a relação
com o terapeuta), especialmente nos modos de se
relacionar que são disfuncionais.
INTRODUÇÃO

 Como chegamos a desenvolver um padrão


repetitivo de relacionamento?
DESENVOLVIMENTO DA
PERSONALIDADE

 Personalidade, nesta abordagem, refere-se a padrões


duráveis na forma de sentir, pensar e agir que são
geralmente consistentes através do tempo e através de
diferentes contextos. Conceituamos personalidade a partir de
dois domínios, que tanto podem contribuir para um
funcionamento saudável e adaptativo, como também podem
contribuir para o sofrimento e dificuldades nos
relacionamentos: Relacionamentos Interpessoais e
Funcionamento do Self. Estes são elementos-chaves para a
compreensão do desenvolvimento e disfunção da
personalidade.
Relacionamentos interpessoais
funcionais

 Uma maneira madura de estabelecer


relacionamentos interpessoais é marcada por:

a. Confiança de que as intenções, desejos e


motivações dos outros podem ser benignas;
b. Apreciação realista das intenções e motivações dos
outros;
c. Capacidade de criar interações positivas com os
outros, como também estabelecer intimidade e
oferecer apoio nas relações.
Relacionamentos interpessoais
funcionais

d. Capacidade de estabelecer empatia e de olhar


as situações de outra perspectiva (dos outros)
que não a sua.
e. Capacidade de ver os outros e a si próprio de
maneira separada e multidimensional (atentar
para a complexidade dos outros e de si próprio);
f. Capacidade de ser flexível e colaborativo.
Self-funcional

Um funcionamento adaptativo vai depender de:


a. Uma sensação de self coerente, realista e
estável ao longo do tempo;
b. Capacidade de se autorregular, incluindo as
emoções e formas de enfrentamento, controle
dos impulsos e motivação.
 Partimos da premissa de que as relações
interpessoais com figuras significativas
impactam a maneira de uma pessoa interagir
com os outros e consigo própria. Desde o
nascimento tempos que lidar com duas forças
motivacionais interatuantes: necessidade de
vínculo e busca por independência. Estas duas
forças fazem parte da condição humana e uma
não exclui a outra.
 A todo o momento ocorre a dialética destas
forças, o que permite que uma pessoa busque
se vincular a alguém, sem que com isso perca
sua sensação de self autônomo. Cooperação e
intimidade nos relacionamentos dependem de
uma genuína preocupação com o outro e um
claro sentido de self.
 Self --------------------♦------------------- Outro
autonomia dependência

 A maneira como os cuidadores lidam com as


necessidades da criança (vínculo) e seu
movimento para a independência, influenciará a
qualidade das representações de si e do outro
ao longo da vida.
Internalização das experiências
relacionais iniciais

 Uma criança internaliza interações com os pais


e estas se tornam representações mentais, ou
seja, memórias, imagens, sons, sensações
associadas às experiências pregressas. Estas
representações incluem a percepção do self e
do outro como uma díade, ligadas por uma
emoção e uma crença/expectativa sobre o que
ocorre entre duas pessoas.
Internalização das experiências
relacionais iniciais

 Um exemplo simples: imaginem uma criança


brincando livremente e contente com seus
brinquedos enquanto sua mãe lê. Depois de um
tempo, a criança fica entediada com o brinquedo e
se aproxima da mãe para começar uma nova
atividade ou brincadeira. A mãe, que está pronta
para iniciar uma nova atividade com a criança, fica
satisfeita pelo fato de ela ter se aproximado para
uma nova interação. Os dois encontram então uma
atividade prazerosa para ambos.
 A representação mental desta experiência para a criança terá
três componentes, embora seja única:

 REPRESENTAÇÃO DO SELF: a criança irá se ver como uma


pessoa que sente necessidades e fica confortável em se
aproximar do outro para satisfazê-las. A resposta da mãe indica
que a criança é digna de respeito e interesse. A resposta da
mãe (e de outros significativos) começa a indicar que tipo de
pessoa a criança é. Em outras palavras, a criança aprende
sobre si própria (self) como resultado das respostas dos outros
às suas necessidades.
 REPRESENTAÇÃO DA MÃE: a mãe é representada como uma
pessoa interessada, amorosa, capaz de satisfazer uma
necessidade e satisfeita com a presença da criança.
 REPRESENTAÇÃO DA INTERAÇÃO: a interação é considerada
satisfatória, com ambos capazes de dar e receber um do outro.
 Representação Mental não são simplesmente memórias e não
são construídos a partir de eventos únicos. Ela é uma síntese de
experiências vividas com o outro no curso da vida. Esta síntese
será uma espécie de template, esquema ou modelo que
influenciará futuras experiências. Neste exemplo, se estas
experiências forem constantes, a criança construirá uma fé na
generosidade de outras pessoas, pois se aproximar delas será
uma tarefa confortável em razão das experiências anteriores.
 Uma forma de entendermos então o que seria uma
Representação é pensá-la como Significados extraídos dessas
experiências.
 Certamente uma mãe não estará sempre disponível para a criança.
Às vezes ela estará doente, com dor de cabeça, nervosa,
preocupada, etc. A qualidade da interação dependerá do estado
mental da criança e do outro significativo.

 A falha humana em satisfazer nossas necessidades na infância faz


parte de nosso desenvolvimento. No caso da mãe indisponível, a
criança poderá procurar o pai para a interação saudável. Em outras
palavras, as experiências com nossos pais não são de um tipo só
(acolhedora). Estas experiências podem abarcar interações mais
conflitantes. O que determinará um padrão ou representação hostil
sobre determinada relação são as experiências subsequentes. Se a
criança passar por experiências mais hostis, esta representação
pode ter um poder de influência maior, ainda que no início ela tenha
tido uma experiência favorável e amigável.
 O inverso também é verdadeiro. Pessoas que
cresceram num lar hostil podem reconstruir suas
representações a partir de novas interações.
 Outro fator importante no que diz respeito às
Representações mentais é que elas não são
significados verídicos (como uma fotografia).
Embora uma mesma mãe tenha três filhos, cada
filho tem uma mãe diferente em razão das
experiências e estados mentais distintos.
Lembrem-se então:
 Uma representação (self-outro) não se constrói a partir de um
evento singular, mas a partir de recorrências que acabam por
dominar o campo de experiências da criança.

 Estas representações contêm experiências relacionais como uma


unidade. Não existe uma representação somente do self e outra
somente do outro e outra somente da interação (foi explicado desta
forma para fins didáticos). Sendo assim, num contexto de interação,
uma pessoa pode assumir qualquer um dos papéis. Isto explica
porque crianças que foram abusadas podem vir a se tornar
abusadores, ou num contexto psicoterápico, entender como um
paciente dependente e carente, pode se tornar dominador e rejeitar
o terapeuta eventualmente. Na medida em que um esquema
interpessoal é ativado, papéis podem ser trocados. Nós esperamos
ser tratados da mesma forma com que fomos tratados no passado.
Por outro lado, acabamos por nos tratar e tratar os outros também
da mesma forma que fomos tratados. Isto ratifica a necessidade de
olharmos as dificuldades do paciente sempre em termos
relacionais.
PSICOPATOLOGIA

 As bases sólidas de um desenvolvimento


saudável e adaptativo da personalidade
dependem de segurança, estabilidade, predição,
amor e apoio; todas construídas nas relações
com outros significativos (pais ou cuidadores).
Quando a criança não encontra estas condições
nas interações com os pais, desenvolvem-se
então padrões de relacionamento disfuncionais.
PSICOPATOLOGIA

 As dificuldades de um paciente são consequências de


distúrbios nas relações parentais. Pais imprevisíveis,
emocionalmente contidos, negligentes e abusivos
contribuem para o desenvolvimento de patologias nas
relações interpessoais e no autoconceito (self).
Experiências adversas podem deixar a criança
vulnerável no que diz respeito à regulação emocional e
funcionamento cognitivo.
PSICOPATOLOGIA

 Para sobreviver, crianças expostas a experiências relacionais


dolorosas e conflitivas buscarão maneiras específicas de acomodar
e lidar com traumas emocionais. Elas investem todas as suas
forças tanto na autoproteção quanto na preservação de vínculos.
Devido a dependência física e emocional que a criança tem em
relação às figuras parentais, ela pode abrir mão de seus desejos e
necessidades (autoproteção) para garantir que os pais não a
abandonarão (preservação do vínculo). Esta manobra defensiva
tácita se manifesta por meio da restrição da consciência (no sentido
de autopercepção) e autoexpressão, como também pela rigidez
desenvolvida nos relacionamentos (ausência de flexibilidade).
Autoproteção: restrição da consciência e
autoexpressão

 Restringir a autoexpressão e a autopercepção (consciência) é


uma forma de acomodar as necessidades emocionais dos pais
em detrimento das necessidades da criança: “vou ser o que os
meus pais querem que eu seja”.
 Com isso a criança desenvolve uma falsa percepção de se
próprio (em termos winnicottianos, falso-self). Abandona seus
desejos e necessidades e com isso perde a possibilidade de
desenvolver um senso de identidade coerente e estável, como
também autoconfiança.
Autoproteção: restrição da consciência
e autoexpressão

 Todos nós, em alguma medida, renunciamos nossas


expressões singulares para satisfazer as
expectativas parentais. Num certo grau, isto ocorre
com todos nós. Porém, se a criança não sente uma
segurança para auto expressar-se, este tipo de
renuncia se torna patológica e rígida,
comprometendo assim sua autonomia e
independência.
Autoproteção: rigidez na forma de se relacionar com
os outros e consigo próprio

 Com uma base segura, uma criança se arrisca no relacionamento


com os outros, geralmente esperando respostas positivas destes.
Em contraste, uma criança com experiências interpessoais sem
uma base de segurança, desenvolve uma prontidão para antecipar
exatamente o tipo de respostas negativas que ela recebeu dos
outros significativos em sua vida. Um sujeito adulto perdeu qualquer
possibilidade de antecipar as reações dos outros de uma maneira
positiva (hostilidade do mundo). Ao antecipar estas respostas
negativas, o sujeito recria as experiências negativas desenvolvidas
no passado. Trata-se de uma profecia que se auto cumpre.
Autoproteção: rigidez na forma de se relacionar com
os outros e consigo próprio

Nós caracterizamos psicopatologia nas interações interpessoais


por meio dos seguintes termos:

a. Rigidez nos esquemas interpessoais: as expectativas e


comportamentos que os outros manifestam sobre o sujeito
refletem as expectativas e comportamentos das figuras
parentais na vida infantil. Pais excessivamente críticos
desenvolverão no sujeito uma apreensão de que todos não
só esperam perfeição dele como de fato o criticarão frente a
sua autoexpressão. Esta auto privação tem uma função
defensiva, protegendo a si próprio contra qualquer
possibilidade de vivenciar dor ou rejeição.
Autoproteção: rigidez na forma de se relacionar com
os outros e consigo próprio

b. Repertório interpessoal constrito: devido a rigidez acima, o sujeito


não encontra outras possibilidades de interpretar as interações
diferentemente daquelas vivenciadas nas suas relações
pregressas. Isto contribui para a instalação de um ciclo
interpessoal. Por exemplo, Pedro repetidamente se fecha e se torna
reservado, tímido e defensivo nas suas interações porque ele
espera crítica e rejeição dos outros (não importando as
circunstâncias). Por conseguinte, os outros acabam por se afastar
de Pedro em razão de seu pouco investimento nas relações,
fazendo com que ele se sinta rejeitado.
Autoproteção: rigidez na forma de se relacionar com
os outros e consigo próprio

c. Estresse crônico: efeito da rigidez descrita


acima. Os esforços empreendidos para se
proteger da dor ou preservar os vínculos
podem elevar o grau de ansiedade, tristeza,
desespero, agitação ou hostilidade.
PROCESSO TERAPÊUTICO

Com o intuito de evitar um excesso de patologização e


demonização parental, vale apontar alguns cuidados:
 Todos nós, em alguma medida, passamos por
experiências que interpretamos como negligentes por
parte dos nossos pais. Uma necessidade não atendida,
uma crítica descontextualizada, entre outros. O que
tornará psicopatológico uma forma de interação
dependerá da regularidade com que estas negligencias
ocorreram.
PROCESSO TERAPÊUTICO

 Quanto a demonização parental, convém ter em mente


que estes pais também tiveram seus pais, que por sua
vez podem ter sido negligentes a eles. Ninguém pode
dar aquilo que não recebeu. Certamente existem pais
que são humilhadores profissionais ou até mesmo
torturadores. Mas muitos consideram que fizeram o que
tinha que ser feito. Isto não serve para
desresponsabilizá-los em suas obrigações como
cuidadores e educadores, mas serve para
recontextualizar seus papéis de pais limitados por
circunstâncias de vida.
PROCESSO TERAPÊUTICO

 Num processo terapêutico, o psicólogo deve


estar atento a estes pontos e sempre levar
em conta que qualquer manobra defensiva
por parte do paciente trata-se de uma
autoproteção contra qualquer possibilidade
de dor.
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA PARA ESTA
AULA

 BINDER, J. L.; BETAN, J. E. Core Competencies in Brief Dynamic Psychotherapy:


Becoming a Highly Effective and Competent Brief Dynamic Psychotherapist. Los
Angeles: Routledge, 2012.

 GIDDENS, A. Modernidade e Identidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.

 HORNEY, K. A Personalidade Neurótica de Nosso Tempo. Rio de Janeiro:


Civilização Brasileira, 1977.

 MATTOS, A. P. D. Insegurança e Crimiminalidade Urbana: um estudo sobre


estratégias midiáticas em telejornais. PUC-SP. São Paulo, p. 157. 2010.

 Anotações pessoais

 Aula expositiva Prof.Dr. Alexandre Mattos


ATIVIDADE EM SALA DE AULA

 Caso: Gisela
 Gisela procurou atendimento por acreditar que as pessoas não
gostam dela. Que deve ser uma pessoa muito problemática, pois as
pessoas nem a conhecem e já se afastam. Já teve diversos
trabalhos, mantendo-se em média dois anos em cada; diz que
sempre é considerada “a eficiente”, mas não sabe o que acontece
que as pessoas param de falar com ela e a tratam de modo
diferente, até o ponto que ela abandona o trabalho. Sua família a
chama de “louca”, diz que é porque ela é realista e fala a verdade,
não sabe ser política e que grita muito. Acredita ser totalmente
dependente da mãe e do marido, não vai ao supermercado, banco,
loja, etc., sozinha, precisa sempre estar acompanhada, acha que
sozinha as pessoas não iram tratá-la bem. Fez acompanhamento
psiquiátrico irregular em diferentes períodos, foi indicado uso de
antidepressivo, mas Gisela alega sentir e não suportar os efeitos
colaterais. Apresenta frequentes crises de choro, insônia e baixa
libido. Sua relação com o terapeuta ora é afetuosa ora hostil.
ATIVIDADE EM SALA DE AULA

 1. O que Gisela nos fala sobre si própria, ou seja, como ela


se vê, como ela se trata (Representação do Self)?

 2. O que a Gisela nos fala sobre as expectativas e


comportamentos dos outros em relação a ela (Representação
do Outro)?

 3. Quais são as ações de Gisela que tenham por finalidade a


autoproteção? Como ela se protege na interação com os
outros? (autoproteção).

 4. Se vocês pudessem identificar uma necessidade central na


vida de Gisela, qual seria?
PREMISSAS E OBJETIVOS DA
PSICOTERAPIA BREVE

AULA 3
 O modelo “Psicoterapia Dinâmica de Tempo
Limitado” (PDTL) foi desenvolvido por Hans
H. Strupp e Jeffrey Binder na década de 80,
como resultado de pesquisas neste campo.
Trata-se de um modelo de psicoterapia que
atende as demandas tanto dos atendimentos
longos quanto aqueles que se propõem a
serem breves.
 Trata-se de um modelo dinâmico de
compreensão do sofrimento psíquico, mas
suas bases têm como referência a
Psicanálise Interpessoal;
 Vale lembrar que neste modelo interpessoal,
a ênfase não recai sobre o modelo pulsional,
mas sim relacional, ou seja, na
representação que as interações produziram
ao longo da vida do sujeito.
PREMISSAS

1. O paciente necessita de uma terapia


interpessoal para problemas originados em
relacionamentos interpessoais disfuncionais.
2. Estilos disfuncionais são aprendidos no
passado.
3. Estilos disfuncionais são mantidos no
presente.
PREMISSAS

4. O paciente atua este estilo disfuncional com


o terapeuta.
5. O terapeuta é um observador-participante.
6. O terapeuta se torna enredado na atuação
das dificuldades do paciente.
7. Existe um padrão problemático de
relacionamento identificável.
FORÇA MOTIVACIONAL

 A busca por (e manutenção de) interações humanas


é considerada a maior força motivacional em todos
os seres humanos. Esta visão relacional contrasta
com a visão clássica psicanalítica que enfatiza a
predeterminação de estruturas mentais para lidar
com gratificações pulsionais;
 Os sintomas e problemas psicológicos emergem,
portanto, de dificuldades interpessoais (como vimos
na aula anterior).
APRENDIDO NO PASSADO

 Como alguém desenvolve um estilo


disfuncional interpessoal?
 Noção de passado não é linear, de causa e
efeito.
 Não devemos olhar para o passado do
paciente no intento de identificar o evento
traumático único que causou o sofrimento
atual (o que foi reprimido).
APRENDIDO NO PASSADO

 Na abordagem interpessoal, situações do passado


podem ter originado o padrão, mas este é mantido
nas relações atuais.
 Em outras palavras, precisamos entender quais
são as expectativas que o paciente tem sobre os
outros, sobre a interação e sobre si próprio e
como tais expectativas foram construídas em suas
relações e MANTIDAS como esforços de
ADAPTAÇÃO nas relações atuais.
MANTIDO NO PRESENTE

 O modelo PDTL considera que a personalidade de


um sujeito não está cristalizada num dado tempo,
mas sim sujeita a mudanças na medida em que ele
interage com o outro.
 Seu estilo disfuncional pode ter sido aprendido no
passado, mas suas dificuldades interpessoais são
mantidas em sua vida adulta, por evocar nos outros
certos comportamentos que venham a confirmar
seus esquemas interpessoais (a imagem que tem
dos outros e de si próprio).
MANTIDO NO PRESENTE

 Se olharmos para as interações atuais do sujeito,


não precisamos fazer uma busca arqueológica no
passado. Trabalhando as relações disfuncionais
atuais (com os outros e, mais importante ainda,
COM O TERAPEUTA), podemos atualizar as
representações que estas interações têm para o
paciente. Ao trabalhar um padrão disfuncional,
seus efeitos terapêuticos irradiam para outras
situações que são influenciadas por este padrão.
ATUAÇÃO DO PADRÃO
DISFUNCIONAL NA TERAPIA

 O paciente inevitavelmente irá atuar seu


padrão disfuncional com o terapeuta.

 No modelo aqui proposto (PDTL), esta


atuação do paciente em relação ao
terapeuta é ideal, pois oferece ao terapeuta
a oportunidade de observar este padrão
disfuncional e experienciar como é se
relacionar com este paciente em particular.
ATUAÇÃO DO PADRÃO
DISFUNCIONAL NA TERAPIA

 A atuação do paciente em relação ao terapeuta


não precisa ser entendido em termos de
"Transferência" estática e cristalizada.

 O terapeuta se oferece como alguém plausível


para ocupar o lugar na interação disfuncional. Isto
torna o terapeuta mais humanizado e evita a
famosa idéia de que "o paciente sempre está
errado e o terapeuta sempre está certo".
QUALIDADE DA RELAÇÃO
TERAPÊUTICA

 Segundo a terminologia de Harry S.


Sullivan, o terapeuta entra na relação como
um observador-participante, ou seja, ele se
permite vivenciar a interação disfuncional
do paciente, mas ao mesmo tempo
mantém sua capacidade de pensar,
observar e ALTERAR a própria interação.
QUALIDADE DA RELAÇÃO
TERAPÊUTICA

 Outra diferença significativa neste modelo


é que a figura do terapeuta não se resume
a um lugar neutro e objetivo. A fim de que
seja alcançado um resultado positivo, o
terapeuta NÃO PODE (E NÃO DEVE)
manter-se alheio e abstinente. Sua ajuda
será eficaz somente quando ele se tornar
ativamente envolvido no processo de
reciprocidade.
CONTRATRANSFERENCIA
INTERATIVA

 Na abordagem clássica, contratransferência é


considerada um problema do terapeuta e acionada
somente pelo paciente.
 Neste modelo de terapia, torna-se impossível o
terapeuta não reagir contratransferencialmente ao
paciente. Ou seja, o terapeuta inevitavelmente será
empurrado e impelido pelo padrão disfuncional do
paciente e irá RESPONDER DE ACORDO. Isto
porque uma resposta transferencial não pode ser
mantida sem a correspondência complementar de
uma contratransferência.
CONTRATRANSFERENCIA
INTERATIVA

 Isto seria então um incentivo para atuar a


contratransferência? Sim e não.
 Sim, porque podemos perceber como o paciente
nos arrasta para seu padrão disfuncional. Em tese,
ele é mais inflexível que o terapeuta (pelo menos
deveria ser). Inflexível porque ele está preso neste
padrão disfuncional. O terapeuta inevitavelmente,
por se abster deste lugar de neutralidade, entrará no
padrão disfuncional deste paciente. O terapeuta não
precisa nem fazer muito esforço para isso.
CONTRATRANSFERENCIA
INTERATIVA

 Não se trata de um incentivo para atuar somente a contraparte


do padrão disfuncional.
 Lembrem-se de que ele é um observador-participante.
 Mas o terapeuta pode se ver atuando de uma forma
complementar junto ao paciente (paciente submisso faz com
que o terapeuta seja mais ativo e assertivo). Quando o
terapeuta percebe esta interação, não é recomendável que se
faça as chamadas interpretações transferenciais. A atuação do
terapeuta no padrão disfuncional pode também reforçar o
vínculo entre eles, pois nenhuma ameaça está sendo acionada
ainda. Mas por ser um observador, o terapeuta precisa
sensibilizar o paciente ao que está ocorrendo no AQUI E
AGORA na relação.Em suma, você entra na vida do paciente
(em seu padrão) e não invade. Atua junto com ele o padrão
disfuncional e propõe modificações a partir da relação
terapêutica.
IDENTIFICAÇÃO DE UM PADRÃO
PROBLEMÁTICO DE
RELACIONAMENTO
 A ênfase do modelo TDTL está em
compreender qual é o padrão relacional mais
frequente e problemático vivenciado pelo
paciente. Isto não significa que não existam
outros padrões de interação na vida do
paciente. Mas a tarefa do terapeuta é focar o
padrão mais frequente, sabendo que, ao
trabalhar este padrão, seus efeitos irradiarão
para padrões mais periféricos.
OBJETIVOS

 A TDTL tem dois grandes objetivos a serem


alcançados:
1-Promover uma nova experiência;

2. Promover um novo entendimento.


NOVA EXPERIÊNCIA

 A palavra "nova" refere-se a algo diferente e


funcional para o paciente. A palavra
"experiência" enfatiza a ação e o afeto. Ou
seja, que o paciente venha a se comportar
de forma diferente e venha a apreciar este
comportamento afetivamente diferente.
 Trata-se uma abordagem mais pragmática,
na medida em que enfatiza a mudança
através do "fazer".
NOVA EXPERIÊNCIA

 Na relação terapêutica, nas trocas que ocorrem


entre os dois (paciente e terapeuta), o paciente
desenvolverá um novo sentido sobre si próprio, na
medida em que ele se arrisque a se comportar
diferentemente junto ao terapeuta. Um paciente
muito submisso pode vir a se comportar de forma
mais assertiva junto ao terapeuta. Por conta desta
nova forma de atuação, ele acaba também
desenvolvendo um novo senso de si próprio (não
mais como alguém totalmente submisso).
 Às vezes percebemos nossas reações
contratransferenciais quando já estamos atuando
o padrão disfuncional do paciente. Outras vezes,
podemos identificar os sentimentos e propor uma
nova experiência, como a descrita nos dois casos.

 Quando uma nova experiência é oferecida, o


paciente a internaliza, modificando a forma como
se vê e como vê o outro.
NOVA COMPREENSÃO

 Uma nova compreensão refere-se a


mudanças cognitivas alcançadas pela
percepção, pelo próprio paciente, de seus
padrões repetitivos disfuncionais, tanto com
os outros significativos do passado, quanto
com o terapeuta, no aqui - agora. Isto se dá
pelo uso de técnicas como interpretação,
clarificação e confrontação.
NOVA COMPREENSÃO

 A maneira mais eficaz de promover um novo


entendimento se dá na relação aqui - agora
com o terapeuta.
 Uma vez que um padrão disfuncional é uma
tentativa de se adaptar a situações
ameaçadoras, este esclarecimento ao
paciente o possibilita se auto perceber em
suas interações e as condições às quais
este padrão fora construído e mantido.
REFERÊNCIAS

 ENÉAS, M. L. E. Terapia dinâmica de tempo


limitado. In: YOSHIDA, E. M. P.
Psicoterapias Psicodinâmicas
Breves:propostas atuais. Campinas: Alínea,
2004. Cap. 2, p. 37-68.
 Anotações pessoais
ATIVIDADE

 Identifique no caso abaixo seu


estilo disfuncional e proponha uma
nova experiência e um novo
entendimento.
ATIVIDADE
 Felipe, 25 anos, estudante de Engenharia, procurou
atendimento psicológico porque a namorada disse que se
ele não procurasse ajuda ela iria romper o namoro. Conta
que a namorada reclama que ele é ciumento, impulsivo e
agressivo, que todos os finais de semana em que se
encontram terminam em brigas, inclusive com interferência
familiar. O pai de Felipe é militar e a mãe dona de casa, tem
uma irmã e um irmão. Escolheu estudar engenharia, pois o
sonho do pai quando se aposentar, é construir e vender
casas, ele sendo engenheiro tocaria os negócios, além de
ser um ramo lucrativo. Felipe está endividado, para sanar a
dívida aceita muitos trabalhos como free-lance e tem faltado
muito na faculdade. Não se enxerga como impulsivo e
ciumento. Tem empatia com a terapeuta, mas
frequentemente falta às sessões ou comparece em horários
diferentes do combinado.
PSICOTERAPIA BREVE
DE ADULTOS
Psicoterapia Breve de Adultos

 Prestar ajuda emocional na medida daquilo


que é buscado pelo paciente; flexível e
ajustada a cada um;

 Permite enfrentar situações específicas sem


pretensões de “reestruturar” a
personalidade;
Psicoterapia Breve de Adultos

 Tempo limitado – cada sessão conta para o


progresso do paciente, ajudando-o a
identificar como ele se relaciona com as
pessoas e como seu modo de
funcionamento mantém suas dificuldades;
Processo de Psicoterapia Breve
Psicodinâmica Operalizada

 Orientação para indicar ou não PB: eficácia


da configuração adaptativa, estágio de
mudança e a identificação do conflito central
do paciente(padrão mal-adapativo);
 3 fases: inicial, medial e final;
 Inicial: verificar a possibilidade de terapia;
plano psicoterapêutico – objetivos,
intervenções e duração; contato terapêutico
– empatia;
Inicial

 Inicial: avaliar recursos egóicos, mecanismo de


defesa, grau de impulsividade, potencial de
tolerância à frustração, qualidade das relações de
objeto, plasticidade do superego, contato com o
paciente-verbal e não verbal e comunicação.
 Para estas identificações podemos utilizar a Escala
Adaptativa Operacionalizada (EDAO) de Riad Simon
(1983,1997) e Core Conflitual Relationship Theme
(CCRT) de Luborsky (1984);
Inicial - Eficácia da configuração
adaptativa EDAO

 Avaliar o estado de integração de vários


sistemas de um individuo e a coerência de
suas ações com os objetivos de viver
melhor;

 Perspectiva geral de seu psiquismo –


psicopatologia x saúde;
EDAO

 Entrevista clínica que avalia a qualidade das


respostas do individuo em 4 setores: afetivo-
relacional (A-R), produtividade (PR),
Sociocultural(S-C) e orgânico (OR);
 As respostas de como o sujeito lida com
estes setores são consideradas quando:
solucionam a dificuldade encontrada, ou
seja, fazem frente às questões enfrentadas,
trazem satisfação e não provocam conflito
intrapsíquico e/ou com o meio cultural;
EDAO

 Adequadas: satisfaz os 3 pontos;


 Pouco adequadas: só satisfaz dois pontos
apontados;
 Pouquíssimo adequada: não satisfaz os dois
pontos;
 Crise adaptativa: nenhuma resposta;
EDAO

 Gr1: Adaptação Eficaz – personalidade normal ou raros


sintomas neuróticos ou caracterológicos;
 Gr2: Adaptação Ineficaz Leve - têm sintomas neuróticos
brandos, ligeiros traços caracteriológicos, algumas inibições;
 Gr3: Adaptação Ineficaz Moderada – alguns sintomas
neuróticos, inibição moderada, alguns traços
caracteriológicos;
 Gr4: Adaptação Ineficaz Severa – sintomas neuróticos mais
limitadores, inibições restritivas, rigidez de traços
caracteriológicos;
 Gr5: Adaptação Ineficaz Grave – neuroses incapacitantes,
bordeline, psicóticos não agudos e extrema rigidez
caracteriológica.
EDAO
Inicial - Estágio de mudança

 Processos - atividades expressas ou encobertas às quais


os indivíduos se engajam para alterar o afeto, o
pensamento, o comportamento ou o relacionamento
associado a problemas específicos ou padrão de vida;
 Níveis – diferentes problemas psicológicos que podem
ser tratados em psicoterapia; sintomas/problemas
situacionais; conflitos interpessoais atuais; conflitos
sistêmicos/familiares; conflitos interpessoais;
 Estágios de mudança- padrões de repostas possíveis do
individuo naquele momento e que lhe permitem enfrentar
suas dificuldades; percepção do problema e a disposição
para enfrentá-lo.
Inicial- CCRT

 Maneiras características que o individuo tem de se


relacionar com outras pessoas e constituídas
pelas interações emocionalmente carregadas com
as figuras parentais nos primeiros anos e
atualizadas nos relacionamentos subsequentes;
 CCRT: desejos, necessidades e intenções (D) e
respostas advindas do objeto (RO) e respostas do
eu (RE) a maneira como o paciente lida com estes
elementos gera o foco da terapia.
CCRT

Necessidade ↑ bem estar


Resposta a satisfeita ↓ depressão
necessidades
psicológicas básicas
Relações Necessidade
↓ bem estar
Sociais frustrada
↑ depressão

Resposta a necessidades
circunstanciais
Medial

 Fase das intervenções;


 Foco, objetivo, estratégia e duração da
psicoterapia;
 Trabalho colaborativo; Aliança terapêutica;
 Manter a atividade focal e o trabalho com a
transferência, procurando ligá-la rapidamente a
outras situações atuais ou do passado para diluir a
perspectiva transferencial e ajudá-lo a melhorar
sua capacidade de auto-observação;
Medial

 Motivação x resistências;
 Foco – conflito que é repetido ao longo do
tempo; conflito atual que está ligado a um
conflito nuclear passado;
 Objetivo – mudar alguma atitude, situação
ou sintomas que causem desconforto ou
sofrimento psíquico;
Medial

 Estratégias – frequência das sessões (1 semana),


grau de atividade do psicoterapeuta (atenção e
negligência seletivas aos temas tratados pelo
paciente/ foco) e a escolha das intervenções
(suportivo/expressivo);
 Duração e manejo do término – 4 a 40 sessões,
média 12 ou 25- data de encerramento quando o
objetivo estejam atingidos ou próximos de o
serem.
Final

 Experiência humana e, portanto, necessariamente


limitada no tempo, até porque, prolongar uma
relação pode envolver dependência do outro;
 Objetivo x prazo;
 Término – separação e perda – trabalho delicado de
desligamento;
 Possibilidade de sessões de acompanhamento ou
follow-up (6 meses entrevista para avaliar os ganhos
e dificuldades m relação ao trabalho realizado).
Consideração Finais

 Manejo exige uma sólida formação


teórica, técnica e pessoal;

 Segurança para conduzir os processos


breves; desafio da relação terapêutica;
Referências

 ENÉAS M.L.E. e CAYRES,A.Z.F. Critérios de indicação e


resultados terapêuticos em psicoterapia breve.

 ENÉAS, M. L. E. Terapia dinâmica de tempo limitado. In:


YOSHIDA, E. M. P. Psicoterapias Psicodinâmicas
Breves:propostas atuais. Campinas: Alínea, 2004. Cap.
2, p. 37-68.

 YOSHIDA, E.M.P. e LIPP, M.E.N. Psicoterapias Breves


nos diferentes estágios evolutivos. Casa do Psicólogo,
2012.
Atividade - Crie um caso clínico
passível para PB com base na imagem
PSICOTERAPIA
BREVE
PSICODINÂMICA DE
CRIANÇAS

PSICOTERAPIA BREVE INFANTIL

Profa. Juliana Leonel


PSICOTERAPIA BREVE INFANTIL (PIB)

 Modalidade de intervenção psicoterapêutica


planejada, com duração limitada e objetivos
definidos, dirigida à criança e aos pais ou
responsáveis, que se utiliza do referencial
teórico psicodinâmico e de flexibilidade técnica;
 Utilizada em diferentes contextos; UBS, CAPS,
consultório, hospitais, ambulatórios;

Profa. Juliana Leonel


 Proposta por Allen em 1942;
 Desenvolveu-se no final da década de 60;

 Poucos estudos;
 Prevenção contra o agravamento e a
cronificação de distúrbios que prejudicam o
desenvolvimento;
 Diversidade de momentos evolutivos;
 Dificuldades transitórias x dificuldades que
necessitam de intervenção;

Profa. Juliana Leonel


 Aliança terapêutica - com a criança e com os
pais;

 Considerar o contexto familiar, escolar, e


outros;
 Diferentes formas de expressão – atividades
lúdicas, tipos de linguagem, de expressão e de
compreensão diversificados;
 Dificuldade de avaliar os resultados –
mudanças do processo x mudanças do
desenvolvimento;
Profa. Juliana Leonel
Referencial Teórico

 Teoria psicanalítica - desenvolvimento infantil e as


relações entre a criança e os pais;
 Relação mãe/bebê – heranças psíquicas e
padrões familiares e culturais;
 Mutualidade psíquica – intersecção entre a criança
e os pais formada de projeções e identificações
mutuas → padrões de relacionamento →
autoimagem → identidade → conflitos →
dificuldades emocionais;

Profa. Juliana Leonel


Referencial Teórico

 Processo de desenvolvimento - Teorias do


desenvolvimento - dificuldades e potencialidades
da criança;
 Freud – fases do desenvolvimento psicossexual;
 Erik Erikson – visão biopsicossocial;
 Identificar qual estágio o desenvolvimento a
criança se encontra permitindo averiguar quais os
conflitos, as necessidades e as características
daquela fase;
Profa. Juliana Leonel
O desenvolvimento
psicossexual segundo Freud
 Fase Oral
 Fase Anal
 Fase Fálica
 Complexo de Édipo
 Fase Latência
 Fase Genital
Proposta de trabalho

 Fase diagnóstica, fase terapêutica, fase de


término e acompanhamento pós-terapêutico;
 Fase diagnóstica – entrevistas iniciais
semidirigidas – história da criança e dos pais
e as relações familiares nos diversos
contextos; 2 ou 3 sessões com os pais e/ou
cuidadores; formação da aliança terapêutica;

Profa. Juliana Leonel


Proposta de trabalho

 Fase diagnóstica com a criança – conhecer


a criança e estabelecer aliança de trabalho;
avaliar a necessidade de testes ou não;
indicação da terapêutica, criança e/ou pais;
momento delicado; Pais participantes do
processo;
 Não existem critérios de indicação e sim
possibilidades de atendimento de maior
abrangência à população;

Profa. Juliana Leonel


Proposta de trabalho

 Objetivo atender o maior número possível de


crianças e pais- utilizamos a PBI como possibilidade
realista;
 Utilizamos somente critérios de exclusão - doenças
graves e com riscos iatrogênicos ou que não
ofereçam possibilidade de ajuda;
 Disponibilidade dos pais – essencial no
estabelecimento do vínculo terapêutico;
 Estabelecimento do foco, seus objetivos e
estratégias de intervenção;

Profa. Juliana Leonel


Proposta de trabalho

 Fase terapêutica

Com os pais Com a criança

Psicoterapia de Aliança terapêutica


pais Intervenções Expressão de necessidades
de caráter e sentimentos
psicoterapêutico Comunicação
com foco na Confiança, iniciativa
maneira como Frustrações, limites
desempenham Competências
seus papéis

Profa. Juliana Leonel


Proposta de trabalho

 Fase do término – trabalhar a situação de


perda sem que esta seja sentida como
abandono ou rejeição;
 Fase de follow-up – aconselhável sempre
que possível; seis meses ou 1 ano;
manutenção dos resultados, novas
intervenções, se necessário; mudanças no
desenvolvimento da criança.

Profa. Juliana Leonel


Resultados

 Mudança dos pais – forma como enxergam os filhos;


 Mudança na relação pais/criança; organização
familiar, ampliação no contato, melhora no
relacionamento;
 Mudanças na criança; maior aproximação com o
curso “normal” do desenvolvimento; expressão de
sentimentos e necessidades, ansiedade, ralações
“saudáveis”, confiança, iniciativa, tolerância à
frustração e limites;

Profa. Juliana Leonel


Psicoterapeuta de crianças

 Conhecimentos teóricos e técnicos, treinamento


prático, constante estudo;
 Estudo das teorias do desenvolvimento, da família,
configurações vinculares, psicopatologia infantil;
 Condições de assumir seu papel sem tomar partido
– pais x criança; ser flexível; ser espontâneo; ser
tolerante e firme; manejar a transferência dos pais;
ter boa comunicação em diferentes maneiras;
honestidade e autenticidade.

Profa. Juliana Leonel


PSICOTERAPIA BREVE
PSICODINÂMICA DE
ADOLESCENTES

Profa. Juliana Leonel


Adolescência
 Adolescência inicial (10 aos 13 anos) - mudanças
corporais, emergência da sexualidade, modificações
nas relações familiares e autonomia;
 Adolescência média (14 aos 16 anos) -
diferenciação familiar e interesse nas questões
sociais;
 Adolescência tardia (17 aos 19 anos) – busca e
afirmação dos projetos de vida, relações afetivas,
reestruturação das relações familiares e capacidade
de independência em relação aos pais.
Profa. Juliana Leonel
Adolescência

 Maturação psicossexual, formação de


vínculos, regulação fisiológica e emocional,
domínio e competência cognitiva,
relacionamentos, desenvolvimento da
identidade e labilidade;
 Modificação psicológicas, comportamentais e
relacionais dificultam o diagnóstico e
estabelecimento de um processo
terapêutico.
Profa. Juliana Leonel
Adolescência

 Alta incidência de transtornos psiquiátricos –


de 10 a 20 % (ansiedade, depressão,
psicose);
 Suicídio de 10 a 12 % (↑meninos);

Profa. Juliana Leonel


Psicoterapia Breve Psicodinâmica de
Adolescentes

 Os processos de maturação cognitiva,


social, emocional e física podem afetar a
natureza e o curso dos sintomas –
adaptação das abordagens terapêuticas;
 Problemas transitórios como e quando
intervir?

Profa. Juliana Leonel


 Levados pelos pais – não consideram
sintomas como problemas; Dependência dos
adultos;
 Saúde mental dos pais, relações familiares e
situações econômicas;
 Envolve pais, professores, amigos – trabalhos
com os “outros” e não só a dupla (T-P);
 Alto índice de abandono do tratamento;

Profa. Juliana Leonel


Diagnóstico

 Fenomênico: sinais e sintomas;


 Dinâmico: ansiedades, defesas e níveis
libidinais;
 Base da personalidade
 Sociodinâmico: ambiente familiar, escolar,
lazer.

Profa. Juliana Leonel


 Identificar crise vital ou crise acidental –
estabelecimento do foco;

 Indicações: perda e lutos decorrentes do


crescimento; dificuldade para lidar com a
identidade sexual; conflitos familiares, sociais
e amorosos; aceitação do corpo;
vulnerabilidade às pressões ambientais
(drogas e delitos); dificuldades de
aprendizado; dificuldade de tolerar frustrações
e aceitar limites;
 Indicadas para transtornos neuróticos.
Profa. Juliana Leonel
Critérios de Exclusão

 Psicoses;
 Atraso mental;
 Baixo nível de adaptação social;
 Transtornos invasivos do
desenvolvimento;
 Famílias rígidas e disfuncionais.

Profa. Juliana Leonel


 Multifacetada sintomatologia = múltiplos
meio de expressão;

 Terapeuta ativo;
 Intervenções verbais;
 Atenção seletiva;
 Motivação do adolescente;
 Capacidade de insight(pensamento formal);
 Capacidade de estabelecer aliança
terapêutica;

Profa. Juliana Leonel


Processo Psicoterápico

 Entrevista (s) com pais;


 Face a face; jogos, desenhos, material
escrito, testes psicológicos;
 Semanal;
 Regras claras (horário, faltas, reposições,
atrasos,pagamento, sigilo, contato com os
pais);
 Sigilo- privacidade x riscos/cuidados;
Profa. Juliana Leonel
Término

 Analisar as experiências de perdas;


 Discutir no número de sessões;
 Capacidade emocional do adolescente para
lidar com suas ansiedades; capacidade de
reflexão (sentimentos, comportamento e
pensamentos);
 Melhora sintomática;

Profa. Juliana Leonel


PSICOTERAPIA PSICODINÂMICA
BREVE DE IDOSOS
 Aumento da expectativa de vida;
 Qualidade de vida;

 Envelhecimento da população mundial;


 Idoso = pessoa acima de 60 anos;
 Velhice = última fase do ciclo vital;
 Envelhecimento = processo de mudança;
 Perdas: relacional, produtiva, sociocultural e
orgânica;
 Possibilidade de cuidar e não curar;
promoção da saúde, prevenção de doenças
e cuidados paliativos;
 Intervenções cognitivas;
 Queixas psiquiátricas: suicídio e depressão;

 Psicoterapia = possibilidade de melhora na


qualidade de vida e desafios do
envelhecimento;
 PDB - recapitular um dilema central da
velhice; elaboração de vida e ajuda à novas
experiências, aceitação das limitações e
elaboração de lutos.
 Demanda específica e definida;
 Tempo = confiança;

 Motivação pra mudança;


 Panorama de como está sua vida em diferentes
áreas;
 Articulação entre a queixa, o foco e os objetivos a
serem alcançados;
 Estratégias de intervenção;
 Manejo do término;
 Aliança terapêutica;
 Setting terapêutico (locomoção,acessibilidade).
MOTIVAÇÃO VIDA DO PACIENTE

 Falha na resposta da pessoa


 Encaminhamento médico; no enfrentamento dos
estressores ambientais;
 Hipótese diagnóstica  Observar: a doenças
definida; anteriores e atuais;
 Condição patológica medicações; relatório médico;
orgânica; sono; problemas de
linguagem, de audição e
 Certo grau de limitação/ memória; rotina; moradia;
deficiência funcional; situação financeira; história
 Multidisciplinar; psicossocial; história
 Entendimento da familiar;vida profissional;
satisfação; uso e abuso de
necessidade; álcool e drogas; relações
sociais; problemas sexuais e
necessidade ou não de dados
externos (esposa, família).
QUEIXA,FOCO, OBJETIVOS INTERVENÇÃO

 Foco: sintomáticos e os de  Continuum suportivo –


conflito relacional; expressivo;
 Melhora em relação à  Interpretação;
queixa;  Afirmação;
 Eficácia adaptativa;  Confrontação;
 Promover uma nova  Clarificação;
experiência e um novo  Encorajamento a elaborar;
entendimento.
 Validação empática;
 Conselho e elogio.
TÉRMINO ALIANÇA TERAPÊUTICA

 Metáfora da limitação do  Desafio – não enxergá-los


tempo de vida; como pais e avós;
 Exemplo, terapia de 15  Relações de dependência;
sessões; sessões iniciais;  Culpa;
na metade do processo,  Rejeição;
avaliar se o trabalho está
acontecendo e reações ao  Sentimentos de abandono.
tempo; e 4 últimas sessões
para lidar com o término;
 Religiosidade e
espiritualidade.
Referência

 YOSHIDA, E.M.P. e LIPP, M.E.N.


Psicoterapias Breves nos diferentes
estágios evolutivos. Casa do
Psicólogo, 2012. Cap. 6 PB, p. 240-260.

Profa. Juliana Leonel


TERAPIA SISTÊMICA

Profa. Juliana Leonel


TERAPIA SISTÊMICA

 Proposta terapêutica de trabalho com as


pessoas, as relações e os sistemas humanos;
 Inicialmente a Terapia Sistêmica era voltada para
atendimento de famílias e grupos;
 Propõe enxergar o indivíduo e seus grupos como:
“o todo é maior que a soma das partes”;
 Visava ampliar o pensamento linear de Causa –
Efeito para algo Circular;
HISTÓRICO

 Criada na década de 50 utiliza conceitos


advindos da Matemática, da Física, da
Engenharia e Biologia;
 Diversas teorias foram utilizadas para esta nova
compreensão, dentre elas: Teoria Geral dos
Sistemas (Karl Ludwig von Bertalanffy), Teoria
da Comunicação (Gregory Bateson),
Cibernética, (Norbert Wiener), Teoria dos Jogos,
Informática; além dos conceitos de feed back,
causalidade circular, homeostase e auto
regulação.
COMPREENSÃO SISTÊMICA

 Sistema é uma estrutura hierarquicamente


organizada, em interação entra as partes e
com o meio buscando o equilíbrio dinâmico;
 Um sistema pode ser definido como uma
rede complexa de relações e interações
entre atores em um cenário específico;
 O todo é mais que a soma das partes;
FUNCIONAMENTO DO SISTEMA

 Cibernética
 Retroalimentação (feedback)
 Organização circular
 Homeostase
 Duplo vinculo
 Evolução
HOMEOSTASE x EVOLUÇÃO

 Todo sistema busca o equilíbrio, este


equilíbrio vem de alguma mudança;
 Calor → abrir a janela → ventilação /
mudança → melhora do calor/ equilíbrio →
não mudou o sistema; homeostase;
 Calor → abrir a janela → ventilação → não
melhora o calor → sair da sala/ mudança do
sistema; evolução;
CIBERNÉTICA

 Ações que visam a estabilidade, a


organização e controle dos sistemas;
 Primeira cibernética = homeostase negativa,
o sintoma ameaça o equilíbrio;
 Segunda cibernética = homeostase positiva,
o sintoma não é o foco e sim a identificação
de algo que não vai bem; relações.
DUPLO VÍNCULO

 Estudo conhecido como Palo Alto ou Teoria da


Esquizofrenia realizado por Gregory Bateson em
1952, estudou a forma de comunicação em
famílias de pacientes esquizofrênicos;
 Comunicação paradoxal - distúrbios na
comunicação humana - comunicação ambígua;
 Duplo vínculo nada mais é que duas mensagens
(uma em contraposição à outra) enviadas
simultaneamente.
TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

 Proposta terapêutica de trabalho com as


pessoas, as relações e os sistemas
humanos;
 Influências mais significativas:
- Psicodrama→ relação terapêutica → aqui e
agora → noção de contextos (social, grupal,
psicodramático) e níveis;
TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

- Terapia de Sistemas Familiares → leitura


sistêmica das situações (estrutura,
hierarquia e organização) → a
responsabilidade do processo é do cliente →
o foco da Terapia é a mudança;
-Terapia Corporal e de Energia →
compreensão Energética dos seres vivos
(fluxo, carga, descarga, etc...).
TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

 Indivíduo como sistema em relação;


 Visa a tomada de consciência por parte do indivíduo
de seu funcionamento e suas dificuldades(ou
problemas) → promover mudanças → treinar novos
comportamentos/atitudes/sentimentos;
 Foco na relação terapêutica e cibernética →
mudança;
 Responsabilidade do processo é do cliente;
 Novos padrões de relação.
TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

 Terapias de ação, onde a sessão é um


espaço/tempo terapêutico;
 Onde o terapeuta propicia um relacionamento
que possibilita ao cliente viver situações reais,
ter modelos, reviver situações via ação e
perceber-se na interação;
 O foco do trabalho é a mudança e a
aprendizagem de novas pautas de
funcionamento;
TERAPIA RELACIONAL SISTÊMICA

 Número de sessões, quantidade de tempo, tarefas e


encaminhamentos são definidos durante o processo e em
função das aprendizagens/mudanças que o indivíduo
necessita e que é pertinente realizar;
 Trabalho clínico se realiza pela não priorização do sintoma,
mas sim da mudança e da aprendizagem de novos padrões de
relação. Com isso não se isola o sintoma ou a área sintomática
do contexto mais amplo da pessoa e das relações;
 As intervenção consideram e rearranjam as relações entre o
indivíduo e os outros e do indivíduo consigo mesmo, sendo a
própria relação com o Terapeuta, modelo de mudança;
 Trabalha-se com a identidade familiar e a identidade pessoal
nas vertentes do pertencer e do diferenciar-se e nas questões
relacionadas com os Mitos Familiares.
PSICANÁLISE X SISTÊMICA

Causalidade linear Causalidade circular

Passado-presente Presente-futuro

Para resolver um problema, é necessário Para resolver um problema, é necessário


inicialmente saber suas causas inicialmente esclarecer o objetivo a ser
atingido
Centrada na explicação das disfunções e Centrada nas funções úteis das disfunções
deficiências do sistema e nos recursos do sistema
Nutre-se do passado para criar a evolução Nutre-se do presente e o faz evoluir em
função do objetivo a ser atingido
O passado determina o presente e o futuro A projeção do futuro desejado influencia
também e muito o presente
O passado é um reservatório de O passado é um reservatório de recursos
explicações que se pode acessar
REFERÊNCIAS

 Anotações pessoais;
 Refletindo sobre o contexto psicossocial de famílias de
pacientes internados na unidade de emergência. Leandro
Barbosa de Pinho e Luciane Prado Kantorski. Ciência y
Enfermeria X (1), 2004;
 A Escolha do Cônjuge: um entendimento sistêmico e
psicodinâmico. Iara L. Camarata Anton.Cap.5
 Como trabalhar com Sistemas Humanos. Luiz Carlos
Osório. Editora Artmed.
 Do desejo ao prazer de mudar. Françoise Kourilsky-
Belliard.Cap.8,9
TERAPIA SISTÊMICA e a
TEORIA DA COMUNICAÇÃO
CIBERNÉTICA

 Estuda a comunicação e o sistema de controle


dos organismos vivos e também nas máquinas;
 Princípios da Cibernética é o interesse pela
estabilidade, pela estrutura, entendendo que os
sistemas funcionam com uma meta, um
propósito que equivale a um equilíbrio;
 Homeostase = são as estratégias de ação dos
sistemas e organismos que visam estabilidade.
PRIMEIRA CIBERNÉTICA

 Homeostase negativa → permanência ou


surgimento do sintoma → é uma forma de não
mudança, uma forma do sistema voltar a ser o
que era antes, no sentido de auto-regulação do
sistema;
 Auto-regulação → capacidade do próprio
sistema corrigir desvios em sua trajetória, de
modo a garantir o alcance da meta, afim de
manter a estabilidade do sistema;
SEGUNDA CIBERNÉTICA

 Segunda Cibernética onde coloca que o sintoma não é o


foco, o sintoma é apenas para identificar que algo não vai
bem na família, sendo o foco agora as relações e não o
sintoma ou a pessoa que traz o sintoma;
 Homeostase positiva → o equilíbrio pode levar a
permanência ou surgimento do sintoma como forma de
mudança, porque se há sintoma tem que se procurar ajuda
terapêutica, aumentando assim a possibilidade de mudança
(auto-transcendência) → o sintoma não é mais um
“mecanismo homeostático” que impede a família de mudar ou
de sucumbir a uma crise, mas apresenta-se como alternativa
amplificada, solução possível naquele momento, para aquele
sistema.
DUPLO VÍNCULO

 Estudo conhecido como Palo Alto ou Teoria da


Esquizofrenia realizado por Gregory Bateson em
1952, estudou a forma de comunicação em
famílias de pacientes esquizofrênicos;
 Comunicação paradoxal - distúrbios na
comunicação humana - comunicação ambígua;
 Duplo vínculo nada mais é que duas mensagens
(uma em contraposição à outra) enviadas
simultaneamente.
DUPLO VÍNCULO

 Duplo vínculo é uma situação que se


estabelece quando uma pessoa se vê diante
de mensagens simultâneas de aceitação e
rejeição; o fato de serem contraditórias faz
com que a pessoa ou receptor da mensagem
fique confuso;
 “Morde e assopra”;
 “Se correr o bicho pega, se ficar o bicho
come”;
DUPLO VÍNCULO

 Por ser ambíguo e gerar ambiguidade, o


duplo vínculo é uma distorção de
comunicação que leva a níveis intoleráveis
as já conhecidas dificuldades que as pessoa
tem de receber e interpretar mensagens;
 As algumas pessoas não desenvolvem a
capacidade de lidar com os paradoxos e
adoecem;
TEORIA DA COMUNICAÇÂO

 Comunicação:
1. Processos interacionais e relacionais; não-verbal
pode contar mais que o verbal;
2. Todo comportamento humano tem valor
comunicativo - basta existir para se comunicar; o
corpo fala;
3. Processos interacionais permanentes = sistema de
relações;
4. A comunicação bem sucedida torna-se sinônimo de
adaptação e vida.
PRINCIPAIS ASPECTOS DA TEORIA
SISTÊMICA

 Visão de mundo e de homem: a visão de mundo é


holística e/ou ecológica → interrelações;
 Uma mudança em uma parte do sistema provoca
mudança em todas as outras partes e no sistema
como um todo;
 Um sistema não pode ser considerado como a
soma de suas partes. Esse princípio definidor
implica que se considere o todo, na sua
complexidade e organização, em detrimento de
suas partes;
PRINCIPAIS ASPECTOS DA TEORIA
SISTÊMICA

 Circularidade → cada pessoa afeta e é afetada


pelo comportamento de outra pessoa e do
contexto em que está inserido;
 Sintoma → a idéia central é ver o doente, o
membro sintomático como um representante
circustancial, de alguma disfunção no sistema
familiar (paciente referido). O sintoma é a
expressão de padrões inadequados de interação
no interior da família. É um movimento de sair do
mal-estar em direção ao bem-estar para os
membros do sistema de uma situação tida como
problema;
PRINCIPAIS ASPECTOS DA TEORIA
SISTÊMICA

 Padrão de relação → forma de se relacionar, de


interagir com as pessoas, com o mundo, que se
modifica permanentemente na medida em que suas
idéias;
 Releitura ou redefinição;
 Estimulando-se sua capacidade auto-organizadora;
 Responsabilidades do terapeuta → o cliente se
responsabiliza por seu processo; o terapeuta está ali
para ajudar na solução do problema mas isso não o
coloca na posição de expert do problema do outro.
REFERÊNCIAS

 Anotações pessoais;
 Refletindo sobre o contexto psicossocial de famílias de pacientes
internados na unidade de emergência. Leandro Barbosa de Pinho e
Luciane Prado Kantorski. Ciência y Enfermeria X (1), 2004;
 A Escolha do Cônjuge: um entendimento sistêmico e
psicodinâmico. Iara L. Camarata Anton.Cap.5
 Como trabalhar com Sistemas Humanos. Luiz Carlos Osório.
Editora Artmed.
 Do desejo ao prazer de mudar. Françoise Kourilsky-
Belliard.Cap.8,9.
 A epistemologia da comunicação em Gregory Batenson: diálogos
com o campo comunicacional. Ana Carolina Kalume Maranhão e
Daniela Favarro Garrossini.
TERAPIA FAMILIAR
SISTÊMICA
ORIGENS

 Segundo Batenson o comportamento


esquizofrênico resultaria da comunicação do
tipo duplo vínculo no contexto familiar. Este
seria o primeiro passo para consideração de
que o paciente seria um emissor da
patologia familiar correspondendo à
denominação “paciente identificado” de uso
corrente a partir de então entre os
terapeutas sistêmicos.
ORIGENS

 Mudança do pensamento linear para o circular;


 Mudança do foco intrapsíquico para foco
relacional/interpessoal;
 Introdução dos conceitos de duplo vínculo,
cibernética/homeostase + e -;
 Se mudarmos os padrões interativos no seio familiar
podemos alterar o comportamento de seus
membros e por consequência a patologia de seu(s)
membro(s) enfermo(s)
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 A Terapia Familiar Sistêmica é a expressão


clínica do pensamento sistêmico-relacional;
 Influenciado diretamente pelos conceitos de
Duplo Vínculo e Teoria da Comunicação
Humana de Batenson (1956);
 A Terapia Relacional Sistêmica segue todos
os pressupostos teóricos/técnicos/clínicos
enfocando o cliente (seja um indivíduo, uma
família, um casal) como um Sistema em
relação.
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 O sistema em terapia necessita tomar consciência


do seu funcionamento e das suas dificuldades (ou
problemas), para poder desenvolver um programa
de mudanças, e assim ter como treinar os novos
comportamentos/ atitudes/sentimentos.
 O foco da Terapia Relacional Sistêmica é o
processo de autonomia, que engloba o
pertencer/separar-se, o desenvolvimento da
consciência, das escolhas e responsabilidade; a
mudança das pautas disfuncionais, adquirindo um
número maior e mais rico de estratégias de
funcionamento.
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 Terapeuta – ênfase em sua inserção no


sistema terapêutico e nas funções de
facilitador das intervenções e catalisador das
soluções que o próprio casal ou família deve
encontrar para seus problemas respeitando
as culturas familiares de origem;
 Atenção a comunicação não verbal dos
participantes → explicitar quando
necessário;
TERAPIA FAMILIAR SISTÊMICA

 Terapeuta como facilitador das interações,


decodificador da comunicação entre os membros do
casal ou família; terapeuta como memória viva;
 Terapeuta é menos interpretativo;
 Pacientes são agentes do processo;
 Processo terapêutico é entendido como rede de
relações e significados tecida conjuntamente entre
terapeuta e aqueles a quem se destina o referido
processo;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Casal + terapeuta = grupo;


 Teoria sistêmica/comunicação humana

 Psicodrama Psicanálise
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Terapia breve; 10 a 20 sessões semanais de 70/5


minutos;
 Trabalho no foco conflituoso;
 Setting: comunicação verbal, recursos
psicodramáticos, temas para casa – tarefas,
inclusão dos membros da família inseridos no
conflito;
 Nunca iniciar a sessão com um só membro do casal,
não aceitar entrevistas isoladas;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Critérios de indicação: ambos os membros do casal


estejam suficientemente motivados para encontrar
“via terapia” uma forma de atenuar o sofrimento
psíquico a que foram levados por uma relação que
não consegue ser satisfatória;
 Empatia com o casal;
 Estejamos convictos de que podemos nos manter
distantes e imparcial, sem pomar partido em pró de
um dos cônjuges, nas desavenças que se
mostraram ao longo da terapia;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Critérios de exclusão: um ou ambos dos


participantes evidenciar paranóia, sociopatia
ou psicose.

 Foco: desajustes do casal, mobilizar os


membros a encontrarem suas próprias
soluções e saídas para o impasse;
TERAPIA SISTÊMICA DE CASAIS

 Processo:
 Entrevista inicial; avaliação;
 Perfil dos cônjuges: História do casal – um conta a
história de vida do outro antes de se conhecerem
+ como se conheceram;
 Jogos interativos: troca de papéis, vivencia
indetificatória, permuta projetiva/introjetiva;
 Terapeuta como agente de mudança; torna o
latente → manifesto;
 Termino: consenso do par terapeuta – casal;
Estilo do Terapeuta Sistêmico
 Ouve o casal/família e o que esperam;
 Questiona sobre o que já tentaram fazer para solucionar o
problema;
 Não sobrecarrega com clientes com expectativas próprias;
 Ajuda a descobrir seus próprio caminhos e soluções;
 Age como catalisador e não interventor;
 Respeita e tenta compreender a cultura familiar para criar o
clima terapêutico adequado;
 Pode atender o ambiente familiar, como os antigos médicos de
família.
GENTE COMO A GENTE
Donald Sutherland, Mary Tyler Morre, Judd Hirsch e Timothy Hutton

 Sobre Psicoterapia Breve


1. Após ter tentado o suicídio, Conrad busca um psicoterapeuta para trabalhar sua
necessidade de controle. Baseado nas informações contidas no filme(e não somente os
dados do terapeuta), identifique o conflito central de Conrad tendo por base os itens do
padrão mal adaptativo cíclico ou estilo disfuncional.
2. O terapeuta exerce uma postura acolhedora e ao mesmo tempo ativa. De que forma
esta “atividade” do terapeuta se faz presente na relação com Conrad?
3. Qual foi a nova experiência que Dr. Tyrone ajuda Conrad a vivenciar?

 Sobre Abordagem Sistêmica


1. De que maneira podemos compreender o conflito familiar desta família dentro de uma
causalidade circular?
2. Em que momento podemos observar um funcionamento familiar homeostático e em
que momento começa a necessidade de uma mudança evolutiva?
3. É possível encontrarmos um problema de comunicação intrafamiliar chamado de duplo
Vínculo? Em que momentos?
4. Numa causalidade linear, tenderíamos a pensar que a mãe Beth poderia ser a
responsável pela culpa de Conrad. Numa lógica conectiva (Causalidade Circular), como
podemos compreender o papel de Beth nesta família?
BOA PROVA

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