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RELATO DE CASO
SOBRE UMA PACIENTE
BODERLINE SOB O
OLHAR DA PSICOLOGIA
JUNGUIANA
Ludmila Maia Pinheiro
L é advogada trabalha na área criminal, tem 33
anos, um histórico de tentativas de suicídio. L tem
APRESENTAÇÃO um comportamento de alternar a presença em
DO CASO uma sessão e faltar na seguinte, no prontuário foi
percebido que essa conduta se repetia à algum
tempo, o que dificultava as intervenções
necessárias no seu caso. Cito abaixo alguns fatos
importantes sobre a paciente:
L se diz religiosa e que por isso carrega uma
culpa devido ao aborto que fez;
L foi vítima de violência e estupro pelo
namorado que era policial ela o denunciou e
ele chegou a ser preso,
Relação de dependência emocional com a mãe;
Comportamento manipulador com a mãe;
Episódios de agressividade e ameaças com as
pessoas do seu convívio;
Possui acompanhamento psiquiátrico;
Não se responsabiliza pelas suas atitudes.
As tentativas de suicídio de L aparecem como
PROCESSO fraqueza, em compensação as atitudes de força e
busca incessante por justiça. Essa busca por
TERAPÊUTICO justiça está na escolha profissional, no concurso
dos sonhos de ser delegada e nas relações
amorosas com pessoas vinculadas a setores da
segurança pública. Existe uma necessidade de
autoafirmação dessa força.
Na sessão que antecedeu o dia das mães L estava triste e sem animo, na
sessão seguinte ao enviar o link de acesso para a sala, L respondeu dizendo
que me agradecia, mas estava desistindo da vida e que iria deixar uma carta
de despedida. Entrei em contato com a mãe de L e avisei da possibilidade da
tentativa de suicídio, a mãe de L relatou que ela tinha sim tentado e que
estava se recuperando devido a ingestão de medicamentos, a mãe relatou por
mensagem que apanhava com frequência de L, e que nos períodos de crise
era bem difícil lidar com ela, entrei em contato com o psiquiatra que
acompanha L e foi colocado a possibilidade de não se tratar de uma
depressão e sim de um transtorno de personalidade limítrofe ou
borderline, L tem comportamentos onde a impulsividade e a
imprevisibilidade aparecem de forma constante, possui uma raiva intensa e
injustificada e uma instabilidade afetiva nas relações.
O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE BORDERLINE TEM
POR CARACTERÍSTICA UM PADRÃO DE INSTABILIDADE
NOS RELACIONAMENTOS, EM SUA AUTO-IMAGEM E NOS
AFETOS. APRESENTA UM ALTO GRAU DE IMPULSIVIDADE
EM PELO MENOS DUAS DAS SEGUINTES ÁREAS, AS QUAIS
SÃO POTENCIALMENTE PREJUDICIAIS A SI MESMO:
JOGOS, GASTOS IRRESPONSÁVEIS, COMIDA EM EXCESSO,
ABUSO DE SUBSTÂNCIAS, SEXO INSEGURO E DIREÇÃO
IMPRUDENTE. OS PORTADORES DO TRANSTORNO
REVELAM DESCONTROLE EMOCIONAL COM TENDÊNCIA
PARA QUE AS EMOÇÕES FUJAM DO CONTROLE,
APRESENTANDO TAMBÉM TENDÊNCIA DE TORNAREM-SE
IRRACIONAIS EM MOMENTOS DE GRANDE ESTRESSE E
UMA DEPENDÊNCIA DOS OUTROS PARA REGULAREM AS
EMOÇÕES (AAP, 1994).
Os pacientes diagnosticados com esse transtorno são muito sensíveis às
condições ambientais. Fazem grandes esforços na tentativa de evitarem um
abandono real ou imaginado. A simples percepção da possibilidade de uma
perda ou de um abandono provoca profundas alterações em seus
comportamentos. Para eles, o “abandono” significa desintegração, não existência,
pois precisam do outro para se perceber.