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MECANISMOS NEURÓTICOS
Em EFA (1942), Perls ainda não utiliza o termo “mecanismos neuróticos”, e sim
“inibições essenciais” para referir-se à repressão, introjeção, projeção e retroflexão,
destacando-as também como as principais inibições. Suas idéias de funcionamento
do ego nessas inibições essenciais e a importância da relação organismo e meio já
prenunciam o que surgiria, posteriormente, na Gestalt-terapia.
Os mecanismos neuróticos não são, em si, nem bons nem maus. A repetição destes
como um padrão comportamental recorrente é que os torna nocivos, transformando-
se em repetições rígidas dos mesmos padrões de funcionamento diante das
circunstâncias do meio. É importante ter em mente que esses mecanismos surgem
como interrupções de um ciclo básico, o ciclo de contato. Este se inicia com base na
percepção de uma sensação, que deflagrará um processo de reconhecimento de
necessidade. Pelo funcionamento da awareness do indivíduo busca-se, por uma
ação no meio, satisfazer essa necessidade. Como nem sempre essa satisfação é
possível, a frustração é um dado inevitável.
Na prática clínica, ela pode ser percebida por verborragia ou silêncio excessivo, pela
evitação do olhar, pela generalização em vez da especificidade do assunto, pelo uso
da linguagem na terceira pessoa, entre outras. Cabe ao terapeuta facilitar o contato
do cliente consigo mesmo, transformando, assim, a deflexão em expressão.
Esse autor ainda descreve mais dois processos de “bloqueio de contato”, conforme
opta por chamar: fixação e dessensibilização. Define o primeiro como “o processo
através do qual me apego excessivamente às pessoas, idéias ou coisas e, temendo
surpresas diante do novo e da realidade, sinto-me incapaz de explorar situações que
flutuam rapidamente, ficando fixado em coisas e emoções, sem verificar as
vantagens de tal situação” (RIBEIRO, 1995, p.17). Já a dessensibilização é o
“processo pelo qual me sinto entorpecido, frio diante de um contato, com dificuldade
para me estimular. Sinto uma diminuição sensorial no corpo, não diferenciando
estímulos externos e perdendo o interesse por sensações novas e mais intensas”
(RIBEIRO, 1995, p.19).
Gladys D’Acri, Patrícia Lima (Ticha) e Sheila Orgler.
(p.149)
Referências Bibliográficas
GINGER, S.; GINGER. A. Gestalt: uma terapia de contato. São Paulo: Summus,
1995.
VERBETES RELACIONADOS
Ajustamento criativo, Aqui e agora, Auto-regulação organísmica, Awareness,
Campo, Ciclo Contato, Conflito, Confluência, Contato, Deflexão, Dessensibilização,
Ego, Egotismo, Fixação, Fronteira de contato, Frustração, Gestalt-terapia, Introjeção,
Necessidades, Organismo, Proflexão, Projeção, Resistência, Retroflexão
(p.150)