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Tabela 9 Análise funcional de uma tentativa de suicídio sob o controle de uma ideação
suicida
Estímulo antecedente Comportamentos Consequências
(situação gatilho) (relação R-R, entre
resposta encoberta e
resposta aberta)
Estímulo antecedente Comportamentos Consequências
(situação gatilho) (relação R-R, entre
resposta encoberta e
resposta aberta)
Terapeuta: Você mencionou que teve que fazer lavagem gástrica, não?
Como foi isso?
Cliente: Bom, doutor, logo no PA o médico ou enfermeiro de plantão já
enfiou a sonda sem qualquer cuidado. Não sei se deveria ter feito qualquer
anestesia. A minha psiquiatra até pediu antes para ter cuidado, mas não teve
jeito. Parece que as equipes de plantão de hospital não estão querendo
muito atender suicídio.
Terapeuta: Injetaram o carvão?
Cliente: O senhor sabe, né, ficam injetando o soro várias vezes e aquele
carvão. É horrível, dá muita náusea. Estou com dor na garganta até agora.
Terapeuta: Como o seu organismo reagiu à overdose? Vi que você está
tremendo bastante hoje, e usualmente não me lembro de você ter tido esse
tipo de reação aos medicamentos que tomava.
Cliente. Pois é, a lavagem não fez milagre. Algum medicamento foi
absorvido pelo meu organismo. Por causa disso estou passando vergonha,
sei que não paro de tremer, e que estou meio impregnada. Isso despertou
mais a atenção das pessoas na faculdade e no trabalho.
Terapeuta: Agora, Denise, eu gostaria de saber o que houve com a sua
avó. Ela foi internada também?
Cliente: Ela ficou muito nervosa, e sua pressão subiu. Minha mãe a
acompanhou e não pôde entrar comigo. Passa bem agora, mas o choque foi
muito grande. Está sendo ainda. Em casa encontro-a chorando pelos cantos,
por minha causa, por eu ter tentado me matar. Minha mãe está triste
também. Para mim é duro ver minha avó desse jeito, pois ela já é idosa e
tem a saúde
frágil. Se ela morrer por causa disso, penso que não irei aguentar. Eu a amo,
e ela é o único motivo para eu estar viva.
Terapeuta: Você contou que, logo após ter ingerido todos os remédios,
ligou para a sua amiga. O que a levou a fazer isso?
Cliente: Pensei logo que ela poderia me ajudar. Antes de minha alta do
hospital, na verdade, outras amigas da minha turma foram me visitar.
Terapeuta: Quem são elas?
Cliente: A Luciana, a Giovana e a Pri.
Terapeuta: Elas sabiam dos seus problemas antes? Lembro-me de você
ter mencionado a Luciana, mas não as outras duas amigas.
Cliente: Sim, elas sabiam. Temos boa amizade. Elas sempre se
preocupam comigo. Perguntam como eu estou. Gosto muito delas.
Terapeuta: Você acredita que poderia ter recorrido a elas antes de ter
tentado a overdose, já que possuem boa entrada uma com a outra?
Cliente: Se eu tivesse mandado uma mensagem, teriam respondido, sim.
Terapeuta: E quem delas é mais rápida para uma resposta a um pedido
de socorro?
Cliente: Todas são. Talvez a Priscila demore mais. Ela sempre leva um
tempo para responder no aplicativo.
Terapeuta: Uma chamada de voz teria tido mais sucesso?
Cliente: É possível. Acho que, agora, depois de tudo, elas estarão mais
sensíveis ao meu pedido de socorro.
Terapeuta: E você antevê algum obstáculo se isso acontecer?
Cliente: A Pri e a Giovana moram longe. Mas a Luciana mora aqui
perto, e ela ainda não trabalha. Melhor então colocá-la ela como primeira
opção.
Terapeuta: Lembro-me também de você ter contado que, na iminência de
uma tentativa de suicídio, pedia para ser internada. Como seria para você
fazer isso? Acha que poderia ser uma boa alternativa?