Você está na página 1de 5

NOME: JESSÉ DE ARAUJO LEITE

CURSO: PSICOLOGIA

DISCIPLINA: ÉTICA PROFISSIONAL EM PSICOLOGIA

MATRÓCULA: 2220185563

DATA DE ELABORAÇÃO: 23/11/2023

Suicídio é um tema bastante mencionado na história da humanidade. Outrora, a


consumação do suicídio era mal interpretada, pois não havia conscientização a respeito
da gravidade da situação. Kalina e Kovadloff citados por Kovács (1992, p. 169),
afirmam que, na Antiguidade greco-romana, “os suicidas não tinham direito a uma
sepultura regular, e suas mãos eram enterradas separadamente”. Já na Europa, no século
XVII, o ato era considerado um crime e, se a tentativa de suicídio falhasse, o
sobrevivente poderia ser encarcerado (Venco & Barreto, 2010).

Mas, com o avanço da psicologia, o suicídio começou a ser percebido como um


transtorno mental e um assunto de estudo das psicopatologias (Venco & Barrento,
2010), consequentemente responsabilidade dos profissionais da saúde.

Há graduação da intencionalidade do ato suicida que envolve: desejo de morrer,


ideação constante, comunicação sobre a intencionalidade de se matar, tentativa e o ato
suicida. Em muitos casos, observa-se a ambivalência entre o desejo de viver e morrer
(Kovács, 1992).

Porém, mesmo com a evolução da psicologia, alguns indivíduos do senso


comum categorizam suicídio como “frescura”, não compreendendo a real gravidade da
situação. Essas pessoas não entendem que um dos principais motivos que dirigem o
suicida a cometer esse ato, é uma dor psíquica insuportável, causadas por contingências
coercitivas que a própria sociedade estabelece ao longo da ontogenia do suicida.

Há vários motivos para as pessoas que tentam suicídio, sendo que a maioria
delas têm doenças psiquiátricas. A depressão é o melhor indicador de ideação suicida.
Por via de regra, para compreender as causas que levam um sujeito à ideação suicida
seria a compreensão da história de vida do mesmo, sendo que as pessoas possuem suas
vivências individuais.

1
Tentativas de suicídio anteriores são o fator de risco mais significativo para
prever outros comportamentos suicidas (Bahls, 2002; Botega, 2014; Soole, Kõlves, &
De Leo, 2014). Muitas vezes, o ato de cortar o próprio punho traz uma sensação de
alívio para o indivíduo (Giusti, 2013; Rodrigues et al., 2012), o que acaba sendo
reforçador. E como é reforçador, a probabilidade de isso acontecer aumenta. O pior, é
quando os antigos cortes não aliviam como antigamente, induzindo a pessoa a realizar
cortes ainda piores com a finalidade se sentirem o mesmo alívio.

Isso pois, o suicídio pode ser considerado como um holocausto silencioso


(Pessini, 2006). Ou seja, para cada um ato suicida bem sucedido, houveram outras
tentativas que não resultaram em morte.

Solomon (2002) se refere a quatro tipos de suicídio: 1. atos como forma de


expulsar a dor; 2. ações em que predomina a busca de alívio; 3. processos em que a
morte é considerada como a única saída para o sofrimento e forma de aliviar o fardo de
pessoas próximas; 4. planejamento racional do suicídio. Para o autor, o suicídio é
solução duradoura para um problema que poderia ter outras saídas

Todavia, apesar do comportamento suicida ser individual, observa-se alguns


aspectos constantes em todas as idades em casos de suicídio, como a presença de
transtornos mentais e abuso de substâncias (Bahls, 2002). Outra importante variável é o
contexto intrafamiliar.

As agressões verbais que os pais estabelecem ao longo da convivência com seus


filhos, criam contingências coercitivas que podem levar os jovens ao comportamento
suicida. Frases como “você não deveria ter nascido” ou “você não serve para nada”, já
ajudam a corroborar ideação suicida nos filhos, que podem levar ao ato.

A ausência de suporte social também aumenta a probabilidade de o suicídio


ocorrer, uma vez que essa privação se torna um caminho, induz a vítima ao
comportamento suicida, a atenção passa a exercer função reforçadora para esses
comportamentos e aumenta a probabilidade de outras tentativas ocorrerem.

Ou seja, o comportamento suicida se torna um reforçador que aumenta a


probabilidade de as pessoas responderem a esse comportamento com suporte social (ou
atenção). Mas, muitas pessoas enxergam isso como “frescura”, o que as esquivam
desses comportamentos do suicida, e a ausência do suporte social não é suprida,

2
reforçando ainda mais o comportamento do suicida. O que pode induzir a vítima a
praticar esses atos repetidamente e até mais violentos (como se jogar num prédio para as
pessoas verem). Vale ressaltar que o ideal não é oferecer atenção após a tentativa de
suicídio, mas entender que a vítima pode receber a mesma recompensa mediante outras
respostas.

Isso na Análise comportamental é um processo de extinção, quando a topografia


utilizada anteriormente não produz mais reforçadores, o indivíduo altera o
comportamento, aumentando a gravidade de suas tentativas.

Outra importante variável para o comportamento suicida seria o desamparo


aprendido – é importante compreender que não da para reduzir o comportamento
suicida a um viés mecanicista, mas, existe a possibilidade de conhecer, por intermédio
de revisão bibliográfica, os principais fatores que induzem ao comportamento suicida.

E um desses fatores é o desamparo aprendido. O desamparo aprendido é um


conceito na psicologia que descreve uma condição na qual uma pessoa ou animal
aprende a acreditar que é incapaz de controlar ou mudar uma situação aversiva, mesmo
quando existem reais possibilidades de controlar ou mudar tal situação.

O desamparo aprendido pode surgir quando alguém enfrenta situações repetidas


de falta de controle em eventos negativos. Isso pode levar a sentimento de impotência e
desesperança, fazendo com que a pessoa acredite que seus esforços são inúteis,
independentemente do que faça.

O desamparo aprendido é normalmente referido na literatura como ‘sentimento


de desesperança’, o qual está significativamente correlacionado aos comportamentos
suicidas e prediz tentativas de suicídio (Bahls, 2002). Isso acontece após
relacionamentos disfuncionais, na qual a pessoa pune os comportamentos de interação
social. Com isso, a mesma fica em um estado de solidão. A partir desse processo, é
gerado um contexto de falta de suporte social, o que também está diretamente associado
à presença de comportamentos suicidas (Kosidou et al. 2013; Seguin et al., 2011).

Portanto, percebe-se que o suicídio abrange inúmeras variáveis, muitas vezes


individuais, na qual apenas uma observação minuciosa das contingências poderá
compreender, com uma faixa de precisão, a real situação da pessoa.

3
Então, para uma elaboração de pesquisa, encontra-se na seguinte problemática:
“As causas do suicídio são bastante amplas, pois engloba: 1) Fuga das relações pessoais
2) por que os relacionamentos foram mal sucedidos, 3) a solidão vira um mecanismo de
alívio 4) que pode induzir a ideação suicida, levando a uma possível tentativa de
suicídio”.

Então, para a elaboração de uma entrevista com a finalidade de pesquisa, o tipo


da mesma deveria ser “Entrevista estruturada”. Pois, a entrevista estruturada é uma
abordagem em que o pesquisador utiliza um conjunto predefinido de perguntas,
formuladas de maneira precisa e padronizada, para todos os participantes da pesquisa.
Essa metodologia busca garantir consistência na coleta de dados, permitindo
comparações diretas entre os participantes. Todavia, é importante considerar suas
limitações, como a possibilidade de perder nuances e detalhes contextuais presentes em
abordagens mais qualitativas.

Mas, como o objetivo seria entender a perspectiva da população a respeito do


suicídio, esse tipo de pesquisa é bastante eficaz, pois permite a comparação entre as
respostas. Com isso, o pesquisador para obter as mais diversas respostas, deve estruturar
perguntas e entrevistar pessoas de todas as classes sociais, religiões, níveis de
escolaridade e cursos de formação (certamente, a cosmovisão sobre suicídio para
estudante de filosofia e sociologia é bem mais “ampla” do que a cosmovisão de um
estudante de física).

Com isso, o pesquisador, após fazer uma revisão bibliográfica, deverá estruturar
as perguntas de acordo com os dados apresentados, por exemplo:

1) Como você lidaria caso sofresse de ideação suicida?


2) Acha que suicídio é frescura?
3) Como você percebe o comportamento suicida?

Na psicologia humanista, existe um termo chamado “intencionalidade”, na qual


é conceituado como o ato de atribuir sentido a um fenômeno com base na consciência.
Ou seja, cada pessoas atribui sentido a um assunto de maneira individual, porque sua
percepção sobre o assunto é influenciada pelo contexto em que vive.

4
Então, entrevistar pessoas que se encontram em situações diversas, oferecerá ao
entrevistador dados bastantes abrangentes. Pois englobará diversas perspectivas sobre a
mesma pergunta.

REFERÊNCIAS

ABREU, S.; MURTA, S. G. A Pesquisa em Prevenção em Saúde Mental no Brasil: A


Perspectiva de Especialistas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 34, n. 0, 29 nov. 2018

FEIJOO, A. M. L. C. DE. Suicídio: uma compreensão sob a ótica da psicologia


existencial. Arquivos Brasileiros de Psicologia, v. 71, n. 1, p. 158–173, 2019.

‌CRISTINA, A. et al. SUICÍDIO: DIVERSOS OLHARES DA PSICOLOGIA. Boletim


de Iniciação Científica em Psicologia -2004, v. 5, n. 1, p. 77–92, [s.d.].

RIBEIRO, L. P. Análise funcional de relatos sobre tentativas de


suicídio. repositorio.sis.puc-campinas.edu.br, 24 fev. 2006.

Você também pode gostar