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Suicidio e Gestalt-Terapia (2005 / 2012)

Book · December 2017

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Karina Fukumitsu
University of São Paulo
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SOBRE O LIVRO E A AUTORA

Embora o primeiro registro de suicídio – segundo a Enci-


clopédia Delta de História Geral (in Silva, 1992) – tenha ocor-
rido em 2500 a.C., na cidade de Ur, onde doze pessoas ingeri-
ram uma bebida envenenada, ainda sabemos pouco para com-
preender e lidar com este complexo fenômeno humano.

Tão tabu quanto real, o tema ou não é suficientemente


abordado na maioria dos cursos de Psicologia no Brasil ou nem
faz parte das disciplinas oferecidas na grade curricular. Talvez
isto se deva ao fato de que as situações envolvendo tentativas ou
efetivação de suicídio frequentemente são atendidas por médicos
e/ou psiquiatras. Muitas vezes a ideação e intenção suicidas se
manifestam sob diferentes formas e por meio de diferentes si-
nais, muito antes de se efetivar uma tentativa de suicídio. É ra-
zoavelmente comum estas diferentes formas e sinais aparecerem
ao longo de um processo psicoterápico ou de outras situações
que envolvam o trabalho do psicólogo (tanto dentro quanto fora
do contexto clínico).
Embora não seja possível prever o suicídio, é importante
que os profissionais de psicologia e da área de saúde de maneira
geral, tenham alguns parâmetros para identificar seus indícios,
avaliar os níveis de risco e intervir nas situações. Tendo por re-
ferência a psicologia humanista e a visão existencial, particu-
larmente a Gestalt-terapia, Karina Okajima Fukumitsu se pro-
põe, neste livro, a discutir o assunto e fornecer instrumental para
que isto se torne possível.
O interesse da autora por este tema vai muito além da teo-
ria ou mesmo de sua experiência clínica com pacientes suicidas
no Brasil e nos Estados Unidos. Ele se origina na experiência
vivida (e vívida) de Karina que, na condição de filha de uma
mãe com tentativas suicidas, compartilha conosco um fundo que
tem como referência sua própria experiência.

Muitas são as compreensões que se pode ter da intenção


ou ato suicidas: desde um gesto de coragem a um gesto de co-
vardia, desde um ato de sucesso a um ato de fracasso, desde um
direito legítimo do ser humano a um ato criminoso contra si
próprio. Em palestra proferida há muitos anos atrás, referi o ges-
to do suicida como sendo um “grito silencioso de socorro”.

Tal como se afina um instrumento musical, neste livro a


autora busca “afinar” nossos olhos e ouvidos para identificar,
entender e discriminar este grito silencioso, bem como oferecer
algumas sugestões e cuidados em relação ao tratamento desta
complexa questão que envolve não apenas o paciente, mas
igualmente seus familiares e amigos, assim como os profissio-
nais que dele estejam cuidando.

Tendo por pressuposto que o suicida não busca a morte,


mas sim uma outra maneira de viver, Karina procura compreen-
der o que a pessoa busca, qual a comunicação que não pode ser
comunicada, qual a palavra que não pode ser dita, qual o gesto
que não pode ser efetivado.

Desta forma, a autora busca compreender o que está por


trás da intenção (ou consumação) do ato suicida, saber qual é a
mensagem existencial deste gesto extremo de desespero e de
desesperança humanos, salientando que o fenômeno sobre o
qual devemos nos debruçar não é o suicídio, e sim a falta de
sentido de vida.

Psicoterapeuta e professora universitária, Karina Okajima


Fukumitsu ao apresentar, de forma didática e numa linguagem
simples, informal e facilmente compreensível, reflexões sobre o
suicídio além de informações para a avaliação de níveis de risco,
bem como sugestões sobre procedimentos para tal, torna este
livro de interesse tanto para profissionais de psicologia e das
áreas de saúde, de um modo geral quanto para leigos.

No meu entender, o suicídio, mais do que um gesto que


cala, é um gesto que fala...

Lilian Meyer Frazão


São Paulo, março de 2005.

APRESENTAÇÃO

Na perspectiva da Gestalt-terapia, o ser humano é a pes-


soa responsável por suas próprias escolhas. Do ponto de vista
de alguns clientes, o suicídio se revela como a última escolha de
suas vidas, pois pelo seu ato suicida, a pessoa desnuda o tama-
nho de seu desespero humano e não se dá mais a oportunidade
de buscar seu próprio sentido de vida.
O objetivo deste trabalho é o de trazer à luz possibilidades
de instrumentalização ao profissional, fornecendo-lhe reflexões
sobre o suicídio e sua intencionalidade, implicadas na psicote-
rapia, fatores de risco e procedimentos utilizados. Enfatizando
minha experiência pessoal com minha mãe e com meus clientes
em processo de psicoterapia, a realização deste trabalho contou
também com um levantamento bibliográfico de estudos realiza-
dos no Brasil e nos Estados Unidos da América sobre o tema
suicídio e suas relações com a Gestalt-terapia, uma abordagem
psicológica que considera o método fenomenológico e a visão
de homem humanista e existencial.
O estudo desse tema adota uma direção focalizando a
seguinte questão: como um psicoterapeuta pode realizar uma
análise compreensiva compreensiva da pessoa que pensa na
morte como possibilidade e instrumentalizar-se?
Apresento no capítulo 1, a discussão que circunda minha
experiência e uma compreensão do fenômeno do suicídio. No
capítulo 2, apresento a visão de homem, segundo a Gestalt-
terapia. No capítulo 3, estabeleço a correlação do suicídio na
visão gestáltica e as considerações finais do trabalho.
No presente momento, ressignifico parte de minha in-
fância regada pelas lembranças de ter uma mãe que tentou o
suicídio por várias vezes. Tal vivência tem sido útil à minha
compreensão clínica, um excelente pano de fundo para enten-
der o sofrimento existencial de meus clientes. Os psicotera-
peutas são facilitadores, isto é, ajudam o cliente a desvelar seu
interesse de vida, a fim de que ele se torne consciente não so-
mente de suas necessidades, mas também pela responsabilida-
de de estar vivo.

A autora

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