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Introdução:
Neste trabalho será discutido o impacto da categorização feita pelos Manuais de diagnóstico
de transtornos mentais, o DSM V e CID, relacionados à prática da psicanálise clínica. Destaca-
se a importância do manual DSM V para conhecimento da sintomatologia. A relevância da
classificação, nomenclatura e descrição para meios científicos, de estudos e pesquisas; e,
principalmente sua relevância na compreensão da sintomatologia para a orientação clinica. Em
contrapartida, considera-se o cuidado na utilização dos termos na prática da psicanálise clinica
e seu impacto no tratamento e na vida dos sujeitos.
Sabemos que a identificação e a forma mais antiga de ligação afetiva entre os sujeitos,
pois há uma identificação a um discurso. O diagnóstico psiquiátrico é um discurso que o sujeito
se liga, onde se exclui sua singularidade e subjetividade, e que esta ligação de certa forma,
consegue responder em partes a uma demanda comum de nomeação do ser humano. O
sujeito se identifica a significantes, justamente por essa busca de identificação, de fazer parte
de um grupo. Buscando um diagnóstico como, por exemplo, “sou borderline”, “sou bipolar”,
etc., ele consegue fazer parte de um grupo, daqueles que “gozam da mesma maneira, como se
fizessem parte de comunidades de gozo”, numa espécie de confissão generalizada de gozo.
Na prática da psicanálise clinica, deve-se ter um cuidado ao utilizarmos dessas
nomenclaturas direcionadas ao sujeito, pois o mesmo, ao ouvir que se encaixa em um grupo
de sintomas, pode sentir-se alheio e irresponsável com relação á eles, atribuindo todas as
mazelas que vem sofrendo a uma nomenclatura, esquivando-se de responsabilizar-se e
encontrar uma saída por si mesmo, buscando na maioria das vezes uma alternativa
medicamentosa, que não o levará ao cerne da questão.
Na clínica o diagnóstico precisa ter uma função, para que ele serve? Para quem?
Devemos pensar se essa função não esta rotulando o sujeito e reduzindo-o a apenas um
diagnóstico, excluindo toda sua singularidade e subjetividade, ou se está realmente
contribuindo para orientar a clinica.
O analista quando recebe essa demanda de nomeação do paciente precisa ter um bom
manejo, não se trata apenas de rejeitar a demanda e nem de atender a ela, mas precisa “saber
o que fazer com a demanda”, já que sabe que há um saber no próprio sujeito sobre ele
mesmo, embora ele não saiba ainda que possui este saber, e que não está no analista.