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O impacto da Psiquiatria relacionadas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos

Mentais (DSM-V) e Classificação Internacional de Doenças (CID), relacionados á Prática da


psicanálise clínica.

Aluna: Jaqueline Pala Gatti

Introdução:

Neste trabalho será discutido o impacto da categorização feita pelos Manuais de diagnóstico
de transtornos mentais, o DSM V e CID, relacionados à prática da psicanálise clínica. Destaca-
se a importância do manual DSM V para conhecimento da sintomatologia. A relevância da
classificação, nomenclatura e descrição para meios científicos, de estudos e pesquisas; e,
principalmente sua relevância na compreensão da sintomatologia para a orientação clinica. Em
contrapartida, considera-se o cuidado na utilização dos termos na prática da psicanálise clinica
e seu impacto no tratamento e na vida dos sujeitos.

A compreensão dos sintomas é essencial na prática clinica do psicanalista, por isso a


relevância dos manuais de diagnóstico, pois eles oferecem ao analista o conhecimento
necessário para orientar a prática clínica na escuta das manifestações sintomáticas no relato
do paciente, de modo que o analista consiga analisar seu funcionamento de acordo com sua
estrutura psíquica. Alguns sintomas são predominantes em certas estruturas, (neurose,
psicose e perversão) e é fundamental que o psicanalista saiba diferenciar as sintomatologias
comuns, relacionadas ao funcionamento da estrutura psíquica do sujeito, para assim se
orientar quanto ao manejo com o paciente.

Sabemos que a identificação e a forma mais antiga de ligação afetiva entre os sujeitos,
pois há uma identificação a um discurso. O diagnóstico psiquiátrico é um discurso que o sujeito
se liga, onde se exclui sua singularidade e subjetividade, e que esta ligação de certa forma,
consegue responder em partes a uma demanda comum de nomeação do ser humano. O
sujeito se identifica a significantes, justamente por essa busca de identificação, de fazer parte
de um grupo. Buscando um diagnóstico como, por exemplo, “sou borderline”, “sou bipolar”,
etc., ele consegue fazer parte de um grupo, daqueles que “gozam da mesma maneira, como se
fizessem parte de comunidades de gozo”, numa espécie de confissão generalizada de gozo.
Na prática da psicanálise clinica, deve-se ter um cuidado ao utilizarmos dessas
nomenclaturas direcionadas ao sujeito, pois o mesmo, ao ouvir que se encaixa em um grupo
de sintomas, pode sentir-se alheio e irresponsável com relação á eles, atribuindo todas as
mazelas que vem sofrendo a uma nomenclatura, esquivando-se de responsabilizar-se e
encontrar uma saída por si mesmo, buscando na maioria das vezes uma alternativa
medicamentosa, que não o levará ao cerne da questão.

O diagnóstico responde à demanda de nomeação do paciente, que geralmente e chega


á clinica solicitando uma resposta que explique seus sintomas e sofrimentos, e acredita que se
receber essa resposta, se sentirá menos responsável por seu sofrimento, pois tem a quem
atribuí-los que não ele próprio.

Segundo o autor Mario Eduardo, a criação de um manual responde a necessidade de


uma linguagem comum entre os clínicos e pesquisadores, um acordo de base quanto à
nomenclatura e a descrição das diferentes psicopatologias. Segundo o texto, a importância
dessa classificação comum se deu por muitos mal entendidos relacionados à pesquisa. Esses
mal entendidos poderiam atrapalhar o campo se não houvesse uma linguagem comum. O
objetivo principal era evitar os impasses e as incompatibilidades entre as múltiplas teorias
psicopatológicas.

Na clínica o diagnóstico precisa ter uma função, para que ele serve? Para quem?
Devemos pensar se essa função não esta rotulando o sujeito e reduzindo-o a apenas um
diagnóstico, excluindo toda sua singularidade e subjetividade, ou se está realmente
contribuindo para orientar a clinica.

O analista quando recebe essa demanda de nomeação do paciente precisa ter um bom
manejo, não se trata apenas de rejeitar a demanda e nem de atender a ela, mas precisa “saber
o que fazer com a demanda”, já que sabe que há um saber no próprio sujeito sobre ele
mesmo, embora ele não saiba ainda que possui este saber, e que não está no analista.

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