Artigo 06: Adolescência e sua tendência ao suicídio
LEVINZON, G.K. Thirteen reasons why: suicídio em adolescentes. J. psicanálise.,
São Paulo ,v. 51, n. 95, p. 297-306, dez. 2018 . Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103- 58352018000200024&lng=pt&nrm=iso. Acessos em 01 fev 2024.
Durante a adolescência, uma fase crucial de desenvolvimento, ocorre a
formação de elementos fundamentais da personalidade, como a identidade própria e a distinção entre o indivíduo e seu ambiente. Autores renomados, como Levisky e Winnicott, ressaltam a transição da identidade infantil para a adulta, enfatizando a relevância das experiências na infância, das relações afetivas e da elaboração de fantasias nesse processo. Como afirma Winnicott, “muita coisa permanece guardada no inconsciente, e muito não é conhecido simplesmente porque ainda não foi experimentado” (1965/1993, p. 117). O corpo e a sexualidade se tornam desafios significativos para os adolescentes, que lidam com incertezas em relação à sua orientação sexual. Especialistas como Rassial e Winnicott discutem a vulnerabilidade à agressão nessa fase, evidenciada por comportamentos autodestrutivos, como o suicídio. Segundo Rassial (1999), a adolescência pode ser comparada a um momento de loucura. Diversas abordagens, como a de Cassorla, enfatizam que o comportamento suicida resulta de interações complexas entre impulsos, ansiedades e mecanismos de defesa, influenciados pela dinâmica sociedade-adolescente. “....Verificou-se que 12% haviam praticado um ato suicida em algum momento de suas vidas. Metade deles não procurou assistência médica. Isso pode dar indícios de que tais comportamentos, de pouca gravidade médica, fazem parte dos conflitos da adolescência (Cassorla & Smeke, 1997).” Já autores como Garma e Laufer, preferiram investigar as motivações por trás do suicídio, incluindo a agressividade direcionada a si mesmo, mas também a busca pelo alívio das angústias, que para os adolescentes se torna insuportáveis. “A tentativa de suicídio, nesse caso, é um sinal de colapso (breakdown) e pode conter indícios de movimento em direção a patologias psíquicas graves (Laufer, 1996).” Bronstein e Flechner exploram a relação do adolescente com seu corpo, destacando a imobilidade como uma via sem retorno no suicídio. É crucial diferenciar entre fantasias suicidas e a ação concreta, ressaltando a influência do contexto familiar na expressão de fantasias e angústias. Ambientes familiares desestruturados podem contribuir para o surgimento de condições patológicas que culminam em morte, muitas vezes sem pedidos explícitos de ajuda, deixando aqueles que conviviam com o jovem perplexos e sem compreensão.
*Psicopatologia na Adolescência e Tratamento do Comportamento Suicida*
Identificar a linha tênue entre os desafios típicos da adolescência e sinais de
patologia grave, como o comportamento suicida, é essencial para evitar futuramente, as chances de um comportamento suicida. A atenção às queixas e sinais dos adolescentes também é um fator crucial para buscar diagnósticos precisos e tratamentos adequados, em casos aonde o adolescente apresente comportamentos que alertam para uma depressão ou outro transtorno mental, que se não “tratado” pode levar este a atentar contra a própria vida. A prevenção do comportamento suicida exige um olhar atento de todos os envolvidos com os jovens, apesar da resistência em abordar esse tema perturbador. O tratamento, muitas vezes, requer uma abordagem multidisciplinar envolvendo psicanalistas, psiquiatras, profissionais escolares e a família. É fundamental que o adolescente sinta que suas angústias são compreendidas e que há esperança de superação. Segundo Winnicott, o adolescente busca sua identidade e luta para se sentir autêntico, rejeitando soluções superficiais até encontrar um equilíbrio com o amadurecimento. O suicídio pode ser uma busca dramática por autenticidade, escapando de sentimentos de irrealidade ou ameaças. As motivações para o suicídio na adolescência são diversas, exigindo proximidade, compreensão da linguagem própria dos jovens e intervenção quando necessário. Celebrar a vida e mostrar seu valor é essencial para ajudar os adolescentes a encontrar significado e esperança.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)