Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Paula Guatimosim
Buscando contribuir de forma efetiva para minimizar o aumento dos casos de suicídio e de
autolesão entre crianças e adolescentes, a psicóloga e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz
Joviana Avanci, que conta com apoio da FAPERJ por meio do Auxílio ao Pesquisador Recém-
Contratado, reuniu dados de anos de pesquisa sobre os efeitos dos diversos tipos de violência
sobre a saúde mental infantojuvenil e lançou o e-book Comportamento Suicida e Autolesão na
Infância e Adolescência. O livro, lançado por ocasião da campanha de prevenção ao suicídio
“Setembro Amarelo”, é destinado a profissionais de saúde, da educação e do Sistema de Garantia
de Direitos da Criança e do Adolescente (em especial a Assistência Social e Conselho Tutelar),
busca responder às duas principais questões sobre o tema: o que leva e o que fazer?
https://www.faperj.br/?id=433.7.2 1/4
16/03/2024, 21:29 FAPERJ
“O fato é que o comportamento suicida e a autolesão podem ser prevenidos e evitados. Prevenir
significa tomar qualquer medida que antecipe a ocorrência de um agravo à saúde e, para tanto,
precisamos conhecer o que pode ativar e perpetuar os gatilhos para a ideação, planejamento,
tentativa, suicídio consumado e a autolesão, para se pensar em formas mais precisas de preveni-
los”, esclarece Joviana. Segundo ela, em todo o mundo profissionais e instituições estão voltados a
implementar ações e programas de prevenção desses fenômenos, até mesmo porque ainda hoje
há profissionais que desqualificam o sofrimento.
Ao considerar o conceito de que o suicídio é uma violência autoinfligida, Joviana passou a estudar
como “esse sofrimento tão grande passa a ter como única solução acabar com a própria vida e o
que na sociedade leva a esse sofrimento”. Sua maior preocupação é com a saúde mental de
crianças e adolescentes, em especial após o advento das redes sociais virtuais, onde usuários
podem estimular diversos tipos de violência, entre elas a autolesão e o suicídio. Um grupo
importante, em sua opinião, são as crianças a partir dos 8 anos, uma vez que as famílias e/ou
cuidadores têm dificuldade de identificar se a lesão foi ou não acidental. Além disso, é grande a
https://www.faperj.br/?id=433.7.2 2/4
16/03/2024, 21:29 FAPERJ
A pesquisa revelou que o comportamento suicida tem origem multifatorial. A natureza dos fatores
de risco inclui desde aspectos genéticos, elementos da história pessoal e familiar, aos fatores
culturais e socioeconômicos, acontecimentos estressantes, traços de personalidade, transtornos
mentais e fatores psicossociais, como o abuso físico ou sexual, perda ou separação dos pais na
infância, instabilidade familiar, isolamento social, desemprego, ansiedade interna, baixa
autoestima, desesperança, labilidade do humor, impulsividade, dentre outros.
https://www.faperj.br/?id=433.7.2 3/4
16/03/2024, 21:29 FAPERJ
A pesquisa ressalta que do ponto de vista do papel da saúde pública, as manifestações de desejo
de se matar devem ser tratadas imediatamente independente de sua frequência, uma vez que a
reincidência é comum, o que exige a busca por causas mais próximas e evitando-se a consumação
do ato. É importante considerar que as fases particularmente mais importantes para se dar atenção
são a adolescência e início da vida adulta e que é possível atuar na prevenção do fenômeno
atuando nos fatores associados, em especial no papel das relações interpessoais próximas e do
contexto social, que exclui, não oferece perspectivas e produz sofrimento. De uma maneira geral,
autores enfatizam a necessidade de que os profissionais estejam capacitados para lidar com
situações que envolvam o comportamento suicida e a autolesão e defendem a aproximação dos
educadores com a família dos jovens para compor uma rede social mais protetora.
https://www.faperj.br/?id=433.7.2 4/4