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Profissionais de saúde
The AIDS in the Third Age in the Perspective of the Aged ones, care-
givers and Profissionais of health
Resumo
O crescimento da população idosa no Brasil e no mundo é algo presente nas estatísticas
demográficas. Neste contexto emerge a Aids, cuja tendência sugere que o número de
idosos contaminados pelo HIV será ampliado, principalmente devido a vulnerabilidade
física e psicológica, pouco acesso a serviços de saúde, além da invisibilidade com que é
tratada sua exposição ao risco, seja por via sexual ou uso de drogas ilícitas. O presente
estudo surgiu da perspectiva de um trabalho abrangente, envolvendo a tríade paciente-
família-profissional, concebido enquanto malhas de um atendimento em rede a portadores
do HIV e paciente com Aids situados na faixa etária acima dos 50 anos de idade. Tem
como objetivo principal identificar os fatores de risco ou de proteção relacionados à
vulnerabilidade à AIDS, em pessoas na faixa etária acima de 50 anos, a partir das
representações de idosos soropositivos e sem diagnóstico, profissionais de saúde,
cuidadores domésticos e coordenadores de grupos de convivência da terceira idade. Para a
coleta de dados foi utilizado entrevistas semi-estruturadas. O material transcrito das
gravações das entrevistas foi processado através de análise de conteúdos com base em
Categorias Temáticas emergentes. Os principais resultados retratam que os idosos que se
deparam com a doença tendem ao isolamento, escondendo o diagnóstico da família, dos
vizinhos, no ambiente de trabalho. Não dispõem de grupos de auto-ajuda ou ambulatórios
especializados em lidar com a complexa situação de envelhecer com Aids. A
família/cuidador enfrenta muitos fatores que influenciam suas reações durante o
desenvolvimento da doença de seu ente, que a coloca num contínuo entre a
colaboração/solidariedade e conflitos/discriminação. No plano da assistência aos
soropositivos para o HIV, os serviços de saúde passam a lidar com uma população
específica, com demandas diferenciadas que exigem um manejo de características
peculiares. O fato de a sexualidade e uso de drogas nesta faixa etária serem tratados como
tabus, tanto pelos idosos como pela sociedade em geral, contribui para que a Aids não se
configure como ameaça, levando os profissionais de saúde a não solicitarem o teste HIV
nos exames de rotina, também em decorrência da associação dos sintomas a outras doenças
(Alzheimer, câncer etc), ocasionando diagnóstico tardio, uma das principais razões de
morte precoce. Entretanto é o apoio emocional ao paciente, ajudando-o a lidar com as
questões de ordem afetiva, fundamentais para a adoção de práticas voltadas para o auto-
cuidado, que ainda sofre conseqüências do despreparo que envolve o trato psicossocial da
doença. Com a emergência da Aids na velhice, os grupos de convivência tornam-se locus
privilegiado para o desenvolvimento de programas preventivos. Sendo assim, a inserção da
temática Aids nos grupos de convivência de idosos busca a garantia de um espaço de
reflexão que possibilite aos seus participantes rever, de forma compartilhada, seus papéis e
expectativas, visando o auxílio na prevenção ou na construção de uma convivência mais
positiva com esta síndrome e promovendo uma conseqüente melhora na qualidade de vida
e na luta pela própria cidadania.
Abstract
The growth of the aged population in Brazil and the world is something present in the de-
mographic statisticians. In this context emerges AIDS, whose trend suggests that the num-
ber of aged contaminated by the HIV will be extended, mainly had the physical and psy-
chological vulnerability, little access the services of health, beyond the invisibilidade with
that its exposition to the risk is dealt, either for saw or use of illicit drugs sexual. The
present study it appeared of the perspective of an including work, involving the triad pa-
tient-family-professional, conceived while meshes of an attendance in net the carriers of
the situated HIV and patient with AIDS in the etária band above of the 50 years of age. It
has as objective main to identify the factors of related risk or protection to the vulnerability
to the AIDS, in people in the etária band above of 50 years, from the representations of
aged soropositivos and without diagnosis, domestic and coordinating professionals of
health, cuidadores of groups of convivência of the third age. For the collection of data it
was used half-structuralized interviews. The transcribed material of the writings of the in-
terviews was processed through analysis of contents on the basis of emergent Thematic
Categories. The main results portray that the aged ones that they are come across with the
illness they tend to the isolation, hiding the diagnosis of the family, of the neighbors, in the
work environment. They do not make use of specialized ambulatory groups of auto-aid or
in dealing with the complex situation to age with AIDS. The cuidador family/faces many
factors that influence its reactions during the development of the illness of its being, who
places it in a continuous between the contribution/solidarity and conflicts/discrimination.
In the plan of the assistance to the soropositivos for the HIV, the services of health they
start to deal with a specific population, with differentiated demands that demand a handling
of peculiar characteristics. The fact of the sexuality and use of drugs in this etária band to
be treat as taboos, as much for the aged ones as for the society in general, contributes so
that the AIDS if does not configure as threat, leading the health professionals not to request
test HIV in the routine examinations, also in result of the association of the symptoms to
other illnesses (Alzheimer, cancer etc), causing disgnostic delayed, one of the main reasons
of precocious death. However it is the emotional support to the patient, helping it to deal it
with the questions of affective order, basic for the adoption of practical come back toward
the auto-care, that still suffers consequences of the unpreparedness that involves the psi-
cossocial treatment of the illness. With the emergency of the AIDS in the oldness, the
groups of convivência become locus privileged for the development of preventive pro-
grams. Being thus, the insertion of the thematic AIDS in the groups of convivência of aged
searchs the guarantee of a space of reflection that makes possible its participants to review,
of shared form, its papers and expectations, aiming at the aid in the prevention or the con-
struction of a more positive convivência with this syndrome and promoting one consequent
improvement in the quality of life and the fight for the proper citizenship.
Introdução
diferindo de acordo com o contexto social em que está inserido. Desta forma, não existe
uma velhice, mas velhices que diferem de acordo com o gênero, classe social e intelectual,
fato que torna fundamental uma visão singularizada para cada idoso.
que nas sociedades modernas a ênfase continua sendo dada à juventude e à capacidade de
contrapartida, Debert (1999) aponta para a abertura de espaços para que diversas
outros.
Néri (1993), é o desconhecimento do que significa ser velho que induz a práticas com foco
não apenas quantitativos, mas atribuindo novo significado e novas possibilidades à velhice,
Esta mudança do perfil demográfico poderá ter impacto sobre o sistema de saúde
brasileiro, exigindo uma adequação às condições de vida das pessoas com idade acima de
60 anos. A saúde e a qualidade de vida dos idosos, mais do que em outros grupos etários,
forma que avaliar e promover a saúde do idoso significa considerar variáveis de distintos
Neste contexto emerge a questão da Aids na velhice. Mais do que uma doença, a
30.827 casos de Aids em maiores de 50 anos no Brasil, dos quais 8.339 em pessoas com
Cabral, 2004). Feitoza, Souza e Araújo (2004) ressaltam que a doença nesta população
específica apresenta grande relevância epidemiológica, não pelos números absolutos, mas
pelas taxas de incidência (7,6 casos p/1000.000), prevalência (224,9 p/ 1000.000 hab. no
sexo masculino), letalidade (43,9%) e anos potenciais de vida perdidos (em até 15 anos).
(2000), a possibilidade de uma pessoa idosa ser infectada pelo HIV parece ser invisível aos
situação legal e jurídica do país em que vive este indivíduo, condições de acesso aos
serviços de saúde, e muitos outros fatores, ou seja, é tentar compreender qual o grau de
Em recente estudo (Prilip, 2004), foram identificados dois grupos dentro da faixa
etária idosa contaminada pelo HIV/Aids: a) aqueles que estão envelhecendo com Aids
contraída há mais tempo, devido à eficácia das terapias antiretrovirais que prolongam a
sobrevida dos pacientes soropositivos; e b) aqueles que contraíram o vírus já com mais de
carregados de preconceitos e tabus sociais. Segundo Figueiredo (2004), falar em Aids neste
contexto significa referir-se a uma doença contagiosa e fatal, que ainda se associa às
minorias, em que prevalece a crença de que as pessoas contaminadas são responsáveis pela
própria enfermidade.
A Aids vem se confirmando como uma ameaça à saúde pública e a tendência
sugere que, em pouco tempo, o número de idosos contaminados pelo HIV será ampliado
acesso a serviços de saúde, além da invisibilidade com que é tratada sua exposição ao
risco, seja por via sexual ou uso de drogas ilícitas (IBGE/NPDA, 2005; Lieberman, 2000).
Além disso, a falta de campanhas destinadas aos idosos faz com que esta população esteja
(Feitoza, Souza e Araújo, 2004). Estes fatores, associados a similaridade dos sintomas da
Aids com a sintomatologia inerente à velhice, levam a que os profissionais de saúde não
solicitem o teste HIV nos exames de rotina, ocasionando diagnóstico tardio, atrasando o
Neste sentido, não bastam apenas as descobertas a nível dos aspectos profiláticos,
assim, este estudo tem como base a necessidade de ampliação de estrutura de suporte
psicológico para portadores do HIV e pacientes com AIDS se justifica pela complexidade
anos
Método
Participantes
ambos os sexos, usuários dos serviços de saúde, com tempo de diagnóstico variando de 01
homossexual).
para o HIV/Aids.
de Atenção ao Idoso da Prefeitura Municipal de João Pessoa - PB, com idade variando de
38 a 72 anos.
Procedimento
populações.
uma primeira parte com questões relativas à dados sócio-demográficas para a obtenção de
conteúdos foi processada com base em Categorias Temáticas emergentes de acordo com a
Aspectos éticos
Resultados
desafio para uma mudança de concepção da doença para os idosos, que enxergam a
contaminação como algo de grande dimensão, mas distante da sua faixa etária por ser o
enfermidade.
para o trabalho devido aos sintomas e seqüelas de doenças atribuídas à Aids; dificuldades
atribuído à família.
“É porque assim a família dele fica muito distante. E ele nem tem
contato com outras pessoas porque tem gente que não gosta de
fazer favor pra ninguém, só gosta de fazer favor por dinheiro, né
isso? Enfim, a gente se dá muito bem...” (Suj. 3).
pacientes que acabam por levantar questões como a curta rede de apoio social, visto que
muitos optam por não contar à família seu estado de soropositividade; o enfrentamento dos
pacientes através da religião, sendo a “fé” e “Deus” termos freqüentes nos discursos
analisados; e finalmente o medo do preconceito por parte dos entes queridos. Tais
característica da doença
destacam-se:
assunto junto aos idosos e também no âmbito pessoal, chegando a negação da doença junto
Estes resultados demonstram que os idosos que se deparam com a doença tendem
complexa situação de envelhecer com Aids. O medo da discriminação é tão grande que,
muitas vezes, o preconceito brota de dentro para fora e os impede de dividir suas angústias.
resfriado banal.
- Conclusão
que requer uma abordagem biopsicossocial, determinando uma crise multidimensional que
afeta não apenas as pessoas contaminadas, mas também seus parceiros sexuais, familiares,
durante o desenvolvimento da doença de seu ente, que a colocará num contínuo entre a
expectativa de vida curta para o paciente e tratamentos complexos. O familiar passa, ainda,
por fases da vivência da doença grave e preparo para a morte, que se sincronizam com
aquelas fases vivenciadas pelo doente. Isso gera sofrimento e remete à necessidade da
busca de suporte, o qual pode ser fornecido pelo serviço de saúde, cuja finalidade é ajudar
formas de segregação, que são traumatizantes para o idoso, que, além de conviver com
passam a lidar com uma população específica, com demandas diferenciadas que exigem
faixa etária serem tratados como tabus, tanto pelos idosos como pela sociedade em geral,
contribui para que a Aids não se configure como ameaça, levando os profissionais de saúde
a não solicitarem o teste HIV nos exames de rotina, também em decorrência da associação
dos sintomas a outras doenças (Alzheimer, câncer etc), ocasionando diagnóstico tardio,
uma das principais razões de morte precoce. Entretanto é o apoio emocional ao paciente,
práticas voltadas para o auto-cuidado, que ainda sofre conseqüências do despreparo que
Além disso, a complexidade deste trabalho tem um duplo efeito sobre o profissional: além
individuais e principalmente pela forma fragmentada com que a doença é encarada nos
vida cotidiana (modo de vida, situação socioeconômica, situação familiar, conjugal, dentre
saúde de uma maneira geral (Saldanha, 2004). Surgem, portanto, como desdobramentos
deste estudo:
morar na comunidade em que desempenha a sua prática de trabalho, o ACS figura como
Espera-se com este estudo, ter obtido elementos necessários para realizar a síntese
entre as duas perspectivas que devem prevalecer no atendimento a pessoas com Aids: a
Referências Bibliográficas