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O objetivo do nosso trabalho é investigar a depressão na adolescência, suas possíveis

causas, sinais e características, algumas consequências, e formas de intervenção.


De acordo com a literatura científica, a depressão no Brasil, entre os jovens, vem
aumentando. O que nos levou ao interesse de investigar as circunstâncias que
contribuem para que esse fenômeno ocorra especificamente na adolescência

De acordo com o DSM V, a característica comum do transtorno depressivo é a presença


de humor triste. A depressão inclui sintomas como perda do sentido da vida, inibição,
desesperança, sentimentos de vazio, infelicidade, um mal estar indefinível e
generalizado, desinteresse pelo cuidado pessoal e por atividades que antes eram
gratificantes, insônia ou hipersônia, fatiga ou perda de energia, dores de cabeça,
transtornos alimentares, dificuldade de raciocínio e concentração, ansiedade,
sentimentos de culpa, inutilidade e um profundo e incontrolável sofrimento.

A fase de desenvolvimento humano denominada adolescência é um período marcado


por mudanças significativas na construção da personalidade. É uma fase de passagem,
da vida de criança para a vida adulta. Fase também marcada por conflitos, indecisões
transformações físicas e psíquicas, muitas dúvidas e poucas respostas. É um período de
autoconhecimento e descobertas.

O contexto familiar desempenha um papel preponderante na adopção destes


comportamentos, sendo que um funcionamento familiar inadequado pode refletir-se em
sintomas depressivos.
De acordo com Winnicott o ambiente favorável, nos primórdios do desenvolvimento do
ser humano, é assegurado pela presença de uma mãe suficientemente boa, e ao longo do
seu crescimento, se estende para todos os ambientes do qual ele faz parte.

Oferecendo um ambiente hostil para o seu desenvolvimento natural, jovens adolescentes


procuram, muitas vezes, no álcool e nas drogas um alivio para o seu sofrimento. Sem
um apoio de uma sociedade e de uma família suficientemente boa, jovens adolescentes
enfrentam suas crises de identidades, próprias dessa fase, com um sofrimento maior do
que poderiam suportar

a família que não oferece um ambiente de sustentação suficientemente bom, também


pode contribuir para o desenvolvimento da depressão nos jovens.

Uma das possíveis consequências da depressão na adolescência é a automutilação e o


suicídio.
Podemos acrescentar ao quadro depressivo na adolescência sentimentos de tédio onde o
jovem se depara com o vazio existencial, o “tédio à vida”, tem causas físicas e morais e,
a vida se torna um penoso fardo, adolescentes se sentem como um peso, fantasiando que
não faria falta no mundo caso deixassem de existir, planejando um possível suicídio

Um dos principais motivos que leva os adolescentes a se automutilarem relaciona-se à


percepção desses adolescentes de uma dinâmica familiar conturbada e carente de apoio
emocional.

Há um Conflitos entre seu eu e o mundo exterior, ocasionando um aumento da procura


desses adolescentes por ajuda
Um dos principais motivos que leva os adolescentes a se automutilarem relaciona-se à
percepção desses adolescentes de uma dinâmica familiar conturbada e carente de apoio
emocional.

Há um Conflitos entre seu eu e o mundo exterior, ocasionando um aumento da procura


desses adolescentes por ajuda

As situações nas quais ocorre ferimentos propositais contra o próprio corpo é uma
tendência autodestrutiva inconsciente. O impulso auto punitivo estaria à espreita
(recalcado), aguardando uma chance para se manifestar.

Uso de drogas

O uso de drogas é um fenômeno bastante antigo na história da humanidade e constitui


um grave problema de saúde pública, com sérias conseqüências pessoais e sociais no
futuro dos jovens e de toda a sociedade.

A adolescência é um momento especial na vida do indivíduo. Nessa etapa, o jovem não


aceita orientações, pois está testando a possibilidade de ser adulto, de ter poder e
controle sobre si mesmo. É um momento de diferenciação em que "naturalmente"
afasta-se da família e adere ao seu grupo de iguais. Se esse grupo estiver
experimentalmente usando drogas, o pressiona a usar também. Ao entrar em contato
com drogas nesse período de maior vulnerabilidade, expõe-se também a muitos riscos.
O encontro do adolescente com a droga é um fenômeno muito mais freqüente do que se
pensa e, por sua complexidade, difícil de ser abordado.

Cruz, M., S., M arques, A., C., P.,R., (2000), O adolescente e o uso de drogas, Rev Bras
Psiquiatr, 22(Supl II):32-6

Entre os comportamentos de risco observados na adolescência


tem chamado a atenção dos pesquisadores a questão do consumo de
drogas que, além de apresentar altas prevalências, tem sido cada vez
mais precoce (Pratta, 2003; Pratta & Santos, 2006, 2009a, 2009b).
Por viverem a instabilidade de um corpo e mente em constante
transformação,
o que provoca maior ou menor sofrimento psíquico, os
adolescentes constituem um grupo de risco em relação ao consumo
de drogas (Rebolledo, Medina & Pillon, 2004; Suárez & Galera,
2004; Tavares, Béria & Lima, 2001). A vulnerabilidade característica
dessa etapa pode ser agravada pelo próprio sentimento de onipotência
presente na adolescência, uma vez que o adolescente sente-se
indestrutível e imune a qualquer problema de saúde vivenciado pelas
outras pessoas (Facundo & Castillo, 2005).

O uso e abuso da droga estão, em um primeiro momento, diretamente


relacionados à busca da maximização do prazer, que é
inerente ao psiquismo. O ser humano, ao longo de sua existência,
procura, de um lado, encontrar situações que lhe propiciem prazer
e, de outro, que irão diminuir ou até mesmo eliminar certas condições

que possam causar dor ou sofrimento.

Quando o indivíduo encontra o objeto-droga, estabelece com


ele, inicialmente, uma fase de lua de mel, a qual possibilita adquirir
um registro psíquico dessa vivência prazerosa, que proporciona novas
buscas do objeto. Isso porque, segundo Del Nero (2002), a droga
traz um efeito letárgico, ou seja, provoca uma apatia que faz com
que a pessoa, pelo menos por certo tempo, sinta a ilusão de que a
ansiedade foi eliminada e, com isso, nesse curto período de tempo,
ela pode reencontrar sua autoestima perdida, apresentando uma
sensação

de plenitude, equilíbrio e força.

Santos, M.,A., Pratta, E., M., M.,(2012) tempo psicanalítico, Rio de Janeiro, v. 44.i, p. 167-182.

Automutilação

Quando abordamos a automutilação, estamos nos referindo a pessoas que machucam o


próprio corpo de formas diversas, por meio de cortes, queimaduras, autoespancamento, entre
outras. Segundo a definição dos Descritores em Ciências da Saúde (Biblioteca Virtual em
Saúde, 2015), automutilação é o “ato de lesar o próprio corpo, até o ponto de cortar ou
destruir permanentemente um membro ou outra parte essencial do corpo”. Também é
possível encontrar uma relação com o termo “conduta auto-lesiva” (correspondente ao termo
em inglês self-injurious behavior ) que, segundo o DeCS, significa “ato de se machucar ou de
fazer mal a si mesmo sem que haja intenção de suicídio ou perversão sexual”.

Na leitura médica e psiquiátrica, o sintoma é algo que geralmente deve ser eliminado (ou
tratado) para que o sujeito volte ao estado anterior de saúde. Outra leitura, adotada também
pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), é que a automutilação,
em si mesma, é um transtorno.

Desde a metade do século XIX, existem nos Estados Unidos vários artigos sobre estudos de
caso na literatura médica sobre as formas mais severas de automutilação. Esses eram
principalmente sobre psicóticos que tinham incidentes isolados de automutilação extrema –
geralmente induzidos por alucinações ou ilusões de fundo religioso –, como enucleação dos
olhos ou castração.

Entre a metade e o final do século XIX, foram registrados vários relatos de casos de mulheres,
então diagnosticadas como histéricas, que furavam suas peles com agulhas. “Uma ‘garota
agulha’, como eram chamadas na época, teve 217 agulhas extraídas de seu corpo num período
de 18 meses. Outras 100 agulhas foram encontradas no ombro de uma jovem holandesa”
(Strong, 1998, p. 30).

Segundo Turner (2002), o primeiro artigo sobre automutilação publicado na literatura médica,
em 1846, foi um relato de caso de uma viúva maníaco-depressiva de 48 anos que removeu
seus próprios olhos. Ela cometeu a enucleação porque sentia que seus olhos a estavam
levando a desejar homens e, consequentemente, a pecar.

Em 1934, Menninger escreveu sobre a automutilação sob uma visão


teórica psicanalítica. Ele acreditava que a automutilação continha três
elementos essenciais: agressão voltada para o interior, que frequentemente
é sentida em relação a um objeto exterior de amor-ódio, geralmente um dos
pais; estimulação, com uma intenção sexual ou puramente física; e uma
função autopunitiva que permite 502 Estilos clin., São Paulo, v. 21, n. 2, maio/ago. 2016, 497-
515.
que a pessoa compense ou pague por um “pecado” de natureza agressiva ou sexual (Strong,
1998).

a automutilação é um tipo de acordo para evitar a total aniquilação da pessoa, ou seja, o


suicídio. Nesse sentido, ela representa uma vitória, às vezes uma vitória pírrica, da pulsão de
vida sobre a pulsão de morte.

A automutilação representava um sacrifício de uma parte do corpo pelo bem de todo o corpo
(Menninger, 1938/1966).

Viana, T., C., Carvalho, I., S., Chatelard, d., S., Araújo, J., F., B.,
O CORPO NA DOR: AUTOMUTILAÇÃO, MASOQUISMO E PULSÃO
DOI: http//dx.doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v21i2p497-515.

As situações nas quais ocorre ferimentos


propositais contra o próprio corpo é uma
tendência autodestrutiva inconsciente. O
impulso auto punitivo estaria à espreita
(recalcado), aguardando uma chance para se
manifestar.

Um dos principais motivos que leva os


adolescentes a se automutilarem relaciona-
se à percepção desses adolescentes de uma
dinâmica familiar conturbada e carente de
apoio emocional.

Há um Conflitos entre seu eu e o mundo


exterior, ocasionando um aumento da
procura desses adolescentes por ajuda

As tentativas de se ferir ao cortar a pele, seria


inicialmente uma tentativa de suicídio, pois, os
automutiladores estavam, na verdade,
procurando um jeito de se autocurar e
autopreservar. A automutilação simbolizava um
sacrifício de uma parte do corpo pelo bem de
todo o corpo.

Um indivíduo por meio do suicídio busca


acabar com todos os sentimentos, porém,
um indivíduo ao se automutila busca sentir-
se melhor. Ao se ferir seria um jeito de
diminuir a angústia, gerando
simultaneamente dor e prazer.

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