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UC EXISTENCIAL

HUMANISTA
FENOMENOLÓGICA

Profª Fernanda Hott


A psicoterapia da
adolescência na
perspectiva
existencial
Adolescência

O que é adolescência?

O que chamamos de puberdade?

Quando a adolescência inicia e quando


ela cessa?
Adolescência
A palavra "adolescer" vem do latim e significa
crescer, atingir a maturidade, nesta fase, o adolescente
está criando sua própria identidade, é um tempo onde
não se é adulto para fazer certas coisas, mas se é
repreendido por agir como criança.

É uma cobrança constante, um permanente mal-


estar, um descompasso entre sentimentos
desconhecidos.

É um período de inquietação porque quer saber,


entender e descobrir tudo em um mundo que lhe
oferece infinitas possibilidades.
Adolescência

Puberdade é o fenômeno biológico que se refere


às mudanças morfológicas e fisiológicas (forma, tamanho
e função) no qual ocorre a fase de amadurecimento
sexual das crianças, que marca a transição do corpo
infantil para as funções adultas da procriação.

AS mudanças características deste período são


ativadas pela hipófise, glândula localizada no cérebro,
responsável pela produção dos hormônios sexuais que
colocam em atividade os ovários e os testículos,
provocando uma série de mudanças físicas em meninos e
meninas.
Adolescência

A adolescência inaugura uma série de


possibilidades na vida a nível emocional, significa abrir-
se para as descobertas de um mundo interno, para a
descoberta da individualidade.

Inaugura-se, pela primeira vez, o passado; a


infância”
Características da Adolescência

• Mudanças no corpo
• Vivência e descoberta da sexualidade e orientação sexual
• Vivência da descoberta dos relacionamentos afetivos.
• Questões de identidade de genero
• Disturbios alimentares e não aceitação do corpo.
• Dificuldade de relacionamento com os pais
• Dificuldade de inserção no ciclo de amigos
• Gravidez na adolescência
• Auto mutilação e Ideação suicida
• Escolhas profissionais
•Relacão com as mídias sociais
•Vivência de alcool, drogas, festas e vida social
Adolescência

Quando escolhemos um caminho, damos preferência


a uma dentre diversas possibilidades colocadas à
nossa frente.

Seguimos o caminho que julgamos ser o melhor, mas


ainda assim nos questionamos.

Fiz a escolha certa?


Adolescência

Muitos adolescentes chegam para


atendimento psicológico sem entender as angústias
de possibilidade proposta por Heidegger.

Não foi escolha sua procurar um psicólogo,


em geral à busca e a demanda pelo atendimento é
do outro, é dos pais, da escola ou de um médico e
não do adolescente, isto dificulta o seu
entendimento, aumentando ainda mais a confusão
do porque esta ali diante de um psicólogo, alguém
com quem terá que falar, falar de si?
Adolescência
É se sentindo confuso que o adolescente chega
para o atendimento psicológico, chega atrapalhado,
desprovido de instrumentos para a tarefa de formular
uma demanda sua que não seja do outro, cabendo ao
psicólogo se disponibilizar para reconhecer um sentido
em toda a maneira de viver deste adolescente.

Quanto melhor a compreensão de suas vivências,


mais poderemos ajudá-lo, nos mantendo abertos na
tentativa de acolher, compreender e clarear sem julgar,
sendo um facilitador, permitindo ao adolescente ser ele
mesmo, falando de si, abertura terapêutica baseada no
compreender.
Adolescência

O adolescente na clinica, repete a fala dos pais,


da escola, do médico, mas está justamente diante da
missão de abandonar essa posição, passando da
condição de ser falado para condição de falar de si,
uma missão nova e complicada, já que é convidado a
se pronunciar sobre si, tornando-se responsável por
sua existência e se inserido no universo adulto.
Adolescência, mundo interior e mundo
exterior
Você já pensou sobre o quanto a mídia
interfere em nossas escolhas?

Pensou sobre quantas vezes as propagandas


publicitárias nos capturam a ponto de
acreditarmos ser imprescindível possuir
determinado objeto?
ADOLESCÊNCIA E O CONSUMO

Para Bauman (2008), a sociedade de consumo na


qual vivemos tem como base a promessa de satisfação
dos desejos de forma que nenhuma outra sociedade
anterior alcançou, mas, essa promessa só permanece
sedutora se o desejo continuar não realizado.
Assim, a busca pela falsa satisfação gera um
círculo vicioso que nos leva ao consumo insaciável,
movimentando toda uma indústria que alimenta nossa
sociedade de consumo.

Vivemos em uma “Era do descartável”


ADOLESCÊNCIA E O CONSUMO

A ‘síndrome consumista’ envolve velocidade, excesso e


desperdício” (BAUMAN, 2008, p. 111, grifo do autor).

Podemos afirmar que o consumismo está associado


ao desejo (de pertencimento, de ascensão social, de
poder).

O importante é convencer a sociedade de que ela


precisa comprar, transformando-a em uma sociedade
de consumo.
ADOLESCÊNCIA E O CONSUMO

Alertar os jovens, instruí-los e levá-los a


uma consciência crítica em relação a seus
impulsos de compra e à sedução consumista
transmitida pelas mídias.

• Música
• Youtube
• Instagram O uso abusivo das
• tecnologias virtuais traça
Facebook uma linha tênue entre o
• Twitter privado e o público, entre o
• Whatsapp real e o não-real, entre a
conexão e a solidão.
Busca pelo corpo x Transtornos
alimentares
A busca do corpo ideal e da imagem de beleza
eterna assumem, na atualidade, um estatuto de
encantamento pelo culto ao corpo.

Parece haver um certo consenso de que todos


são capazes de modificar e transformar o próprio
corpo, a fim de adequar-se aos critérios de beleza,
juventude e preocupação excessiva com a aparência
predominantes em nossa cultura.

Foi a partir da década de 1960 que o corpo ideal


passou a ser objeto de consumo.
A (des)construção do Corpo a partir dos
Transtornos Alimentares

A busca pela imagem corporal vendida


midiaticamente pode acarretar riscos à saúde dos
adolescentes que acabam lançando mão de estratégias
não saudáveis, em busca de um ideal a ser consumido (o
próprio corpo):

Uso de anabolizantes, atividades físicas em


exagero, restrição alimentar (podendo levar à anorexia) e
consumo do alimento seguido do sentimento de culpa,
possibilitando o desenvolvimento da bulimia.
Adolescência e Auto Mutilacão

O cutting, nome em inglês para a automutilação. Esse


fenômeno, muitas vezes banalizado, pode representar um
profundo sofrimento psíquico, que não consegue ser
revelado de outra forma.

Sendo uma experiência dolorosa, a maioria dos


adolescentes acaba por interromper o comportamento.
No entanto, quando a auto-mutilação persiste,
geralmente é porque estamos perante um jovem que vive
em grande sofrimento emocional, que busca na dor do
corpo uma “justificação” para a dor emocional
SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA

Define-se suicídio como um tipo de


comportamento que busca encontrar uma
solução para um problema existencial, atentando
contra a própria vida.

O suicídio na adolescência é um fenômeno


trágico que constitui a segunda causa de
mortalidade entre jovens.
SUICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA

A explicação da causa do suicídio não pode ser


encontrada apenas em um fator precipitante, mas na
história pregressa, nos problemas vividos no passado,
nos conflitos anteriores.

A adolescência é um dos períodos mais propícios


ao comportamento suicida. É importante frisar que se
trata de um período de mudanças em todos os níveis,
sociais, familiares, físicos e afetivos.
FATORES DE RISCO

A Família - Os problemas familiares estão entre


as primeiras causas invocadas pelos jovens suicidas.

Vida Sentimental - A maior parte dos


adolescentes, experimenta em um momento dado,
uma perda amorosa.

O isolamento Social - Certos adolescentes


suicidas são solitários, têm a impressão de serem
rejeitados por seus pares.
FATORES DE RISCO
Possíveis Causas do Suicídio na Adolescência
•Ter vivenciado um suicídio na família ou em seu círculo de
amizades.
•Dificuldade de identificação sexual, homossexualidade.
•Uma ou várias tentativas anteriores de suicídio
•Depressão
•Bullying.
•Insegurança
•Baixa auto-estima
•Dificuldade em lidar com as pressões impostas pela
sociedade
•Descriminação social ou racial.
O processo suicida
A ideação suicida: A ideia de suicídio aparece mais
frequentemente e é considerada cada vez mais seriamente.
A ruminação: O desconforto torna-se cada vez mais difícil
de suportar e o desejo de escapar é intenso.
A cristalização: A pessoa encontra-se imersa no desespero.
O suicídio é considerado como sendo a solução. Quando
esse estágio é atingido, há geralmente a e laboração de um
plano preciso, data, hora, meio, lugar.

Pode-se observar, algumas vezes, uma remissão espontânea.


Subitamente parece não haver mais problema. O adolescente pode
sentir- se aliviado e dá sinais de estar melhor. Isso ocorre porque a
solução para seu sofrimento já foi encontrada.
O processo suicida

O elemento desencadeante: Após a etapa de


cristalização, a passagem ao ato é iminente. Assim,
qualquer elemento precipitante pode ser relacionado a
tentativa de suicídio.

O importante é saber que nunca é tarde para intervir.

A ambivalência e o medo de passar ao ato estão


presentes até o último momento e o processo pode ser
interrompido a qualquer hora.
Os sinais precursores do suicídio
O suicídio não se produz sem aviso.

Geralmente os suicidas dão mensagens e indícios que


anunciam suas intenções, para alertar os que os cercam.

Mensagens verbais e alusões à morte: “ seria melhor se eu


morresse, não vale a pena viver assim, vocês não me verão
por muito tempo, tenho medo de me suicidar, etc.”

Fazer alusão ao suicídio de modo indireto: “breve


encontrarei a paz, sou inútil, vejo coragem em quem se
suicida, vou fazer uma longa viagem, vocês estarão melhor
sem mim, fazer piadas com o suicídio, etc.”
Os sinais precursores do suicídio

Comportamentos:
• Falta de atenção, dificuldade de concentração;
• Faltas ao colégio;
• Diminuição do rendimento escolar;
• Não cumpre com os deveres e trabalhos;
• Hiperatividade ou lentidão extrema;
• Desinteresse geral;
• Atração e preocupação com temas de morte;
• Negligencia com a aparência;
• Transtornos do apetite e do sono;
• Irritabilidade, cólera, raiva;
• Choro excessivo;
Condutas de ajuda
• Romper o isolamento em que vive o jovem e
abordá-lo, diretamente. Falar do suicídio, não
incita à passagem ao ato.
• Expressar a disponibilidade de escutá-lo sem
julgamentos.
• Evitar minimizar os problemas do jovem, o que
parece uma dificuldade menor, pode representar
um problema maior para aquele que sofre.
• Avaliar a urgência do caso, verificando se as ideias
de suicídio são frequentes, se ele dispõe de meios
para quitar-se a vida, se vive só.
Condutas de ajuda
•Deve-se ajudar o jovem a se acalmar e a aceitar a ajuda de um
profissional.
•Não se deve deixá-lo sozinho até que passe o perigo, até que as
providências cabíveis tenham sido tomadas.
•Fazer um pacto com o adolescente, pedindo que prometa não
passar ao ato antes de entrar em contato.
•Conduzi-lo a um hospital de urgência se o risco permanecer
elevado.
•Ajudá-lo a avaliar a situação permitirá que ele descubra novas
soluções.
• A família do jovem que tenta suicídio deverá estar sempre
implicada, mesmo que ele esteja recebendo ajuda terapêutica
de um psicólogo ou psiquiatra.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

GONÇALVES, Jaqueline de Morais - Adolescência como inauguração de escolhas.


São Paulo 2015. Disponível em>
http://www.psicologiaemacao.com.br/arquivos/artigo-adolesc%C3%AAncia-com
o-inaugura%C3%A7%C3%A3o-de-escolhas.pdf
Acesso 20 jun 2018.

Bouchard, Ghislaine ; Castro, Marilita. Suicídio na adolescência. Disponível em:


http://www.psychomedia.qc.ca/dart7.htm . Acesso: 04 abril 2016.

SETTON, Maria da Graça Jacintho. Sociabilidade juvenil, mídias e outras formas


de controle social. In: Juventudes contemporâneas: um mosaico de
possibilidades. Simpósio Internacional sobre Juventude Brasileira. Belo Horizonte,
MG, 2010

IDA, Sheila W.; SILVA, Rosane W. Transtornos Alimentares: Uma perspectiva social.
Revista Mal-estar e Subjetividade – Fortaleza – Vol. VII – Nº 2 – p. 417-432 –
set/2007

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