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MARGEM

Respeite seus limites

Alvin To er foi um escritor e futurista que cou conhecido por seus estudos sobre a
sociedade e a tecnologia. Em seu livro "A Terceira Onda", To er descreveu a sociedade
dos excessos como uma sociedade que se caracteriza por três grandes transformações
(ondas) decorrentes da mudança no modelo de produção de riquezas.
Na primeira onda, a vida toda dependia basicamente da agricultura. Depois, a vida
passou a depender da indústria. Cabe ressaltar, que tanto na primeira como na segunda
onda a base da vida é algo concreto e tangível - agricultura e industria. Na terceira onda,
a era digital, há uma mudança drástica, a sociedade pós-industrial se baseia em algo
abstrato, porém real e essencial à vida, a TECNOLOGIA.

Nessa sociedade, as pessoas são bombardeadas com informações, anúncios, opções


de escolha e estímulos, e isso pode levar a uma sobrecarga cognitiva, estresse e
ansiedade.

Além disso, To er argumentou que a sociedade dos excessos também leva a uma
cultura do consumismo e um estímulo crescente pela realização dos desejos, não é a toa
que pela primeira vez na história há uma geração que acredita que desejos são direitos.
Esse pensamento encoraja as pessoas a consumir mais do que necessitam, acumulando
assim bens materiais e gerando um ciclo de produção e consumo insustentável.

To er também alertou sobre os efeitos negativos da sociedade dos excessos na vida


familiar e pessoal das pessoas. Ele argumentou que a superabundância de opções e
escolhas pode levar a um sentimento de isolamento e desconexão, e que a pressão para
se manter atualizado e conectado constantemente pode levar à perda de tempo e
energia, afetando negativamente a qualidade de vida das pessoas.

Em resumo, a sociedade dos excessos, segundo Alvin To er, é uma sociedade


caracterizada pela superabundância de informações, estímulos e escolhas, que pode
levar a uma sobrecarga cognitiva, estresse, ansiedade e uma cultura do consumismo
insustentável.

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2. A reação aos excessos

Na tentativa de sobreviver ao assédio dos excessos, nossa tendencia é seguirmos -


conscientemente ou não - esses três caminhos que se fundem de diversas maneiras para
formar o nosso estilo de vida:

.O caminho da super cialidade, no que se refere às informações;

Ante o excesso de informações a que somos expostos e de tão variadas fontes e canais,
quase sempre tratamos com super cialidade as informações que recebemos.
Di cilmente, a informação se torna formação. Lemos apenas uma parte das matérias,
vemos apenas pequenos cortes de vídeos e não nos aprofundamos, ou seja, vemos de
tudo e não assimilamos quase nada.

•O caminho do descontentamento, no que se refere as opções;

Ante a impossibilidade ou incapacidade de experimentar todas as opções disponíveis no


mercado, seja por limitação física, nanceira, relacional ou pro ssional - um forte
sentimento de descontentamento se instala na alma e passa a controlar a vida da
pessoa.
Instala-se uma sensação de inadequação e ausência.

.O caminho da tristeza, no que se refere às demandas;

A tristeza vem porque a pessoa se sente incompetente ou injustiçada por ter se colocado
ou por ter sido física, pro ssional ou nanceira colocada numa situação em que as
demandas a estão sufocando. Tais demandas podem ser relacionais, físicas,
pro ssionais ou nanceiras.

3. Os efeitos nas relações e a resposta do Evangelho;

Agora que você tem o quadro todo em mente, você consegue perceber ou, pelo menos,
imaginar o que esses sentimentos podem causar na relação com Deus e na relação com
as pessoas?

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Em outras palavras, a cultura na qual estamos imersos nos convida abraçarmos a
super cialidade, o descontentamento e à tristeza como um estilo de vida legítimo e
correto. No entanto, esse estilo de vida não representa a maneira como Deus deseja que
vivamos.

O antídoto para o mal-estar do nosso tempo (super cialidade, descontentamento e


tristeza) é apresentado pelo Senhor Jesus.
Ele nos convida a uma vida embasada na profundidade (João 13.34,35), no
contentamento (Filipenses 4.10-13 e 19) e na alegria (João 15.11). E isso nada mais é do
que a vida a partir do Caminho de Jesus.
Esse estilo de só pode ser alcançado a partir da prática da disciplina da Margem, ou
então você será engolido pelo estilo de vida do nosso tempo.

4. A necessidade da margem na sociedade dos excessos;

O Dr. Richard Swenson escreveu um livro maravilhoso intitulado Margem. Como nós bem
sabemos, margem refere-se ao espaço situado no contorno de uma página além do qual
não há nenhum texto.
A página que você está lendo, por exemplo, tem margens em cima, embaixo e nas
laterais. Se as palavras se estendessem de cima a baixo e até os limites laterais, não
haveria margem alguma.

Swenson estabelece uma relação entre o conceito de margem na folha de papel e a


forma como vivemos a nossa vida. A ideia é que acrescentamos tanta coisa em nossa
agenda e estilo de vida que não temos nenhuma "margem", nenhum espaço para o lazer,
para o descanso, para Deus e para a nossa saúde.
As condições da vida moderna, caraterizada pelo excesso de informações, opções e
demandas, faz desaparecer as margens porque o tempo todo as pessoas estão fazendo
ou buscando alguma coisa que possa lhes dar alívio do vazio, desconforto e mal-estar
decorrentes do estilo de vida permeado pelos excessos.

Swenson exempli ca a diferença entre viver com e sem margem da seguinte forma:

• Viver sem margem é chegar trinta minutos atrasado ao consultório médico, porque
você atrasou vinte minutos no barbeiro, porque você chegou dez minutos atrasada ao
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levar seus lhos à escola, porque a gasolina do carro acabou a dois quarteirões do
posto de gasolina - e você tinha esquecido sua bolsa em casa; viver com margem, por
outro lado, é ter fôlego de sobra ao chegar ao topo da escada, dinheiro de sobra ao
chegar ao nal do mês, e sanidade de sobra ao chegar ao nal da vida.

• Viver sem margem é ter o bebê chorando e o telefone tocando ao mesmo tempo; viver
com margem é contar com a vó, a babá ou um amigo para tomar conta do bebê à tarde
ou numa noite que vocês saem para jantar.

• Viver sem margem é ter de carregar um peso três quilos acima do que você é capaz de
suportar; viver com margem é contar com um amigo ou uma amiga de caminhada para
levar a sobrecarga que você se impôs ou que impuseram a você.

• Viver sem margem é não ter tempo de terminar o livro que você está lendo sob
pressão; viver com margem é ter tempo de ler o livro duas vezes.

Creio que quase todos nós nos encaixamos nessa descrição. Vivemos numa cultura que
valoriza a agenda lotada e a hiperatividade como símbolos de importância.

Para o Dr. Swenson tudo começou a mudar quando ele observou a falta de margem na
vida de seus pacientes antes mesmo que a reconhecesse em sua própria vida. Na sua
atividade como médico ele começou a notar toda sorte de riscos à saúde causada por
estresse.

A conclusão que ele chegou é que o estresse decorre da hiperatividade. Então, começou
a orientar seus pacientes a desacelerar e a eliminar de suas vidas, tudo que fosse
desnecessário.

Depois de algum tempo, ele começou a examinar a própria vida e percebeu que estava
na mesma condição dos seus pacientes. Ele conclui que trabalhar oitenta horas
semanais estava comprometendo sua saúde, o tempo com a sua família e seu
relacionamento com Deus. Então, algo o atingiu em cheio: essas era as três coisas mais
preciosas de sua vida!

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Swenson decidiu então cortar suas atividades pela metade - o que signi cava cortar
também pela metade as suas receitas. Não foi fácil, mas, de acordo com ele, foi a melhor
decisão que tomou na sua vida.

O DESAFIO DO “NÃO”

Não é necessário aprender a dizer não como algumas pessoas dizem. Na verdade, todas
as pessoas já sabem dizer não, a questão é: como dizer não a coisa certa. Se você é
alguém que sempre diz sim, você já está sempre dizendo não para alguma coisa e pode
ser que você esteja dizendo não para uma coisa essencial em sua vida.

A que devo dizer não? Esse é o ponto. Você deve dizer não a qualquer coisa que não
seja absolutamente necessária para o bem-estar de sua alma ou o bem-estar de quem
está no caminho com você.

A lista de todas as atividades que você sente que precisa realizar todos os dias ou todas
as semanas provavelmente está cheia de coisas boas, portanto, no processo de
aprender a dizer não para a coisa certa, não necessariamente, você terá que escolher
entre o bem e o mal ou entre o ruim e o bom; geralmente é uma questão de decidir entre
o bem e o bem maior, o bom e o bom maior.

Lembre-se que Deus nunca chamou ninguém para viver sem margem. Se está faltando
margem em sua vida e esse é um estado comum e rotineiro - não é algo temporário,
quando você está cuidando de um membro da família doente, por exemplo - essa
ausência de margem é responsabilidade sua, ou seja, você é a principal causa dela. E há
um agravante, a ausência de margem, é um sinal inequívoco de que em algum nível você
não está vivendo a sua vida fora do Caminho de Jesus.

O Caminho de Jesus nos oferece respostas e princípios valiosos que podem ser
aplicados à nossa administração do tempo e gerenciamento das atividades diárias.

Sete conselhos para ter ajudar viver a Disciplinas da Margem:

1. Prioridades: Em Mateus 6:33, Jesus diz: "Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua
justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas." É importante de nir as
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prioridades corretas em nossa vida, colocando Deus em primeiro lugar e alinhando
nossas atividades de acordo com os princípios do Seu Reino.

2. Sabedoria e Discernimento: Provérbios 16:9 nos lembra que "o coração do homem
planeja o seu caminho, mas o Senhor lhe dirige os passos." Buscar a sabedoria e
discernimento de Deus nos ajuda a tomar decisões sábias e alocar nosso tempo de
forma e caz. Busque sabedoria divina: Peça a Deus sabedoria para administrar seu
tempo de forma e caz. Busque orientação do Espírito Santo em suas decisões. Deus
deseja nos conceder sabedoria em todas as áreas da vida, incluindo a administração do
tempo (Tiago 1:5).

3. Organização e Planejamento: Em Provérbios 21:5, lemos: "Os planos bem elaborados


levam à fartura; mas o apressado sempre acaba na miséria." Um bom planejamento e
organização nos ajudam a otimizar nosso tempo e recursos, evitando o desperdício e a
sobrecarga.

4. Equilíbrio e Descanso: Deus instituiu o princípio do descanso no sábado, como vemos


em Gênesis 2:2-3. É importante estabelecer um equilíbrio saudável entre trabalho,
descanso e lazer, evitando a exaustão e o esgotamento físico e emocional.

5. Foco e Concentração: Colossenses 3:2 nos encoraja a "pensar nas coisas lá do alto, e
não nas que são aqui da terra." Concentrar-se nas coisas que realmente importam e
evitar distrações desnecessárias nos ajuda a aproveitar melhor nosso tempo e esforço.

6. E ciência e Produtividade: Efésios 5:15-16 diz: "Portanto, vede prudentemente como


andais, não como néscios, e sim como sábios, remindo o tempo, porque os dias são
maus." Devemos buscar ser diligentes e e cientes em nossas tarefas, aproveitando cada
oportunidade para fazer o bem.

7. Gratidão e Contentamento: Em 1 Tessalonicenses 5:18, somos incentivados a "dar


graças em tudo, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco."
Cultivar um coração grato e contente nos ajuda a apreciar o tempo que temos e a
encontrar alegria nas diferentes estações da vida.

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E a você, o que esse quadro e esses princípios falam a você? Como administra o seu
tempo?

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