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GUIA DE LEITURA: TURMA NOTURNO

DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo, Martins Fontes, 2000

PREFÁCIO (NOT)

Suposta consolidação da Sociologia no rol das ciências, mas Durkheim não se


mostra muito animado devido a falta de “avanços” no que diz respeito a descobertas de
leis e na determinação de problemas específicos a Sociologia (Objeto).

Esse não detalhamento do objeto de estudo da Sociologia se dá pelo fato dos


“sociólogos” não se desvencilharem das “sínteses filosóficas”, e se debruçarem em
generalidades. Não recorrem ao método correto de se fazer sociologia.

Aos interessados em Sociologia, é importante que aproveitem seu atual


período de reconhecimento perante a sociedade e apresentem novos trabalhos e
pesquisas. Para que assim seu reconhecimento não retroceda e ela volte a ser uma
ciência em desuso.

A escassez de estudos nessa área da ciência deve ser encarada como um


incentivo a novas projeções e não como um bloqueio. A importância de tal ciência foi
reconhecida ao longo do tempo e para que continue ganhando espaço deve tomar
medidas mais práticas. Ou seja, sair do âmbito totalmente filosófico e buscar objeto de
estudo mais preciso para uma melhor análise da sociedade. Porém, sabendo-se da
característica generalista dessa ciência, nota-se uma dificuldade em limitar seus campos
de estudos, mas isso não é um problema, pois o estudo poderá ser continuado por outros
cientistas devido a impessoalidade da sociologia.

Durkheim vê no suicídio um exemplo oportuno para a demonstração do método


sociológico. O autor acredita que com os dados detectados na realidade é possível
encontrar as leis que tornariam a sociologia uma ciência reconhecida para a época.
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A partir dos dados o autor realiza a indução, Durkheim demonstra que é possível
haver extrapolado o objeto em suas interpretações, mas que para que tenha havido
coerência buscou uma base de dados plural, o que ele chama de provas.

Acredita que apesar de suas induções, realizadas em bases limitadas, suas


análises não ficam comprometidas, ao contrário, mostram mais a realidade como tal.

Durkheim acredita haver um mal-estar geral na sociedade, mas que pode ser
captável por meio dos pequenos universos, demonstra que o suicídio é uma das formas
de comportamento que poderá ajudar a compreender esta doença coletiva.

Durkheim fala que neste livro aparecem, de forma concreta e aplicada, os


principais problemas da metodologia, que são na verdade melhor expostos e
examinados no “Regras da metodologia sociológica”.

Segundo ele, o método sociológico se baseia no princípio de que os fatos sociais


devem ser estudados como coisas, ou realidades exteriores ao indivíduo, sendo esse um
preceito fundamental.

Para que a sociologia seja possível ela deve ter um objetivo que seja só dela, ou
uma realidade que não caiba a outras ciências.

O problema que ele apresenta então é o de que não haveria então nada de real
fora de consciências particulares, só se poderia observar os estados mentais dos
indivíduos, o que caberia à psicologia e não à sociologia, então tudo o que existe em
instituições como família ou religião seriam a resposta às necessidades individuais. Ele
afirma que as próprias instituições, mesmo variadas e complexas, se tornam pouco
interessantes, são apenas um aspecto da natureza individual e não requerem uma
investigação especial.

Porém, contrário a essa visão de individualidade, ele afirma "não se percebe que
não pode haver sociologia se não há sociedades, e que não há sociedade se só existem
indivíduos".

Ao final, baseado em um estudo detalhado de 26 mil casos de suicídio, o autor


afirma que cada povo tem uma taxa de suicídios que lhe é peculiar, considerando fatores
e causas como casamento, divórcio, família, exército entre outros, e que seu aumento ou
decréscimo também são particulares.
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Sendo assim, Durkheim conclui que tais arranjos não são meramente ideológicos
ou abstratos, mas forças vivas e atuantes que determinam o comportamento do
indivíduo, reforçando assim a importância da sociologia como ciência objetiva.

Alunos: Carlos Ferreira, Douglas Costa, Gabriel Zago, Guilherme Ebling e Letícia
Lopes.

INTRODUÇÃO (NOT)

Prefácio
 
Durkheim escreve o livro em 1987, e a obra foi feita para comprovar a sua de
tese de que tal fenômeno social deve ser estudado pela área de ciências sociais, além de
provar sua teoria ele também queria trazer visibilidade a nova ciência que estava em
ascensão.
Ele relata também que o sociólogo deve estudar sua realidade a partir de um método,
que seria o de se estudar fatos sociais como coisas exteriores ao indivíduo.
 
Introdução
 
Na introdução o autor relata que os suicídios são causados por determinações
sociais externas ao indivíduo, mesmo sendo um ato privado do indivíduo, nele há
questões sociais envolvidas.
Também neste trecho do texto Durkheim menciona que o suicídio tem
definições ambíguas e que se deve determinar a ordem nos fatos o estudo será feito. Ele
se propõe a buscar e estudar os diferentes tipos de mortes, assim pretende contribuir
para a categoria dos objetos.
E ao fim da página 11, ele nos define “suicídio” como toda morte que resulta
diretamente ou indiretamente de um ato positivo ou negativo da própria vítima que esta
ciente que produz esse resultado. 
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Após dizer a primeira formulação da palavra suicídio, Durkheim comenta que


está incompleta. Não se pode por na mesma categorias coisas que são tão diferentes em
seus fins. O autor dá o exemplo de um homem jogar-se alucinado de um prédio, e um
outro homem que se joga conscientemente sabendo das consequências. Aparentemente
pode parecer ser coisas parecidas, mas são completamente diferentes.

Ao decorrer dessa parte do capítulo, são feitos alguns exemplos de suicídios bem
diferentes entre si, mas que continham uma particularidade em comum: a consciência de
que a ação executada os levariam a morte. Contudo ele complementa a primeira
formulação dizendo: “chama-se suicídio todo o caso de morte que resulta direta ou
indiretamente de um ato, positivo ou negativo, realizado pela própria vítima e que sabia
que ela produziria esse resultado.”

A definição antes dita implica na exclusão de tudo que se relacione ao suicídio


de animais. Apesar de alguns animais não entrarem em locais onde antes outros tenham
sido mortos, isso reflete mais a consciência do que um instinto de quais serão os efeitos
caso ali entre. 
Não se pode dizer que o animal possua previamente o conhecimento do que ocorrerá a
partir de determinada ação e por isso não somos capazes de estudar o suicídio nestes
casos. Mas essa definição apenas separa as possíveis aproximações ao suicídio em si.
Este Possui lugar na vida moral e não é apenas característica de um grupo ou um fato
isolado.
Uma pessoa que comete um ato que coloca em risco sua própria vida não comete
suicídio, mas, algo muito próximo disso, que também será discutido. Atos de coragem
onde o indivíduo sabe que está colocando sua própria vida em risco podem também ser
aproximações de formas de suicídio.

Na segunda parte da Introdução, Durkheim procura desconstruir a ideia de que o


suicídio é unicamente um fato relacionado à psicologia, uma vez que o ele parece afetar
apenas o indivíduo.

Seguindo essa preposição, ele procura explicar o caráter social do suicídio e aos
fatos que ele está relacionado. Assim, ele diz que para ser estudado socialmente, é
necessário se realize em um determinado período em uma sociedade, e que, se for assim
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analisado, a característica individual diminui e a característica social aparece de forma


mais evidente. Há um quadro na página 18, em que o autor procura demonstrar esse
caráter social analisado pelo tempo, e, diz que há algumas anomalias, mas que elas são
relacionadas a uma situação social mais brusca, como a crise de 1848.

Na maior parte das vezes, ‘’a ruptura do equilíbrio social, quando eclode
repentinamente, sempre leva tempo para produzir suas consequências’’, ou seja, o que
Durkheim quis dizer é que, mesmo que a crise aconteça em um momento em uma
sociedade, as suas consequências aparecerão posteriormente. Seguindo esta premissa,
ele demonstra que as consequências após a crise de 1848, aconteceram alguns anos
depois.

Cada sociedade tem em um momento da história uma disposição definida para o


suicídio. Que é medida tomando a razão entre o número total global de mortes
voluntárias e a população de todas as idades e gêneros, e chamam esse dado de “taxa de
mortalidade-suicídio própria à sociedade considerada”. Página 20-21 é feito um quadro
para comparar as taxas tanto para mortes como para suicídios, a amplitude das variações
é muito mais considerável para a mortalidade geral do que para os suicídios. A taxa de
suicídios, ao mesmo tempo que acusa apenas tênues mudanças anuais, varia do simples
ao dobro, ao triplo, ao quádruplo e até mais conforme as sociedades. E cada povo tem
um coeficiente de aceleração que lhe é próprio.

Tais "taxas de suicídio, constitui uma ordem de fatos única e determinada".


A permanência está ligada a um conjunto de características distintivas e solidárias umas
às outras, demonstrando-se como a própria individualidade social que por uma razão ou
outra, existe.
"A essa variabilidade atesta a natureza individual e concreta dessas mesmas
características". 
O que não interessa ao autor é buscar as condições particulares, e sim, um fato
definido que afete um todo social, como a taxa de suicídios. 
Vez ou outra, a justificativa dos casos particulares pode interferir, mas nada que fará "a
sociedade ter uma propensão maior ou menor ao suicídio". 
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Erika Oliveira Silva – 112.992 ; Jade Soares G. A. Mattos – 113.008 ; Lais Barbosa
Pessoa – 113.012 ; Lais Souza Barboza – 114.362  ; Lucca de Andrade Carneiro –
113.019 ; Suellen Nathalia Araujo –113.030 

LIVRO II - CAP. II – O SUICÍDIO EGOÍSTA (NOT)

1. O contexto histórico-social para análise é a Europa do século XIX. Desde a


segunda metade do século XVIII que profundas transformações ocorreram na Europa
tanto do ponto de vista do progresso material, quanto institucional. As chamadas
revoluções burguesas provocaram a quebra dos modelos anteriores de sociabilidades e
estabeleceram uma nova ordem econômica. Mesmo com os progressos advindos da
industrialização e com o fim do Antigo Regime, Durkheim identificou um aumento
relativo nas taxas de suicídios dos países europeus, mas também observou que o índice
de suicídio era maior nos países protestantes. Ele aponta apenas uma exceção na
Alemanha protestante: Baviera. Isto se deve pela concentração maior de católicos neste
território (2000, p. 179).
Antes de entrar em uma definição do que seria o suicídio egoísta de fato,
entende-se que alguns pontos devem ser levados em consideração, tal como a maneira
que Durkheim usou para fazer essa pesquisa, analisando milhares de atestados de óbito
e, com base nas taxas, conseguiu obter várias conclusões, por exemplo, como a religião
afeta nas taxas de homicídio. Ele comparou os resultados de sociedades com as mesmas
características tal como Prússia, Saxónia e Dinamarca, e observou que sociedades
protestantes são tendenciosas ao suicídio, sendo que as áreas católicas apresentam
quatro a cinco vezes menos suicídios do que os territórios protestantes, seja qual for o
país investigado.
Nas sociedades mistas (protestantes e católicos), a parte que corresponde à
maior taxa é o lado protestante, independente do país estudado. Dessas observações,
surge uma de suas primeiras conclusões, a saber, as taxas de suicídio são proporcionais
dos protestantes em relação aos católicos e inversamente proporcionais dos católicos
aos protestantes.
2. Somos tentados a explicar a raridade de suicídios entre judeus e católicos
estudados em determinadas sociedades, pelo fato de se tratarem de minorias. Confissões
menos numerosas que lutam contra hostilidades das populações ambientes são
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obrigadas a exercer o controle sobre si mesmas e ter disciplina rigorosa. Na Prússia , os


católicos são 1/3 da população local e se matam três vezes menos. Mas essa explicação
não é o suficiente. Não se deve à condição de minoria que os protestantes se matam
mais do que os católicos, pois onde a população é quase inteiramente católica, há para
cada 100 suicídios católicos, até 423 suicídios protestantes. O protestantismo admite o
LIVRE EXAME mais do que o catolicismo e esse último, tem mais espaço que o
judaísmo. O católico recebe a sua fé pronta e qualquer variação horroriza seu
pensamento. O protestante é mais autor de sua crença, a Bíblia é colocada em suas mãos
e nenhuma interpretação lhe é imposta. Há o individualismo religioso.  A reflexão se
desenvolve quando um certo número de ideias e irreflexões perdem a sua eficácia
fazendo com que consciências individuais afirmem sua autonomia,  pois crenças foram
enfraquecidas por controvérsias prévias. O protestantismo confere ao pensamento
individual uma participação maior e conta com menos crenças e práticas comuns que o
catolicismo. Conclusão: o protestantismo é uma Igreja menos fortemente integrada que
a Igreja católica. O mesmo se aplica a questão do judaísmo. A reprovação e perseguição
por parte do cristianismo, criou entre os judeus sentimentos de solidariedade, de uma
energia especial. Essa luta os obrigam a se manterem ligados uns aos outros. Foi uma
necessidade e não um gosto. O judaísmo, como todas as religiões inferiores, consiste em
um corpo de práticas que regulamentam os detalhes da existência, deixando pouco
espaço para o julgamento individual.
3. A igreja anglicana > intensamente integrada em relação às outras igrejas
protestantes, não há livre exame dos indivíduos. * Forte regulamentação quanto às
prescrições religiosas, forte respeito às tradições > De todos os cleros protestantes, o
anglicano é o único hierarquizado. (+Hierarquia, +crenças, +vida religiosa,
+clero.). Maior integração e coesão religiosa no seio de uma sociedade, maior o seu
dogmatismo, menor os questionamentos diante das condições religiosas postas. Logo, a
Igreja anglicana, neste aspecto, se aproxima muito da igreja católica. Livre exame >
está acompanhado do gosto pela instrução (ciência). Quando as crenças perdem sua
autoridade se recorre à Ciência buscando criar outras explicações para determinados
fatos
Enfraquecimento progressivo dos preconceitos coletivos e costumeiros
inclina ao suicídio” > maior taxa de suicídios no protestantismo. 1º - o gosto pela
instrução deve ser mais vivo entre os protestantes do que entre os católicos; 2º na
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medida em que denota um abalo das crenças comuns, esse gosto deve, de maneira geral,
variar como o suicídio.
Nível de instrução nas camadas baixas e inferiores na França católica e na
Alemanha protestante. Nos topos, a necessidade de se instruir é sentida igualmente,
porém, nas camadas mais inferiores, a intensidade é menor na França. Comparando os
conjuntos de países católicos e protestantes, nas instâncias superiores também não
existem diferenças significativas, enquanto que nas camadas mais inferiores, fica claro
que há uma maior taxa de instrução popular nos países protestantes, chegando a ser 31%
menor. Curiosamente, na Alemanha, região da Baviera onde existem mais católicos;
também é a que possui mais analfabetos. Elenca outros exemplos que confirmam tal
hipótese.
Coloca que as nações protestantes “atribuíram tanta importância à instrução
elementar foi porque julgaram necessário que cada indivíduo fosse capaz de interpretar
a Bíblia”. A questão está no valor que cada nação dá à ciência. Apesar da crítica,
acredita que o ensino popular e geral é um índice mais seguro. Demonstrará a partir de
agora a 2ª proposição > Necessidade de instrução > enfraquecimento da fé comum >
se desenvolve como suicídio? Começa a observar o fato constato no interior de uma
mesma nação, toma como estudo a Itália que é inteira católica, os resultados mostram
que é menor a taxa de suicídios nas províncias em que há mais cônjuges analfabetos,
ocorrendo os mesmos nos departamentos franceses. Evidente também os casos onde,
por exemplo, as pessoas se matam mais na Saxônia do que na Prússia, importante saber
que a Prússia tem mais iletrados do que a Saxônia.
Neste momento o autor tem inicialmente como objetivo atrelar o grau de
escolaridade com o suicídio, sugerindo que pessoas com um grau maior de escolaridade
ou conhecimento se matariam mais do que as com um grau menor (comparando por
exemplo a Saxônia e a Prússia, que segundo dados apresentados pelo autor, as pessoas
se matam mais na Saxônia - sendo que na Prússia existiam menos pessoas letradas -), e
adiante, na mesma ótica, faz relação similar comparando os empregos (áreas de atuação,
especificamente) das pessoas que cometeram suicídios em determinados locais. Na
mesma linha de pensamento o autor afirma que o fato das mulheres se suicidarem
menos se deve ao motivo de que elas eram menos instruídas que os homens, e indo mais
longe em tal comparação, o autor cita o caso dos Estados Unidos, que, segundo dados
expostos pelo mesmo, as mulheres negras que lá residem possuíam um grau de
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instrução similar ou até o superior do que o dos maridos, e mais: que o índice de
suicídio poderia ultrapassar o das mulheres brancas em até 350 % em alguns lugares.
Todavia, Durkheim diz que em um dos casos essa lógica do grau de instrução
correlacionado com o ato do suicídio não se aplicava à uma classe religiosa: a dos
judeus. Os judeus possuíam um grau de instrução extremamente elevado (quando
comparados aos católicos ou protestantes, por exemplo), mas mesmo assim possuíam
um índice baixo de suicídio. Segundo o autor, isso se deve ao fato de que o objetivo dos
judeus em procurarem instrução não estava em procurar perder preconceitos, ganhar
senso crítico ou ampliar a visão de mundo, mas sim para combater seus inimigos e o
preconceito que lhes cercavam pelo fato de serem judeus. Portanto, Durkheim afirma
que nesse caso o intelecto dos indivíduos não afetam necessariamente no ato do suicídio
porque a origem da busca do conhecimento é outra, e que, nos outros casos citados, o
conhecimento faz com que as crenças tradicionais se esvaiam, fazendo com que o
indivíduo fique cada vez mais perto do estado de individualismo.
4. Duas conclusões importantes – 1ª – O suicídio progride com a ciência > A
ciência é inocente, pois > religião se desorganiza > surge a necessidade de maior
instrução. 2ª – A religião exerce uma ação profilática sobre o suicídio em virtude da
coesão social que ela proporciona dado o conjunto de crenças e práticas que a norteia.
Quanto mais intenso for esse conjunto, mas integrada será esta sociedade religiosa >
maior virtude também de preservação, é neste aspecto que justifica o fato de que a igreja
protestante não possui a mesma ação moderadora do suicídio.

Alunos: João Orlando / Marcelo Barbosa / Platão Pellegrini / Vitor da Silva Palacios /
Paulo Ricardo Jacques De La Vega

LIVRO II – CAPÍTULO 3 – Tópicos I, II e III (NOT.)

I
Durkheim analisa a diferença dos suicídios entre casados e de solteiros e afirma
que segundo alguns autores, o casamento e a vida em família multiplicavam o número
de suicídios, seguindo a linha de raciocínio de que a vida do homem casado é mais
cheia de responsabilidades e privações. No entanto, Durkheim refuta essa ideia
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argumentando primeiramente sobre a idade, uma vez que os solteiros analisados tem
idade inferior a 16 anos, portanto, essa parte da população deveria ser eliminada para
melhor apuração dos resultados – visto que a taxa de suicídios entre menores de 16 anos
é quase nula – provando que o número de suicídios é maior no grupo de homens
solteiros. Dessa forma, o autor diz "o estado de casamento diminui em cerca de metade
o perigo do suicídio" e que o "celibato resulta um agravamento" de suicídios.
Analisando o suicídio de homens de 30-45 anos, Durkheim observa que o número
de homens solteiros nessa faixa etária é muito menor que a de homens casados, assim
não há simetria para comparar os dois casos. Em seguida, analisa o suicídio de viúvos
com idade de 65 anos comparando com homens de 65 anos de todos os estados civis,
concluindo que os viúvos se matam mais.
Com isso, Durkheim conclui que não há como analisar e comparar taxas de
suicídios sem recortar uma idade e um estado civil. "O único meio de evitar esses
inconvenientes é determinar a taxa de cada grupo, tomando à parte, para cada idade".
(p.210)
Para Durkheim o suicídio progride segundo a idade para os dois sexos. A vida de
família tem como resultado, portanto, inverter a proporção. Se a associação familiar não
fizesse sentir sua influência as pessoas casadas deveriam, em virtude da sua idade,
matar-se metade mais do que as solteiras, porém elas se matam sensivelmente menos.
Para ele, os erros de pesquisa levaram a propagação de preconceitos como, por
exemplo, que a viuvez é a mais desgraçada de todas as condições do ponto de vista do
suicídio.
O único meio de evitar esses inconvenientes é determinar a taxa de cada grupo,
tomado à parte, para cada idade. Nessas condições, poderemos comparar, por exemplo,
os solteiros de 25 a 30 anos com os casados e com os viúvos da mesma idade, fazendo o
mesmo para os outros períodos; a influência do estado civil se destacará assim de todas
as outras e as variações de todo o tipo pelas quais ela possa passar irão aparecer.
As leis que se depreende desses quadros podem ser assim formuladas:
1 – Os casamentos demasiados precoces têm uma influência agravante sobre o
suicídio, sobretudo no que se refere aos homens;
2 – A partir de 20 anos, os casados dos dois sexos de beneficiam de um
coeficiente de preservação em relação aos solteiros;
3 – O coeficiente de preservação dos casados com relação aos solteiros varia de
acordo com os sexos. Diremos, portanto que o sexo mais favorecido no estado de
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casamento varia conforme as sociedades e que o tamanho da diferença entre a taxa dos
dois sexos varia, por sua vez, conforme a natureza do sexo mais favorecido;
4 – A viuvez diminui o coeficiente dos casados dos dois sexos, porém, no mais
das vezes, não suprime completamente. Podemos dizer, nos mesmo termos, portanto,
que o sexo mais favorecido no estado de viuvez varia conforme as sociedades e que o
tamanho da diferença entre a taxa dos dois sexo varia, por sua vez, conforme a natureza
do sexo mais favorecido.

II
A imunidade ao suicídio presente nos casados em relação aos solteiros é
apresentada por Durkheim de forma a não apontar o núcleo familiar como meio de
prevenção ao fenômeno, mas a seleção matrimonial – triagem que opera dentro da
sociedade escolhendo os aptos para o casamento – e certifica a garantia de saúde física e
mental; O autor prossegue relatando em dados que a imunidade do homem, de fato, é
maior que a da mulher, e que esse quadro se repete em mais de um país analisado com a
mesma regra de seleção, porém, a associação familiar afeta a constituição moral de cada
sexo de maneira diferente, e a causa do suicídio aparece ao longo de seu
desenvolvimento.
Como prova de que não é uma imunidade que vem de nascença, podemos
comparar e perceber que o índice de suicídio entre os casados jovens são menores do
que o índice dos solteiros. Continuando a análise, Durkheim mostra dados de que no
apogeu da quantidade de pessoas casadas, a preservação diminui.
A constituição do grupo familiar que se encontra no fenômeno para cada
indivíduo possui duas associações, em primeiro o outro cônjuge, e em segundo os
filhos. Casamento e filhos não podem ter o mesmo peso para serem avaliados, uma vez
que uma é natural e outra contratual. Essa influência própria da associação conjugal
manifesta índices menores de suicídio nos casamentos fecundos, portanto nos
casamentos estéreis esses índices seguem o efeito contrário; No casamento fecundo
existe quase o dobro de coeficiente de preservação em relação aos casais sem filhos,
utilizando como parâmetro os solteiros estéreis. (p. 226)
Analisa-se que os homens viúvos passam por uma crise devido ao aumento de
responsabilidades e jornada dupla, trabalho e casa. “Não é o desaparecimento da esposa
que causa esse desnorteio, mas o da mãe” (p.229). Enquanto o grupo de mulheres
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casadas sem filhos manifesta tal fenômeno de suicídio “quando não encontra nos filhos
seu complemento natural”. (p. 229)
O escritor finaliza afirmando que sob a razão familiar, a mulher quando entra em
associação conjugal, “ganha mais que o homem, porém decai necessariamente mais
que o homem ao sair dela” (p.230)

III
Inicialmente o autor aponta que a viúva sem filhos deveria ter, com relação às
solteiras, um coeficiente de preservação próximo ao viúvo sem filhos, entretanto não é o
que ocorre. Após a observação inicial e análise de média de dados se verifica que a
situação da viúva seria mais crítica que a do viúvo, e se insiste nas dificuldades
econômicas e morais com as quais precisaria lutar quando é obrigada a se manter
sozinha e suprir as necessidades da família. Entretanto se verifica um erro nesta análise,
já que existem duas vezes mais viúvas que viúvos, desse modo é natural que a
contribuição seja mais elevada nas mulheres que nos homens. Assim, se desejarmos que
a comparação seja útil é necessário que se reduza a população à igualdade.
Assim, se analisa e percebe que o homem perde mais do que a mulher, pois não
conserva as vantagens que tinha na situação conjugal tendo a mortalidade superada em
relação as viúvas. Concluindo desse modo que a seleção matrimonial não se aplica ao
sexo feminino.
Para Durkheim "os que entram na sociedade conjugal não constituem uma
aristocracia de nascença, não trazem pronto ao casamento um temperamento que
afasta do suicídio, mas adquirem vivendo a vida conjugal". (p. 235)
Se o homem casado ainda que sem filhos se distância do suicídio, se observa que
ele conserva tal sentimento ao se tornar viúvo. Constata-se que numa mesma sociedade
a tendência ao suicídio, no estado de viuvez é para cada sexo, função da tendência ao
suicídio que o mesmo sexo tem no estado de casamento.
Observa que um sexo é sempre mais favorecido que o outro, tanto no casamento
como na viuvez e aquele privilegiado com relação ao outro em um estado, permanece
nessa condição no segundo estado.

Alunos: Cleidson Borges (Noturno) 113.924; Danielle Esli Lourenço (Vespertino)


114.176; Eduarda Monteiro (Vespertino) 112.989; Erika Felix (Noturno) 112.991;
Fernanda Paoli (Noturno) 112.995; Thiago Gomes (Noturno) 113.031
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LIVRO II - Capítulo III – TÓPICOS IV, V e VI. (NOT.)

Nessa parte do texto Durkheim traz tabelas onde fica estabelecido, em resumo,
as seguintes relações:
 Homens solteiros se matam mais que mulheres solteiras;
 O casamento faz com que as mulheres se suicidem mais em relação as
mulheres solteiras;
 O casamento faz com que os homens se suicidem menos em relação aos
homens solteiros;
 Os homens se matam mais que as mulheres independentes do vínculo
familiar;
 O fator de imunidade ao suicídio nas pessoas casadas é a família;

Coloca os membros do grupo familiar como “funcionários da associação


familiar”. Faz uma distinção entre o que é a relação familiar, apenas pelos laços
familiares, entre o que é uma sociedade doméstica, onde há uma integração dos
membros. A questão para Durkheim não é a densidade da família mas sim a vida em
grupo, a integração do indivíduo com essa sociedade doméstica.
Durkheim contradiz a teoria de que grandes comoções políticas aumentam os
índices de suicídio, pelo contrário, o índice diminui no momento em que as revoluções
se produzem. Essa diminuição não está relacionada apenas ao deficit do setor
administrativo de contabilização desses dados, mas sim pelo fato de tais comoções
excitarem as paixões dos cidadãos. Relata que em guerras com iniciativa apenas de
políticos não consta uma diminuição na taxa de suicido, diferente do que ocorre nas
guerras de caráter mais popular onde percebe-se uma diminuição do suicídio.

O autor conclui que o suicídio varia na razão inversa do grau de integração dos
grupos sociais de que o indivíduo faz parte. Ele divide esses grupos sociais em três
posições:
 sociedade religiosa;
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 sociedade doméstica;
 sociedade política;

Essas três sociedades tem uma causa comum mas em graus diferentes. Essa
causa comum é o fato de serem um grupo social. Logo o autor conclui que o suicídio
egoísta é aquele que resulta de uma individualização desmedida, quando o EU
INDIVIDUAL se afirma excessivamente diante do EU SOCIAL.
Ao final do capitulo o autor faz uma grande reflexão para demostrar que é a
sociedade o grande fator determinante para a questão do suicídio. Coloca que uma
sociedade que permite ao homem uma vida independente, sem integração com os
grupos sociais, da a ele o direito de tirar sua própria vida pois esse indivíduo não
encontra na sociedade nada que sustente suas necessidades.
Termina sua reflexão de uma maneira muito machista ao colocar que a mulher é
mais rudimentar em suas paixões e por isso a ausência de vida social para tal gênero não
gera muito impacto. Coloca que a mulher vê sentido em sua vida com poucas coisas,
exemplifica que alguns animais e o cuidado com uma casa basta a elas.

Alunos: Jéssica de Mello Lucas - Beatriz (Bia Doxum) - Leandra Narciso - Fabio
Barcelos - Geovanna Neves - Danilo Nach

LIVRO II – CAPÍTULO 4 (NOT.)

O Suicídio Altruísta

Uma vez que o suicídio egoísta se manifesta em uma sociedade com uma
individualidade extrema, o suicídio altruísta, por sua vez, se apresenta onde há a
integração intensa.

Em uma sociedade extremamente integrada, o indivíduo não possui uma


importância na sociedade. O que importa é o bem estar do grupo social e, caso esse bem
seja o suicídio de algum integrante, é preciso que a morte do mesmo ocorra.

O suicídio altruísta, segundo Durkheim, possui três categorias:


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- Suicídios de homens idosos ou debilitados por doenças – há povos que acreditam que
o espírito protetor do grupo pode envelhecer juntamente com o ancião podendo não
proteger mais a comunidade e, para isso não acontecer, o senhor de idade avançada tira
sua vida pelo bem de sua sociedade;

- Suicídios de mulheres viúvas pela morte de seus maridos – em muitas sociedades


matrimonias, as mulheres são dependentes do homem em diversos sentidos. Por conta
disso, ao falecer o marido, sua existência na terra não faz sentido;

- Suicídios de servidores e vassalos pela morte de seus chefes/amos – por terem como
razão de sua vida/existência a servidão ao seu senhor, no momento que esse último
morre não há sentido permanecer vivo;

Há casos em que o suicídio altruísta é cometido para se obter um prêmio social,


por ser honroso de certa forma. Durkheim afirma que, quando se é ensinado para a
criança de que sua individualidade e vida não possui importância, e sim o grupo todo
em conjunto e integrado, é fácil discernir que o sacrifício é necessário. A renúncia da
vida não possui obstáculos.

O Suicídio altruísta pode ser caracterizado por obter três variedades:

Um é o suicídio altruísta obrigatório, em que se está ligado à moral intensa de


uma sociedade e o indivíduo em si não possui importância alguma naquele meio. Outro
é o suicídio altruísta facultativo, em que é um ato ético e solidário à sociedade e a morte
possui um sentido de honra a um causa. E por último é o suicídio altruísta agudo, em
que se manifesta por questões místicas e religiosas.

Segundo Durkheim, o suicídio altruísta ocorre, principalmente, em sociedades


“inferiores” (como afirma) onde há uma integralidade e crença maior que a sociedade
urbanizada e desenvolvida ,que possui o sistema capitalista de produção em grande
proporção. Porém, isso não faz com que inexista o suicídio altruísta nas sociedades
capitalistas. O exemplo dessa afirmação é o próprio exército.

Durkheim, ao analisar a causa do suicídio altruísta do exército, a princípio


apresenta a suposição que muito adquirem como justificativa: a aversão pelo serviço
militar por ser algo penoso e pesaroso. Porém, o autor defende que essa explicação não
relata da real causa.
16

Caso isso fosse verdade, os índices de suicídios ocorreriam entre os soldados


rasos (em que o serviço é mais pesado e humilhante). Mas os dados estudados e
apresentados revelam que os suboficiais são os mais afetados por esse fenômeno.
Observou também que até entre aqueles que possuem amor pelo serviço militar, havia
índice de suicídio.

Ao longo de sua dissertação, Durkheim apresenta o fato de que, no exército, o


ego dos indivíduos é massacrado e a noção de que sua vida não possui importância. O
que importa é a integralidade do exército, formando um todo. E essa ideia é cada vez
mais infiltrada na consciência do indivíduo. Portanto, os suboficiais são os que estão
mais integrados na instituição (estão a mais tempo no serviço militar), o que leva a ter
um ego totalmente reduzido ou inexistente, fazendo com que sua vida esteja sob a
ordem de um oficial. Diferentemente de um soldado raso, que não está tão integrado
nessa instituição, ainda.

Seguindo a lógica apresentada no parágrafo acima, seria certo afirmar que os


oficiais deveriam ser os que mais cometem suicídio. Porém, Durkheim diz que o índice
entre eles não são maiores que os dos suboficiais por serem líderes, o que faz com que
sua permanência em vida seja necessária para a manutenção do exército.

O autor analisa também as diferentes estatísticas de suicídios entre diversas


sociedades. E chegou a conclusão de que há mais incidentes de suicídio no exército em
um meio social em que há menor integridade, e vice-versa.

Portanto, por trás do qualquer tipo de suicídio altruísta há uma


sociedade/instituição intensamente integralizada e a inexistência de uma noção de
individualidade. O indivíduo e seus particulares interesses não são considerados na
sociedade.

Alunos: Bruna da Silva Colucci – 114 189; Bruna Midori Hirakawa – 101 800;
Fernanda Costa Tonello Nascimento – 112 994; Fernando Feital Bordião - ; Igor
Henrique Lino Ferrão – 113 006; Nayana Vilemon Leite – 113 025
17

LIVRO II - Capítulo V (NOT)

“A sociedade não é apenas um objeto que


trai para si, com intensidade desigual, os
sentimentos e a atividade dos indivíduos.
Também é um poder que os regula. Há
uma relação entre essa regulamentação e
a taxa social de suicídios. ”

É fato conhecido que as crises econômicas têm uma influência agravante sobre a
propensão dos suicídios. Algumas séries de situações comprovam este fato como, por
exemplo, a crise assistida em Viena, que chegou ao seu ápice no ano de 1874 e viu a
taxa de suicídio crescer em até 51% neste mesmo período.

Esta relação entre crises econômicas e aumento do número de suicídios não é


constatada somente em situações excepcionais, é uma regra. No entanto, não é possível
dizer que o motivo more, exclusivamente, no fato de que em contexto de crise a vida se
torne mais dura devido à miséria e, por isso, os indivíduos abdiquem mais facilmente
dela. Porque se assim fosse, o inverso deveria ser diretamente verdadeiro e não o é.

Nos momentos de crises favoráveis ou avanços econômicos também é possível


ver um aumento nas taxas de suicídio. Durkheim cita diversos exemplos desse episódio
como, por exemplo, a Prússia no ano de 1850, que viveu a cotação mais baixa de um
alimento básico de sustento, o trigo, e ainda assim acompanhou um aumento de 13% no
número de suicídios em relação ao ano anterior. Em contrapartida, e para mostrar que a
miséria não é a causa determinante para esse tipo de morte, Durkheim aponta que os
camponeses irlandeses ainda que levem uma vida penosa se matam pouco. E o mesmo
acontece na Calábria e Espanha, onde os suicídios são quase nulos, apesar do baixo
nível econômico dessas regiões.

Portanto, se não é a miséria ou a depressão econômica os motivos das mortes,


qual é então? O motivo está na crise em si, seja ele favorável ou não. Porque são elas
perturbações de ordem coletiva, que rompem com o equilíbrio. E toda Ruptura, mesmo
que resulte em abastança, impele a morte voluntária. Os rearranjos do corpo social,
independente do fim, faz com que o homem se mate mais facilmente.
18

II

Qualquer ser vivo só pode ser feliz ou só pode viver se suas necessidades têm
uma relação suficiente com seus meios. Assim, o autor inicia uma discussão sobre o
suicídio anômico, que diferentemente dos animais que precisam basicamente de comida
e abrigo, os homens buscam a partir do pensamento margens mais amplas para seus
desejos e paixões, necessidades ‘’sentimentais’’. A grande questão fica ‘’Como fixar a
quantidade de bem-estar, conforto, luxo que um ser humano pode buscar
legitimamente?”. A sensibilidade humana uma vez preenchida, ela se renova com mais
voracidade, numa forma contínua de preenchimento mental, mais do que a física. As
paixões nada mais seriam do que um estímulo pela busca incansável do homem por esse
preenchimento num futuro. Assim, é necessário que essas paixões sejam limitadas, mas
como o limite não pode vir do próprio homem, deve vir de uma força moral externa que
seja respeitada pelos indivíduos, que para Durkheim é a sociedade, sendo ela o único
moderador moral e superior, que traga felicidade e satisfação aos homens.

Ademais, quando uma sociedade é perturbada por transformações repentinas,


como crises dolorosas ou favoráveis, ela fica provisoriamente incapaz de exercer ações
de controle, aumentando a curva de suicídios. Por fim, Durkheim explica que a pobreza
é o que protege o homem do suicídio, constituindo-se como um freio. Quanto menos se
tem, menos se deseja ter, a impotência obriga à moderação, e quando a moderação é
geral, nada excita o indivíduo que esteja na condição de pobreza.

III

Para Durkheim, diferente dos outros casos, a anomia está intrinsecamente


presente no mundo da indústria e comércio, pois, o progresso econômico priva as
relações industriais de regulamentação. Se antes existia na forma de um sistema moral
como, por exemplo, a religião, que consolava os pobres e moderava a ganância dos
ricos, lembrando-os que ambições terrenas não seriam tudo para o homem.

Ele diz que o governo se submeteu à lógica e à economia de mercado ao invés


de regulamenta-las. A ideologia liberal e até mesmo ideologias contrárias a ela - mas
todas visando o progresso industrial como fim último - causaram o que ele denomina
como ‘‘dogma do materialismo econômico”. O próprio desenvolvimento industrial
19

ilimitado causa uma cobiça constante nos indivíduos, trazendo uma sensação de bem-
estar e felicidade momentânea que precisa ser renovado constantemente. Eis porque
esse tipo de anomia é constante, pois faz parte de um ciclo interminável pela busca de
bens. O indivíduo que vive nessa incessante busca, ao perceber a impossibilidade de
atingir a felicidade pelo consumo material, se cansa e desencanta com a vida, que
causaria o suicídio.

IV

A anomia econômica não é a única causa que gera o suicídio. Outra variedade do
suicídio anômico analisado pelo autor é o divórcio e as separações de corpos.

Com análises de comparações, nota-se que há mudanças não só em países


diferentes, mas em províncias de um mesmo país. As comparações entre cantões suíços
protestantes e católicos indicam o alto número de divórcios comparado ao número de
suicídios. A relação de divórcio e suicídio depende do mesmo fator: a frequência maior
ou menor de pessoas descontroladas. Com base nessas comparações, onde há mais
divórcios, acontecem mais suicídios.

Na página 340 de ‘’O suicídio’’, afirma que quanto mais frequente e facilmente
se rompe o laço conjugal, mais a mulher é favorecida em relação ao seu marido. O
homem divorciado está mais ameaçado pelo suicídio do que a mulher. No casamento, o
homem encontra equilíbrio e disciplina, e a mulher mais disciplina do que liberdade.
Por outro lado, o homem divorciado volta à disciplina, à disparidade entre desejo e
satisfação, enquanto a mulher divorciada se beneficia de uma liberdade adicional que
compensa a perda da proteção familiar.

Alunos: Ester Aparecida da Silva – 105.257; Gabriel Domínguez Cordeiro – 112.998;


Lucas Fernando Sabatini Ribeiro – 113.018; Matheus Andrade Malimpenso – 113.022;
Nery Nice Osmondes Travassos – 84.969; Olívia Freitas – 113.026; Rafael Carvalho
dos Santos – 115.101; Sabrina Câncio Tavares – 114.361
20

LIVRO III – CAPÍTULO I (TÓPICOS I e II)


A Natureza da realidade à qual ela corresponde e que ela expressa numericamente

Tópico I

As condições individuais que poderíamos supor que o suicídio depende são de


dois tipos: primeiro a situação externa em que se encontra o agente.
Doenças, misérias, frustrações amorosas, desgosto familiar, falta de moral.
Porém essas particularidades não podem explicar a taxa social de suicídio, pois elas
variam em proporções consideráveis e as combinações de circunstâncias, que servem
como antecedentes imediatos aos suicídios particulares mantêm mais ou menos a
mesma frequência relativa. Logo elas não são as causas determinantes do ato que
precedem. O máximo que se pode dizer é que normalmente serão contrariedades e
mágoas sem que seja possível avaliar a intensidade da dor necessária para o ato se
consumar.

Segundo Durkheim, tendemos à suposição de que o suicídio decorre de


acidentes diversos que afetam a vida do indivíduo ou de sua própria constituição
fisiológica, que seria distinta desde seu nascimento ou poderia ter adquirido distinção
por fatores climáticos, tornando-o predisposto à neurastenia e, consequentemente, ao
suicídio. Porém não foi encontrada nenhuma relação definida entre as condições do
meio físico consideradas como mais relevantes na ação sobre o sistema nervoso, sendo
elas raça, clima e temperatura. A ação cósmica não é suficiente.

Tendo se observado que a mulher mata-se com menor frequência que o


homem, Durkheim conclui que isto se dá porque ela é menos engajada do que ele na
vida social. Nesta vida social, portanto, devem-se buscar fatores suicidógenos. O
suicídio seria passível de explicação por outros fatores sociais e a variação destes
fatores justificaria a variação estatística da taxa de suicídios. Em síntese, afirma-se que é
“a constituição moral da sociedade que estabelece, a cada instante, o contingente de
mortes voluntárias” (DURKHEIM, 2000, p. 384). Cada sociedade teria uma
predisposição para o egoísmo, entendido como individualismo que afasta o indivíduo
dos vínculos sociais e cujo correlato seria melancolia e apatia, para o altruísmo, que
conduziria o indivíduo a renunciar à vida caso compreenda que tal renuncia beneficia
aos seus, ou para anomia, que produziria efeito semelhante ao do egoísmo. É necessário
21

que a sociedade tenha agido sobre o indivíduo de determinado modo para que este se
torne um suicida, do contrário, nenhuma razão pontual o levará ao suicídio.

Tópico II

Durkheim cita Quételet, que chamara a atenção dos filósofos ao afirmar a


constância de certos fenômenos sociais. A partir da constatação da regularidade
fenomenológica social, Quételet postulou que cada sociedade produz um tipo de
indivíduo com características gerais comuns, o homem médio, sendo que apenas uma
minoria se diferenciaria apresentando outras características. Conquanto essas
características variam em decorrência do tempo, esta variação seria lenta, dando-se em
longo prazo. Tendo sua validade se considerarmos que o homem médio é um tipo
étnico, a teoria de Quételet ainda é insuficiente para explicar o suicídio, pois ela se
aplica ao caráter da maioria, enquanto que apenas uma minoria coloca termo a própria
vida. Durkheim afirma ainda que, para Quételet, apenas nas atividades mais comuns
seria possível verificar alguma constância, portanto, as estatísticas constantes do
suicídio, fato social incomum, demonstrariam o engano de Quételet.

Para Durkheim, a constância na taxa anual de suicídios em determinado país só


pode expressar que fatores sociais que permanecem constantes exercem força sobre os
indivíduos, conduzindo alguns deles ao suicídio.

Tendo descartado as explicações de Quételet acerca do homem médio como


compatíveis com o suicídio, Durkheim se debruça novamente sobre as causas pessoais,
que levariam este ou aquele à morte voluntária: não haveria desgraça grande o
suficiente e por isso capaz de determinar um homem a se matar, já que, diante dos
mesmos acontecimentos infelizes, alguns se matam, mas a maioria não. Considera-se
ainda que mesmo os dissabores ocorram com certa regularidade entre os indivíduos de
uma mesma sociedade, o que nos remete a mesma dedução de que aspectos sociais
movem as vidas dos indivíduos, não havendo aspecto pessoal sem motivo socialmente
determinado.

Alunos: Alessandra Vieira; Dennise Brito; Henrique Ribeiro; Igor Sganzerla; Larissa
Lima; Marina De Oliveira
22

LIVRO 3 – CAPITULO 1 - TÓPICOS III E IV

A partir da ideia de que existem tendências coletivas que influenciam tendências


individuais e dão origem, e base, a situações sociais como a morte voluntária; é possível
perceber como a estética da estatística do suicídio é, muitas vezes, relativizada. As
tendências coletivas ou paixões coletivas, neste caso, funcionam apenas como metáforas
que não representam algo que se sobreponha e estimule capacidades individuais a ponto
de criar uma tendência suicida num “indivíduo normal”. Porém, é necessário relacionar
essas tendências ao observar que variações sazonais, geográficas modificam a taxa de
suicídios, mas este, mesmo dentro dessas mudanças afeta, não só os indivíduos, mas
uma certa quantidade de indivíduos. É o gênero de vida que produz sempre os mesmos
efeitos.

A transmissão do suicídio entre gerações não é tão simples de ser explicada


quanto a transmissão de memórias ou sentimentos, justamente porque este é dependente
tanto de relações externas quanto de internas e alimenta uma necessidade de estatística.
“Não há suicídios todos os anos como, via de regra, a cada ano há tantos suicídios
quantos no ano precedente”. (DURKHEIM, p. 396). A ideia de “espírito de suicídio”
presumiria a ideia de um herdeiro moral e não existem provas a respeito desse tipo de
filiação.

Esta ideia segue um rumo diferente das memórias ou sentimentos também


porque nas tendências coletivas há uma peculiaridade de existência própria a si mesmas,
ao contrário das tendências e dos pensamentos individuais. Além disso, estes seres,
quando unidos, formam um “ser psíquico de uma nova espécie”, que pensam e sentem
de forma própria.

As análises em relação ao suicídio não leva em consideração apenas o grupo,


sabe-se que o indivíduo é importante, mas o autor também se atenta as coisas além
sociedade. Primeiro ao fato de haver algo além da sociedade, como a materialização da
consciência. Durkheim faz analogias de como a materialização também é real e como a
jurisprudência é distinta dessa lógica devido as dificuldades de se prevenir de novos
eventos.
23

O autor coloca a rotatividade das ações humanas também como condições


existentes além da sociedade, como a ideia do indivíduo como principal e a mudança
para uma maior consideração do grupo.

Para Durkheim o homem é fortemente influenciado por preceitos morais


externos presente na consciência coletiva da sociedade da qual faz parte. Essa
consciência coletiva é formada pela própria sociedade, difundida na opinião pública
onde a moral desta consciência coletiva influencia a forma de pensar e agir o indivíduo,
e muitas vezes suprimem o próprio pensamento individual. Uma sociedade que tem
“homens médios”, ou medíocres segundo o próprio autor, a consciência coletiva torna-
se um reflexo, uma vez que ela é formada pela própria sociedade e dá a diretriz da
maneira de ser e pensar daquela sociedade. Entretanto a interação com esses preceitos
morais pode variar de indivíduo para indivíduo.

A regularidade dos dados mostra que há tendências coletivas externas ao


indivíduo e em número considerável de casos, é possível constatar isso diretamente, que
nada tem de surpreendente para quem reconheceu a heterogeneidade dos estados
individuais e sociais. Os segundos, só podem vir até nós de maneira exterior, pois não
decorrem de predisposições pessoais.

Na medida que integramos um grupo, somos por ele influenciado, do contrário,


nos distanciamos deste. Todos nós vivemos tanto sendo arrastados no sentido social,
como também, seguindo a inclinação da natureza, dessa forma, duas forças antagônicas
estão sempre presentes. Uma vem da coletividade e tenta se apoderar do indivíduo, a
outra vem do indivíduo e rejeita a anterior. A primeira é mais forte, pois se deve a
combinação de todas as forças particulares, porém só chega a nós enfraquecida. Quando
é muito intensa ou frequente, pode marcar as constituições individuais; Dessa forma, o
meio de calcular dado elemento do tipo coletivo, não é medir a grandeza que ele tem
nas consciências individuais e tirar a média. O certo seria realizar a soma antes e mesmo
assim esse procedimento de avaliação estaria abaixo da realidade.

Sabe-se que o eu é a resultante de uma multiplicidade de consciências sem eu e


que cada consciência elementar é produto de unidades vitais sem consciência, bem
como cada unidade vital se deve a uma associação de partículas inanimadas.
Determinada crença é suscetível de existir independente de suas expressões individuais,
porém com isso, não se quer dizer que a sociedade é possível sem indivíduos, e sim se
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quer dizer que o grupo formado por indivíduos associados é uma realidade de tipo
diferente de cada indivíduo tomado isoladamente e que os estados coletivos existem no
grupo cuja natureza eles derivam, antes de afetar o indivíduo como tal e de se organizar
nele uma existência puramente interior.

Neste ponto, a partir do exposto no capítulo, Durkheim interliga os conceitos


expostos, nos trazendo evidências que fundamentam as causas sociais geradoras de
suicídios. Ele esclarece que, o Egoísmo, o Altruísmo e, de certa forma, a anômia estão
presentes no cerne dos grupos sociais, pois, dos indivíduos se espera uma marcada
personalidade, mas também, se espera que dela se abdique se assim o progresso do
grupo requisitar. Tais forças, por mais contraditórias que sejam, covivem e moderam-se,
tornando o agente moral equilibrado e afastado do ideal suicida. Porém, da mesma
forma que aquilo que temos por remédio torna-se veneno quando há desajuste das
doses, com as forças sociais ocorre que, uma ou outra, ao se intensificar, transforma
aquilo que tínhamos por força moderada em corrente suicidógena.

A representação quantitativa dos casos de suicídios esta intimamente ligada à


intensidade da corrente suicidógena que depende de três tipos de fatores, a saber, os
individuais, os sociais e os eventos perturbadores da moral coletiva. Dos fatores
individuais, só estabelecem relação causal os que são considerados gerais e impessoais,
pois são invariáveis. Já os sociais, podem variar, mas esta variação só ocorre quando a
sociedade muda, portanto, a representação quantitativa tende a não variar em uma
mesma sociedade.

Praticamente é impossível afirmar que uma corrente suicidógena está presente


em toda a sociedade. Ela se pronuncia apenas em meios sociais específicos onde há
estímulos favoráveis ao seu desenvolvimento. Isso revela que a personalidade coletiva
dos meios é um fator contributivo e distintivo das taxas sociais de suicídio e que, por
mais apartada que esteja das outras, ela está interligada e forma com elas uma unidade.

A corrente suicidógena e o agente social atingido tornam-se correspondentes por


possuírem a mesma origem formadora, ou seja, a sociedade. De um lado, o indivíduo é
moldado de forma que se torna menos capaz a resistir. De outro, a corrente suicidógena
se intensifica e instala-se nos meios mais propícios a formar tais indivíduos. Além disso,
no que se referem a causas individuais, inúmeros fatores clínicos podem ser
mencionados, porém esses fatores pontuais são apenas contributivos e não causais, pois
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eles não explicam o motivo que torna as taxas de suicídio invariáveis, por isso é preciso
observar além das causas pontuais e verificar a unidade da questão.

Por fim, um fator acessório importante da ação suicida é o tempo. Este fator é o
definidor do momento em que a ação suicida irá ocorrer e é ele quem explica por que a
taxa de suicídio permanece constante mesmo existindo um número mais vultoso de
indivíduos que a corresponde, ou seja, a corrente suicidógena penetra com nos
indivíduos aos poucos e eles só cumprem seu destino por camadas sucessivas de
gerações.

Alunos: Aílton Lafaete Melo da Silva Frotscher ; Ana Beatriz da Silva Santos;
Juliana Caetano dos Santos.; Natália Moura Alcântara; Ramon Batista Bernardes Farias;
Renan Lira da Silva.

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