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1) O estudo feito por Durkheim, sobre “”o suicídio”, se relaciona também com o seu

outro estudo sobre”a divisão do trabalho social”, onde o autor encherga a


modernidade,em sua solidariedade orgânica e divisão e diferenciação que ela
proporciona aos indivíduos,como um fator relativamente positivo,uma vez que
proporciona certa autonomia. Porém, o sociólogo observa como esta diferenciação
se desenvolve de modo a desagregar os indivíduos, que cada vez mais
individualizados e diferenciados não conseguem se encontrar no coletivo , pois a
ausência de valores e de sentidos integradores a comunidade faz com que o
indivíduo se sinta cada vez mais a par da sociedade e dos interesses comuns. E
este sentimento de desintegração e de despertencimento provocados pela
modernidade é um dos elementos que Durkheim irá abordar para desenvolver a sua
teoria sobre o suicidio.
Citando um trecho da obra de Raimundo Aron:

“As causas reais dos suicídios são, em suma, forças sociais que variam de
sociedade para sociedade, de grupo para grupo e de religião para religião.
Emanam do grupo e não dos indivíduos isoladamente. Uma vez mais,
encontra-se aqui o tema fundamental da sociologia de Durkheim, a saber, o
fato de que em si as sociedades são de natureza diferente dos indivíduos.
Existem fenômenos e forças cujo suporte é a coletividade e não a soma dos
indivíduos. Estes, em conjunto, fazem surgir fenômenos ou forças que só
podem ser explicados pela sua conjunção. Há fenômenos sociais
específicos que comandam os fenômenos individuais; o exemplo mais
notável ou mais eloqüente é justamente o das correntes sociais que levam
os indivíduos à morte, embora cada um deles pense que está obedecendo
apenas a si mesmo, quando na realidade é um joguete dessas forças
coletivas.”

Então fica claro aqui a intencionalidade de Durkheim, como este busca a partir do
suicídio demonstrar a força da coletividade e como esta se diferencia e se sobrepõe
as disposições individuais ,como, no fenômeno do suicídio, representa a causa
muito mais concreta para este fenômeno.
O estudo de Durkheim sbre o suicídio segue o rigor de uma dissertação
acadêmica. Começa primeiro definindo o fenômeno, depois, segue numa refutação
das interpretações anteriores, para terminar no estabelecimento de uma tipologia,
e,com base nessa tipologia estabelecida, desenvolve uma teoria geral do fenômeno
estudado.
Durkheim define o suicídio “todo caso de morte provocado direta ou indiretamente
por um ato positivo ou negativo realizado pela própria vítima e que ela sabia que
devia provocar esse resultado”, ato positivo no sentido de disparar um revólver de
uma ação direta do indivíduo no sentido de acabar com sua própria vida, ato
negativo,no sentido onde este por exemplo, se negar a comer e indiretamente, isso
ocasiona a sua morte.

Dhurkhdim desenvolve três tipos de suicídio, o suicídio egoísta, o suicídio altruísta e


o principal em sua obra, o suicídio anomico. Ao desenvolver essa tipologia em se
trabalho, Durkheim utiliza-se de uma série de estatisticas, sendo assim, ao observar
que a taxa de suicídio é variável segundo uma série de circunstâncias, determina os
tipos sociais de suicídio com bassê nessas correlações estatísticas, entre as taxas e
as circustancias correlatas.
Dentre os fatores considerados por Dhurkheim para caracterizar o suicídio egoísta,
está a idade, sexo, religiao, família e filhos. Nessa correlação entre e os contextos
sociais aos quais os indivíduos estão ou não integrados Durkheim chega às
seguintes conclusões:

1. A taxa de suicídio aumenta com a idade,é maior entre os homens


2. Varia com a religião , nesse caso chama atenção para o fato, por ele observado,
de que é maior entre protestantes do que entre católicos
3. Conclui que entre as mulheres casadas e sem filhos essa taxa se eleva, porém,
entre as mulheres casadas e as famílias com filhos ela diminui.

É importante ressaltar como o autor agrupa essas circunstâncias, concomitantes ao


aumento ou a diminução das taxas de suicídio, como coeficiente de agravamento ou
coeficiente de preservação, ou seja, fatores que favorecem e influenciam o ato do
suicídio e fatores que diminuem essa possibilidade.
Sobre o suicídio altruístas, é interessante que este é provocado não por uma
desintegração dos indivíduos ao grupo, mas o contrário, por uma integração
excessiva, na qual o própria coletividade e sobrepõe ao valor atribuido a vida
individualmente, ou seja, tanto uma integração excessiva quanto uma desintegração
excessiva podem levar a esses casos.
O suicídio anomico é o mais importante entre esta tipologia desenvolvida por
Durkheim, pois serve para diagnosticar a sociedade moderna, é uma tipologia de
suicídio desenvolvida para caracterizar um fenômeno constituído com a
modernidade, provocado por ela.
Esse tipo de suicídio é revelado através da correlação estatística entre a frequência
de suicídio e as “fases do ciclo econômico” da sociedade
Segundo Durkheim, as estatísticas apontam um aumento nessas taxas em tempos
de crise econômica extrema, mas também em momentos de grande
prosperidade,bem como tende a diminuir durante grandes acontecimentos políticos,
como durante a guerra, por exemplo.
Esse tipo de suicídio está ligado diretamente as condições de vida proporcionadas
nas sociedades modernas, onde não há uma existência regulamentada pelos
costumes, uma força moral de integração e as pessoas se encontram individiozadas
e em competição permanente umas com as outras, sobrepondo as paixões
individuais a uma ordem coletiva.
Raimondi Aron acrescenta algumas críticas a análise Durkheimiana, sobre o
suicídio, primeiro, relacionada aos próprios dados , segundo Aron, dados carentes
de expressividade, quantidade e precisão, principalmente levando em consideração
a pretensa abrangência das conclusões que Durkhem extrai do uso desses dados.
Aron também critica como Durkheim, ao fazer a correlação estatística dos dados e
estabelecer os chamados coeficientes de preservação e de agravamento, ignora
possíveis circunstâncias, provavelmente mais relevantes para a compreensão do
fenômeno, como por exemplo, quando estabelece a adesão a religião católica ou
protestante, respectivamente, como um fator de preservação e agravamento, sem
levar em conta, por exemplo, o próprio espaço social onde essas pessoas habitam,
durkheim não cogita que as condições de existência oferecidas por uma vida no
espaço rural,em proximidade com a natureza e maior integração com a comunidade
, e as condições de vida oferecidas no espaço urbano, velocidade, individualismo,
com a insalubridade, caos e competitividade que esse opera, podem ser fatores
muito mais relevantes no propósito de entender o fenômeno de, estabelecer
coeficientes de preservação e agravamento.

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