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“Personalidade e implicações das organizações em níveis de

desenvolvimento”, conceitos de Nancy McWilliams

Lucimara da Silva
Cássia Micheli da Silva
Discentes - FAEST

O presente artigo traz a perspectiva da Dr. Nancy Mc Williams, graduada


na National Psychological Association for Psychotherapy of New Jersey, sobre a
formação do caráter no estágio inicial de vida, ou seja, nos primeiros anos da
infância e as argumentações organizacionais sobre o desenvolvimento da
personalidade de cada pessoa, independente de qual situação psicológica ela
esteja inserida durante o processo de tratamento psicológico. Suas contribuições
são de caráter explicativo e também baseado nos estudos mais relevantes
acerca do assunto, como as contribuições de Sigmund Freud, o fundador da
Psicanálise, entre outros nomes de grande peso.

McWilliams desenvolveu seu pensamento crítico sobre o assunto


norteando-se em dois eixos sobre a organização das possibilidades de caráter:
formulações psicodinâmicas e a arte da psicoterapia. A autora inicia sua
explanação pontuando a visão de muitos especialistas e até mesmo pessoas
sem formação acadêmica, acerca do funcionamento psicológico de uma pessoa
adulta estar intimamente ligada aos acontecimentos de sua infância, pontuou a
relevância de que entender os desafios que cada pessoa passa no decorrer de
sua vida, ajuda a entender quem essa pessoa se tornou e consequentemente
entender também as origens de possíveis desencadeamentos psicológicos, as
chamadas patologias.

Em sua concepção, McWilliams ponderou o funcionamento psicológico na


infância sendo subdividos em 3 momentos: 1º fase oral de Freud, de 1 a 2 anos
de vida, 2º fase anal de Freud, dos 18 meses até os 3 anos, 3º Período edipiano,
de 3 até os 6 anos de vida, sendo que cada estudioso utilizou-se dessa divisão
para formular seus pensamentos críticos acerca do assunto, defendendo suas
teses ou com base em pulsão e defesa, ou o desenvolvimento do ego ou as
imagens de self, alguns tornaram relevantes o comportamento dos estágios,
outros estudaram a cognição ou até mesmo o amadurecimento efetivo da
criança.
Dentro desse contexto de desenvolvimento do psicológico humano, existe
toda uma história sobre os níveis de patologias referentes ao caráter, levando
em consideração que podem existir inúmero motivos para que elas acometam
qualquer pessoa que seja. Criaram-se diagnósticos para as mais diversas
situações, como o diagnóstico de Emil Kraepelin ou diagnóstico Krapeliano:
neurose versus psicose, que tem como objetivo principal observar as síndromes
genéricas, encontramos também o diagnóstico da psicologia do ego que busca
diferenciar neurose sintomática, caráter neurótico e a psicose e também o
diagnóstico das relações de objeto que buscaram estabelecer a diferenciação
dos níveis de problemas mentais existentes, estabelecendo critérios mais
específicos para cada um destes.

Todos esses diagnósticos são frutos dos muitos tipos de patologias que
envolvem o ser humano hoje, precisava-se definir o que era sanidade mental e
o que não era para que um campo de pesquisa pudesse ser montado, e asim o
homem pudesse encontrar embasamento cientifico para as doenças mentais
que afligiam o meio social desde a era primitiva.

Permeando este assunto de desenvolvimento psicológico, a abordagem


da autora abrangeu colocações sobre aqueles que sofrem certos distúrbios
mentais também ou que apresentam problemas mais sérios e alertou sobre a
necessidade de transmitir conhecimentos mais eficazes e efetivos para aqueles
mais afligidos dentro da sociedade.

Sobre esses tipos de comportamentos anormais no meio social, as


terapias são elencadas da seguinte forma:

Paciente de nível neurótico: melhor recomendada para pessoas que desejam


apenas realizar algum tipo de mudança de caráter ou apenas promover um
autoconhecimento mais profundo sobre si mesmo, sendo que esse tipo de
terapia pode ser feito através de tratamentos de curto prazo e terapias não
psicodinâmicas.

Paciente na faixa psicótica: tratamento indicado para pessoas que sofrem de


algum “absoluto apavoramento”, sendo que a principal forma de tratar essas
pessoas se dá através do que se denomina “terapia de apoio” ou “terapia
expressiva” (termo mais atual) que auxiliará a pessoa a recuperar tudo aquilo
que ela perdeu, como: dignidade, autoestima, a força do ego e a de se obter a
necessidade de informação, lembrando que esse tipo de tratamento é para
pessoas com nível psicológico mais “perturbado”. Tanto que para nesses casos,
o terapeuta precisa conquistar a confiança do paciente para iniciar o trabalho,
pois a mente dessas pessoas em estágio inicial de tratamento está
completamente obscura para o terapeuta, a pessoa pode estar adepta ao
tratamento como pode estar enxergando negativamente esse processo e
consequentemente estar olhando o terapeuta como um inimigo a sua atual
“liberdade”. O terapeuta deverá demonstrar honestidade, respeito e promover
toda segurança necessária para o ambiente.

Nessa fase, que se trata da terapia de apoio, o terapeuta desenvolve um papel


educativo também, pois em muitos casos, o paciente não consegue discernir
bem os sentimentos e fantasias, existe uma confusão cognitiva em sua mente.
Nesses casos o profissional deve ser apto para instruir as mais diversas
situações a seus clientes. Se faz importante nesses casos a descoberta dos
desencadeadores dessas situações, precisa-se estar atento as reações de cada
paciente, reações como estresse ou de agonia, que consequentemente trarão
possíveis mudanças ao estado de seu portador. Nesses casos o terapeuta deve
saber como se portar diante da situação, para não incitar sentimento algum no
cliente.

Paciente com espectro bordeline: pessoas nesse nível, precisam de uma terapia
altamente estruturada, em suma, o objetivo principal do tratamento é o
desenvolvimento de um senso self integrado, dependente, complexo e
positivamente valorizado. O tratamento auxiliará a pessoa evoluir sua
capacidade de amar outras pessoas independente de suas contradições. Lidar
com as faixas de emoções é um dos pontos principais para paciente com
espectro de bordeline. O tratamento inclui a proteção dos limites e o estudo da
intensidade emocional, o portador de espectro demonstra falta de estabilidade
do ego, suas reações são alternadas, vale mencionar também, que essas
pessoas podem reagir com raiva aos limites profissionais.

Outro aspecto relevante de pessoas com espectro bordeline, segundo


McWilliams diz respeito a maneira como falamos com essas pessoas, lembrando
que a self dessa pessoa pode variar em cada situação, cada fala do terapeuta
deve levar em consideração esse fato, não existe uma configuração única para
eles, suas reações variam sempre.

Existem algumas medidas que podem auxiliar o terapeuta a ter um bom


relacionamento com esses pacientes em especifico que é pedir sua ajuda diante
de algum dilema. McWilliams traz um relato sobre um de seus pacientes de 22
anos de idade que a partir de um certo momento das sessões de terapia passou
a dar longas pausas em suas falas e a atmosfera seguia por minutos de silêncio,
esse fato tornou-se preocupante na vida da autora, porque ela sabia que algo
errado estava acontecendo e que suas próximas atitudes poderiam definir a
continuidade do tratamento ou não. Então ela optou por utilizar o método de
deixar o paciente ser o seu supervisor. E lhe perguntou o que ele desejava que
ela fizesse, e ele pediu para que ela apenas ficasse em silêncio também quando
ele ficasse quieto, assim, tornando real o pedido do paciente os resultados
alcançados puderam ser positivos.

O terapeuta deve enaltecer os episódios de autônima e ensina-los sobre


estar seguro mesmo estando sozinhos. E tomar muito cuidado para que suas
ações não sejam contrárias a isso. Portadores de bordeline quando estão
agitados emocionalmente deixam seu estado perturbador demais para entender
e fixar qualquer coisa que lhe sejam ditos, o médico deve esperar que ele se
recomponha para que então algo possa ser dito ou feito.

A Dr. Nancy McWilliams fez importantes colocações sobre aquilo que


vinha sendo estudado no passado até as explicações mais recentes para o
desenvolvimento e formação mental das pessoas, seus argumentos focaram-se
em afirmativas já realizadas no passado, nos estudos do presente e em seu
ponto de vista de acordo com sua “vivência” profissional.

McWilliams considerou estudar como ocorre a formação do caráter


humano, passando pelas diversas situações que podem ocorrer desde a
infância, até a fase adulta, trazendo as considerações de Freud, como uma linha
base para o raciocínio, buscando conceitos estabelecidos por mais estudiosos
da área e trazendo as informações mais importantes sobre os níveis de
tratamento para cada tipo de patologia existente.
Tornou-se claro e objetivo que tanto o profissional quanto o paciente têm
suas limitações e ambos desejam um mesmo objetivo, promover a saúde e o
bem-estar da pessoa acometida pela patologia. O terapeuta deve estar atento a
tudo que permeia o paciente, ter conhecimento cientifico sobre as principais
razões e causa de cada tipo de problema mental e ao mesmo tempo estar ciente
que cada indivíduo é único, portanto existem medidas corretas para cada
situação. De igual maneira, cada paciente procura por um médico para que
possa lhe auxiliar a descobrir a causa de seu problema, que na maioria das
vezes é desconhecido por si próprio.

A Dr. McWilliams trouxe uma contribuição gigantesca para a sociedade e


proporcionou ao leitor a possibilidade de conhecer além dos pensamentos dos
grandes doutores da área, a sua visão simples e sincera sobre os mais variados
assuntos de diagnósticos da psicanálise.

Palavras chaves: Diagnóstico Psicanalítico. Níveis de desenvolvimento.


Personalidade.

REFERÊNCIA
MCWILLIAMS, Nancy. DIAGNÓSTICO PSICANALÍTICO: Compreendendo a
estrutura da personalidade no processo clínico. 2.ed. Porto Alegre: Artmed,
2014.

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