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Identificação: MDS, 48 anos, solteira, natural e procedente do interior de São Paulo, está no 3º
período de curso técnico em enfermagem, desempregada, evangélica, mora com os filhos de 23
e 26 anos.
Curva vital:
M. é a quarta filha de uma prole de 7. Desconhece alterações em seu desenvolvimento
neuropsicomotor ou patologias na infância. Relata que viveu na zona rural com a família até os
17 anos de idade. Descreve uma infância feliz e conta que por ser a única menina entre os filhos,
era "egoísta, não sabia dividir'. Nega dificuldades na aprendizagem ou interação social durante
a infância e adolescência. O relacionamento familiar era bom.
Quando M. tinha 14 anos, encontrou a mãe morta após cometer suicídio. Sofreu muito
com isso e refere que toda a relação familiar mudou. Teve que assumir os cuidados da casa e
começar a trabalhar. A convivência com o pai tornou-se difícil, sentia raiva dele pela morte da
mãe.
Aos 17 anos começou a trabalhar como doméstica e foi morar na cidade. Nessa época,
teve seu primeiro relacionamento amoroso. Tempos depois, já com 21 anos, M. conheceu o pai
de seus filhos. Conta que logo no início do namoro ficou grávida. Não gostava do rapaz, porém,
diante da gestação não planejada, foram morar juntos. Parou de trabalhar porque o companheiro
não permitia. Conta que ele era "alcoólatra" e, 5 anos depois do início da relação, o enlace
chegou ao fim.
Relata que daí em diante não teve qualquer ajuda do homem em relação ao cuidado das
crianças, nem mesmo financeira. Criou os filhos sozinha e com muito esforço. Voltou a trabalhar,
passando por diversos empregos. Trabalhou algumas vezes como doméstica, foi salgadeira em
uma lanchonete e por último em uma fábrica de sorvetes. Seu maior tempo de permanência em
um emprego foi de 2 anos. Alega que tinha bom desempenho e relacionamento com colegas,
porém, sempre "enjoava do trabalho ou tinha algo que incomodava", então pedia demissão.
M. afirma que sempre foi pessoa de fácil convivência e comunicativa, gostava de sair,
reunir-se com amigos. Era bastante ativa nas atividades da igreja. Teve mais dois namoros
longos, sendo que o último foi há 5 anos. Relata que separaram-se porque o homem tinha um
"amor doentio" e não gostava de seus filhos.
Há 1 ano e meio iniciou curso técnico em enfermagem e por isso parou de trabalhar. Os
filhos têm mantido a família financeiramente, o que lhe gera intensas preocupações, contribuindo
com a piora do quadro descrito no início deste ensejo.
Hábitos de vida:
Nega etilismo, tabagismo e uso de drogas ilícitas. Sedentária.
Antecedentes pessoais patológicos:
Alopecia androgênica. Nega outras comorbidades. Nega histórico de TCE e convulsões.
Constelação familiar:
Mãe cometeu suicídio. Avó materna apresentou quadro de alteração do comportamento
(paciente não sabe de maiores detalhes).
Exame físico:
BEG, corada, hidratada, acianótica, anictérica, afebril. IMC: 34,42 kg/m²
ACV: RCR, 2T, BNF s/ sopros. PA: 110x70mmHg.
AR: MVF s/ RA, eupneica.
Abdome: atípico, RHA+, normotenso, indolor à palpação, sem visceromegalias ou massas
palpáveis.
Membros: sem edema, panturrilhas livres.
Exame psíquico:
Apresentação: vestes em alinho, higiene pessoal adequada, colaborativa com a entrevista.
Plano intelectivo: consciência, orientação, atenção, inteligência, memória, linguagem e
sensopercepção normais. Pensamentos recorrentes de culpa.
Plano afetivo: humor eutímico. Nexos afetivos preservados. Sem alteração da consciência do eu.
Insight presente.
Plano volitivo: vontade normal. Hipopragmatismo. Sugestionabilidade e impressionabilidade
normais. Perda de controle de impulsos. Psicomotricidade normal.
Medicações em uso:
Escitalopram 20 mg/dia;
Topiramato 25 mg/dia.