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História clínica: tem rinite e sinusite alérgica, depressão (Maio/2015), esteatose hepática leve
(Julho/2019).
História de vida: Filha de mãe com obesidade e diabética e pai eutrófico. Tem um irmão
mais novo, mas pouco fala sobre ele. Disse que na casa da mãe a alimentação era muito farta
e que a mãe adora agradar as pessoas com comida. Sempre foi muito mimada pela mãe para
fazer tudo que quisesse. Fez intercâmbio quando adolescente, é servidora pública e está
casada há 11 anos.
Casou-se com um rapaz que também viveu em fartura de alimentação em casa, que era um
adolescente bem gordinho e agora não é mais porque faz muita atividade física.
Alimentação: sem nenhuma rotina alimentar, tanto quanto aos horários, local, tipo, qualidade
e quantidades dos alimentos.
Ama “comer o que quer na hora que quer”, sente muito prazer em comer. Tem um paladar
diversificado e adora experimentar novos alimentos. Apesar de gostar bastante de frutas, tem
preguiça. Gosta de saladas incrementadas com queijos, castanhas, sementes, azeite, bacon
frito e molhos maravilhosos.
Adora conhecer novos restaurantes e alimentos de outras cidades e pedir entrega pela internet.
Sempre está com um “alimento da vez”, come direto por vários dias e depois enjoa. Gosta de
ir à um determinado restaurante, só para comer “a” empadinha, “o” brownie, “o” bolo de
caramelo, etc.
É tida como “referência de comida boa” para os amigos. Todos os amigos ligam para ela para
pedir dicas de restaurantes e comidas tanto na sua cidade como quando vão viajar, e ela adora
esse reconhecimento, se vê com um papel importante e está sempre buscando mais para
surpreender os amigos. Como valoriza muito comida boa e de qualidade, não come qualquer
coisa só para matar a fome. Então, muitas vezes fica grandes intervalos sem se alimentar, a
fome aumenta e acaba devorando o prato na próxima refeição. Também gosta bastante de
tomar vinhos e cervejas. O esposo e amigos são bons companheiros de bebidas de quinta à
domingo, não necessariamente todas as semanas, mas pode acontecer.
Gosta de comer chocolates diariamente. Disse que o chocolate, além de gostoso, acalma ela
quando recebe reclamação dos filhos na escola. Quando está comendo junto com os filhos,
não pensa no que está comendo.
Personalidade: É muito perfeccionista e se dedica bastante para ser boa profissional, boa
esposa, boa dona de casa e boa mãe. Apesar de perfeccionista adora quebrar regras. Acha
chato ter que seguir “protocolos”.
Tem imensa dificuldade em preencher um diário alimentar, já tentou várias vezes e não
conseguiu. Por um tempo conseguiu tirar fotos das comidas e mostrava nas consultas. E
sempre que tinha algo a mais na alimentação dizia: “é pq estava muito gostoso”, “foi só um
pouquinho”, “senão eu ia ficar triste”, “ué, não pode não?”, “descobri esse alimento novo...
uhuuum... irresistível...”, “não tô nem aí!”, “Hoje gastei 900kcal na malhação, eu posso”, “pq
eu quis!” ou “como uma mãe vai sair com os filhos e não vai comer com eles?”
É muito agitada, por isso gosta tanto de fazer exercícios e moldar cerâmicas, pois são
atividades bem intensas. Já percebeu que quando fica muito parada, começa a buscar
alimentos gostosos.
Gosta de ter tudo ao mesmo tempo, não quer “abrir mão” de nada. Então, quer comer
livremente e voltar a ser magra como sempre foi. Não aceita ter que escolher um dos dois.
Porém, quando se propõe a seguir o plano alimentar e não percebe o resultado imediato, fica
arrasada e come chocolate para se consolar. Disse que nessa hora o chocolate é como se
estivesse numa cama bem gostosa, com alguém fazendo carinho nela e falando que vai ficar
tudo bem.
Ama a liberdade e o direito de decidir o que vai fazer ou não. Sente que se decidir seguir um
plano alimentar vai ficar presa e perder o direito ao prazer de comer. “O que mais prezo nessa
vida é pela liberdade”. Cria os filhos dela assim e agora está tendo problemas com a
alimentação deles, pois estão só querendo comer guloseimas e estão tendo problemas na
escola. Isso a deixa muito triste. “Como uma coisa tão boa pode dar resultados ruins?”
História do peso: a paciente relatou que sempre foi muito magra, apesar de se alimentar mal.
Aos 25 anos teve síndrome do pânico e em 8 meses ganhou 10 kg e não conseguiu emagrecer.
Aos 31 anos, na primeira gestação ganhou 22kg, perdeu uns 18Kg e manteve o peso. Aos 34
anos, na segunda gestação ganhou 20kg, perdeu 14Kg e procurou a nutricionista. Estava com
IMC inicial= 28,5 Kg/m2, IMC mínimo atingido=26,0 Kg/m2 e IMC atual= 28,2 Kg/m2. Como
não tem conseguido emagrecer ao longo dos anos, em 2015 fez crioterapia e há 1 ano vem
tomando Saxenda® com endocrinologista, mas não está tendo resultados.
a) Analisando o Caso, quais as maiores dificuldades encontrada pela paciente? Por que
não obteve resultados positivos e sustentáveis?
Podemos observar que a paciente não consegue seguir um plano alimentar, pois não
gosta de seguir protocolos e, por isso, a mesma não tem uma rotina alimentar. Segundo ela, o
ato de se alimentar é muito prazeroso e, diante disso, nota-se que ela acaba utilizando a
alimentação como uma maneira de amenizar momentos de desânimo e tristeza, sobretudo
através do consumo de chocolate, o qual é feito diariamente.
Sua alimentação não é muito variada, pois mesmo gostando de experimentar novos
pratos, sempre está com um “alimento da vez”, o qual come direto por vários dias até enjoar.
Muitas vezes fica grandes intervalos sem se alimentar, a fome aumenta e acaba
devorando o prato na próxima refeição.
b) Qual estratégia você poderia propor à paciente para iniciar ao acompanhamento
nutricional?
Como valoriza muito comida boa e de qualidade, não come qualquer coisa só para matar a
fome.