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A DEPRESSÃO

NÃO É NENHUM
ABSURDO
Júlio Gaspar

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Júlio Gaspar, 2023 ©

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CAPÍTU LO 1
MENSAGEM DO AUTOR

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Mensagem do autor

Escrevi este livro, para de uma vez por todas, falar abertamente, sobre a depressão e os
seus efeitos «nada científico, apenas a minha experiência». Atualmente a sociedade
generaliza muito as doenças mentais, apelidando os que as têm de “malucos”.

Sendo que ter uma doença mental, é como ter uma dor no joelho, toma-se um
analgésico e este controla a dor. Assim acontece nas doenças mentais, tomamos um
comprimido, e controla-se os sintomas.

Nos presentes dias, dizer-se que se vai a um psicólogo ou a um psiquiatra, não é nada
banal, comparando à banalidade que é dizer que se vai a um dentista «nada contra os
dentistas, mas é a verdade». Talvez, pela falta de informação a algumas pessoas
«escolha delas», não acham normal ir-se a um psicólogo e por isso, chacoteiam das
pessoas que usufruem, considerando-se que nos dias que correm, é cada vez mais
necessário.

É por isso, que temos de banalizar uma ida ao psicólogo ou psiquiatra, assim como já
banalizarmos ir a qualquer outra consulta.

Este livro, serve para isso mesmo apesar de, ter apenas 19 anos «é eu sei, ainda sou
muito novo…», mas talvez a minha experiência, sirva para mostrar, o que muita gente
sofre no seu canto cercadas de maus pensamentos, fabricados por si própria, que apenas,
corrói e destrói, uns lentamente e outros mais rápido, cada um a seu tempo.

A minha teve os seus segundos, as suas horas, os seus minutos, os seus dias, anos …
Avançou de uma forma imparável, que não a consegui controlar, e não sei se algum
dia irei.

Se ao leres isto, e percebes-te que estás na mesma situação que eu, temos «sim eu e tu,
juntos! Afinal… Como canta Marisa Liz, “[…] Juntos, somos mais fortes // Seremos o
céu que abraça o mundo // Juntos, seremos a voz que acende o amor, o amor […]”».
Não sofras sozinha/o, há pessoas que estão e querem estar dispostas para te ajudar.

Deixo-te aqui alguns exemplos, de pessoas e instituições que só te querem ajudar.

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SOS VOZ AMIGA TELEFONE DA AMIZADE

CONTACTO: CONTACTO:

+351 213 544 545 +351 222 080 707

+351 912 802 669

CONVERSA AMIGA VOZ DE APOIO

CONTACTO: CONTACTO:

+351 808 237 327 +321 225 506 070

+351 210 027 159

VOZES AMIGAS DE ESPERANÇA SERVIÇO DE ACONSELHAMENTO


DE PORTUGAL PSICOLÓGICO (SNS24)

CONTACTO: CONTACTO:

+351 222 030 707 +351 808 24 24 24

Como podes ver são pessoas e instituições, que dedicam a maior parte do seu tempo,
apenas para ajudar o próximo.

Um conselho: “USA E ABUSA” agradeces-me depois 😉»

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CAPÍTU LO 2
A “sorte” da depressão

de.pres.são dəprəˈsɐ̃w̃

nome feminino

"estado mental caracterizado pela persistência de sintomas como apatia, desânimo,


melancolia, cansaço e ansiedade"

(“depressões | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa”)

Infopédia, Dicionários Porto Editora

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Definição de
DEPRESSÃO
pela sociedade

Um coitado que anda por aí

Maníaco Infeliz Malsucedido na vida


Só quer atenção

Maluco
Miserável Doentio

Não tem o juízo todo

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A depressão - um golpe de sorte «sim! De sorte»

Utilizando a fama que ganhei ao longo dos anos, de não andar com rodeios, e ir
diretamente ao assunto, a depressão trouxe-me coisas boas «não, não leste mal, e não,
não estou louco, se é isso que te passou pelo pensamento em algum momento». Sei que
é estranho, dizer-se que uma doença mental, trouxe coisas boas, mas… Eu explico:

- Muita gente «mesmo muita», desconhecia que tinha uma depressão, e ao descobrirem
ou se riram na minha cara e diziam: - “Não tens que te ame e dê atenção e queres
arranjar quem te de!” - Nunca foi essa a questão, felizmente tive pais, amigos que me
deram tudo isso. Outros disseram: - “Não devias estar internado? É que a depressão é a
«doença dos suicidas!» Interna-te!”, neste caso apenas olhei para a pessoa durante
alguns segundos, virei costas e retirei-me do mesmo espaço em que a pessoa em questão
estava, pois se não iria mandá-la para o caralho.

Isto tudo só para dizer que se não fosse a depressão, salvo seja, não retiraria algumas
pessoas da minha vida, que se diziam meus amigos, não vou nomear nomes, é claro,
mas se algumas dela estiver a ler isto saberá que foi ela, e se realmente estiveres a ler
isto, aproveito agora para te mandar para a mais funda casa do caralho.

Se dizem isto, é porque não merecem a nossa amizade.

Como uma grande colega minha diz «tudo acontece na vida por alguma razão, e se há
pessoas que saem da nossa vida é porque assim tinha de o ser» e muitas vezes é o
melhor!

Mas tirando essas pessoas, há algumas a quem tenho muito «mesmo muito» a agradecer,
e estas vou nomear nomes, porque amigos assim há poucos, e tive a sorte de ter alguns
como eles.

Depois de este paragrafo de lamechices, passo a agradecer um a um, nomeando-os:

Começo pela Catarina Magalhães, uma pessoa especial que entrou na minha vida, em
2010, uma “shine girl”, que abrilhantina o dia de qualquer um.

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Segue-se a Daniela Silva, estamos juntos desde a pré, ou seja, quase desde que
nascemos nem me recordo qual ano, mas independente do seu mau humor matinal, é
uma rapariga 5 estrelas, que ajuda qualquer um independentemente de qual seja o
assunto.

Falar-vos-ei agora de uma rapariga, que entrou na minha vida em 2016, e não a vou
deixar sair «assim como as outras», seu nome Lara Ferreira, a sua bondade, alegria,
bem-disposição, força e coragem imensas.

Continuando neste rol de agradecimentos, vou agora escrever, sobre Maria Almeida,
desde as chamadas de verão às conversas disparatadas estas ajudaram-me muitas vezes
a baixar o nível depressivo e a elevar a autoestima, a confiança e a alegria.

Segue-se uma das minhas baixinhas favoritas, Patrícia Roque, animando os outros, a ela
e o ambiente, com um simples olhar, olhar esse que reflete tudo o que ela é, uma pessoa
amiga, alegre, carinhosa e de sorriso com a vida e com todos «ou quase todos».

Falo agora de Luciana Vicente, uma pessoa também 5 estrelas, que deseja o bem a quem
lho deseja, sempre brincalhona com os outros, e é isso que a torna na pessoa incrível
que é.

Refiro-me agora sobre uma das pessoas que mais adoro, Miriam Dias, tem uma alegria
contagiante, e uma calmaria que invejam qualquer um, combatendo todos os problemas,
com a maior garra, que é sinónimo de ela mesma.

Outra grande pessoa é Ana Beatriz Pires, uma das minhas primas favoritas, sempre
muito alegre e amiga, sempre pronta a pôr os seus problemas em “stand by” e ajudar o
outro a resolver os seus, definitivamente.

Pedro Ralo «dispensa apresentações», desde que me lembro, sempre depositou em mim
muita confiança, tanto como pessoa e amigo, como meu maestro e professor na Banda,
sempre alimentando o meu ratinho pela música que agora se tornou insaciável.

Gonçalo Sousa, assim como Pedro Ralo foi sempre alimentando o meu ratinho pela
música, mas também pela tecnologia, sempre com uma piada e uma carta na manga,
pronto para pôr a malta a rir durante longos minutos.

Descrevo agora, Carla Santos, uma das pessoas sempre muito prestável e, alegre, e com
um sentido de humor inabalável que a caracteriza.

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Preciosa Nunes e família, que a sua alegria, boa disposição, me fizeram ver o lado
engraçado da vida.

E por fim, mas não menos importante, aliás até mais, Júlio Nunes, meu querido avô,
«não vou entrar em muitos pormenores pois o livro é sobre a depressão e a minha
experiência com ela» sempre me ajudou muito e acreditou em mim, e mesmo depois de
falecido, faz 9 anos, continua a ajudar.

A estas pessoas, o meu mais sincero agradecimento!

Nunca o saberei como pagar.

Atualmente, as próprias empresas de telecomunicações e outras empresas e entidades, já


falam sobre o assunto, nos seus anúncios, o que alerta grande parte de Portugueses/as.

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CAPÍTU LO 3
A parte má da depressão

{ 11 }
A parte má da depressão

Ora como nem tudo é um mar de rosas é claro que a depressão me trouxe uma parte má.
Tudo começou com a morte do meu avô, o facto de me terem escondido a sua morte até
ao dia do funeral desabou tudo. Durante estes 9 anos «que ao passar tortura e consome
cada vez mais de mim», sempre tentei controlar esta dor, foi tão difícil controlar esta
dor, tão difícil que ganhei um trauma, com velórios funerais e coisas do tipo atualmente
não consigo entrar numa igreja e saber que está a acontecer um funeral, e se por acaso
conseguir entrar sinto-me desconfortável.

Os pensamentos obscuros que a depressão me trouxe, foram inúmeros ainda tenho


cicatrizes internas e externas de tudo aquilo que fiz a mim próprio. Há episódios que
vou falar mais à frente que nunca pensei tê-los, nem nunca pensei que alguém poderia
também já ter passado por aquilo ou estar a passar.

A depressão não escolhe pessoas, ela ataca e acaba com qualquer um, independente da
idade, sexo, vida, ….

Atualmente qualquer de um nós pode ter uma depressão, uns sofrem mais do que
outros, mas sofrem de alguma maneira, muitas vezes são causadas por perdas precoces
de alguém que nos é muito amado «como foi o meu caso», mas consegue superá-la ao
contrário de mim.

Tornou-se uma doença autoimune em que alguns dias eufórico e com uma felicidade
louca, mas existia outros em que mal conseguia olhar ao espelho.

Houve um episódio, que é dos poucos que me lembro, em inícios de setembro, em que
eu estava mesmo muito mal em um estágio em Vila Nova de Poiares, acabei por vir para
casa e no mesmo dia, percebo que meu pai se tinha aleijado, ao passear a minha cadela é
atropelada e eu tenho mais uma crise de desmaio. Já não era a primeira que tinha, mas,
esta tinha doido na alma. Passei uma semana e meia na cama, mal comia, mal falava,
simplesmente queria estar sozinho. Passei então a ter consultas de psicologia, no

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Hospital Pediátrico em Coimbra, com a doutora Luísa Frazão a qual eu agradeço imenso
por todo o trabalho, paciência e dedicação, que teve comigo. Na semana a seguir, a esta
montanha-russa, começa o ano letivo, no meu primeiro dia do meu 11º ano, tentei
disfarçar a forma como estava e ao que parece que resultou, o que resultou mais como já
citei acima foi toda ajuda que tive dos meus colegas e amigos, que muitas vezes sem se
aperceberem e ao dizerem um simples “anda connosco” ou um “senta-te aqui”,
salvaram-me de aquilo que eu podia fazer naquele dia. Tenho lido muitos casos de
pessoas que se suicidaram por causa de depressão, e por um bocadinho egoísta que
pareça agradeço por nunca ter chegado a esse ponto, não que nunca tivesse tentado ou
pensado, mas por ter tido bases «essencialmente fora de casa» que me agarraram e que
nunca me deixaram escavar ainda mais no fundo do poço, e que sempre me deram uma
corda para muitas vezes me trazerem para a superfície ainda que assim tenha tornado a
ir ao fundo.

Aproveitei o facto de ser o “friorento”, para muitas vezes usar as mangas do casaco ou
da camisola, para esconder muitas atrocidades, melhor dizendo auto atrocidades.

Ainda custa, falar sobre isto, mas deve haver alguém que está a passar, ou já passou por
isso, ou algo parecido e muitas vezes querem sair e não conseguem. Um conselho, para
superarem isto, apoiem-se em vocês próprios, por muito que seja difícil é a melhor
opção, pois apoiarem-se em alguém pode correr mal, e piorarem, chegando a um estado,
que ninguém quer, ou deseja.

Terminando esta parte má da depressão «apesar de existir pano para mangas», há uma
coisa que temos sempre de pensar e repetir até acreditamos na sua veracidade, e
utilizarmos na nossa vida que é: A depressão é uma doença, banal, como uma gripe,
que até pode não ter cura, mas é controlável. Mas somos nós e só nós, que a
conseguimos “domar”, e jogar com ela a nosso favor «salvo seja».

Sendo assim «e agora mesmo para terminar», deixo-vos com uma frase de inspiração,
para levaram para a vida e utilizarem contra a depressão:

"Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!"

(“Maior que a tristeza de não haver... Rui Barbosa - Pensador”)

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Eu lutei e não me arrependo, luta também por ti, por aquilo que ainda tens para viver,
LUTA POR TI E «metaforicamente falando» CAGA NOS OUTROS.

CAPÍTU LO 4
Os meus mecanismos de “defesa”

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Se chegaste até aqui, sem fechar o livro sem o por numa estante, onde apanharia pó
agradeço-te imenso.

Estamos agora aqui para falar sobre os meus mecanismos que usei para controlar a
depressão. Refugiei-me na leitura, mais propiamente nos livros de Simone de Oliveira,
titulado de “Simone: Força de Viver e Nunca Ninguém Sabe - A Batalha Contra o
Cancro”, tornando-se assim ainda mais uma referência para mim, para além da leitura,
refugiei-me na televisão «sim na TV, afinal é aquilo que quero para a vida pessoal e
profissional», conheci ainda mais e melhor uma grande referência televisa, Filomena
Cautela, carinhosamente conhecida por «Mena» tanto na altura do 5 para a Meia-noite
agora mais recentemente, no Programa Cautelar, estas duas pessoas, ajudaram-me
muito, assim comos 2 youtubers brasileiros, Lucas Lira e Sunaika Bruna, que com o seu
bom-humor e alegria, me foram contagiando esses sentimentos.

Por fim, todos nós ao controlar a depressão, desenvolvemos uma espécie de escudo, os
meus por exemplo foram a manipulação de sentimentos, e a forma de como os
conseguia exprimir sem os estar a sentir. O outro é o mau feitio «yhap! o mau feitio»,
uso-o agora para dizer o que tenho a dizer, sem rodeios, independentemente de agradar
ou não. Acredita, é muito terapêutico, porque assim não corrói a ti Há vezes em que
dizer a verdade e ouvi-la custa, mas por vezes é necessário, ouvi-la e interiorizá-la para
perceber onde temos de melhorar. Eu sinto que tenho imenso para melhorar, mas isso
talvez só com a idade. Há coisas que talvez nunca melhore, mas o que poderei irei
melhorar.

O livro pode até parecer chato, mas com as “chatices” que escrevi até agora, expressei
tudo aquilo que me ia na alma «talvez até um pouco mais». Antes do Capítulo 4,
titulado de “Fotos”, deixo mais uma vez um apelo a ti que sofres de depressão, liga
para alguém e pede ajuda. Ou então, se não sofres, mas conheces alguém que anda
diferente, com mudanças de humor repentinas, ou pensamentos suicidas, faz com que
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ele peça ajuda, dá-lhe um cartão de alguma intuição de ajuda, como aquelas que deixei
no início.

NÃO DEIXES A DEPRESSÂO


LEVAR-TE A TI OU A ALGUÉM
QUE TU GOSTAS!

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CAPÍTU LO 5
Fotos

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CAPÍTU LO 6
Cartas Abertas

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É incomum ver-se assim em um livro cartas abertas. Mas sendo eu uma pessoa
incomum, não podia deixar de fazer coisas incomuns. Portanto cá vai.

Carta de desculpas

Há algumas pessoas às quais eu tenho de me desculpar, e talvez esta carta chegue.


Nunca fui bom a expressar sentimentos, mas a escrever sempre fui melhor.

Nem sempre devemos pedir desculpas, por aquilo que fizemos, como ofender, o que
apenas o faço quando é estritamente necessário, mas muitas vezes devemos pedir
desculpas, por aquilo que não fizemos e há inúmeras coisas que não fiz. Talvez alguém
poderá ter ficado à espera que eu fizesse, tenho-lhes de pedir desculpa, ou perdão, como
queiram, talvez não tenha tido coragem e força para o fazer pessoalmente, mas sendo a
escrita o meu refúgio e a “porta de emergência”, talvez por aqui consiga, pedir tudo o
que devo e a quem devo. Pode ser impressível o que digo, mas é a mais pura das
verdades. Assim consigo expressar-me verdadeiramente. Não sei o que escrever,
confesso. No meu entender, talvez para um pedido de desculpas chegue, ou talvez, até
não chegue, sinceramente não sei. O que sei é que isto tudo serviu para pedir desculpas,
se é que aceitas.

Espero que sim. ☹

Júlio Gaspar
Carta de força

Ora, esta é pequena e dedicada a ti. Há momentos na nossa vida, em que perdemos o
chão, parece que as paredes se fecham e tornámos-mos claustrofóbicos e asfixiámos-
mos com tudo isto. Por momentos, parece que tudo está contra nós, mas precisamos de
força, a força que há em nós. Simone de Oliveira disse uma vez: “Quando se perde as
pessoas que se ama, há uma coisa que se chama tempo, e só o tempo pode curar alguma
coisa. E depois do tempo, do tempo da aceitação tem de vir uma coisa que eu chamo de
ressurreição. É preciso por um «perfume» nestas coisas. […]” E pensando bem é
verdade, por muito que nos seja difícil, temos de mergulhar de cabeça e agarrar o “touro
pelos cornos” e confrontá-lo, apoiando-nos na força que temos, e naquilo que nos
trespassa força.

Tem força, por ti, por mim, por ele/a.

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Júlio Gaspar

CAPÍTU LO 7
“Diário”

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Quando estava a arrumar umas gavetas da minha secretária encontrei umas folhas soltas e um
caderno em que vi relatos meus sobre a depressão. Uma espécie de diário, tirando aquela parte
foleira do “querido diário”, E sendo este livro sobre a minha experiência com a depressão não
podia deixar de colocar alguns excertos dos relatos mais aterrorizantes que encontrei.

“Pampilhosa, 25/fev/2019

Hoje sinto-me imensamente atacado pela depressão, sinto que não estou bem comigo próprio e
já nem os comprimidos ajudam, tudo o que possa tomar apenas alimenta a minha fome de
desaparecer, deixar tudo e todos, afinal ninguém o iria reparar e era o melhor para mim. Já não
sei o que fazer, onde me agarrar ao que sentir força para me conseguir reerguer, não sei se
aquilo que sinto é a vontade de desaparecer ou apenas um buraco negro do vazio e da
incompreensão consumindo-me cada vez mais e sem parar, talvez seja melhor falar com
alguém. Mas se nem mim confio em quem poderia confiar? Sinceramente não sei, o melhor é
talvez guardar, resmungar, engolir e pode ser que talvez passe, ou então me destrua ainda mais.
[…]”

“Pampilhosa, 21/abr/2019

Faço 15 anos, mas sinceramente preferia não os fazer, há coisas que ainda não mudaram e desde
há 2 meses. Eu fui uma delas, daquelas que talvez só o tempo cure, mas nem eu nem ninguém,
sabe se assim o será, mas não muito para escrever apenas que tive que tomar um xanax e ver se
me controlo ou então autodestruir-me […] pode ser que tanta medicação que tome consiga
controlar estes pensamentos que me queimam por dentro. […]”

“Pampilhosa, 09/mai/2019

Falta exatamente hoje um mês para acabar o 10º ano, foi um dos anos mais difíceis com
desmaios que não sei bem de o porquê de os ter ou de onde vieram, difícil também pela
medicação que tomava por tudo e por nada, por dias em que pensei realmente o que fazia neste
mundo e tentei muitas vezes sair dele de vez, claro que nem tudo foi isto. Houve momentos em
que não vou esquecer de certeza, mas foram mais maus do que bons e esses não me esqueço de
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certeza, há muita gente que me ajudou nesta fase, não sei como é que lhes vou agradecer ou
pagar por assim dizer, mas uma coisa é certa nunca me esquecerei deles e sei que precisar de
alguma coisa eles estarão lá para mim. […]”

“Pampilhosa, 8/jun/2019

Hoje o desabafo é curto, mas com toda a dor, que é habitual. Hoje fazias anos é um dia difícil
para mim em que tudo para mim é luto, o luto pela saudade que sinto por ti e pela falta que me
fazes, talvez se ainda cá estivesses esta batalha contra depressão se fizesse mais fácil, ou nem
existisse.”

Há aqui pelo meio desabafos que não são tão impactantes como estes. Passo para um
exatamente no dia antes em começo meu 11º ano.

“Pampilhosa, 16/set/2019

Começa amanhã o 11º ano depois desta semana do estágio de Poiares e a infeliz morte da
Pantufa, não sei como é que eu chegarei a escola e em que estado estarei, não sei se terei boa
cara para ver os meus colegas e não sei como é que vou explicar tenho que andar com uma
grande caixa, cheia de medicamentos para tudo e mais alguma coisa, é um sentimento
inexplicável juntamente com todos os outros que já tenho, não sei nem nunca saberei como os
vou controlar. Talvez agora com distrações, preocupações com as aulas consultas de
pedopsiquiatria, psicologia, me ajudem conseguir controlá-los, mas só eu sei como sinto e mais
ninguém pode dizer que se sente igual o que sabe aquilo que eu passo.

Tenho grandíssimas pessoas ao meu lado que me irão servir de base e eu irei me apoiar nelas
porque em mim já não consigo.

Só espero que corra tudo bem”

Há muitos mais sobre o meu 11º ano, mas neste acabei por resumir todos os outros como que se
eu adivinhasse neste pequeno parágrafo tudo o que esperava pelo meu 11º ano.

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Ainda existem mais excertos, mas não, mas não os colocarei aqui talvez um dia tenha coragem
suficiente para fazer uma espécie de “Diário da depressão” e publicá-los todos
cronologicamente ordenados, mas por agora estes chegam. Eu não sei como é que nome haveria
de dar a este capítulo, mas sinceramente ainda não sei e provavelmente à data de publicação
deste livro ainda deve ir com o mesmo nome que eu tinha nos meus rascunhos.

CAPÍTU LO 8
Considerações Finais

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Nunca é fácil, fazer considerações finais, nunca se sabe se é realmente o final e se o
estamos a considerar como tal. Não vou agradecer mais ninguém porque já o fiz várias
vezes, mas talvez agradecer a ti, porque desde chegado até aqui tens lido o livro todo e
talvez mudar de opinião no que consta, a falta de banalidade em falar sobre a depressão.
Agradeço-te imenso por não teres fechado o livro a meio e me teres chamado maluco ou
coisas assim parecidas, acredita este livro não foi dinheiro mal gasto. Como eu disse no
início a depressão tem de ser tema de conversa, mas não só depressão assim como todas
as outras doenças psiquiatras.
É tempo de banalizar isso tudo e perceber que é cada vez mais normal ter.
Não há muito para dizer nas considerações finais, as únicas coisas que se costumam
dizer é agradecer ao leitor por ter lido coisa que já fiz. Pouco mais pode fazer para além
disso, talvez pedir ao leitor que assim que eu lançar outro livro o compre e espere igual
qualidade ou melhor daquela houve neste livro.
Confesso que foi preciso imensa coragem para conseguir escrever este livro e para
publicar e demonstrar toda a gente que a depressão afetam a mim e de uma maneira que
não lembra a ninguém.
Mais uma vez e para terminar agradeço-te imenso por teres lido o livro espero que se
posteriormente se publicar outro livro que também o leias. Talvez não seja sobre a
depressão pode ser que inove e escreva sobre outro género.

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CAPÍTU LO 9
Agradecimentos

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Terminando «finalmente! Para alguns» o livro não podia deixar de agradecer a estas pessoas:

Catarina Magalhães
Daniela Silva
Lara Ferreira
Maria Almeida
Patrícia Roque
Ana Beatriz Pires
Ana Gomes
Miriam Dias
Carla Santos
Luciana Vicente
Pedro Ralo
Gonçalo Sousa
Profª Marilene Duarte
Profª Catarina Nogueira
Profª Paula Alves
Profª Marta Rovira
Profº Paulo Sequeira
Drª Vera Barata
Drª Luísa Frazão

A estas pessoas o meu obrigado porque nunca serei capaz de retribuir aquilo que fizeram por mim

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C A P Í T U L O 1............................................................................................................................................................3
C A P Í T U L O 2............................................................................................................................................................6
C A P Í T U L O 3..........................................................................................................................................................11
C A P Í T U L O 4..........................................................................................................................................................14
C A P Í T U L O 5..........................................................................................................................................................16
C A P Í T U L O 6..........................................................................................................................................................18
C A P Í T U L O 7..........................................................................................................................................................20
C A P Í T U L O 8..........................................................................................................................................................23
C A P Í T U L O 9..........................................................................................................................................................25

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