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#133 | 15 a 19.11 | 2021

TRANSCRIÇÃO DAS LIVES @italomarsili

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ENTENDA O SEU MATERIAL

1. O Caderno de Ativação ajudará você a incorporar


e a colocar em prática o conteúdo de uma das
fabulosas lives. É um material para FAZER.

2. No LIVES você encontrará transcrições, resumos


e uma visão geral das lives selecionadas para a
semana. É um material para se CONSULTAR.

3. Se quiser imprimir, utilize a versão PB, mais econômica.

4. Imprima e pendure o seu PENDURE ISTO.

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O SER HUMANO NASCEU PARA SER
FERMENTO NA TERRA

Disk Doc

“Desde que eu vim para Buenos Aires e saí de bai-


xo da saia da minha mãe, acho que eu arranquei nesse
processo de amadurecimento. E quando você começa a
crescer, ter menos vícios e mais virtudes, tenta ser um
pouco melhor, naturalmente certas pessoas se afastam,
algumas amizades de ocasião, e outras pessoas que até
eram queridas de verdade, mas que hoje não comun-
gam mais os mesmos valores. Eu queria saber qual con-
selho para levar isso com mais leveza, em vez de falar
‘vou cortar de vez essas pessoas da minha vida’”.
Italo: Algumas pessoas começam a seguir os con-
selhos que damos por aqui e decidem mudar de vida —
“vou ter mais virtudes”, “vou estudar mais”, “vou largar
a putaria e os vícios”. No entanto estão ainda num pro-
cesso tão egoísta que não notam que há alguém do ou-
tro lado, que está percebendo a mudança e que acaba
se afastando; outros, quando notam, não se importam.
Eu gostaria que vocês evitassem essa postura egoísta.
Eu não gostaria que vocês entendessem o “Trabalhe,
sirva, seja forte e não encha o saco” como alguém que
fala isso tudo somente para si. É muito perigoso que-
rer construir a própria personalidade tendo em mente
apenas objetivos pessoais: “Vou construir minha per-
sonalidade para fazer tal coisa, chegar à determinada
posição, para eu ser foda”.
É claro que, quando começamos a mudar de vida,
sempre vai haver uma primeira readequação nas amiza-
des. Imagine que você queira desfazer-se de um hábito
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que costumava fazer com alguns amigos. Desfazer-se
desse hábito pode significar desfazer-se dessas amiza-
des, se o tal hábito era o único fundamento da relação.
Há alguns círculos de amizade que só se reúnem para
fazer merda à noite. Se você quer deixar a merda, é na-
tural se questionar se deve preservar essas amizades. E
é óbvio que, se você sair à noite com esses amigos, você
vai continuar metido na mesma merda da qual quer se
livrar. Você não quer mais aquela vida dispersa, as far-
ras que faziam você se atrasar no trabalho, das drogas
que comiam seu cérebro; você quer uma vida um pouco
mais potente e mais centrada, com mais sentido.
Mas não podemos nos esquecer de que, das 100
almas, as 100 nos interessam. De todas as pessoas que
convivem conosco, todas nos interessam, porque cada
uma delas tem seus sofrimentos próprios. A nossa única
missão nesta vida é a apostólica, na acepção mais pro-
funda do termo. O bem é difusivo. Quando eu conheço
alguma coisa boa, eu quero comunicar para as pessoas
a quem eu amo. Se eu descobri um bom restaurante, eu
trato logo de recomendá-lo à minha irmã. Isso é um dos
sintomas de um coração saudável.
Se você não vai mais sair com esses amigos à noite,
para não voltar ao mesmo lugar de onde você quis sair,
você ainda pode sair com um a um, de dia. Um a um,
não em grupo, porque a verdade é que, se você está com
todo mundo em grupo, você não conhece ninguém, não
conhece os dramas e os desejos reais de cada um. Não
encher o saco é fundamental, é não ficar julgando as
pessoas e não ficar perturbando os outros, enchendo a
paciência com sermões e exortações. É preciso ter sen-
sibilidade e proceder com doçura com elas, e não sim-

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plesmente pô-las para correr. O melhor conselho é: reze
por essas pessoas e esteja disponível para elas. Você só
não vai estar mais disponível para elas no mesmo am-
biente no qual você se encontrava antes.
Além disso, é preciso entender que uma mudança
no círculo de amizades também faz parte da vida. A al-
gumas amizades estamos vinculados por laços de san-
gue, como estamos vinculados aos nossos pais, nossos
irmãos etc. Essas são para sempre. A outras amizades
estamos vinculados por uma apropriação infantil, por
conservarmos algumas memórias que vivenciamos jun-
tos numa certa fase da vida. Essas são muito transitórias,
e é quase como dizer que não é amizade coisa nenhu-
ma, pois um amigo serve para lembrar daquilo de bom
que você tem e você esqueceu. Esse tipo de amizade é
estabelecido por vínculos mais fortes, que são os valo-
res em comum: somos amigos porque acreditamos em
coisas semelhantes, temos projetos e ambições seme-
lhantes, enfim, temos uma visão de vida compartilhada.
As amizades mesmo são as feitas na vida adulta,
embora muitos pensem que as amizades verdadeiras
são as de infância. Acontece que, se você amadureceu, o
mais provável é que as suas amizades sejam as da vida
adulta, e não as de infância. As amizades da criança
não são fundamentadas em valores firmes, mas numa
série de experiências, que vão ser substituídas por ou-
tras, fazendo com que cada um vá para o seu canto.
Eu não me refiro aqui apenas às amizades, mas a
todas as pessoas com as quais convivemos. Um estu-
dante, na universidade, terá de conviver com muitos
colegas de classe, os quais não chegará a chamar de
amigos. Não podemos tratar essas pessoas com des-

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prezo e distância. Ao contrário, as olharemos com amor,
pois talvez possamos dar para essa pessoa um pouco de
esperança, levantar o seu olhar, que pode estar caído por
uma desesperança. Isso é uma alma apostólica no sentido
mais profundo do termo. Uma alma apostólica é olhar para
as pessoas e querer devolver-lhes um pouco da esperan-
ça que foi ou está sendo perdida, independentemente de
quem estiver cruzando o nosso caminho.
Nós não convivemos apenas com as nossas amizades,
essas que escolhemos e vamos cultivando, existe todo um
ambiente que precisamos influenciar positivamente com a
nossa esperança e alegria, com a nossa visão otimista da
vida. Não podemos adotar uma visão sectária, de se fechar
num gueto. Não se trata de “nós contra eles”, mas de “nós
para eles”. Esta é a nossa visão — ser o fermento na massa,
o sal na terra, a luz no mundo. O símbolo do Cristianismo
é uma cruz, que também é um sinal de mais. E o mais é
soma, não é divisão ou subtração. Devemos sempre ter na
nossa cabeça a seguinte idéia: estamos neste mundo para
somar. Precisamos doar o nosso coração com uma grande
esperança e alegria para os outros e fazer com que a espe-
rança renasça em seu peito.

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