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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA CAMPUS I

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC


LICENCIATURA EM PEDAGOGIA PLENA
SEMINÁRIO TEMÁTICO I REESCRITA E PRODUÇÃO TEXTUAL
DOCENTE VALQUÍRIA CLAUDETE BORBA
DISCENTE EVANY ELMA SANTOS FALCÃO

Educando as sensibilidades: uma reflexão sobre a atuação do educador

Cognição e aprendizagem em sala de aula: toda criança é única ( Letras em Revista


ISSN 2318-1788.2019) é um artigo produzido pela linguista Valquíria Borba que apresenta
sua experiência docente na oferta da disciplina “Aspectos sociocognitivos e metacognitivos
da leitura e da escrita”, no ano de 2015, com uma turma de 22 alunos do PROFLETRAS
(Mestrado Profissional em Letras) da Universidade do Estado da Bahia – Campus V,
analisando e dialogando com a visão da turma ao analisar a questão do ensino-aprendizagem
a partir do filme “Como Estrelas na Terra – toda criança é especial”, do diretor e produtor
Aamir Khan (2007), tendo como foco a questão da cognição e aprendizagem.
A linguista apresenta seu processo de construção do artigo além de conceituar como a
neurociência para o entendimento dos aspectos cognitivos atua como principal ferramenta do
processo de aprendizagem. Ressaltando que nela consiste o processamento das informações
sendo sua função perceber, integrar, compreender e responder adequadamente a todos os
estímulos do ambiente em que uma pessoa está inserida, tendo-a como uma habilidade para
assimilar e processar as informações diferentes que recebemos da percepção, experiências,
crenças e afins. Nesta perspectiva, o artigo propõe que consideremos as áreas biológicas,
sociais, culturais e históricas para reconhecermos o ser humano como um ser cognitivo, pois
ele é influenciado pelo ambiente para compor seus valores e seus ideais na admissão de
novos conhecimentos.
Um dos papéis da neurociência apresentados no artigo, relatam que ela contribui para a
educação em termos de compreender como o estudante aprende, como esse conhecimento se
dá a partir do reforço de sinapses, e como são fortalecidas de acordo com as experiências que
o indivíduo tenha, além de ajudar a perceber os possíveis desafios da aprendizagem que
quando desconhecidos, impedem esse processo de aprender seja mais fluído e prazeroso,
criando ruídos e barreiras na interação professor-aluno, que é fundamental para o despertar do
interesse, para a motivação, que permite com o sujeito se exponha a oportunidade de
aprender, levando-o e facilitando-o a prática, considerando que o afeto, a autoestima, a
emoção e a experiência positiva sejam elementos essenciais para essa relação, fomentando
nos indivíduos envolvidos um universo de possibilidades a serem exploradas, endossando
esse aspecto, essa citação do artigo provoca tal reflexão quanto a esses parâmetros citados,
Chiesa (2007, p. 41) relata:

A motivação é em grande parte condicionada pela autoconfiança, autoestima e


benefícios que alguém acumula em termos de um comportamento ou uma meta
direcionados.
Para um aprendizado bem-sucedido a combinação de motivação e autoestima é
essencial. [...]
A motivação tem um papel central no sucesso do aprendizado, em especial a
motivação intrínseca. O indivíduo aprende com mais facilidade se está fazendo isso
por si mesmo, com o desejo de entender.

É necessário que o diálogo a respeito da valorização do esforço do aluno com estímulos


positivos seja realizado pelas professor que se despe do egocentrismo de detentor do
conhecimento se tornando o mediador dos conhecimentos trazidos por esse sujeito,
modelando o repertório desse aluno, que se esforça em vencer suas barreiras de aprendizagem
que nem sempre são reconhecidas a tempo para que sua formação seja menos dolorosa,
dando mais espaço ao prazer de aprender pois, não devemos esquecer que sua formação está
para além da sala de aula, quando se explora as relações sociais e suas áreas de convivência
aprende-se também com elas.
Isso por meio de uma interação professor-aluno de maneira afetiva, positiva, onde o
ambiente é pensado em conjunto com o aluno, conforme o contexto de cada sala de aula,
tanto em termos físicos como emocionais, partindo da realidade que o aluno apresenta, do
contexto social, cultural e histórico do qual o aluno faz parte. Pensando nessa abordagem de
centralizar o aluno e mediar seu processo de aprendizagem, a menção do filme “Como
estrelas na terra - toda criança é especial” faz jus ao exemplificar como é difícil a adaptação
da criança em sala de aula quando não observada com olhar sensível e capacitado.
Independente da atuação, seja especialista ou geral, o professor precisa ter uma capacitação
para ingressar em sala de aula, tendo noção de que seu público é diferente não só por suas
etnias ou características, mas tendo como noção que o cognitivo é uma forma também de
manifestação de diversidade, seja por doença, distúrbios ou manifestações comportamentais.
O filme indiano “Como Estrelas na Terra – Toda Criança é Especial”, lançado em 2007 e
produzido pelo ator, diretor e produtor Aamir Khan, tem como principal análise a forma na
qual a dislexia é tratada nos principais eixos sociais e iniciais na vida da criança, os
ambientes escolar e familiar, retrata como a falta de conhecimentos sobre o funcionamento do
cérebro, cognição, distúrbios de aprendizagem, estratégias de ensino-aprendizagem por parte
de professores, instituições e família pode afetar a vida de alunos que tenham maiores
dificuldades e, principalmente, daqueles que sejam portadores dos mais variados distúrbios
de aprendizagem.
A dislexia é um transtorno que acomete áreas do desenvolvimento cognitivo humano e
pode ser diagnosticado nas idades iniciais da criança, porém é mais perceptível no período da
alfabetização quando são exigidos maiores esforços em conteúdos específicos, como por
exemplo a codificação de letras/algarismos. O protagonista do filme, Ishaan Awasthi, uma
criança de nove anos que sofre do distúrbio, é sempre comparada ao seu irmão mais velho
que é destaque na escola, dessa forma, os pais tratam Ishaan como burro ou desinteressado,
sem nem ao menos cogitar a possibilidade do filho sofrer um problema cognitivo, visto que
ele já estava repetindo a mesma série com grandes chances de repetir novamente.
A invisibilidade desse tipo de transtorno é na verdade relacionada à não-sensibilidade do
profissional da educação, que em conjunto com as percepções da família, deve pontuar quais
são os empecilhos no processo de aprendizagem do aluno, que é notado no filme quando os
professores avaliam Ishaan assim como os demais e apenas o rotulam como o mais burro da
escola. Howard Gardner, um psicólogo pesquisador da área de aprendizagem, questionou a
existência de apenas a inteligência para conteúdos vistos na escola, afirmando que a junção
de diversos conhecimentos quando fazem sentido na mente de quem o cria, é uma nova
inteligência desenvolvida, o que o levou a sua teoria de Inteligências Múltiplas, um conceito
utilizado para retratar os mais variados comportamentos através dos quais as pessoas expõem
suas habilidades de cognição, cada uma de seu próprio modo individual. Quando o professor
conhece Ishaan, percebe que o menino sofre de dislexia e decide ajudá-lo. Este não era um
problema desconhecido pelo educador que decide tirar o garoto do abismo no qual se
encontrava. Ele ensinou Ishaan a ler e escrever, a partir desse momento o menino vai
superando a opressão da família e suas próprias limitações, passa a ver a dentro da escola, um
novo significado.
O filme mostra a importância do professor que se capacita e seu poder de transformação
nos alunos. É necessário que o educador tenha sua própria metodologia de ensino, de forma a
estimular a compreensão dos alunos, tornando a sala de aula, um lugar agradável e
estimulante. O filme mostra uma lição de vida inspiradora. Um garoto que foi tratado com
respeito por um professor, que soube valorizar e entender as diferenças, usa como forma de
expressão a arte, incentivando-o e mostrando-o que seu problema pode ser superado e que
sua deficiência não o tornava diferente dos outros. A dislexia é uma doença e, o que salvou o
garoto não foi a descoberta da doença, mas os novos métodos utilizados pelo educador,
fazendo com que o menino aprendesse a lidar com sua diferença é assim que devemos com
profissionais encarar nosso alunos, promovendo um ambiente acolhedor e sensível às suas
necessidades. Este filme demonstra a realidade na qual vivemos, os alunos com diversas
deficiências são colocados em escolas normais e infelizmente as escolas regulares e os
professores não estão preparados para essa mudança. Torna-se necessário que os futuros
educadores saibam lidar com esses problemas no contexto escolar, para poder encontrar
meios e soluções para trabalhar com essa e as demais deficiências

REFERÊNCIAS

BORBA, Valquíria Claudete Machado. COGNIÇÃO E APRENDIZAGEM NA SALA DE


AULA: TODA CRIANÇA É ÚNICA. LETRAS EM REVISTA, [S.l.], v. 10, n. 01, out.
2019. ISSN 2318-1788. Disponível em: <https://ojs.uespi.br/index.php/ler/article/view/52>.
Acesso em: 22 out. 2023.

Como estrelas na Terra - toda criança é especial. Direção: dirigido por Aamir Khan; Roteiro:
Amole Gupte, Estúdio/Distrib: Aamir Khan Productions; Índia, 2007, 140min.

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