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A IMPLEMENTAÇÃO DE BRINCADEIRAS LÚDICAS NA

EDUCAÇÃO ESPECIAL COMO MEIO NORTEADOR DE


APRENDIZAGEM
THE IMPLEMENTATION OF PLAYFUL GAMES IN SPECIAL
EDUCATION AS A LEARNING GUIDE

ANDRÉ VITOR DE SOUSA MARINHO

RESUMO
É notório que a sala de aula é um ambiente heterogêneo, sendo formado por inúmeras
pessoas em que cada uma dessas tem suas particularidades e deste modo a muito tem notado
que em um curto espaço de tempo a educação vem se modificando e ampliando para se
ajustar a essa gama de características. Para tanto este artigo pretende articular as propostas
de brincadeiras lúdicas já muito enfatizadas no âmbito acadêmico com sua importante
implementação para crianças especiais. Ao partir do fato de que a implementação de
brincadeiras lúdicas muito tem colaborado para o ensino e aprendizagem de crianças típicas,
surge então o questionamento sobre “por que não a aplicar em salas de aula com crianças
PcD?” Desta forma este artigo se pretende a relatar a compreensão sobre brincadeiras lúdicas
e sua implementação na educação especial.

Palavras-chave: Lúdica. Brincadeiras. Aprendizagem. PcD.

ABSTRACT
It is notorious that the classroom is a heterogeneous environment, being formed by countless
people in which each one of them has their particularities and, in this way, it has been noticed
that in a short period of time, education has been modifying and expanding to adjust to this
range of features. Therefore, this article intends to articulate the ludic games proposals already
very emphasized in the academic scope with its important implementation for special children.
Based on the fact that the implementation of ludic games has greatly contributed to the teaching
and learning of typical children, the question then arises about “why not apply it in classrooms
with PwD children?” Thus, this article is intended to report the understanding of playful games
and their implementation in special education.

Key Words: Playful. Jokes. Learning. PCD


1- INTRODUÇÃO:

No ambiente acadêmico o que nos faz refletir e melhorar são as perguntas em


que não sabemos responder do que simplesmente elogios e felicitações, é
como diz a frase de Rubem Alves (1933-2014) – “Ostra feliz não faz pérola. Até
uma Ostra para gerar uma Pérola tem que ser "incomodada" por um grão de
areia.” No dia 1 de Dezembro de 2022 participei da “V EXPOSIÇÃO DE
METODOLOGIAS, ALTERNATIVAS E TECNOLOGIAS PARA O ENSINO DAS
CIÊNCIAS (EXPOMATEC) E SEMANA ACADÊMICA DE PEDAGOGIA”, nesta
ocasião enquanto apresentava um trabalho sobre metodologias da
alfabetização da disciplina de alfabetização e letramento, uma das
convidadas/avaliadora e professora me fez o seguinte questionamento; “Qual
destas metodologias mais se adequá para alfabetizar crianças PcD?” Neste
momento toda minha segurança que tinha havia se esvaído completamente,
não tinha resposta para tal questionamento, porém prometi a avaliadora que
em cada trabalho que fosse realizar iria dar um foco para crianças com esta
característica. Deste modo, por ocasião deste questionamento estou a escrever
este artigo sobre brincadeiras e ludicidade com um enfoque na aplicação em
crianças que se encontre no espectro PcD.
Quando analisamos uma sala de aula é impossível termos turmas homogenia,
cada sala de aula é composta por uma massa heterogenia, sendo elas crianças
altas e baixas, homens e mulheres, destros, canhotos, brancos, pardos, pretos,
índios e etc, sendo que cada uma dessas crianças terá habilidades e
comportamento diferentes, desse modo partindo desta concepção da
composição da sala de aula fica nítido que para uma educação que possibilite
condições de inclusão a escola deve estar preparada estruturalmente para as
receber segundo cada especificidade. Não obstante, também é importante a
formação dos professores para atuar com essas especificidades da sala de
aula, no em tando o que se vê são pessoas atuando como professores sem a
devida formação, ou uma formação raza e desconecta do objetivo da
educação.
Com o processo de inclusão, em 2015 foi promulgado a Lei nº 13.146 – Lei
brasileira de inclusão da pessoa com deficiência, na qual o capítulo IV aborda o
direito à educação, que deve ser inclusiva e de qualidade em todos os níveis
de ensino; garantir condições de acesso, permanência, participação e
aprendizagem, por meio da oferta de serviços e recursos de acessibilidade que
eliminem as barreiras. Dessa forma inclusão escolar de crianças com
deficiência tem trazido muitos desafios para o contexto educacional, onde o
acesso e a permanência são garantidos legalmente e depende da parceria de
todos os profissionais envolvidos neste processo de escolarização, o
atendimento educacional especializado vem de encontro a este público a fim
de atender as suas especificidades para que ocorra uma aprendizagem
significativa.
2- DESENVOLVIMENTO
Quando o assunto é a admissão de jogos como um dos recursos que o
professor pode utilizar como ação pedagógica, com alunos que apresentam
deficiência intelectual, não é prática recente. Os primeiros trabalhos realizados,
nesse sentido, foram de Seguin (apud PESSOTTI, 1984) e de Itard (apud
PESSOTTI, 1984) que foi considerado pioneiro na educação de deficientes
mentais.
É nítido que brincando com jogos as crianças elaboram raciocínio lógico e
melhoram sua comunicação, assim sendo estão socializando e aprendendo de
forma objetiva. O ato de aprender da criança com PcDs acontece em um ritmo
diverso e a escola deve se empenhar em priorizar atividades lúdicas
enfatizando assim para um aprendizado mais significativo que desenvolva
habilidades essenciais para o desenvolvimento do processo educacional.
Dessa forma ficou claro para vários autores que o processo lúdico pode ajudar
no desenvolvimento como também em uma estratégia a ser utilizado no
atendimento educacional especializado, onde o professor deve buscar métodos
inovadores para propiciar o processo de ensino aprendizagem.
Ao longo das atividades lúdicas é importante que seja identificado as
necessidades de cada aluno, propondo estratégias que motivem o
desenvolvimento intelectual, pois as crianças quando chegam na escola já
possuem determinadas habilidades naturais, no entanto cabe a escola através
das brincadeiras lúdicas estimular o desenvolvimento de tais habilidades para
que não ocorra um atrofiamento e sim um florescimento de suas próprias
habilidades predispostas. Dessa forma a ludicidade tem por finalidade
primordial levar até a criança o aprendizado de regras, conceitos, propiciando
uma reflexão partindo do “concreto” de suas próprias vivências, com isso serão
ampliados o arcabouço criativo, sua memória e a sua composição do
pensamento fundamentado em suas próprias experiências.
Para entendermos as brincadeiras lúdicas no desenvolvimento intelectual, é
importante recorrermos ao teórico Vygotsky, o qual propõe uma diferença entre
o que a criança pode fazer sozinha e os problemas que ela só pode resolver
com a ajuda do outro o qual é chamada de zona de desenvolvimento proximal,
que representa a distância entre o real e o potencial, determinado através da
solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com
companheiros mais capazes. Nesse sentido, afirma que:
A zona de desenvolvimento proximal
define as funções que ainda não
amadureceram, mas que estão em
processo de maturação, funções que
amadurecerão, mas que estão
presentemente em estado
embrionário. (VYGOSTSKY, 1991, p.
97)
Ou seja, ao sintetizar e relacionar a teoria de Vygotsky com o desenvolvimento
intelectual através de brinquedos lúdicos, é perceptível que o aluno com
deficiência intelectual possui incapacidade caracterizada por limitações
significativas no funcionamento intelectual, percebendo por sua vez a
necessidade de uma prática pedagógica que permita que ele avance do nível
de conhecimento que já possui para, com ajuda do outro e dos jogos, atingir
níveis até então não experimentados. Sendo assim, o conceito de zona de
desenvolvimento proximal é de fundamental importância para o trabalho com
alunos que apresentam deficiência intelectual.

2.1- Exemplo de brincadeiras lúdicas


Jogo da mémoria- Com certeza, uma das brincadeiras mais tradicionais usadas
por educadores para estimular a concentração e o raciocínio lógico. Com
adaptações relacionadas a texturas, o Jogo da Memória também pode
estimular o tato e promover melhores interações com a família e professores.
Caixinha de número- A caixinha de números ajuda a trabalhar a noção de
números (pares e ímpares). Você pode pedir às crianças com deficiência visual
que separem as caixas que contêm números pares daqueles que contêm
números ímpares e incentivar a realização de ações com os objetos, como
somar e subtrair.  

Dama e trilha- O jogo de dama é outra brincadeira tradicionalíssima, que ajuda


a desenvolver habilidades como pensamento lógico e planejamento. A
adaptação do jogo envolve o uso de velcro colado nos quadrados pretos e
peças em EVA com texturas (12 com lixas e 12 lisas) e 12 damas (peças
duplas coladas, sendo 6 com lixas e 6 lisas). Já o tabuleiro de trilha possui 24
pontos circulares nos quais são colados velcro e um ponto é ligado ao outro por
tiras de lixa coladas. Contém 18 peças (9 com feltro e 9 lisas), com velcro
colado na parte de baixo para que sejam fixadas no tabuleiro. 

Jogos de mesa- Os jogos de mesa são excelentes para integrar a criança e


melhorar a interação dela. Portanto, chamar os amigos e a família para curtir
essas brincadeiras juntos promove momentos muito especiais.

Os jogos de mesa também auxiliam na comunicação. O ensino de libras na


educação infantil é uma forma de inclusão, e tanto deficientes auditivos quanto
ouvintes devem aprender a se comunicar. As brincadeiras são uma forma
lúdica e divertida de aprender que deixam tudo mais legal, não é mesmo?
No Jogo Genius, um clássico dos anos 80, a criança deve observar a
sequência de luzes que acendem para repetir. Trata-se de um brinquedo
interessante para ajudar no desenvolvimento infantil.

3. Patins- É natural que os adultos tenham um pouco de receio de dar alguns


brinquedos para as crianças. Às vezes parece um pouco difícil saber qual
o brinquedo para cada idade, mas não há mistério! 

Os patins- Por exemplo, são indicados para crianças a partir de 6 anos. Além
de ser um exercício interessante, ajuda a desenvolver o equilíbrio, a noção de
espaço, o controle de obstáculos e outras habilidades. Caso a criança não
goste de patins, converse para saber se ela prefere skate ou outro brinquedo.

Bicicleta- Quem nunca sonhou em ter uma bicicleta na infância, não é


verdade? Assim como os patins, dar uma bicicleta é fundamental para que a
criança melhore a coordenação motora e outras habilidades. Mesmo que a
deficiência auditiva cause uma certa limitação, isso não impede que elas
brinquem como as outras crianças.

Então, a bicicleta se torna uma ferramenta bem interessante para a criança


com deficiência auditiva. É possível brincar dentro de casa, em parques ou em
outros passeios, o que também estimula a criança a explorar o mundo.

Vôlei sentado- a modalidade foi flexibilizada com o uso de uma bola diferente
e a criação de novas regras. Foi observada a necessidade de repetir o jogo
mais vezes para que dois alunos com Transtorno do Espectro Autista se
acostumassem com a participação (SOUZA, SOUZA, ARAÚJO, 2017).

3- Conclusão
Conclui-se que de modo geral o principal meio para o progresso educacional
da inclusão e fomento educacional é por vias de investimento na
aprendizagem, buscando métodos pedagógicos inovadores, além da formação
docente que é primordial. O atendimento educacional especializado (AEE)
quando é fomentado e desenvolvido do método lúdico, das vivências e
experiências dos alunos propicia uma aprendizagem contagiante e diferenciada
que transborda as barreiras da própria deficiência.
O professor/educador que trabalha de acordo com um ensino lúdico com
pessoas com necessidades especiais deve procurar dia a pós dia conhecer,
entender, compreender e trabalhar com as dificuldades encontradas no
decorrer da trajetória de ensino e aprendizagem dos alunos, o educador deve
estar sempre pronto para atualizar suas práticas pedagógicas, visando acima
de tudo oferecer uma educação de qualidade. Quando uma criança é levada a
um ambiente com inúmeras atividades lúdicas elas começam a interagir com
as atividades lúdicas de forma espontânea, assim estabelecem relações com a
realidade e o mundo em que vivem. É nítido observar, a expressão de alegria e
o envolvimento que a criança mantém durante a intervenção. Desse modo, o
professor da sala regular pode utilizar essas atividades como instrumento
pedagógico e contribuir na inserção educacional e no convívio social desses
sujeitos.

4- Referências
BRASIL. LEI Nº 13.146, DE 6 DE JULHO DE 2015. Dispõe sobre a Lei
Brasileira
de Inclusão da Pessoa com Deficiência. Disponível em: <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm >.
Acesso em: 02 Jul. 2018.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96. Brasília,
DF: Senado, 1996
BRASIL. Sala de Recursos Multifuncionais: espaços para atendimento
educacional especializado. Ministério da Educação, Secretaria de Educação
Especial. Brasília, 2006.
GÓES, M. C. A formação do indivíduo nas relações sociais: Contribuições
teóricas de Lev Vigotski e Pierre Janet. Educação e Sociedade. Campinas,
Unicamp, 2008.
MAZZOTTA, M. J. S. “Pressupostos teóricos e filosóficos da educação de
alunos com necessidades educacionais especiais”. Palestra proferida no I
Seminário sobre a Educação Inclusiva no Distrito Federal. Brasília, 1998.

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