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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

Pedagogia

ELIDA MARA OCCASO

AS BRINCADEIRAS DE JOGOS NO APOIO AO DESENVOLVIMENTO


INTELECTUAL DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

TAQUARAL/SP

2021
1

ELIDA MARA OCCASO

AS BRINCADEIRAS DE JOGOS NO APOIO AO DESENVOLVIMENTO


INTELECTUAL DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao curso de segunda licenciatura em
pedagogia do Centro Universitário Faveni
como requisito para obtenção do grau de
Pedagogo

TAQUARAL/SP
2021
2

FOLHA DE APROVAÇÃO

ELIDA MARA OCCASO

AS BRINCADEIRAS DE JOGOS NO APOIO AO DESENVOLVIMENTO


INTELECTUAL DE CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito para obtenção do


título de Segunda Licenciatura no Curso de Pedagogia do Centro Universitário
FAVENI

Aprovado (a) em____de________de_____.

______________
Nota

TAQUARAL/SP
2021
3

Dedico aos meus pais por terem me


apoiado e incentivado a conquistar meus
sonhos através da qual acredito nos valores
da educação.
4

Agradecimentos

Primeiramente, agradecemos a Deus que sempre esteve conosco nos


momentos ótimos e nos momentos difíceis de nossa vida.
Agradecer a minha família e amigos que sempre me apoiaram nessa
jornada.
5

“Brincar com a criança não é perder tempo, é


ganhá-lo; se é triste ver meninos sem escola,
mais triste ainda é vê-los sentados
enfileirados, em salas sem ar, com exercícios
estéreis, sem valor para a formação do
homem”.
Drummond
6

RESUMO

O estudo versa compreender as brincadeiras e jogos, como possibilidades de


aprendizagem intelectual, com crianças da APAE de Bebedouro/SP, através do jogo
matemático educativo de trilha de sinais, para nortear a formação das pesquisadoras
junto ao curso de graduação em pedagogia, objetivando assim, acrescer novas
práticas de aprendizagem intelectual através de jogos e brincadeiras. Os resultados
obtidos destacam a importância da intervenção pedagógica nas dificuldades de
aprendizagem, bem como a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o
tema, além da necessidade de maior atenção por parte dos educadores para as
questões relacionadas aos jogos e brincadeiras como instrumento para favorecer a
aprendizagem cognitiva e intelectual de crianças especiais.

Palavras - chave: aprendizagem intelectual; jogos e brincadeiras; crianças


especiais.
7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................8
2.0 DESENVOLVIMENTO.........................................................................................11
2.2 Intervenção: jogos e brincadeiras para crianças especiais..................................14
3.0 CONCLUSÕES....................................................................................................18
4.0 REFERÊNCIAS................................................................................................... 19
8

1. INTRODUÇÃO.

O brincar é uma atividade predominantemente da infância e procura-se, com


este trabalho, identificar suas relações com o desenvolvimento da aprendizagem na
criança portadora de necessidades especiais. As estratégias de brincadeiras e jogos
subsidiam o desenvolvimento da criança, nas suas aptidões físicas e mentais,
enquanto agente facilitador para que se estabeleçam vínculos sociais,
personalidades, aprendizagem e valores morais. O tema surgiu da necessidade de
abordarmos brincadeiras e jogos como possibilidades de aprendizagem intelectual,
já que o lúdico infantil é um importante mecanismo para o desenvolvimento e
formação da criança, criando valores e vivências significativas e relevantes em cada
ser, e transformando-as em protagonistas de sua própria história. Neste sentido,
Maluf afirma que:

Brincar proporciona a aquisição de novos conhecimentos, desenvolve


habilidade de forma natural e agradável. Ele é uma das necessidades
básicas da criança, é essencial para um bom desenvolvimento motor, social,
emocional e cognitivo, (MALUF, 2003 p.9).

Assim, buscando refletir sobre a importância do desenvolvimento da criança,


enfocamos o tema o brincar no apoio ao desenvolvimento intelectual de crianças
com necessidades especiais, como instrumento para favorecer a aprendizagem,
compreendendo e aprendendo sobre o mundo, o social, o afetivo e cognitivo.
Brincando, a criança revela seus conflitos.
Neste contexto, o objetivo deste trabalho é demonstrar a importância dos
jogos e brincadeiras como instrumento de aprendizagem intelectual junto aos alunos
da APAE de Bebedouro/SP. Como a educação está voltada para a vida, acredita-se
que brincadeira, brinquedos e jogos são atividades que subsidiarão e favorecerão o
desenvolvimento da criança de forma significativa, saudável e intelectual. A criança
aprende melhor brincando e todos os conteúdos podem ser ensinados por meio de
estratégias de brincadeiras. Contudo, ao usar a brincadeira como recurso
pedagógico, deve-se ter presente que na expressão e construção do conhecimento,
9

a criança apropria-se da realidade imediata, atribuindo-lhe significado. O Referencial


Curricular Nacional para a Educação Infantil diz que jogos e brincadeiras propiciam a
ampliação dos conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica, por isso é
fundamental que a escola veja as brincadeiras como algo sério, que deve ser
utilizado por todo o currículo escolar. Nesta visão, alunos portadores de
necessidades especiais, com dificuldades de aprendizagem podem valer-se da
brincadeira como recurso para facilitar a compreensão espontânea dos conteúdos
pedagógicos, rompendo com velhos preconceitos em relação a uma disciplina ou
outra. Para que isso se efetive é necessário valorizar simultaneamente as
características gerais do desenvolvimento infantil e as particularidades da ação
daquela criança que está sendo estimulada no contexto da brincadeira, para superar
suas próprias limitações.
Consequentemente enfatize-se que ao brincar, uma criança dá muitas
informações e comunica, por meio da ação, sua forma de pensar, e o observador
precisa estar preparado para reconhecer nas atitudes das crianças, ações ou
procedimentos que retratem os indícios dos critérios necessários para uma boa
formação cognitiva, e até afetiva-social do aluno. Em síntese, as brincadeiras
expressam possibilidades de uma pedagogia diferenciada das normalmente
aplicadas, permitindo ao professor criar e gerir situações de aprendizagem mais
condizentes com as atuais condições educacionais. “Se desejamos formar seres
criativos, críticos e aptos para tomar decisões, um dos requisitos é o enriquecimento
do cotidiano infantil com a inserção de contos, lendas, brinquedos e brincadeiras.“
(KISHIMOTO, 2000). Com estratégias como brincadeiras e jogos, a pedagogia
consegue construir um campo abrangente de conhecimento, desempenhando
importante papel no auxilio a crianças especiais. Através do brinquedo, a criança é
envolvida nas suas cognições, afetividade, corpo, e interação social, importante para
sua formação. A brincadeira representa exercícios de habilidades físicas, cognitivas
e sociais, crescendo, aprendendo e interagindo com outras crianças, apresentando
sua própria especificidade, revelando potenciais de cooperação e conflito. Vários
teóricos pontuam o brinquedo e brincadeira como ação assimiladora ou criadora que
favorece a aprendizagem. De acordo com Chateau (1987,p.14): “ É pelo brinquedo
que crescem a alma e a inteligência (...) uma criança que não sabe brincar, uma
miniatura de velho, será um adulto, que não sabe pensar”.
10

Desta forma, a pesquisa traça uma reflexão sobre a forma de percepção da


escola frente ao brinquedo e à brincadeira em sua abrangência pedagógica, uma
vez que, favorece a criança a avançar na aprendizagem para ampliação dos seus
conhecimentos. Além disso, permite a ela situar-se no tempo e espaço,
desempenhando expressões de uma infância feliz.
Para Kishimoto (1999, P. 28), “(...) O Renascimento vê a brincadeira como
uma conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o
estudo”. Em cada brinquedo, sempre se esconde uma relação educativa. Para a
criança, a brincadeira é a melhor maneira de se comunicar, um meio para perguntar
e explicar, um instrumento que ela tem para se relacionar com outra criança, além
de ser um espaço de conhecimento sobre o mundo externo. É na brincadeira que a
criança pode conviver com seus sentimentos internos. Os sentimentos devem ser
preservados neste espaço para que a criança possa se expressar e expor.
Justificamos o interesse pelo tema, devido às pesquisadoras vivenciar como
voluntárias na APAE de Bebedouro, alunos com grandes dificuldades intelectuais.
Convivemos ao mesmo tempo com as dificuldades de aprendizagem dos alunos e
com o questionamento dos professores sobre como melhorar a própria prática no
auxílio à crianças portadoras de necessidades especiais. Muitos docentes se
preocupam em investir em uma educação continuada, realizando cursos, assistindo
palestras e mantendo-se atualizado. Outros se sentem presos pelos limites de sua
formação sentindo-se incapazes de transformar a própria prática. Face as
constantes transformações que afetam a nossa sociedade, o cotidiano do aluno
contemporâneo é cheio de cores, imagem, sons e velocidade, devido aos recursos
tecnológicos cada vez mais presentes na vida atual. A escola, no entanto, continua
presa ao modelo “monocromático da lousa” sem estímulos para o desenvolvimento
do potencial dos alunos e sem atrativos suficientes para garantir o interesse e a
motivação. Entretanto é importante ressaltar que essas práticas serviram de
embasamento para o conhecimento teórico-prático das pesquisadoras, junto ao
curso de pedagogia. Porém, espera-se que este trabalho possa contribuir para
diversos profissionais que atuam no âmbito educacional, auxiliando os mesmos no
processo de desenvolvimento de crianças especiais.
A metodologia empregada para a realização deste trabalho teve como base
o estudo bibliográfico e campo, objetivando o embasamento teórico das discussões
condicionado à conceituação dos principais termos empregados na pesquisa,
11

compreendidos a partir da visão dos autores que se destacam nos estudos


concernentes ao desenvolvimento intelectual de crianças especiais, fomentada a
técnica de observação.
Esperamos, desta forma, alcançar os objetivos do estudo e oferecer aos
leitores uma fonte de reflexão sobre a importância da brincadeira como instrumento
de aprendizagem intelectual junto aos alunos portadores de necessidades especiais.

2.0 DESENVOLVIMENTO.

O presente estudo foi desenvolvido na Associação de Pais e Amigos dos


Excepcionais (APAE) de Bebedouro/SP, estabelecimento de ensino, cuja finalidade
e princípios filosóficos e didático-pedagógicos estão voltados para o atendimento de
pessoas com necessidades educacionais especiais, demandando recursos humanos
especializados, materiais e equipamentos específicos, adaptações curriculares de
grande porte e organização de ambiente diferenciado.
A partir da inserção do homem no contexto social, que por se apresentar
inacabado será modelado pelo processo educativo, como meio de promoção de sua
integração à sociedade. Logo, o processo educativo está presente na vida do
indivíduo, nas mais variadas circunstâncias e diversos modos que proporcione sua
relação dialética com a sociedade. Sendo assim Brandão afirma que:

Ninguém escapa da educação, seja de modo formal ou informal, o indivíduo


é educado para exercer o seu papel no contexto social. Dessa maneira o
processo educativo não leva em consideração as diferenças sejam de
ordem social étnica ou bio-físicapsíquica que o indivíduo apresenta.
(Brandão, 1995, p.34).

Pode-se dizer que a Educação Especial é uma forma enriquecida da


Educação Geral, pois possui as mesmas finalidades e objetivos. Sendo assim, tais
objetivos consistem em prestar assistência às crianças portadoras de necessidades
educacionais especiais, preparando-as para a vida e integrando-as à comunidade, a
fim de que se tornem pessoas úteis e produtivas à sociedade. Para Vygotsky apud
Monteiro (1989), desde os primeiros anos de vida, a criança que apresenta uma
12

deficiência, ocupa certa posição social especial. Em que sua relação com o mundo
ocorre de maneira diferente das crianças normais. Geralmente atribuí-se uma série
de qualidades negativas a pessoa portadora de deficiência e fala-se muito sobre as
dificuldades de seus desempenhos, por pouco se conhece das suas particularidades
positivas. Desse modo, homogeneíza-se suas características, falando muito de suas
falhas esquecendo de falar sobre as características positivas que as constituem
como pessoa. Entretanto, no Brasil, apesar da primeira iniciativa no atendimento da
pessoa portadora de deficiência mental ter ocorrido em meados do século XIV, foi só
a partir de 1950-1960 que seus direitos começaram a ser alvo de preocupação,
criaram-se associações de pais e sociedades como APAE’S, Pestallozzi e outras
associações ligadas às áreas específicas da excepcionalidade.
Vygotsky iniciou sua investigação sobre o desenvolvimento do portador de
deficiência (portador de necessidades especiais). Focalizou sua pesquisa em como
se dava o desenvolvimento dos portadores de necessidades a partir dos
pressupostos gerais que orientavam a sua concepção do desenvolvimento de
pessoas consideradas normais. Partindo desses pressupostos ele destacou
somente aspectos qualitativos desses indivíduos, que fizeram com que os
portadores de necessidades, fossem não simplesmente menos desenvolvidos em
determinados aspectos, mas sujeito que se desenvolvessem de uma outra maneira.
Tal análise possibilitou uma compreensão dialética do desenvolvimento, na qual os
aspectos tidos como normais e especiais interagem constituindo os sujeitos
portadores de necessidades especiais. Mazzotta (1996) afirma que educação
especial é um ramo da pedagogia que estuda e reúne os métodos e processos
adequados aos indivíduos que não podem se beneficiar apenas do ensino comum,
pois necessitam de orientação e recursos especiais para atingirem o rendimento
máximo de suas potencialidades. Caracteriza-se, portanto, pela utilização de
métodos e técnicas diferenciados, conteúdo curricular próprio, equipamentos e
materiais instrucionais específicos, no qual o atendimento deve realizar-se de acordo
com a faixa etária, às necessidades e a caracterização bio-psicossocial da pessoa.
Assim, percebe-se na visão de ambos os autores que na educação especial,
o importante é conhecer como o aluno se desenvolve, ou seja, enfatiza não a
deficiência em si mesma, não o que falta, porém como se apresenta o processo de
desenvolvimento; como ele interage com o mundo: como organiza seus sistemas de
compreensão; as trocas; as mediações que auxiliam na sua aprendizagem; a
13

participação ou exclusão da vida social; a sua história de vida. Deve-se reconhecer


que a deficiência possui uma dupla influência no desenvolvimento, se por um lado
atua como limitação, criando obstáculos, prejuízos e dificuldades, por outro serve
como estímulo para o desenvolvimento das vidas de adaptação, canais de
compreensão. Entretanto, o deficiente mental é aquele indivíduo que possui
limitações no seu desenvolvimento intelectual e psicomotor, ou seja, necessita de
uma orientação educacional que adapte aos seus padrões o uso de metodologia
diferenciada. Do ponto de vista clínico, os deficientes mentais apresentam uma
diminuição do rendimento intelectual, associada aos diferentes níveis de transtornos
sensoriais, pespectivos-motores, de linguagem, do controle emocional, de
adaptações em relação ao meio ambiente e, dependendo da etimologia, alterações
orgânicas e na aparência física. Os problemas de desenvolvimento tais como:
psicomotores e de linguagem e em alguns casos a deficiência é tão óbvia que pode
chegar rápido a uma identificação, porém em outras, deve-se fazer uma
investigação e avaliação rigorosa para chegar a um diagnóstico definitivo. Assim,
devido às diversas limitações clínica, esse indivíduo deverá desfrutar de uma
orientação pedagógica que seja capaz de suprir as necessidades de ensino. Para
Fonseca (1987), o termo “deficiente mental” refere-se a qualquer pessoa que seja
incapaz de assegurar-se por si própria, total ou parcialmente, às necessidades que
uma vida independente requer, ocasionado por um problema congênito ou adquirido.

2.1 Fundação da APAI de bebedouro.

Segundo o site da A APAE - Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais


de Bebedouro, a instituição foi fundada em 16 de setembro de 1972, é uma
sociedade civil de caráter assistencial, sem fins lucrativos, de duração ilimitada, sem
distinção alguma quanto à raça, cor, condição social e credo religioso. Desde a
fundação a APAE de Bebedouro está voltada para educação e para o atendimento
especializado à pessoas com deficiência intelectual, deficiência múltipla, síndromes
e suas famílias. Quais queres deficiências que limitem as habilidades motoras e
intelectuais, o comportamento adaptativo, participação, interação e papeis sociais.
Sempre com o objetivo de promover à articulação da defesa dos direitos, a
14

prevenção, a prestação de serviços e o apoio à família a APAE de Bebedouro


desenvolvem projetos e programas que visam melhorar as condições de
desenvolvimento humano e de convivência harmônica com a sociedade incluindo
este aluno ao convívio social e ao mercado de trabalho. Em Bebedouro, a APAE é
responsável pelo atendimento de aproximadamente 87% dos portadores de
deficiência intelectual e múltipla, sendo que praticamente 90% dos atendidos estão
expostos a riscos pessoais e sociais graves e são oriundos de famílias com
dificuldades econômicas e sociais. APAE de Bebedouro presta atendimento a 500
indivíduos, sendo 356 diariamente e o restante em sistema ambulatorial, que
apresentam comprometimentos físicos e mentais em vários graus. As atividades
desenvolvidas na instituição estão agrupadas em projetos e programas que buscam
promover o desenvolvimento integral do deficiente e a melhoria dos vários
ambientes nos quais estão inseridos, sendo por idade e/ou habilidade motora.
Indivíduos do inicio ao fim da vida são atendidos pela entidade (Fonte:
http://bebedouro.apaebrasil.org.br/artigo.phtml?a=20647).
Mantoan (1989) compreende a origem da APAE como um movimento em prol
da mobilização das instituições representadas, na maioria das vezes, por iniciativa
de pessoas isoladas, surgindo daí o termo “Pais e Amigos dos Excepcionais”. Este
movimento iniciou-se em 1962, logo se expandiu para outras capitais, e depois para
o interior dos Estados.

2.2 Intervenção: jogos e brincadeiras para crianças especiais.

Na sala de aula, o aluno busca um espaço para o seu corpo, vivendo


intensamente cada momento. O período em que a criança está na escola, na sala de
aula, precisa ser mágico. E o profissional precisa criar um ambiente necessário para
envolvê-la e despertar nela a vontade de estar ali.
Consequentemente, no início de nossas atividades na APAE, procuramos
desenvolver uma atividade institucional preventiva com jogos e brincadeiras, no
entanto, aleatoriamente e sem conhecimento do assunto, objetivando proporcionar
subsídios à construção de uma práxis pedagógica comprometida com a
aprendizagem significativa das crianças, na perspectiva de estimular o
15

desenvolvimento do raciocínio lógico, da leitura e da escrita, valorizando as


brincadeiras e jogos como instrumentos facilitadores da aprendizagem e do
desenvolvimento cognitivo e sócio-relacional. Leontiev (1991, em Araujo 1995)
afirma a importância de se utilizar métodos de ensino que respeitem mais as
diferenças individuais, pois práticas alternativas demonstraram grandes resultados
com as crianças ditas “problemáticas”.
Inicialmente procuramos o auxilio dos profissionais de psicologia e pedagogia
da APAE de Bebedouro para demonstração e utilização do planejamento. É
importante ressaltar, que o trabalho dos profissionais, objetiva o desenvolvimento
das habilidades sociais, procurando enriquecer e aprimorar as relações vividas pelos
alunos com seus pares em todos os ambientes que frequentam. Defino as etapas do
planejamento houve à identificação do público alvo, ou seja, alunos, com que
apresentavam dificuldades no aprendizado no período de uma semana, através da
observação evolutiva/involutiva de um grupo de 20 alunos. Essa etapa foi
denominada de diagnóstico, que teve como objetivo central identificar os casos
almejados para o estudo. RUBINSTEIN (1996) compara diagnóstico a um processo
de investigação, onde o pedagogo assemelha-se um a detetive a procura de pistas,
selecionando-as e centrando-se na investigação de todo processo de aprendizagem,
levando-se em conta a totalidade dos fatores envolvidos neste processo. Constatou-
se no diagnóstico que 4 alunos, “A”, “B”, “C” e “D”, apresentavam maiores
dificuldades quanto ao sistema de numeração em atividades matemáticas,
demonstrando comportamento apático e pouco participativo nas aulas de
matemática. Os alunos foram divididos em 5 grupos de 4 alunos, sendo que os
alunos com maior dificuldade ficaram um em cada grupo. Posteriormente, foi
selecionado o tipo de estratégia de jogo e demonstrado a utilização do jogo de trilha
dos sinais aos alunos diagnosticados inicialmente. As regras do jogo foram
explanadas pelas pesquisadoras, cada grupo recebeu um tabuleiro enumerado na
sequência numérica de 0 a 100, contendo sinais da adição e subtração, pinos e
dado. Os participantes escolheram seus pinos, as pesquisadoras decidiram à ordem
dos jogadores. Cada jogador inicia-se na primeira casa, onde há o sinal de adição. O
primeiro jogador lança os dados e soma os números obtidos, posteriormente outros
jogadores farão o mesmo. Na segunda rodada e nas próximas subsequentes
também serão jogados os dados, mas a operação a ser feita dependerá da casa
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onde estiver o marcador “+” e/ou “-“ . O ganhador será aquele que primeiro chegar
ao final da trilha.
Essa etapa foi denominada demonstrativa, com o intuito de despertar o
interesse junto à atividade. Depois da demonstração, iniciou-se a próxima etapa
denominada aplicabilidade, focando o objetivo proposto da ação deste estudo, para
o entendimento dos resultados esperados. Nessa etapa, observou-se os alunos com
maior dificuldade durante o jogo, pelo período de uma semana, com o objetivo de
identificar algum tipo de desenvolvimento. Nesse aspecto, foi visível a evolução dos
alunos “B”, e “D”, quanto ao comprometimento com o jogo, o espírito de motivação
em vencer, conseguindo administrar suas impulsividades.
Ao observar o grupo como um todo, notou-se que, os demais alunos
demonstravam forte interesse para lançar o dado. Ao fazer essas observações as
pesquisadoras utilizaram de algumas intervenções socializando, discutindo e
registrando as estratégias de cada aluno do grupo para futuras análises e
conclusões. RUBINSTEIN (1996), possui uma dinâmica muito particular, fazendo
com que o interventor participe ativamente do processo, contrariando os padrões
onde o terapeuta adota uma atitude estática diante da dinâmica do caso. A conduta
dinâmica proposta por RUBINSTEIN no diagnóstico é a avaliação assistida.
LINHARES (1995, p.23), refere-se à avaliação assistida como sendo a "combinação
entre avaliar e intervir ensinando diretamente o examinando durante o processo de
avaliação". A avaliação assistida ou avaliação dinâmica, está fundamentada na
teoria sócio-construtivista proposta por VYGOTSKY, a qual aborda a "aprendizagem
mediada e a zona de desenvolvimento proximal".
Ao passar do dias percebeu-se que o aluno “A” estava muito envolvido e
concentrado, contudo, apresentou dificuldade de se trabalhar em equipe não
respeitando as regras do jogo, querendo sempre lançar o dado e impaciente ao
aguardar a sua vez.
Quanto ao aluno “C” que é portador de necessidades especiais com baixa
visão, houve evolução no aspecto de trabalhar o concreto e o trabalho em equipe,
que contribuiu muito para elevar sua alta estima juntos aos demais alunos. Segundo
Lopes (2002), 80% das pessoas tem auto-estima lesada, sendo que algumas
pessoas são mais afetadas que outras.
Diante da análise, observa-se através dos dados, uma evolução significativa
com a técnica utilizada, ou seja, o lúdico, que os alunos “A”, “B”, “C” e “D” se
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envolveram muito e alguns objetivos foram alcançados como: estratégias,


concentração, motivação, o trabalho em equipe, noções básicas da formação do
sistema de numeração decimal, entretanto, é importante ressaltar, alguns aspectos
involutivo, ou seja, houve com o tempo o desgaste do jogo no qual o público ao
passar dos dias foi demonstrando desinteresse.
Assim, na etapa final, denominada conclusiva, as pesquisadoras tiveram o
apoio dos profissionais da psicologia e pedagogia, para auxiliar na compreensão,
análise dos fatos, e quantificação dos resultados, tendo como meta a análise da
ponderação dos resultados previstos na intervenção, onde, aferiu-se, que a prática
tem fundamento desde que ocorram estratégias diversificadas com períodos curtos
para tornar a prática prazerosa e rica no desenvolvimento infantil. Segundo
Gunzburg (1973) e Case (1972), uma avaliação bem planejada será aquela que
proporcionará ao aluno o encorajamento para superar as dificuldades apresentadas
no decorrer de seu processo. No brinquedo, a criança opera com um significado
alienado numa situação real. Através do brinquedo, ela faz o que mais gosta de
fazer, porque ele está unido ao prazer; ao mesmo tempo, ela aprende a seguir os
caminhos mais difíceis, subordinando-se à regras e por conseguinte, renunciando ao
que ela quer, uma vez que a sujeição às regras e a renúncia à ação impulsiva,
constituem o caminho para o prazer no brinquedo. O brinquedo estimula a
representação da realidade; ao representá-la, a criança estará vivendo algo ou
alguma situação remota e irreal naquele momento.

Admite-se que o brinquedo represente certas realidades. Uma


representação é algo presente no lugar de lago. Representar é
corresponder a alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua
ausência. O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o
que existe no cotidiano, a natureza e as condições humanas. Pode-se dizer
que um dos objetivos do brinquedo é dar à criança um substituto dos
objetos reais, para que possa manipulá-los. (Kishimoto, org. 1999, p18)

Assim, as diferentes estratégias utilizadas como recursos pelo aluno para


realizar atividades propostas serão extremamente importantes na identificação e
estimulação do seu potencial cognitivo.
18

3.0 CONCLUSÕES.

A experiência com o jogo reforça a importância e a necessidade da pedagogia


no sentido de contribuir mais, preventivamente, no desenvolvimento intelectual de
crianças especiais. Observando o estágio de desenvolvimento intelectual da criança,
o professor deve usar o jogo como um recurso pedagógico que desperta interesse e
motivação e envolva o aluno mais significativamente, para que a aprendizagem se
efetive. Esse fato pode ser constatado com o desenvolvimento do aluno “C”,
portador de necessidades especiais, que melhorou sua auto-estima e o interesse em
participar das atividades. O jogo de uma forma geral enfocado neste artigo envolveu
a construção das estruturas mentais, atenção, percepção e memória no processo de
desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático, a partir de vivências, experiências,
informações e conhecimentos adquiridos pelo sujeito, permitindo operar no processo
de construção de conceitos, da adição, subtração, inclusão, classificação, seriação,
conservação e reversibilidade, dentre outros. Nesta perspectiva, o aluno precisa
dispor de oportunidade para se defrontar com desafios que permitam o seu
desenvolvimento, englobando o raciocínio lógico, a construção do pensamento, do
conhecimento e da autonomia. Entretanto, sugere-se que novos estudos sejam
aprofundados para compreender se há relacionamento de outros fatores internos ou
externos tais como: ambiente, material ou método, possam interferir no resultado
desta análise que foi realizada de maneira preliminar.
Porém, constatou-se, que é necessário à combinação de jogos, resolução de
problemas e intervenções, para auxiliar os alunos a capacidade de desenvolver
habilidades operatórias e raciocínio lógico-matemático. Nesse aspecto, o jogo deve
ter sempre um caráter desafiador para o educando, acompanhado de um
planejamento educacional com objetivos propostos pelo educador. Contudo, concluí-
se que a atividade com jogo proposto, revela a importância deste instrumento como
ferramenta de desenvolvimento no ensino e de aprendizagem, com possibilidade de
aplicação em sala de aula, ficando evidente que o jogo desperta interesse,
motivação e envolvimento do participante com a atividade e interações positivas nas
relações interpessoais. Neste contexto observamos através das bibliografias, a
importância do planejamento do professor, pois o jogo deve estar inserido em suas
atividades como suporte pedagógico e não como mero passa tempo.
19

4.0 REFERÊNCIAS.

ARAUJO, C. M. M. (1995) Relações interpessoais professor-aluno: uma nova


abordagem na compressão das dificuldades de aprendizagem. Dissertação de
Mestrado, Brasília, UnB

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. São Paulo: Brasiliense,1995.

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CHÂTEAU,Jean. O jogo e a criança./ Jean Château; tradução Guido de Almeida. –


São Paulo: Summus, 1987. (novas buscas em educação; v. 29).

FONSECA, V. Educação especial: programa de estimulação precoce uma


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Vozes, 4ªed. , 2003.

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MONTEIRO, Mariângela Silva. Vygotsky um Século Depois. São Paulo: Artes


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KISHIMOTO, T. M. Jogo, Brinquedo, brincadeiras e educação. São Paulo:


Cortez, 1999.
20

GIL. Antonio, Carlos:, Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2002;

REZENDE, Marcia. O brincar sob a pespectiviva da terapia ocupacional,


capitulo 3, p. 51, Brincar(es), Editora UFMG, Belo Horizonte, 2005

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