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ISBN 978-65-87926-11-7
DADOS INTERNACIONAIS
DE CATALOGAÇÃO NA
PUBLICAÇÃO
MARSILI, ITALO
Lives #74 [livro eletrônico] : Transcrições
das Lives @italomarsili -- 1. ed. -- Maringá, PR :
Real Life Books, 2020.
PDF
ISBN 978-65-87926-11-7
CDD-15
8.1
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EQUIPE
ILUSTRAÇÃO DA CAPA
André Martins
TRANSCRITORES
Edilson Gomes da Silva Jr
Rafael Muzzulon
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O LIVES
MUDOU!
Ele também andava pesado
e fora de forma...
Aproveite!
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O PONTO CENTRAL _______________________ 7
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O PONTO CENTRAL
R E S U M O D A S E M A N A
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te uma manhã ou uma tarde – também é essencial. Basta
reservar quatro horas para aprofundar questões interiores,
tendo em vista que isso lhe auxiliará a dedicar-se mais aos
outros, à família e à comunidade (amigos etc.).
Para ser paciente com os familiares, por exemplo, basta
pensar no quanto Deus é paciente contigo. Se você reco-
nhece isso todo dia, faz um exame de consciência à noi-
te, pensa em todas as coisas que fez de ruim (junto com o
que fez de bom e de imperfeito), o quanto colocou aquele
propósito e, mesmo assim, você não conseguiu resolver –
sabendo o quanto Deus é paciente, o quanto Ele te ama,
não o abandona e continua paciente –, por que não ser
paciente com os que estão ao redor? Por isso, a religião
ajuda muito. Se você se conhece, pronto! Você não vai se
considerar melhor do que os demais. A grande questão é
esta: você não ter a capacidade de olhar para si, ver quem
está sendo e que só não é pior porque Deus o ajuda imen-
samente. A conquista da virtude, a constância e o amor
não são coisas espontâneas. Com o tempo, isso melhora.
Pensando a respeito do seio familiar, qual é a influência
dos pais na educação dos filhos? De 5 a 10%. Os outros
90% são do mundo. Os recursos humanos disponíveis de
berço (recurso educacional de colégio, intelectual, social,
de cidadania) são pouquíssimos. É uma luta diária para
ser pessoa. Muitos falam sobre um princípio de autoedu-
cação e a respeito de como melhorar a própria família.
Infelizmente, as pessoas querem o resultado, mas não o
caminho. São preguiçosas! Tenha uma vida sacramental e
articule essa vida espiritual com seu trabalho. Lembre-se:
você é feliz à medida que se aproxima da sua vocação.
Quando não faz isso, fica ruim.
Como fazer também para um casal manter sua indi-
vidualidade ao mesmo tempo que vive em comunhão, ou
seja, com uma vida em comum, por serem uma só carne?
Essas duas coisas parecem ser opostas, mas são faces da
mesma moeda no casamento. São duas células que, ao se
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juntarem, acabam se fundindo e dando uma nova vida. É a
fecundidade matrimonial. Com ou sem filhos, ela só acon-
tece quando esses núcleos se expandem, pois “o amor hu-
mano, o amor aqui embaixo na terra, quando é verdadeiro,
ajuda-nos a saborear o amor divino (I Coríntios 15, 28)”.
A individualidade é fundamental para isso! Mas a grande
tragédia em nosso tempo é que as pessoas não têm mun-
do interior. A primeira coisa é construir isto, ou seja, a ex-
pansão do núcleo individual. Como se faz? Através da reli-
gião, literatura e filosofia. Esse é um propósito bom para a
vida, é uma força boa na vida. Você passa a ter mais con-
versas, ficar mais inteligente, a ver a vida de outro jeito e
a ajudar aos outros de verdade. Você se torna uma pessoa
interessante. Não é uma inteligência para deduzir fórmu-
las. É uma inteligência vital, isto é, de viver. É uma coisa
que todos podem alcançar. Se você não cultivar isso, você
e seu cônjuge se distanciarão e nunca mais se encontra-
rão. Sem cultivar o mundo interior bem marcado, definido,
gordo, espesso, com nuances, você não tem o que compar-
tilhar com a outra pessoa. Nada vai conectá-lo a ela!
O que deve existir é ambos querendo fazer o máximo pos-
sível, tentando também poupar o trabalho do outro. É o ato
de se esforçar para estar com o outro. Então, isso faz a vida
fluir bem. Coisas periféricas não sustentam uma relação,
pois, em algum momento, mudam de lugar e somem. É for-
ça tornar mais profundo seu mundo interior.
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LIVE SAMIA E ITALO MARSILI
Italo: Hoje, vou chamar a pessoa que mais admiro. Samia,
além de médica, é a maior autoridade em Educação. Já de-
senvolve há anos um trabalho muito atento de leitura, es-
tudo e publicação no campo educacional. Ministra cursos
de obediência e sexualidade, por exemplo.
Samia: Então, lindo, acho que você sabe mais do que nin-
guém que, de fato, o que orienta mesmo a minha vida é
essa relação com Deus. Às vezes nós queremos falar isso
diretamente para as pessoas. O pessoal pergunta coisas
periféricas, do tipo: “Como você consegue acordar cedo,
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após ter dormido às 23h? Como fazer as coisas tendo seis
filhos? Como decidiu a respeito de determinadas coisas?
A resposta verdadeira é somente uma: Italo e eu tentamos
fazer as coisas por amor a Deus. Tentamos fazer tudo colo-
cando o coração onde ele precisa ser colocado. Acho que
isso é o que dá cor, substância diante de qualquer coisa
que buscamos fazer. Muitos perguntam: “Você largou a
medicina para ser mãe?”. Independentemente da escolha
feita por nós – se vamos ter dez filhos, se moraremos em
outro país ou aqui, seja num apartamento ou numa casa –,
o que dá sentido a qualquer coisa que fazemos é, de fato,
esse trato com Deus. Em nosso convite de casamento, há
uma frase que mostra isso. Na verdade, foi o que conduziu
a nossa vida juntos.
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do que eu faço realmente)?
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falou: “Sabe aquela hora do ofertório, quando o padre põe
uma gotinha d’água no cálice de vinho? Aquela gotinha é
o seu trabalho, criatura. O vinho é o sangue de Cristo. En-
tão, água e vinho se identificam de tal modo, que você não
sabe mais o que é um ou outro”. O que está acontecendo
ali, Samia, é isto: seu trabalho dentro de casa... como do-
cente... médica... de dirigir outras pessoas... como estu-
dante... o meu também como professor, médico, autor e
comunicador. Quando esse trabalho é entregue na missa,
naquela hora do ofertório, vira o próprio Cristo. Ganha,
assim, uma dimensão superior, uma estatura da graça. Isso
não é só uma coisa bonita, concorda?
Samia: É real!
Italo: Esse livro foi compilado depois dele, né? Quem es-
creveu não foi ele.
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Samia: Sim. Vou até revelar um tema do qual ando tratan-
do: como aproximar as pessoas de Deus. Então, sigo lendo
os pontos ali, tentando conversar mesmo com Deus. Co-
loco perto um crucifixo e uma imagem de Cristo e Nossa
Senhora. Nem sempre consigo, mas é uma tentativa.
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ritualidade, algo diferente do que já vi por aí, é a capaci-
dade de articulação desses momentos místicos de oração
e de piedade com a vida prática. Ou seja, como o ato de
fazer uma oração, de fato, impacta no seu olhar em dire-
ção a mim, às crianças, às moças que trabalham para nós,
às suas amigas. Quando se desvia um pouco do caminho,
já se pensa em emendar mais rápido, para resolver e ten-
tar se identificar com aquele caminho que abandonamos.
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neo.
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questão prática. O quanto Deus é paciente comigo? Se eu
reconheço todo dia, faço um exame de consciência à noi-
te, pensando em todas as coisas que fiz de maneira ruim
(o que fiz de bom e o que preciso melhorar) e o quanto eu
coloquei aquele propósito e não consegui resolver – sa-
bendo o quanto Deus é paciente, o quanto Ele me ama,
não me abandona e continua paciente –, por que não serei
paciente com meus filhos? Por isso, a religião ajuda mui-
to. É conhecer a antropologia humana dentro da religião,
o Pecado Original, o quanto temos inclinação para o mal,
tentamos e não conseguimos. Tudo isso nos ajuda no rela-
cionamento com o cônjuge, o sogro, a sogra, os filhos. Se
você se conhece, pronto! Você não vai se considerar me-
lhor do que todos. A grande questão é esta: você não ter a
capacidade de olhar para si, ver a porcaria de pessoa que
é e que só não é pior porque Deus ajuda imensamente.
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uma pessoa. É uma luta diária para ser pessoa. Samia e
eu estamos há 10 anos numa espiritual real e verdadeira.
Se você tiver um descuido por quatro segundos, cai pior
do que era – de boca no meio-fio, quebra todos os dentes,
fica desfigurado por um tempo até que alguém com amor
comece a te consertar de novo; essa é a luta. Então, quan-
do as pessoas falam sobre isso (educar filho, princípio de
autoeducação), elas estão indo à missa? Estão orando?
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Samia: Não há outra solução.
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isso. Retomando a questão do lançamento, se você pegar o
conteúdo daquilo, vai notar que é um círculo gigante, um
bilhete de São Josemaria Escrivá. O que eu queria comuni-
car era outra coisa. Com 70 mil pessoas online, você acha
que eu iria perder meu tempo ganhando dinheiro? Grana
é algo que a traça corrói, o tempo come. O objetivo era
comunicar para o coração daquelas pessoas. Aquilo que
eu recebi, que transformou meu coração, vou tentar devol-
ver para as pessoas. Há 40 mil pessoas online agora, você
acha que vou perder tempo falando sobre assuntos perifé-
ricos?
Italo: Esta é uma das coisas, ou seja, a oração que você faz.
Quanto ao retiro espiritual, eu sei que você faz uma vez
por ano, pois fico com nossos filhos. Agora, retomando a
questão do dia, o que mais você faz?
Samia: Faço uma leitura espiritual, que pode ser uma leitu-
ra dos Santos, de alguma doutrina da Igreja, de uma parte
do Evangelho, a Sagrada Escritura, ou seja, de algum livro
espiritual.
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e no meu coração.
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por quatro horas se aprofundando em questões interiores.
Não é aquele autoconhecimento como uma coisa remordi-
da, “ah como eu sou”. Eu já disse como o sujeito é, ou seja,
é luxurioso, guloso, avarento, preguiçoso.
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olhar apenas para si, sem nunca conseguir botar o olho
para fora em direção ao outro. Quando se consegue olhar
para o outro, não tem como falar “não” para a Samia. Você
olha e percebe que é o mínimo que ela precisa ter e fazer.
“Toma, é seu”. Pela experiência que tenho, após atender
a tantas pessoas, essas grandes reclamações de casais,
do tipo “ele não está me notando etc.” ... eu vi a resposta
perfeita que minha irmã deu hoje. Nos stories da Mila, ha-
via alguém se queixando sobre o cônjuge não olhar mais,
nem se interessar. É claro que isso acontece. A pessoa está
há quantos anos só reclamando, sem ver o que ele preci-
sa, qual é a comida preferida dele (nem sabe cozinhá-la)?
Você não faz nada. É claro que a coisa vai acabar. Quem
gosta de ficar ao lado de uma porta, de um peso morto?
Ninguém aguenta. “Ah, mas o outro também não faz nada”.
Você também não faz, caramba!
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pédia, pois nem havia internet na época.
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erótica que te atrai e dá liga – é claro, precisa ter algo a
ver para que haja relacionamento. “Eu gosto do cheiro da
boca, da textura da pele, do cabelo etc.”. Obviamente, isso
é importante. Só que é preciso ter um aprofundar num cer-
to mundo interior. Mas a grande tragédia em nosso tempo
é que as pessoas não têm um mundo interior. A primeira
coisa é construir isto. Como se faz? Através da religião,
literatura e filosofia. Se você não cultivar isso, continuará
sendo uma caravela sem leme – qualquer vento te deslo-
cará. Com o vento soprando para cá em você e para lá no
seu marido, vocês se distanciarão e nunca mais se encon-
trarão. Você vai olhar para seu cônjuge... tesão por tesão...
nem tem mais, não está nem pensando nisso. Está falido,
sem dinheiro, trabalhando demais, então acaba nem pen-
sando nisso. Você olha para a pessoa e pensa “o que me
conecta a ela?”. Sem cultivar o mundo interior, nada te co-
necta!
Italo: Essas duas coisas parecem ser opostas, mas são fa-
ces da mesma moeda no casamento. A individualidade é
fundamental para a comunhão. Quem não tem isso, acaba
não conseguindo ter comunhão com o cônjuge. Concorda?
Samia: Sim.
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o que compartilhar com a outra pessoa. Se ela também
não tem, fica sem ter onde receber – ela também não tem
o que dar. Por uma carência de religião, literatura e filoso-
fia, as pessoas são rasas/superficiais como uma folha de
papel A4. É algo tão superficial que “a água bate nos calca-
nhares”. Nosso mundo interior precisa ser um mar que nos
afoga, uma região abissal em nosso espírito, algo sem fun-
do. A individualidade não é “Ai, vou sair com meus amigos
no domingo. Vou ao salão com minhas amigas na quinta.
Você deve respeitar isso”. De verdade, Samia, você e eu te-
mos isso?
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beça – isto faz parte da filosofia da religião. É legal, é bom
ter também. Só que a religião é uma outra coisa: é preci-
so ter uma prática. Por quê? Só com boas ideias você não
concretiza na sua vida cotidiana, laboral familiar, sexual
e afetiva. Depois, o contato com os clássicos da literatura
nos deixa mais inteligentes.
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por favor.
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@italomarsili
italomarsili.com.br
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