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Sexualidade Infantil – O Curso


Primeira Aula
Vamos falar sobre um tema muito espinhoso e divergente. As pessoas têm
opiniões diferentes sobre esse tema. É um tema difícil de ser tratado, com o
qual estamos especialmente sensibilizados por ocasião das últimas notícias que
tivemos a respeito dele – como o caso da mocinha de dez anos violentada pelos
tios, como os vários casos de abusos e pedofilia que correm nos noticiários etc.
Essas coisas vêm todas à nossa cabeça e começamos a ficar preocupados com
a sexualidade dos nossos filhos.
Iremos falar de todas as dificuldades que enfrentamos para cuidar da
sexualidade de nossos filhos e mesmo da nossa.
Gostaria que pensassem uma coisa comigo:
Uma informação, principalmente uma informação que nos é alheia, pode
chegar-nos por meio de dois sentidos: i) o da visão e ii) o da audição. Por meio
do sentido da visão, recebemos as informações de fora quase como um golpe.
Ao irmos para o alto de uma montanha, por exemplo, e lá de cima olharmos
todas as coisas que estão abaixo, reconhecemo-las como são; sabemos o que
cada coisa representa. Se olharmos para uma cadeira, saberemos exatamente
o que ela representa enquanto cadeira e para quê ela serve: não acharemos que
com ela poderemos escrever qualquer coisa num papel, por exemplo.
O sentido da visão é, por assim dizer, menos traiçoeiro conosco. Embora
não consigamos olhar para um objeto em todas as suas dimensões, de uma só
vez, conseguimos, num golpe de olhar, saber a sua finalidade, de maneira que
ele imprima em nós algo muito rapidamente.
Por outro lado, com o sentido da audição não ocorre o mesmo. As coisas
que escutamos vêm normalmente de alguém – obviamente, podemos escutar
os pássaros, barulhos diversos etc; mas estou falando sobretudo de quando há
um interlocutor: nesses casos, estamos falando de algo que escutamos e com
o qual fazemos uma espécie de confrontação, comparando o que nos estão
dizendo com as coisas que temos já previamente dentro de nós (preconcepções,
coisas em que já pensamos, outras coisas já ouvidas etc.). Isto é, as informações
vindas pela audição não nos imprimem uma noção clara, como acontece com o
sentido da visão.
É muito comum, ao conversamos com alguém – principalmente nós, as
mulheres, quando estamos discutindo um tema mais delicado –, estarmos
prontamente definindo as coisas de que falaremos para o nosso interlocutor,
sem nem mesmo terminarmos de ouvir o que ele nos tem a dizer. É muito
comum fazermos isso. Para que possamos escutar bem as coisas, precisamos

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ter um coração bom e aberto e humilde – e a humildade é justamente a virtude
que nos ajuda a saber exatamente o que somos e o que não somos.
Uma pessoa inteligente, consciente de sua condição de inteligente – por já
ter sido classificada em primeiro lugar no vestibular, por ser hoje uma excelente
médica, por, enfim, já ter passado num concurso para a magistratura ou
qualquer coisa do gênero –, ao dizer-se inteligente, não está faltando com a
humildade; pelo contrário, está sendo humilde: afinal, está reconhecendo uma
habilidade que possui. Por outro lado, uma pessoa com certa dificuldade em
organização e pontualidade, por exemplo, é igualmente humilde ao reconhecer
essa dificuldade. Ou seja, a humildade é a virtude que nos permite conhecer e
reconhecer as qualidades e os defeitos que temos, sem aumentar essas
qualidades e sem fazer com que os nossos defeitos não tenham importância.
Falarei bastantes coisas aqui de que vocês já ouviram falar em outros
lugares, temas caros a vocês, envolvendo a sexualidade dos seus filhos, como
a masturbação, a pornografia, o melhor momento para tratar do tema da
sexualidade com o filho, o modo como esse assunto deve ser tratado com ele,
o que deve ser falando exatamente para ele etc.
Para isso, será necessário ter a humildade de reconhecer de onde vêm as
coisas que normalmente escutamos em relação à sexualidade. As indagações
corretas são: “Quantas vezes já pensei no assunto da sexualidade?” “De onde
vem a minha idéia, por exemplo, se devo ou não devo tomar banho com meus
filhos?” “De onde vem a minha idéia de que masturbação é uma coisa boa ou
má?” “De onde vem a minha idéia de que todos os meus filhos homens precisam
ter várias parceiras antes do casamento?” ou, então, “De onde vem a minha idéia
de que meus filhos precisam viver a castidade?”. Precisamos fazer o esforço de
avaliar de onde vêm essas idéias e ter um coração desprovido, não de um
preconceito exatamente, mas de coisas que estão já na nossa cabeça e cuja
origem jamais investigamos.
Falarei muitas coisas aqui que talvez se choquem com várias coisas que
anteriormente vocês já ouviram. Eu gostaria, portanto, que vocês tivessem uma
atitude de espera, de ouvir todo o raciocínio e todas as coisas que tenho a falar
sobre o assunto, para que a partir de então vocês confrontem com o que já
ouviram e tentem rastrear a origem dessas coisas que já ouviram.
É importante que vocês avaliem de onde vem a idéia que vocês têm de que
é bom o filho assistir à pornografia e de que é bom ser favorável ao aborto e à
mudança de sexo, por exemplo. Muito provavelmente, as nossas convicções,
que em regra temos por certas e cuja origem julgamos ser as nossas próprias
idéias, vêm na verdade de algum lugar, vêm de pessoas com que conversamos,
de livros que lemos e, muitas vezes, de instituições internacionais que as
veiculam na mídia tradicional, nas redes sociais etc., sem que a gente o perceba.
Dias atrás, falaram-me a respeito de um médico que dizia ser comum a
masturbação em crianças a partir de um ano de idade (!). Na verdade, esse
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médico estava simplesmente repetindo o que a Sociedade Brasileira de
Pediatria prescreve. É bem provável que esse médico tenha pegado algum dado,
ou alguma coisa que tenham falado, e o repetiu sem saber exatamente o que
significa a masturbação ou se uma criança, nessa idade, tem de fato desejos
sexuais.
É uma coisa muito preocupante: médicos, enfermeiros, professores, pais
(inclusive), têm uma grande capacidade de formar a mente dos adolescentes e
até mesmo de outros pais, outros professores e assim por diante. Falam as
coisas por aí cuja origem desconhecem. É importante procurarmos saber de
onde vêm essas coisas.
Se o que eu disser aqui for de encontro ao que vocês têm dentro de si,
acalmem-se; tenham a mesma atitude adotada pelos intelectuais quando estão
a investigar algum assunto: abster-se das prévias convicções, meditar sobre o
que estão lendo, confrontar, em seguida, o que já sabem com o que estão
aprendendo e, nessa dialética, decidir em quê vão acreditar e o quê vão levar
como verdade.
Dito isso, preciso que vocês tenham uma atitude de observar a realidade.
Boa parte do que lhes vou falar ao longo deste curso será para vocês uma
realidade identificável, se olharem para si mesmos. Perceberão que, se olharem
para as próprias vidas, verão que essas coisas de fato acontecem. Será
necessário paciência para ouvir o óbvio – muitas vezes o óbvio precisa ser dito.
Demais, será necessário ter humildade. Em regra, não paramos um minuto
sequer para pensar no assunto da sexualidade. Talvez, para muitos dos meus
ouvintes e leitores seja a primeira vez em que estão pensando no assunto – e,
dentre estes, muitos têm filhos já em uma idade em que se faz necessário um
tipo de conversa a respeito da sexualidade.
Pedi-lhes para ler o texto da roupa nova do Rei. Nesse texto, fica muito
claro uma coisa de que falaremos aqui: a incapacidade de olharmos para o
óbvio, dizer o óbvio e confessá-lo. Em geral, não conseguimos fazer isso por
estarmos cheios de outras coisas que nos impedem de dizer o óbvio. No caso
da fábula do rei, havia medo e insegurança por parte das pessoas em não serem
julgadas como inteligentes ou em perderem o emprego, por falar o óbvio. Na
fábula, foi assim até o momento em que apareceu uma criança a dizer o óbvio –
essa criança não tinha o medo, a insegurança e as outras coisas que em regra
impediam os adultos a dizer o que de fato era a verdade: o rei estava nu!

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https://www.youtube.com/watch?v=-7ht3owHqKg

Esse é um vídeo que pode ajudar muito a, antes de falarmos sobre


sexualidade, fazer-nos entender que, muitas vezes, olhamos para as coisas –
como aconteceu na fábula do rei –, vemos que o rei está nu e não o falamos por
haver outras coisas que nos dizem, por exemplo, “Não; o rei não está nu, está
vestido com uma roupa que só os inteligentes conseguem ver”, “Não; se eu
disser que não estou vendo a roupa, dirão que sou burro e preconceituoso”. A
mesma coisa acontece com esse vídeo. É um vídeo muito simples, mas muito
impactante.
Veremos, ao longo do nosso curso, como há inúmeras vezes em que
olhamos para coisas óbvias, como é óbvia a maça no vídeo (embora insistam,
como diz o mesmo vídeo, que essa maça, na verdade, é uma banana), mas temos
a tentação de fugir da obviedade, dizendo “é uma banana”, quando, na verdade,
precisamos olhar e conseguir dizer o que nossos olhos estão vendo. Como disse
no início, o sentido da visão é o responsável por fazer-nos enxergar e ver o que
é a coisa que estamos vendo.
Uma das grandes coisas que estão acontecendo em nosso tempo, que
envolve muito a sexualidade, é olharmos para determinadas coisas e não
podermos dizer o que estamos de fato vendo. É um atentado à inteligência –
assim como o foi na fábula da roupa nova do rei. Novamente, é um atentado à
inteligência: vemos que não há roupa, nem tecido, que o rei está nu, mas ainda
assim não conseguimos dizê-lo, por efeito de existirem várias pressões do
ambiente, que nos impelem a dizer que o rei, em verdade, está vestido.
No decurso deste curso, verão que aos poucos vamos pondo cada coisa
em seu lugar, de maneira a facilitar e permitir, mais à frente, que vocês
costurem num só bordado tudo isso de que estou falando.
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Dei toda essa introdução porque falarei aqui de coisas que, para vocês,
podem parecer teóricas demais, mas que, na verdade, são muito importantes; e
são importantes porque não estarei com vocês o tempo todo para que tomem
as suas decisões diante dos seus filhos. Ainda que eu vá responder muitas
perguntas que servirão de base para os casos concretos, é necessário que
vocês criem critérios que formem o bom-senso, a fim de que, na hora do “vamo-
vê”, consigam ter um espírito ágil, capaz de distinguir o modo como fazer, como
falar, até onde ir, etc., etc. – afinal, a Samia não estará ao lado de vocês para
dar as orientações adequadas a todo momento.
Os pais são os primeiros educadores dos seus filhos. Portanto, as decisões
tomadas pelos pais são de responsabilidade desses mesmos pais. A minha
idéia, principalmente nesta primeira aula, é dar-lhes uma base antropológica
para que possam, por si mesmos, diagnosticar o problema com os filhos e lhes
dar o tratamento necessário.
Possivelmente, alguns falem “ah, mas vou precisar de mais coisas para
poder formar os meus critérios”. Sim; talvez seja necessário que lêem outros
tipos de textos. No entanto, minha idéia com o curso foi justamente costurar
tudo o que já li sobre o assunto e passá-lo para vocês. Aliás, não ficaremos só
na parte teórica, é claro; passaremos para a parte prática também.
O assunto da sexualidade é um assunto muitas vezes carregado de
maldade, com certa intenção por trás, em que o suposto benefício para criança,
e o desejo de dar o melhor para ela desenvolver-se física e emocionalmente,
nem sempre é verdadeiro (embora se diga que sim). Há muitas instituições,
como a Sociedade Americana de Pediatria, a Sociedade Brasileira de Pediatria,
a Planned Parenthood, dentre outras, que pontificam a respeito do que as
escolas devem ensinar sobre sexualidade. Devemos entender – não veja isso
como teoria da conspiração – que muitas vezes há segundas intenções por trás
das orientações passadas por essas instituições. Aliás, até mesmo eu tenho
segundas intenções ao lhes dar as orientações que estou dando; e é por isso
mesmo que é importante que vocês saibam quais são as minhas intenções.
Usarei um quadro que costumo usar com os meus filhos, e que ilustra bem
quais são as minhas intenções.

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Na parte esquerda, o quadro mostra quais são as minhas intenções em
lecionar um curso sobre sexualidade infantil. Uma das intenções, como vocês
podem ver, é descobrir o valor do amor humano. Depois, identificar o lugar da
sexualidade na formação da criança. Em seguida, como fazer para a criança
lidar com seus impulsos, seguido de como lidar com as ambivalências internas
existentes dentro dela. Ainda, como a criança irá usar a liberdade dela, e se essa
liberdade é o ponto de partida ou é uma conquista. Por último, como ela lidará
com as pressões externas. Essas são as minhas intenções.
Antigamente, mesmo que uma família não desse uma educação
explicitamente sexual para os filhos, a própria cultura mantinha vivos os valores
fundamentais. O cuidado com o corpo, a intimidade, etc., era tudo mais bem
cuidado; os casamentos não terminavam em divórcio como hoje terminam; a
anticoncepção não era vista e estimulada como hoje; não eram presentes como
hoje o são as DST’s; enfim, nada dessas coisas era tão forte como hoje. Depois
de um tempo, essas coisas foram penetrando a sociedade, de modo que hoje
em dia temos falta de modelos capazes de ensinar como se vive bem um amor
humano. Todas essas coisas foram destruindo os valores fundamentais. Hoje
em dia, os pais se sentem totalmente despreparados para responder as
perguntas que os filhos lhes fazem, como, por exemplo, se podem ter relações
sexuais antes do casamento, o que é o sexo, se a pornografia é lícita e se traz
algum mal, se a masturbação traz algum mal físico. Há muitos adolescentes que
pensam, por exemplo, que a masturbação causa espinhas no rosto, e a essas
coisas os pais, em muitos casos, não sabem responder – às vezes, até mesmos
os profissionais, os educadores e médicos, não sabem responder a esse tipo de
pergunta. As crianças ficam, então, sem receber uma resposta clara.
Geralmente, quando a criança recebe a informação que estava buscando,
recebe-a de modo despersonalizado – ou seja, não é uma conversa tête-à-tête,
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em que o adulto vai sanando as dúvidas da criança, dúvidas totalmente íntimas,
das quais elas não falam para todo mundo. Ainda que haja uma aula de educação
sexual no colégio, as crianças não irão perguntar todas as coisas para a
professora, porque assim exporiam sua intimidade e isso as faria sentir-se
inseguras. Com isso, muitas vezes elas vão acabar procurando essas respostas
– caso não tenham a devida abertura com os pais – em lugares não confiáveis,
chegando a informações (sobretudo na internet) muito complicadas,
informações que não levam em conta o ser humano como um todo, mas apenas
como um corpo. De fato, somos corpo e falaremos disto mais adiante. Não é um
problema termos um corpo; o problema é não sabermos que o ser humano não
é só isso: o ser humano é corpo e alma – e a sexualidade está integrada a essas
duas realidades.
O que se faz hoje é uma orientação muito negativa do sexo, sempre sob o
viés do medo e do pessimismo. “Como fazemos para evitar o abuso sexual?”,
“Como fazemos para evitar a gravidez?”, “Como fazemos para evitar DST’s”,
“Como fazemos para evitar traumas e vergonhas?” e assim por diante. O sexo
está, portanto, envolto numa incógnita de medo, de maneira a deixar as crianças
e os adolescentes muito inseguros. Em vez de o sexo vir como algo totalmente
desejável, nada ruim, cuja realidade faça parte da vivência humana saudável,
vem com essa aura de medo, medo e medo, trauma, trauma e trauma – e não é
isso o que queremos para os nossos filhos; não queremos dizer a eles que o
sexo é algo ruim.
Fora o fato de serem informações despersonalizadas e pessimistas, como
eu disse, trazem também uma noção muito individualista da liberdade humana.
“Como eu faço para evitar a gravidez para mim?”, “Como eu faço para não pegar
DST?”, “Como eu faço para não sofrer abuso sexual?”. A vivência da sexualidade
hoje é uma vivência bastante doentia e deturpada, se comparada com o que de
fato o sexo é. O sexo, em verdade, não traduz essa realidade; traduz uma
realidade totalmente aberta ao outro.
Muitas vezes, as escolas falam sobre educação sexual para as crianças
sem previamente avisar os pais. Ouvi já vários relatos de crianças chegarem
em casa, depois de uma dessas conversas sobre sexo promovidas pelas
escolas, e falar que estão com nojo dos pais ou que sentem pena deles por
fazerem o que fazem juntos, quando estão sozinhos.
Isso é uma maneira muito triste de mostrar a sexualidade para os nossos
filhos. Como falei anteriormente, mostra-se apenas a parte biológica e corpórea
e não se fala da parte importante da vivência da sexualidade, que é a vivência
espiritual. Ao desvencilharmos uma coisa da outra, não dá certo, naturalmente:
afinal, o homem é corpo e alma.
Nós pais precisamos educar os nossos filhos. Não basta colocarmos filhos
no mundo; precisamos educá-los a fim de que sejam felizes, desenvolvam suas

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habilidades, melhorem seus defeitos e, assim, assumam seu lugar no mundo
com elegância.
Uma das primeiras coisas que precisamos educar são os sentimentos dos
nossos filhos; precisamos educar a afetividade deles. A educação da afetividade
não se identifica totalmente com a da sexualidade, mas é uma parte dela. Educar
a afetividade é educar o campo emocional dos filhos. É interessante e aliás
muito importante que eduquemos emocionalmente os filhos. Se criamos um
ambiente emocional fortificado e firme, aberto a diálogos, conseguiremos falar,
com muito mais facilidade, sobre os mistérios da vida, as dificuldades na
sexualidade, e a grandeza e o sentido do amor humano.

Para o assunto da sexualidade, precisamos educar duas coisas: a


afetividade e as virtudes, uma guardando relação com as outras. A educação da
afetividade é a educação das paixões; por outro lado, a educação das virtudes é
a educação da razão. A paixão e a razão precisam estar juntas, andando pelo
mesmo caminho e rumando o mesmo objetivo, para que tenhamos uma vida
moral saudável.
As virtudes são, rapidamente falando, atitudes humanas e disposições
estáveis, perfeições habituais do entendimento e da vontade, que regulam os
nossos atos ordenando a nossa paixão. Existem quatro virtudes principais: a i)
prudência, a ii) justiça, a iii) fortaleza e a iv) temperança.
Gostaria de dar um enfoque especial à virtude da fortaleza:
A fortaleza é essa virtude que nos ajuda a resistir às tentações e a superar
os obstáculos da vida moral; faz-nos capazes de vencer o medo, de suportar as
provações e perseguições, de aceitar a renúncia e o sacrifício da própria vida. A
fortaleza é uma virtude intimamente relacionada à sexualidade. Quantas vezes
as crianças precisam resistir às tentações e superar os obstáculos difíceis, uma

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vez que há muita influência externa e os amigos estão falando uma coisa, ao
passo que elas queriam viver outra? A fortaleza, novamente, é a virtude que nos
faz ser capazes de vencer o medo. Se formamos uma criança ou adolescente
na fortaleza, ela saberá lidar com os próprios medos, suportar as provações e
perseguições, e conseguirá aceitar a renúncia e o sacrifício da própria vida.
Muitas vezes, temos dificuldade em falar para um adolescente que pode ter
relações sexuais apenas com uma pessoa, não com várias, no casamento. Se
não educamos nossos filhos para que eles tenham a virtude da fortaleza, e
sejam capazes de sacrificar-se por um bem maior, eles nunca irão entender o
valor dessa realidade.
Uma outra virtude de que eu gostaria de falar é a da temperança, ou seja,
a virtude que modera a atração aos prazeres e procura o equilíbrio no usufruto
dos bens materiais. Precisamos moderar os prazeres no comer, no beber e, por
que não?, no transar também. Não podemos simplesmente decidir que iremos
ter relações sexuais com qualquer pessoa, de qualquer maneira,
independentemente se a pessoa está com vontade ou não.
Educar a criança na virtude da temperança, desde quando é muito
pequenininha, vai ajudá-la a, quando chegar na adolescência, estar treinada nas
virtudes da fortaleza, temperança, justiça. Isso tudo vai ajudá-la a viver a
sexualidade.
Muitas vezes ouvimos dizer: A virtude está no meio! Geralmente achamos
que a virtude estar no meio signifique podermos ser mais ou menos virtuosos
– e não se trata disso. A virtude estar no meio é estar no cume entre o defeito
e o excesso, como mostra a imagem, escrito em cor verde, do centro para a
direita do quadro.

Quando queremos viver a pontualidade, por exemplo, mas nunca somos


pontuais, temos um defeito; quando somos excessivamente pontuais, e
irritamo-nos com as pessoas que o não são, faltando-lhes com a caridade,

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também temos um defeito e, portanto, também não estamos vivendo a virtude
da pontualidade. A virtude, nesse caso, é viver a pontualidade de maneira
excelente, sabendo respeitar o próximo, sabendo compreender e entender o
outro, estando cientes de que, quando não vivemos a pontualidade,
atrapalhamos as outras pessoas e assim por diante. Isso é viver a virtude (da
pontualidade, nesse caso). Nunca é problemático sermos excessivamente
virtuosos. Ser excessivamente virtuoso não significa viver contra a máxima “a
virtude está no meio”. Estimular os nossos filhos a serem virtuosos é
maravilhoso e ajuda a ordenar-lhes a razão, fazendo-os saber harmonizar o
que querem fazer com o que deve ser feito.
Onde entra a paixão? A paixão entra justamente para colocar uma pitada
de cordialidade e afeto, porque, se vivemos uma vida apenas baseada na razão,
fazendo o que precisa apenas porque precisa fazer, é muito ruim. Modular os
afetos é muito importante para que vivamos uma vida ordenada, mas alegre –
ter uma vida ordenada não significa viver uma vida ruim e triste
necessariamente.
Os sentimentos e a afetividade se formam sobretudo na infância. O
equilíbrio emocional ajuda na formação da inteligência e da vontade. Para
conseguir ensinar aos nossos filhos a terem esse equilíbrio emocional,
precisamos nós mesmos ter equilíbrio emocional.

Precisamos, então, ter equilíbrio emocional e também criar um ambiente


de equilíbrio emocional para os nossos filhos, para que eles consigam ser
pessoas emocionalmente estáveis. Para isso, temos de parar com brigas entre
os filhos, parar de falar mal, parar de desautorizar o cônjuge na presença dos
filhos. Tudo isso faz com que eles vejam que os pais estão em desacordo e
desarmonia em relação às coisas que pensam para a educação dos filhos, de
maneira a lhes trazer uma insegurança grande. É importante ficar claro que o
amor entre a mamãe e o papai é mais importante que o amor entre pais e filhos.
“Samia, mas isso é muito difícil”. É muito difícil, mas não amar corretamente o

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cônjuge traz uma insegurança gigantesca aos nossos filhos. Os filhos sabem
que o que os trouxe à existência, a saber, o papai e a mamãe, os deve manter
na existência, e que podem confiar que o papai e a mamãe, os genitores, estarão
sempre presentes, firmes. Viver um amor incondicional, tanto a mulher com o
marido, como o marido com a mulher – incondicional no sentido de independer
das coisas que o cônjuge faça – é ter ao lado alguém que o ama e sempre o irá
apoiar.
Viver nessa ambiência contribui muito para que os nossos filhos falem
coisas que para eles são difíceis. Independentemente do que eles tenham a nos
dizer, por mais difícil que seja, saberão que podem contar conosco para ajudá-
los a solucionar e compreender os seus problemas.
Cuidar dos nossos filhos ajuda a que vejam essa sustentabilidade na
existência: ou seja, dar-lhes comida e banho, estar junto deles, ter com eles
momentos de lazer e conversa, em que juntos riem e têm momentos de
distração, isso tudo ajuda muito a equilibrar as crianças emocionalmente,
porque as faz perceber que o regaço dos pais é o ambiente e terreno afetivo
com que podem contar, independentemente do que aconteça.
Outro ponto importante é a estabilidade na resposta afetiva. Muitas vezes
somos instáveis na resposta afetiva. Ou seja, nas vezes em que o nosso filho
faz uma besteira, respondemos ora alegres, ora estourados; ora “tudo bem, meu
filho; sem problemas”, ora “não é possível! Sai de perto de mim!”. Responder de
acordo com a labilidade emocional é muito ruim. É preciso modelar a realidade
para os nossos filhos, e modelá-la sempre da mesma maneira.
Foi feito um estudo, tempos atrás, em que existia um grupo de crianças
dentro de uma creche, uma professora e uma pessoa trocando a lâmpada da
sala. No momento em que essa pessoa ia trocar a lâmpada, ela a deixava cair.
Isso foi feito repetidas vezes a fim de ver qual era a primeira reação das
crianças, se elas olhariam para a lâmpada que caiu, para o rapaz que a estava
trocando, se elas prestariam atenção mais no barulho de queda, etc. O que todas
as crianças pequenas fizeram foi olhar para professora, que era o adulto
responsável por modelar a realidade para elas naquele momento. “O que vocês
vão fazer, agora que a lâmpada caiu?”, diria a professora. “Não se preocupem,
está tudo bem; vamos continuar fazendo a atividade”. Ou, então, “vamos ver
como está o rapaz”, “vamos ver se teremos de limpar os cacos da lâmpada”.
Essa estabilidade na resposta é esperada pelos nossos filhos. Se somos
pessoas desatentas, a cada hora achando uma coisa diferente, como, por
exemplo, quando o filho nos mostra um desenho e o achamos lindo, mas,
tempos depois, ao mostrar-nos novamente o desenho o achamos horrível, por
estarmos, sei lá, ocupados e estressados, não daremos uma estabilidade afetiva
para eles, deixando-os inseguros a ponto de, posteriormente, já adolescentes,
quando tiverem dúvidas a respeito da sexualidade, encontrarem dificuldades em
contar conosco. O ambiente familiar de estabilidade emocional parte sobretudo
da nossa estabilidade emocional primeiramente.
Educar a afetividade em nossos filhos é, diante da irritação, do medo, da
doença e da morte, ajudá-los a entender os sentimentos que passam por eles

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interiormente, ajudá-los a lhes dar os nomes corretos. “Meu filho, o que você
está sentindo é medo; o que você está sentindo é insegurança; o que você está
sentindo é irritação”. “Sabe como lidar com o medo, a insegurança, a irritação?
Vem cá, que irei ajudar você”. É o nosso papel modular esse tipo de coisa.
Podemos fazer várias coisas que modulem a afetividade dos nossos filhos.
À medida que essas reações, surgidas a partir dos sentimentos que lhes
aparecem no peito, vão se tornando constantes e freqüentes, elas vão fazendo
parte do caráter deles. O caráter não é uma coisa vinda com a criança; é uma
coisa formada no decorrer do tempo a partir de muitas e muitas situações em
que as reações mencionadas aparecem. Precisamos então aprender a ensinar
aos filhos a darem respostas proporcionadas. “É necessário esse tipo de
reação? Não é necessário. Vamos ajudar a modelar essa reação”. Um bom livro
de literatura, um bom filme para os filhos mais velhos, histórias de aventura, de
suspense, um relato romântico, etc. Tudo isso ajuda muito a que as crianças
aprendam a se deparar com esses sentimentos e a ordená-los em si mesmas.
Ao lhes mostrarmos um filme, um livro que ajude os nossos filhos a sentir
indignação frente a uma injustiça, compaixão frente a pessoas com maiores
dificuldades, admiração frente a uma vida de sacrifícios, amor frente a algo que
é belo, vamos orientando os seus sentimentos.
A partir do contato com esses filmes e livros, vemos que o coração
humano é um lugar de onde podem sair coisas muito absurdas, como as ações
de um Hitler, por exemplo, ou coisas muito maravilhosas, como as de um santo.
Precisamos então orientar tanto a virtude quanto a afetividade, para que saiam
do coração coisas maravilhosas, e não coisas ruins. Veremos que, em certa
medida, isso tudo está relacionado com a sexualidade. A vivência da sexualidade
tem de ser uma vivência maravilhosa, e não uma vivência dolorosa. A princípio,
começamos por ajeitar todos os afetos e todo o aspecto emocional entorno.
Criar na criança um gosto estético, uma capacidade de distinguir o que tem
uma boa qualidade, estimulando nela um coração ordenado afetivamente às
grandes coisas da vida, ajuda-a muito a lidar com as influências externas
negativas – como músicas ou filmes ou imagens ruins – e a rechaçá-las
naturalmente. É muito importante, portanto, nessa fase inicial da vida, antes de
tornarem-se adolescentes e já não escutarem mais nada do que os pais estejam
falando, que as crianças sejam expostas a um gosto estético saudável, para que
no momento em que elas forem apresentadas a coisas ruins, tudo o que não for
bom lhes cause estranheza e repulsa. Isso de fato acontece. Será mais fácil de
elas estranharem a vulgaridade.
Ouvimos muito, hoje em dia, falar-se sobre espontaneidade e naturalidade,
sobre não haver problema em vivermos da maneira como quisermos, sobre
vestirmo-nos da maneira como quisermos, sobre tomarmos banho todos
juntos. Isso tudo vai criando um coração pouco sensível. No momento em que
essa sensibilidade baixa, as nossas reações afetivas ficam muito parecidas
como as de um animal – e não pode ser assim. A razão e o sentimento, a razão
e a paixão, como falei anteriormente, ajudam-se mutuamente. A razão ilumina
e harmoniza o sentimento, dando-lhe unidade; e o sentimento, por sua vez, traz
cordialidade, cor e alegria para a razão, faz com que o bem feito seja agradável.

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Quando fazemos as coisas sem paixão e vontade, essas coisas ficam insossas;
fazemo-las irritados, chateados e tristes – e a vivência da sexualidade não pode
ser assim, porque isso não se sustenta. O que sustenta de fato uma coisa que
vale a pena é um coração enamorado, apaixonado. É possível vivermos a
sexualidade de uma forma bondosamente apaixonada – e essa é nossa intenção
com este curso.
Os afetos, com falei há pouco, é um poderoso motor para a ação humana.
Fazer as coisas apenas por fazer, sem pôr nelas o coração, é uma coisa muito
ruim, que de fato não sustenta. Para uma ação ser realmente boa, precisa
desses dois cavalos andando paralelos um ao outro: a vontade e o apetite
sensível, a razão e o sentimento ordenados. É necessário que ajudemos nossos
filhos a desfrutar o fazer o bem. A educação das emoções faz com que os nossos
filhos tenham um coração grande. Do coração, como também disse
anteriormente, podem sair coisas totalmente desastrosas, como também coisas
totalmente maravilhosas.
O coração é o centro da nossa alma. Se eu perguntar para você qual é o
tamanho do seu coração, é possível que você fique um pouco desconcertado,
não sabendo exatamente o que responder. Por outro lado, se eu perguntar para
você se você tem um coração grande ou pequeno, talvez fique mais fácil de você
responder a essa pergunta; talvez o seu sensor de sinceridade rememore
quantas mesquinharias, pensamentos e desejos pequenos você teve –
pequenos, miseráveis e estreitos –; talvez fique envergonhado em pensar que
possivelmente o seu coração seja um coração muito pequeno.
Um coração pequeno é causa de uma má vivência sexual, mesmo em caso
de pessoas já casadas. O que faz termos um coração encolhido é a recusa em
levarmos mais adiante a capacidade infinita de amar (somos capazes de amar
infinitamente). É possível que às vezes pensemos que a doação de nós mesmos
seja ingenuidade e uma vida muito distante da realidade das pessoas, um
exagero e uma loucura. Ao pensarmos isso e diminuirmos a capacidade de
entregar-nos e doar-nos para os outros, vamos aumentando, no mundo, o
número incontável de pessoas realmente medíocres, que espalham o conceito
de que é normal ter uma vida mole e egoísta e aburguesada – pequena, no final
das contas; mas isso não é normal. O nome que se dá a essa doença é tibieza,
estado em que a alma fica morna e satisfaz-se com o mínimo obrigatório. Nesse
estado, muitas vezes, não fazemos nem mesmo o mínimo obrigatório e
reclamamos das nossas obrigações. Se estamos vivendo assim, temos de ativar
um alerta, pois que isso significa que estamos com um coração pequeno – e o
nosso dever é ter um coração grande, capaz de coisas grandes e de não se
cansar de doar-se pelos outros.
Existe também a virtude da magnanimidade. Magnanimidade é ter a alma
grande, capaz de coisas nobres e de ser generosa. “Samia, mas somos
imperfeitos. O que você está falando não é meio que ansiogênico?”.
Na verdade, existem dois tipos de imperfeição: a de tipo involuntário, e a
de tipo voluntário. A primeira é fruto das limitações humanas: afinal, somos
mesmo limitados. Por mais que tentemos possuir um coração grande, fazer

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coisas maravilhosas, sacrificar-nos pelos demais e ter uma vida que valha a
pena, sempre esbarramos em nossas limitações – e não há problema algum
nisso. Precisamos entender que somos limitados e aprender a não nos
assustarmos com isso. Essa condição não pode ser um freio à nossa vida. Pelo
contrário, deve ser ocasião para procurarmos algum ponto em que melhorar.
Se, ainda assim, não for possível encontrar um ponto de melhora, tudo bem
também.
Por outro lado, as imperfeições voluntárias acontecem porque dizemos
para nós mesmos: Basta! Não quero viver uma vida de generosidade, uma vida
grande. Estou apenas preocupado comigo mesmo, com meu egoísmo, meus
prazeres, meu bem-estar.
É um pouco incômodo ouvir e declarar isso, mas é preciso, porque pode
ser que estejamos vivendo uma vida assim, morna e tíbia, sem saber por quê.
Estou falando isso porque tem tudo a ver com a vivência da sexualidade.
Veremos nas próximas aulas o quanto a sexualidade exige que tenhamos um
coração grande e que não sejamos tíbios e apequenados. Um homem ou uma
mulher que tenha uma alma grande não se deixa levar pela mesquinhez, pelo
cálculo egoísta, pela trapaça interesseira etc.
O coração humano é de fato o motor que deve ser educado. Sabendo que
o coração é capaz de nobreza, heroísmo e coisas grandes, como também o é de
vilezas, baixezas e instintos desumanos, devemos escolher o que queremos
para si mesmos e para os filhos. Queremos que os nossos filhos tenham um
coração pequeno, que sejam pessoas mesquinhas, que vivem calculando as
coisas e fazem o mínimo possível, ou que sejam pessoas grandes, capazes de
sacrifícios e renúncias, de coisas maravilhosas? Não basta nos abstermos para
não agirmos mal; precisamos realmente mudar o nosso coração.
A imoralidade sexual vem de um coração doente e totalmente mesquinho,
sem a menor idéia do que seja amor humano, do que seja uma afetividade e uma
vivência emocional saudáveis. Por isso, precisamos ter muito cuidado com o
que entra dentro do nosso coração e no coração dos nossos filhos, porque é
desse coração que podem sair as imoralidades sexuais, os roubos, os
homicídios, os adultérios, as fraudes, a inveja, a calúnia, o orgulho, a insensatez,
etc. É nossa responsabilidade, portanto, principalmente quando os nossos filhos
são pequenos, cuidar de todo o ambiente afetivo, de tudo o que está entrando
no coração deles, para que dele possam sair coisas muito boas. Não adianta
reclamarmos que o nosso filho faz isso ou aquilo, que está tendo uma atitude
muito ruim, se não estamos contribuindo a que ele tenha uma afetividade
saudável.
Disseram que ter um modelo de estabilidade emocional ajuda muito. De
fato, ajuda muito; mas não basta termos o modelo. Obviamente, se eu convivo
com meus pais e os meus pais são zelosos com outras pessoas, isso vai entrar
na formação da minha afetividade. No entanto, mais uma vez, não basta isso. Os
pais precisam sensibilizar os seus filhos para esses valores, conversando com
eles sobre isso, num clima distraído, enaltecendo o valor de ajudar e
compreender as pessoas etc. É preciso educá-los num clima de compromisso

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e exigência pessoais – porque a preguiça e o egoísmo matam qualquer tipo de
maturidade emocional – ao mesmo tempo em que concedemos uma abertura
para que eles consigam falar seus sentimentos sem que nós os ridicularizemos,
porque, do contrário, eles não conseguirão falar de coisas difíceis. Esses pontos
da sexualidade são realmente muito difíceis.
O benefício que teremos ao modular a afetividade dos nossos filhos é o de
fazer com que eles aprendem a amar o que realmente merece ser amado. É
verdade que fazer o bem nem sempre é tão atrativo como deveria, mas quando
educamos o sentimento dos nossos filhos e a sua afetividade, as virtudes
custam muito menos esforço para eles, porque eles chegam até mesmo a
desejar os bens árduos, não se importando em ter de trilhar um caminho difícil
para conquistá-lo. Eles vão conseguir sentir prazer em fazer o bem.
Esse é o grande desafio. A grande conquista da educação da afetividade é
unir, na medida do possível, o querer e o dever. Precisamos conseguir ajudar a
que os nossos filhos não estejam obrigados a fazer nada em relação a
sexualidade; precisamos ajudar a que os nossos filhos queiram viver bem a
sexualidade, viver bem a afetividade, e que eles consigam, através da confiança,
falar conosco as coisas que precisam ser faladas.
Cada vez mais cedo vai acontecendo a exposição a situações difíceis de
sexualidade, em que os filhos normalmente não têm a maturidade afetiva e
emocional, nem mesmo racional, para com elas lidar. Muitas vezes, as
dificuldades dos nossos filhos vêm justamente do fato de eles estarem sendo
forçados a estar dentro de uma situação em cujos desdobramentos eles ainda
não deveriam estar pensando. Assim, é exigido um espírito crítico e uma
conduta acima da capacidade e maturidade deles. De fato, expô-los a essa
situação é uma maldade.
Precisamos então fazer com que os nossos filhos consigam falar que o rei
está nu, que isso é uma maça, não uma banana, e consigam, enfim, enxergar as
coisas muito claramente e ter a confiança em dizer o que estão vendo, em dizer
as suas dificuldades sem complicações. A educação da afetividade, a educação
emocional, ajuda-os muito a que isso aconteça.
Toda essa parte antropológica e teórica que dei hoje será muito importante
para responder a muitas dúvidas de vocês. Por hoje, é isso.

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